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Hedge funds: investimentos de risco para um público selecionado

mulher olhando para o horizonte

Seja pelas altas remunerações, seja pela consolidação e amadurecimento da atividade no Brasil, o mercado financeiro chama a atenção de jovens profissionais. Ao contrário do que pode parecer aos desavisados, esse mercado é vasto e traz um leque de opções de atuação, e não está restrito àquelas imagens de corretores da bolsa, falando alto e gesticulando – imagens estas, aliás, que nem existem mais no Brasil com o fim desse tipo de pregão em 2009, conhecido como viva voz.

Além dos bancos de varejo, uma das opções para quem almeja ingressar nesse mercado é atuar em gestoras de recursos. Dentro desse subsetor existem diversas atividades específicas, e uma delas é o hedge fund. Assim como o private equity, o hedge fund é um tipo de fundo conhecido como investimento alternativo, bem mais complexo que o tradicional (long-only).

Investimentos alternativos

Entre os investimentos alternativos, o hedge fund e o private equity não são ativos em si – ou seja, não possuem um fluxo de caixa associado diretamente a eles –, mas sim veículos de investimento – no sentido de que podem ser uma estrutura para a compra de ativos. Eles podem, por exemplo, fazer investimentos em empresas. Por exigirem um valor significativo de investimento mínimo, são considerados de alto risco.

Em comparação com os investimentos tradicionais, os alternativos têm menos liquidez, menos informação disponível, menos transferência, mais custos de monitoramento e dados de risco, e retorno mais limitado. Também têm considerações fiscais e legais únicas e podem ser muito alavancados, o que também aumenta os riscos. “Eles atraem investidores devido ao potencial de sua diversificação e retornos maiores quando são incluídos num portfólio de investimentos tradicionais”, diz a especialista Susan Hawkins, que dá aulas para qualificações profissionais internacionais em finanças, contabilidade e valuation na SH Professional Training, empresa da qual é fundadora.

Segundo ela, hedge e private equity funds costumam usar uma estrutura de sócios – com um general partner (o fundo), que gerencia o negócio e tem passivos ilimitados (unlimited liability), e os limited partners (investidores), com fração parcial da sociedade. O general partner recebe um percentual fixo (management fee) baseado nos ativos sob gestão (hedge funds) ou capital investido (private equity), além de uma taxa de performance em função do lucro obtido.

“A diferença entre o hedge fund e o private equity é que o primeiro é classificado conforme a sua estratégia. Por exemplo, a classificação do CFA Institute inclui quatro categorias de estratégias: event-driven, relative value, macro e equity hedge. Já as estratégias de private equity incluem leveraged buyouts, venture capital, development capital, e distressed investing”,  explica Susan.

Perfil profissional

Em geral, os profissionais de hedge funds são recrutados em cursos de Ciência Econômicas Aplicadas e Engenharias. Isso porque o perfil profissional exige – obviamente – intimidade com números e conceitos de finanças e contabilidade.

Outras características imprescindíveis são habilidades comerciais e de comunicação e proatividade. “É importante também saber avaliar um investimento potencial, já que esse é o coração da atividade. Por isso, princípios do chamado business valuation são fundamentais e deve-se saber ou aprender modelagem financeira”, ressalta Susan.

Além disso, é muito bem visto que o profissional tenha ou esteja em busca de qualificação profissional, como, por exemplo, a certificação internacional Chatered Financial Analyst Qualification (CFA). Vale lembrar também que, como se trata de um mercado globalizado e cada vez mais internacional, o domínio da língua inglesa é indispensável.

Atividades do dia a dia

De modo geral, um hedge fund se especializa em uma determinada estratégia. “Um analista, a partir daí, trabalha para, em uma primeira etapa, identificar investimentos potenciais e analisar riscos e retornos. Em um segundo momento, escolhe quais investimentos valem mais a pena e monitora os resultados, de forma a garantir os retornos projetados”, explica Susan.

Isso envolve uma série de atividades cotidianas, tais como: revisar estratégias ou oportunidades de investimento; realizar modelos para entender retornos potenciais do investimento; realizar due diligence, ou seja, um conjunto de atos investigativos (análise de dados ou entrevistas com especialistas) que devem ser realizados antes de um investimento para determinar valores intangíveis; preparar memorandos internos para que o comitê de investidores aprove o investimento, entre outras atividades.

Corretora de valores versus Gestora de investimentos

É importante que o jovem profissional que deseja ingressar nesse mercado de hedge funds tenha em mente que a atividade nesse setor se diferencia em alguns aspectos daquela desempenhada numa corretora de valores, por exemplo.

De forma bastante genérica, pode-se dizer que os corretores devem se preocupar em vender – e por isso são chamados o ‘sell side’ (ou o lado da venda, em tradução livre). Além de fazer prospecção e avaliação das empresas, eles precisam também convencer seus clientes de que o investimento vale a pena.

Já no caso de gestoras de investimentos, onde entres outros são geridos os hedge funds, é dever da empresa decidir qual a melhor forma de investir o montante do cliente. Por conta disso, o profissional não tem seu tempo gasto em convencer clientes externos. Ele precisa apenas convencer seus gestores e pares da qualidade de um investimento.

Susan Hawkins é fundadora da SHP Training, empresa que oferece cursos presenciais e online, aulas particulares e materiais para qualificações profissionais internacionais nas áreas de finanças, contabilidade e valuation, incluindo os exames do CFA (Chartered Financial Analyst). Antes disso, ela passou pela EY (Ernst & Young) e pelo Bank of England, trabalhando com valuation de empresas e planos de contingência para instituições financeiras em dificuldades.

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

O que as empresas dos sonhos têm que ter, segundo os jovens

homem olhando vista do mar dentro de uma predio

Salário inicial competitivo não passa nem perto dos atributos mais valorizados pelos jovens em empresas. É o que revela pesquisa da Universum com 64,4 mil universitários brasileiros.

Ou seja, quando se trata de carreira, a geração Y no Brasil – tida como imediatista por muitos – pensa mais no longo prazo, diferentemente de jovens de outros países.

“O Brasil é um dos únicos países pesquisados onde a remuneração não está entre os dez atributos mais atrativos para os universitários”, diz André Valias Siqueira, gerente da operação da Universum no país.

Por aqui, começar a carreira em uma empresa que seja uma referência para a trajetória profissional no futuro é o que mais pesa para os universitários. Treinamento e desenvolvimento e oportunidades de crescimento também estão entre os principais atrativos.

Veja o peso destes três e outros sete atributos, na opinião dos universitários entrevistados pela Universum:

1º Boa referência para o futuro de carreira (60,60%)

2º Treinamento profissional e desenvolvimento (55,20%)

3º Caminho livre para ascensão profissional (53,70%)

4º Ambiente de trabalho criativo e dinâmico (51%)

5º Líderes que apoiem o desenvolvimento profissional (50,60%)

6º Meritocracia (48,20%)

7º Altos ganhos no futuro (47,70%)

8º Estabilidade no emprego (47,40%)

9º Respeito pelos funcionários (46,40%)

10º Oportunidades de liderança (38,60%)

McKinsey na prática: por dentro da área de consultoria estratégica

Mulher sorri em sala de reunião com um laptop à frente - Como é trabalhar na McKinsey?

Imergir por alguns meses na rotina de uma empresa e ajudar seus executivos seniores a solucionar problemas que eles não foram capazes de resolver internamente, com seu próprio time. É esse o cerne do trabalho executado pelos profissionais da McKinsey & Company, firma global de consultoria estratégica, que presta serviço a clientes dos mais diversos segmentos, no setor privado – finanças, varejo, transportes, energia e mídia, para citar alguns – e também no setor público. A carioca Daniela Anderez, 33 anos, que trabalha há uma década na empresa, ocupa hoje o cargo de sócia-associada na McKinsey.

Daniela formou-se pela UFRJ em Engenharia de Produção, um curso voltado à otimização de processos produtivos e que permite um leque amplo de colocações no mercado – da gerência de fábricas a posições em bancos. Depois de realizar estágios que lhe ofereceram experiências profissionais bastante diversas, durante o curso de graduação – foi monitora de Física em curso pré-vestibular, cuidou de operações logísticas numa fabricante de automóveis e participou da gestão de fundos financeiros –, escolheu atuar na área de consultoria estratégica como forma de continuar a ter um trabalho versátil, com atuação em setores variados e processos individualizados conforme as necessidades de cada cliente. Sempre com um objetivo comum: encontrar soluções para problemas complexos e importantes.

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Daniela explica que um cliente pode procurar a McKinsey para obter ajuda com um problema específico, já identificado, mas que ele não sabe exatamente como resolver – uma empresa familiar com 50 anos de existência, muito bem sucedida, que não formou sucessores, por exemplo –, ou apenas com a constatação de que tem um problema amplo, mas que necessita ainda ser entendido para depois ganhar uma solução – a companhia está tendo prejuízo, mas não sabe de onde ele vem, por hipótese. O consultor age, então, como uma espécie de terapeuta, que ajuda o paciente a ver a própria vida de fora e, assim, ganhar conhecimento sobre si e encontrar caminhos para uma vida mais satisfatória. No caso, a vida em questão é a da empresa. “No começo da carreira, em geral o consultor recebe os problemas já formulados. Conforme vai crescendo, aprende como ajudar o cliente a entender qual o problema dele”, esclarece Daniela.

[Daniela Anderez / Arquivo pessoal]

Dia a dia da profissão

A essência do trabalho na McKinsey é partir do recolhimento de dados sobre o cliente e seu setor de atuação para tecer análises, estruturar problemas e recomendar soluções. Nos quatro primeiros níveis da carreira – estagiário, analista de negócios, associado e gerente de projetos –, cada profissional trabalha com um caso por vez, sendo cobrado a ter um desempenho cada vez mais amplo conforme avança de cargo. Nas três últimas posições – sócio-associado, como Daniela, sócio – deixa de lado o operacional e assume uma postura de coordenação, trabalhando com cinco a seis clientes ao mesmo tempo (dois projetos ativos e mais três ou quatro em fase de conversas iniciais ou de acompanhamento pós-finalização, no geral) – e sócio-diretor.

De segunda a quinta-feira, o consultor trabalha na sede do cliente – que pode ser em cidades diferentes do escritório de McKinsey, portanto, é preciso ter disponibilidade para viajar nesse período da semana. Na sexta, o expediente ocorre no escritório da consultoria, para consolidar dados, planejar próximos passos e se conectar com os colegas de trabalho – mas há também a flexibilidade de se trabalhar em casa. O dia a dia é intenso – são cerca de 12 horas de trabalho diárias, segundo Daniela, sem tempo nem cabeça para olhar Facebook, comprar livros na internet e, às vezes, até retornar ligações pessoais. O atendimento a um único cliente dura, em média, dois a três meses, mas pode chegar a seis meses, em alguns casos.

A Mckinsey oferece a seus funcionários, geralmente no terceiro ano de empresa (depois de percorrer um ano de estágio e dois anos como analista), o patrocínio de MBAs em top schools no mundo. “O MBA é parte da carreira na McKinsey. São raros os casos de pessoas que não o fazem”, diz Daniela. Antes de partir para o Master, no entanto, o funcionário pode optar ainda por tirar uma licença e aderir ao programa Third Year Out, ou “terceiro ano fora”, em que vai trabalhar numa outra empresa à sua escolha, em qualquer lugar do mundo, em qualquer função e em qualquer segmento – uma ONG na África, um banco em Londres ou uma gravadora de discos no Brasil – para experimentar o ponto de vista do cliente.

[Vista do escritório da McKinsey no Rio de Janeiro / Divulgação]

Perfil do profissional da McKinsey

Embora haja muitos engenheiros e administradores no quadro de funcionários da McKinsey, não há restrição quanto à formação de origem – prova disso é que há na equipe também médicos, advogados e até uma oceanógrafa. O que se busca, nos recrutamentos, são pessoas com um mindset voltado à resolução de problemas. Conhecimentos sobre finanças, embora sejam bem-vindos, não são fundamentais – “se a pessoa tem uma boa formação em matemática, é suficiente. Ela aprende facilmente a calcular um EBTIDA, depois de contratada”, comenta Daniela.

Segundo ela, os maiores pontos de entrada de consultores na McKinsey são após a faculdade (~22 anos) e após o MBA (~26 anos). “Como temos uma cultura de ‘up or out’ – ou seja, ou você se desenvolve para ser promovido dentro do prazo planejado ou você é convidado a sair da empresa e dar espaço a outras pessoas –, você pode imaginar que temos um turnover relativamente alto. Faz parte da cultura de alto desempenho e carreira acelerada. Assim, nossa pirâmide tem uma base bem larga nessa faixa (22-30 anos) e fica bem estreita depois.”

O processo seletivo para estagiários e analistas na empresa inclui três etapas: um teste de resolução de problemas, em múltipla escolha, que avalia a capacidade do candidato de analisar dados, estruturar problemas e propor soluções; a análise de currículos; e entrevistas que incluem o relato de experiências pessoais e, mais uma vez, resolução de casos. As entrevistas – quatro ou cinco, no total – são realizadas em duas rodadas, com duas a três semanas de intervalo entre elas. O site da empresa, na versão em inglês, traz exemplos dos tipos de problemas propostos na seleção.

O recrutamento de analistas e estagiários ocorre, tradicionalmente, entre março e maio. Em agosto e setembro abrem-se novas vagas para estágio. Os escolhidos só começam a trabalhar em março do ano seguinte, podendo aproveitar esse intervalo de tempo para fazer intercâmbios, ter experiências profissionais temporárias ou até tirar um sabático. Os associados passam por um processo de seleção semelhante, mas são recrutados em cursos de MBA.

Depois de dez anos de empresa, Daniela continua mostrando entusiasmo pelo que faz. “Na McKinsey as pessoas são tão competentes e legais que, no começo, você pensa até que foi um erro de recrutamento”, brinca.

4 traços essenciais para consultores da McKinsey

Segundo David Eldman, um dos líderes globais da McKinsey Digital, um consultor precisa, fundamentalmente, ter conhecimento e domínio de conteúdo – mas não é só isso.

Abaixo, ele elenca outros quatro traços essenciais para consultores em potencial:

1. Curiosidade e empenho
“Busco alguém que seja como um bom jornalista, que quer a todo custo chegar ao real, à história completa. Sim, dados e análises são importantes. Mas você também precisa gastar sola de sapato: sair, conversar com as pessoas, e ser capaz de fazer as perguntas certas para realmente diagnosticar a situação do cliente.”

2. Uma veia empreendedora
“É necessário ter ceda dose de empreendedorismo, para forçar a arte do possível até o seu limite, surgindo com soluções e ideias, mas também uma atitude realista para entender as restrições que fogem ao nosso controle.”

3. Compreender o efeito cascata
“Para trabalhar com projetos dentro do cliente e fazer proposições efetivas, é muito importante que a pessoa consiga pensar levando em consideração as implicações secundárias e terciárias que suas ideias terão. É preciso ter a capacidade de entender como cada ideia ou mudança de cenário incide, por meio de efeito em cascata, sobre os empregos das pessoas, decisões políticas, incentivos e, acima de tudo, sobre os clientes de nossos clientes.”

4. Ficar confortável no palco
“Em outras palavras, sentir-se confortável de estar em cena em uma grande variedade de situações desafiadoras, que vão desde sessões de feedback e aconselhamento individual, à facilitação de grupos e grandes apresentações. Muitas vezes, motivar os nossos clientes requer um pouco de teatro, e, no mínimo, uma sensação de convicção e energia que você deve transmitir quando entra na sala.”

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Por que estes sete profissionais estão sendo mais disputados

pessoas apertando mao

Em cenários econômicos menos favoráveis, a regra é alavancar vendas, controlar custos e melhor a eficiência das operações.

Por isso, a lista de cargos em alta inclui profissionais capazes de atuar neste sentido, como explica Fernando Mantovani, diretor de operações da empresa de recrutamento especializado Robert Half no Brasil.

O aumento da demanda para estes cargos específicos, segundo ele, foi percebido neste ano, sobretudo no primeiro semestre de 2014, na base de dados da consultoria de recrutamento.

Mas ainda é incerto se o aquecimento vai continuar para o ano que vem, na opinião dele, tendo em vista que a indústria vem sofrendo desaceleração. “Mas a expectativa é que surjam novos incentivos e que a indústria volte a crescer”, diz.

Confira o perfil dos profissionais mais procurados até o momento e quais os motivos para a alta na demanda, segundo levantamento feito pela Robert Half.

Gerente contábil
Por que está em alta: mercado enfrenta contínua escassez de profissionais que tenham domínio de inglês e perfil “parceiro do negócio”. Aumento da demanda, segundo a Robert Half foi de 17% no número de posições na área.

Perfil de quem é disputado: profissional com formação em contabilidade, CRC ativo, inglês fluente, atualizado com as normas contábeis brasileiras e internacionais, capaz de entender e influenciar o negócio e que tenha boa comunicação.

Gerente de riscos (mercado, crédito, liquidez, operacional)
Por que está em alta: bancos, como um todo, têm se readequado às novas legislações e adequado sua estruturade acordo com as novas regulações do Banco Central. Por isso, a demanda em áreas de controles, compliance e risco tem tido uma demanda muito forte. Alta no número de posições foi de 50% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a dados da Robert Half.

Perfil de quem é disputado: formação em cursos como administração economia e engenharia e com experiência, de preferência, no perfil de cultura do banco que está contratando. Sempre muito analíticos, organizados e voltados para processos. Inglês fluente é mandatório.

Gerente de vendas
Por que está em alta: Com a economia menos aquecida, as empresas acabam apostando mais na força de vendas para alavancar os resultados e a rentabilidade. O movimento de profissionalização de alguns setores, especialmente os relacionados a serviços, tem tido impacto na demanda na área de vendas das empresas, segundo a equipe da Robert Half.

Perfil de quem é disputado: consultivo, com foco na necessidade do cliente e visão global de negócios. Segundo a equipe da Robert Half, estes são os profissionais que tendem a conquistar melhor remuneração dentro das organizações. O nível da formação acaba ficando em segundo plano e a experiência conta, principalmente, quando se trata de um produto e serviço específico e com relacionamento prévio com clientes-chave.

Gerente de marketing
Por que está em alta: com estruturas de marketing mais enxutas, as empresas têm apostado na figura do gerente dando a ele mais responsabilidade. Essa reestruturação em muitas empresas deu mais sinergia e resultou em equipes menores deve-se aos resultados abaixo do esperado em 2014 e a necessidade de readequação de metas.

Perfil de quem é disputado: formação em faculdade de primeira linha. Experiência internacional e domínio de idiomas são valorizados, sobretudo em multinacionais.

Engenheiro de vendas
Por que está em alta: engenheiro consultivo e integrado ao negócio ganha destaque em indústrias com área comercial técnica. É que a formação técnica do engenheiro permite que ele entenda a necessidade do cliente de forma mais efetiva sendo capaz de propor soluções completas e não apenas produtos.

Perfil de quem é disputado: conhecimento técnico aliado a habilidades de comunicação e negociação, visão estratégica e bom relacionamento interpessoal. Inglês fluente é uma exigência. Formação em faculdade renomada é diferencial, mas não é mandatório.

Gerente comercial/novos negócios para seguradoras
Por que está em alta: mercado de seguros vem amadurecendo no Brasil, segundo Fernando Mantovani, diretor de operações da Robert Half. “Cada vez mais os seguros têm se tornado um produto de consumo”, diz. Aumento no número de posições de gerente comercial, com foco em desenvolvimento de relacionamento em novas contas, foi de 20% em 2014, na comparação com 2013.

Perfil de quem é disputado: profissional com capacidade de gerar e conquistar novos clientes para aumentar a carteira. Experiência, capacidade estratégica para identificar as melhores oportunidades no mercado e foco em trazer negócios mais rentáveis.

Advogado sênior especializado em consultivo tributário
Por que está em alta: preocupação das empresas em fazer planejamento tributário que permita economizar dinheiro. De acordo com a Robert Half, a demanda cresceu tanto em empresas quanto em escritórios de advocacia terceirizados.

Perfil de quem é disputado: formação de primeira linha em cursos de direito e contabilidade. Experiência em empresas de auditoria – como PricewaterhouseCoopers, Deloitte Touche Tohmatsu, KPMG e Ernst & Young – é bastante valorizada.

Certificações: um passo importante para a área de finanças

Para qualquer estudante de Direito, o final do curso é um momento de expectativas e ansiedade. As expectativas vêm da nova fase da vida que começará logo após o recebimento do diploma. A ansiedade vem do fato que muitos dos novos bacharéis não poderão exercer plenamente sua profissão de advogado enquanto não passarem no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil – esse processo assegura que os candidatos que passaram na prova possuem o conhecimento e prática necessários para desempenhar a profissão.

Outra fonte de preocupação para grande parte da população, depois da própria saúde, são as suas finanças. Nada mais justo que os órgãos responsáveis pelo bom funcionamento do mercado financeiro criassem os mesmos mecanismos para assegurar a qualidade dos serviços prestados. Nesse processo de certificação, os responsáveis por emitir opiniões sobre empresas, fazer a gestão de recursos ou terceirizar o serviço de administração de fortunas, entre outros, são obrigados a se submeter a testes que avaliam seu conhecimento sobre a área que atuam. Essa especialização é extremamente importante, pois no mercado financeiro há um leque enorme de funções, e cada uma exige conhecimentos e qualidades específicas de seus profissionais.

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Devido à quantidade de produtos ofertados aos clientes e à magnitude das crises econômicas por que passamos nos últimos anos, os órgãos reguladores têm se preocupado principalmente com a adequação do produto ao cliente no momento da venda. Não existe produto errado ou certo, o que deve ser evitado é que seja oferecido ao cliente algo que não se adequa ao seu perfil. Em outras palavras, você pode até comprar um sapato um número menor que o seu porque o achou muito bonito, mas ele com certeza vai apertará o seu pé.

O maior beneficiado com esse processo de certificação de profissionais são os clientes, pois contarão com pessoas capacitadas para ajudá-lo em todo o processo de investimento. Uma matéria comum a todas as certificações é Ética. Isso reflete a preocupação dos reguladores em assegurar aos clientes que os profissionais coloquem os seus próprios interesses em segundo plano e que os clientes sejam tratados de maneira justa e correta.

Atualmente, as certificações financeiras que despertam um interesse maior por parte dos profissionais são CNPI, CFP®, CGA e CFA®. Saiba para qual função específica no mercado financeiro cada uma delas serve:

CNPI (Programa de Certificação Nacional)

É um exame realizado pela APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e tem como público-alvo os profissionais que realizam análise e emitem relatórios referentes a valores mobiliários (ações e títulos de renda fixa). Esses relatórios são fruto de pesquisas fundamentalistas, em que o analista expõe suas opiniões sobre os ativos e servem de base para muitas decisões de investimento. Cada profissional agenda uma data de exame que lhe convém. Essa certificação abrange, entre outras matérias, Mercado de Capitais, principais produtos financeiros e um grande foco em relatórios financeiros e contabilidade.

CFP® (Certified Financial Planner)

É uma certificação cujos direitos são detidos pelo IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros) e tem como público-alvo os Private Bankers, Planejadores Financeiros e gerentes de relacionamento que auxiliam os clientes de alta renda. Além de produtos financeiros e gestão de carteiras de investimentos, os candidatos aprendem sobre planejamento sucessório, fiscal, de aposentadoria, gestão de riscos através de seguros e o planejamento financeiro como um todo. Essa certificação, que ocorre duas vezes ao ano nos meses de junho e novembro, está passando por uma reformulação para acrescentar novos tópicos cobrados nos exames de 2015. O CFP® é um grande diferencial para os profissionais que desejam ingressar no mundo da gestão de patrimônio de clientes de alta renda.

A Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) criou a certificação CGA (Certificado de Gestores ANBIMA) que tem como público-alvo os profissionais que fazem a gestão (decisão sobre investimentos) de ativos de terceiros. Com um volume sob gestão maior que R$ 2 trilhões, é natural que esses profissionais sejam avaliados. O exame acontece 4 vezes ao ano, e tópicos como precificação de ativos, análise de relatórios, processo de investimentos são enfatizados. Essa prova é obrigatória para os gestores que entram no mercado e possui um grau de conhecimento técnico financeiro bastante elevado.

CFA® (Chartered Financial Analyst)

É realizado pelo CFA Institute, uma entidade criada há mais de 50 anos nos Estados Unidos. Essa certificação vem crescendo muito no mundo todo nos últimos anos e hoje conta com aproximadamente 700 profissionais certificados no Brasil para mais de 120 mil ao redor do globo. Diferente das outras certificações citadas essa não é obrigatória em nenhum campo do mercado financeiro mas é a mais desejada por todos pelo amplo conhecimento adquirido nos três exames que os candidatos se submetem para obter a certificação. Hoje em dia é vista pelo mercado como um MBA em finanças e para o primeiro nível as provas acontecem nos meses de junho e dezembro.

Esteja certo de que, se o mercado financeiro for o seu destino, você terá dois sentimentos quando arrumar um emprego: a expectativa pelos novos desafios e aprendizados que virão e a ansiedade que antecede qualquer exame de certificação ao qual você vai se submeter.

Pablo Camargo, CFA é sócio-gerente na FK Partners, empresa de treinamentos em certificações financeiras que oferece cursos presenciais e online, além de cursos customizados na área de finanças e apoio aos estudantes que desejam estudar no exterior. Trabalhou anteriormente como Portfolio Manager e Trader de grandes instituições brasileiras e estrangeiras.

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

A rotina de um gerente comercial no mercado financeiro

homem digitando na calculadora

“Quando você diz que trabalha em um banco, seu pai sabe exatamente o que você faz, quando você diz que trabalha na Dotz, você tem que explicar algumas coisas”, brinca Daniel Castilho, 28 anos, gerente comercial da empresa líder em programas de fidelização por coalizão na América Latina. Daniel deixou o emprego de gerente comercial do banco Santander para aproveitar uma oportunidade de empreender mais em uma empresa em expansão.

Formado em administração de empresas com ênfase em marketing na FECAP, o sonho de Daniel sempre foi abrir sua própria empresa. A ideia inicial era abrir uma escola de música, sua paixão, já que toca piano e bateria desde os 6 anos de idade. Porém, optou pelo mercado financeiro depois que começou a trabalhar para pagar a faculdade e tomou gosto pelo banco de atacado.

Leia também: Mercado financeiro, o trabalho de gerar riqueza

Background em bancos

O primeiro emprego de Daniel foi em uma agência do banco Bradesco, onde trabalhava no atendimento geral ao público. Ainda na agência, chegou a ser promovido a subgerente de contas. Depois de dois anos no Bradesco, decidiu mudar e foi trabalhar como estagiário no Banco Real, na área de folhas de pagamento de grandes corporações.

De estagiário, passou a trainee, explorando diferentes áreas em dois anos. Sua preferida foi a de banco de atacado. Ambicioso, queria trabalhar no relacionamento do Banco Real com empresas maiores e o governo.

Ao terminar o treinamento, Daniel trabalhou com bens de consumo na área financeira e, em seguida, voltou ao banco de atacado e virou gerente comercial de corporate do Santander. Mas, com vontade de empreender mais, mudou de empresa e foi trabalhar como gerente comercial da Dotz, cliente do Santander. A Dotz é um programa de fidelidade com forte presença no varejo físico. Ao fazer compras nos parceiros Dotz, os consumidores ganham pontos que podem ser trocados por produtos.

“Fiquei 7 anos no banco, e chega uma hora em que a gente quer mudar um pouco os ares, buscar desafios novos. No meio do caminho, deixei escapar pelas mãos a vontade de empreender. No mercado financeiro, por mais que você queira empreender, as regras são muito rígidas”, diz o gerente comercial.

Leia também: Sete dicas para quem quer ser trainee em um banco

Empresa grande Vs empresa pequena

Daniel vê uma grande diferença entre trabalhar no Santander, uma marca consolidada mundialmente, e na Dotz, que, apesar de existir há 14 anos, não está aberta ao varejo físico há muito tempo. “A questão de governança varia muito, no banco a situação é muito bem definida e engessada, na Dotz tenho relacionamento direto com o dono, sinto que tenho poder de decisão muito maior, posso mudar a forma como a empresa faz as coisas, então, tenho a impressão de que tenho mais valor no mercado”, afirma.

Na Dotz, a função de Daniel é trazer novos parceiros para a empresa, e sua especialidade é trazer empresas com faturamento acima de 1 bilhão e com presença em mais de um estado do Brasil. Ótimo para ele, que tem a sorte de desempenhar a função que mais gosta, que é interagir com os clientes. “Gosto de fazer visita, poder estar com o cliente falando do programa, levá-los a nossas praças e, claro, fechar negócio. Assinar o contrato é a melhor parte.”

Segundo ele, o perfil de quem trabalha no ramo são pessoas com brilho no olho. “Precisa gostar de vender, ser persistente e claro que quem for mais disciplinado e antenado vai se dar melhor. E tem que ser empreendedor, porque aqui na Dotz todo mundo se sente um pouco dono do negócio”, diz.

Para Daniel, vender é algo que só se aprende na prática. “Pode ver que não existe um MBA em Harvard sobre vendas. Você pode ler mil livros, mas você só vai aprender fazendo. Cada pessoa com que você interage pensa de um jeito, e você vai aprendendo ganhando prática, venda não é um negócio que nasce formatado, você ganha uma venda pela sua disciplina, habilidade de convencimento e persistência.”

Leia também: A rotina do responsável pela área de microcrédito no Santander Brasil

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

Eduardo Giannetti: ‘A capacidade de resposta da economia brasileira é muito boa quando o horizonte se restabelece’

foto do Eduardo Giannetti

Em entrevista ao Na Prática, o economista e escritor Eduardo Giannetti fala sobre política, economia, setor público e mercado financeiro. Ele também dá dicas aos jovens sobre o que devem ponderar antes de começar sua trajetória profissional. “O desafio não é detectar dentro do mercado de trabalho onde estão as oportunidades, mas sim detectar dentro de você onde está sua paixão. Não é algo fácil, mas quando você descobre o que gosta de fazer, o resultado vem como consequência disso.”

Nascido em Belo Horizonte, Eduardo é graduado em Economia e Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e fez um doutorado em Economia na Universidade de Cambridge (Inglaterra), onde também estudou Filosofia. Desde então, seguiu a carreira acadêmica e, atualmente, é professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em São Paulo. Neste momento de pré-eleições, está aconselhando a candidata Marina Silva em sua campanha.

Aos jovens, ele destaca a participação e o engajamento de todos no processo político. “É uma vez a cada quatro anos que nós temos a oportunidade de olhar para o futuro, a fim de corrigir o que está errado e preservar o que está certo. Leiam os programas de governo, estudem, conversem, debatam. Vamos aproveitar que vivemos em uma democracia para realmente fazer dela algo real, um espaço de debate público, para melhorar os caminhos do país.”

Assista aos melhores momentos da entrevista em vídeo:

Como foi a escolha dos cursos que fez na graduação?

O que o jovem deve ponderar antes de entrar no mercado de trabalho?

Como você vê o cenário econômico atual e as possibilidades de melhora?

Qual é o papel do mercado financeiro na economia?

O setor público é um bom espaço para o jovem que quer transformar o Brasil?

Kroton na prática: o dia a dia de um gerente de operações

A Kroton Educacional não tem do que reclamar. Nos últimos 12 meses, suas ações valorizaram 111% e seu lucro líquido mais que dobrou no segundo trimestre de 2014 comparado ao mesmo período do ano anterior. São mais de 600 mil alunos espalhados por quase todos os estados brasileiros, desde a educação básica até o ensino superior, passando pelo ensino profissionalizante.

Atingir essas marcas é uma tarefa tão complexa quanto desafiadora. É o que garante Bruno Souza, que integra a equipe da diretoria de Operações. “É nesse departamento que a gente faz acontecer. A meta é fazer com os investimentos sejam usados da melhor forma possível.” Alocado na gerência de planejamento, seu dia a dia inclui tarefas que assegurem as atividades de todas as unidades da empresa, desde a compra de terrenos para novas unidades até a aquisição de equipamentos para um novo laboratório de engenharia.

“O setor de operações é um gargalo de problemas”, diz Bruno. E não há nada de ruim nisso: é da natureza da atividade trabalhar para superar os desafios que se impõem. Por exemplo: uma das faculdades do grupo esperava receber 1.000 novos alunos no início do ano letivo, mas devidos a esforços bem-sucedidos, foram admitidos 1.500 novos estudantes. Aí, é hora da gerência de Operações entrar em ação. Cabe a ela planejar e apresentar um projeto sobre qual o impacto desses novos alunos na infraestrutura, ou seja, quantas novas salas serão necessárias e se será preciso ampliar laboratórios, realizar reformas no prédio ou adquirir novos materiais.

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Toda essa dinâmica de trabalho apresenta um desafio grande aos profissionais de Operações: é preciso agir com rapidez e precisão. “Quando recebo um email com uma demanda, já tenho que sair resolvendo, de imediato. Não posso esperar para resolver só no outro dia. Nossos clientes precisam de respostas imediatas.” Afinal, tempo é dinheiro – e esse jargão é particularmente verdadeiro nesse setor, já que estimar errado o número de salas de aula ou comprar um terreno inapropriado para o empreendimento pode ser bastante comprometedor.

Bruno lembra que a área de educação possui particularidades que exigem da equipe de operações exatidão nos planejamentos e eficiência nas execuções. Isso porque as atividades precisam andar alinhadas com o calendário escolar. Se a chegada de mais alunos exige a ampliação de uma determinada área, por exemplo, a obra precisa acontecer durante o período de férias. “Precisamos garantir que a obra se inicie no dia 1º de julho e esteja concluída no dia 31.”, exemplifica Bruno. Caso contrário, prejudicaria o período de aula e o rendimento dos alunos. “Formar mais de meio milhão de estudantes é muita responsabilidade.”

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Perfil do profissional

Por ter que lidar sempre e constantemente com desafios variados, o profissional de Operações precisa apresentar jogo de cintura e forte habilidade em se relacionar com os demais, além de saber trabalhar em equipe. “Costumo dizer que a parte técnica se aprende – nos livros, com cursos ou no próprio trabalho. Mas saber negociar e se comunicar bem faz parte da personalidade da pessoa.”

Disso, Bruno entende bem. É conhecido no departamento como relações públicas devido a sua capacidade de transitar com facilidade entre os diferentes setores. Essa característica teve um importante papel na sua definição profissional. “Sempre me perguntei: quero ser um especialista? Ou quero ser um gestor?”. As diferenças são grandes. “Quando você se especializa, você foca em um assunto. Mas quando você é gestor, você precisa conhecer um pouco de tudo – RH, marketing, financeiro. E eu quero essa multidisciplinaridade pra mim.” É justamente o que a diretoria de Operações oferece a ele.

Bruno é graduado em administração de empresas, mas lembra que diferentes formações atendem aos requisitos dos profissionais de Operações. Engenheiros, matemáticos e até físicos ocupam cargos dentro dessa área. E, segundo ele, a chamada geração Y sai na frente. “Essa geração tem características como imediatismo, proatividade e senso de urgência que são necessárias”, diz. Mas é preciso saber lidar com as frustrações. “Às vezes trabalhamos em um projeto difícil que não dá certo e precisamos recomeçar lá de trás.”

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

O dia a dia de uma jovem CEO em uma startup

Jovem Giuliana Reis

Você já se imaginou sendo o CEO de uma startup com apenas 24 anos? Parece história de filme sobre o Vale do Silício, mas foi realidade para Giuliana Reis, que lançou em maio deste ano a Tripda, plataforma online de compartilhamento de caronas.

O começo de tudo

A ideia surgiu de uma necessidade de Giuliana. Natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Giuliana estudava na capital e viajava até sua cidade natal todos os finais de semana, gastando cerca de 200 reais por viagem em gasolina e pedágio. Muitas vezes, ficava parada no trânsito em meio a outros motoristas igualmente sozinhos em seus veículos. Ela percebeu, então, uma oportunidade de inovar e resolver vários problemas de uma só vez: bastava trazer ao Brasil uma ideia que já é executada em outros países.

Giuliana entrou em contato com Rodrigo Sampaio, Co-CEO da Rocket Internet, incubadora alemã responsável por empresas como Easy Taxi e Kanui, e a ideia de fazer uma plataforma online de caronas ganhou incentivo. Só que com uma exigência desafiadora: lançar o site da Tripda em apenas três meses. “Eu pensava que era impossível. O negócio de startup tem muito timing, fez toda diferença viabilizar um negócio rápido. Meu maior orgulho mesmo foi ter feito a Tripda ser lançada em 3 meses”, diz Giuliana.

Suor e sucesso

O negócio deu certo e, hoje, o Tripda tem 6.000 usuários e 1.000 caronas realizadas. Tudo com muito suor, é claro. Na época do lançamento, Giuliana chegava a trabalhar 20 horas por dia! E a verdade é que nunca trabalhou menos de 14 horas diárias. “A palavra que melhor resume a rotina de trabalhar em uma startup é ‘caótica’. Você acorda e nunca sabe o que vai fazer, é muito difícil se planejar, tudo acontece em plano real, não tem rotina, cada dia você tem pepino para resolver e cada semana você tem um foco. Há pouco espaço para planejamento e muito espaço para execução pesada”, conta.

Mas o trabalho pesado nunca foi um problema para Giuliana, que antes da Tripda teve uma experiência sólida em bancos de investimentos. Ela trabalhou durante dois anos no Banco Fator, como estagiária e analista júnior, e um ano e meio no BR Partners, onde obteve uma promoção após os quatro meses iniciais, passando pde analista júnior para plena. Giuliana já estava acostumada a trabalhar mais de 12 horas por dia, e ainda viu no empreendedorismo de startup uma oportunidade enorme de liderança e a chance de ter e implementar uma ideia.

“Se eu tivesse continuado em banco ou ido para outras áreas, seria quase impossível, aos 24 anos, ter a oportunidade de liderar 15 pessoas, dando todo direcionamento e suporte e segurando toda a responsabilidade. É que, no ambiente do empreendedorismo, todo mundo é muito jovem”, afirma.

CEO de startup: flexibilidade com muitos desafios

Giuliana vê uma grande diferença entre trabalhar em banco de investimento, onde há uma hierarquia fixa e os colegas de trabalho em geral têm a mesma formação, e em uma startup, com autonomia, flexibilidade de ideias e horários e a convivência com um time de pessoas com diferentes formações. Além de testar, ao mesmo tempo, imaginação, criatividade e capacidade de fazer acontecer. “Ninguém quer saber quais horários você fez, você precisa bater suas metas. E o ambiente de trabalho é incrível, existe uma competição saudável das pessoas, que querem implementar tudo mais rápido, mas com muita ajuda mútua, todo mundo se sente dono e parte do grupo”, diz.

No entanto, sempre existe o lado difícil, e, no caso de uma startup, é a incerteza. “A execução é 90% do negócio, mas os 10% são imponderáveis. Poucas coisas não têm solução, mas às vezes você não consegue chegar à solução em pouco tempo. O empreendedorismo não tem uma regra de bolso e o estágio da empresa faz com que cada uma seja diferente”, diz. E, no caso, da Tripda, há o desafio da monetização de uma plataforma de caronas. Giuliana cita algumas ideias, como fazer propaganda de hoteis ou vender créditos de carbono a empresas. “Quanto maior o site, mais fácil é monetizar. Ainda estamos na fase da liquidez e não na monetização, mas sabemos que a monetização tem que agregar valor ao cliente”, diz.

Agora, Giuliana está deixando a Tripda caminhar sozinha enquanto cursa um MBA de finanças e estratégia na Universidade de Chicago. É a realização de um sonho antigo de estudar no exterior. “É um momento de vida bom, tive experiência em banco de investimento e em empreendedorismo, o momento econômico do Brasil não é dos mais confiantes, é um ano de incerteza política. Quando eu voltar, quero pegar uma onda melhor”, diz. Enquanto isso, Giuliana pega carona em uma formação de excelência nos Estados Unidos.

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A trajetória de um diretor de operações na loja Casa & Vídeo

Código de barras

Até o ano de 2005, o antigo Ibmec (hoje Insper, uma das mais importantes faculdades de negócios do Brasil) ocupava no centro do Rio de Janeiro um prédio pouco adequado às suas atividades: era muito alto, com pouco espaço para circulação de pessoas e que não favorecia e convivência entre alunos e professores. A direção, então, adquiriu um novo prédio e iniciou as reformas. Foi quando André Peixoto chegou à empresa e passou a coordenar todas as operações que envolviam a obra.

Ele revisou contratos, aprovou projetos, acompanhou de perto o trabalho de todo o pessoal: arquitetos, engenheiros e pedreiros. Quando tomou pé da situação, assegurou à chefia: “Podemos nos mudar já no próximo semestre.” Desconfiada, a direção perguntou: “Com base em que você diz isso?” André tinha resposta na ponta da língua: “com base no trabalho duro que vamos dar até lá.” E assim foi. “Na manhã da segunda-feira, no primeiro dia de aula, eu estava instalando os últimos projetores nas salas de aula. Quando os alunos chegaram, estava tudo pronto. Deu tudo certo.”, conta. “Foi um dos maiores riscos que assumi na minha carreira.”

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Eficiência

A história acima ilustra com bastante clareza os desafios que se impõem ao profissional de operações: agilidade, dinamismo e comprometimento com a eficiência. André ressalta que é difícil generalizar, pois a área de operações possui muitas ramificações e permite diferentes atuações. “De forma geral, o profissional de operações busca a eficiência dos processos, isso significa tornar os processos mais eficientes para reduzir os custos da empresa. Isso é o centro da atividade – e é apaixonante”, conta.

Paixão, aliás, é um ingrediente importante nessa receita. “Sem paixão você não chega a lugar nenhum. Costumo dizer à minha equipe: somos um time apaixonado, que trabalha duro gastando sola de sapato. Com simplicidade, construímos nossos resultados surpreendentes.”

Hoje, André comanda uma equipe de 3.000 funcionários na Casa & Vídeo, empresa líder de vendas no varejo fluminense, nos setores de utilidades domésticas, ferramentas, climatização e eletroportáteis. São 82 lojas, “vendendo de pano de chão a celular”. O trabalho de André é organizar toda essa equação, atividade que realiza desde 2012. Reportam-se a ele setores como os de vendas, merchandising, engenharia e manutenção, gestão de espaço e logística. “Sempre me perco nessa enumeração”, ri.

O cotidiano de André é marcado pelo dinamismo e constantes desafios. “Não tenho mesa. Fico andando pelo escritório, perturbando a vida dos meus colaboradores. Porque diretor não tem muito o que fazer – só perturbar os outros”, se diverte. Apesar da descontração, os resultados precisam aparecer. “Tem que cortar gastos todos os dias. Costumo dizer que gasto é igual unha: se você para de cortar, ele volta a crescer.”

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Trajetória

Antes de ingressar na Case &e Vídeo, e após deixar o Ibmec, André teve uma importante passagem pela rede varejista BRMalls. O período, segundo ele, foi o grande alavancador da sua carreira na área de operações.

Ao chegar na empresa, não tinha uma atuação definida. Era coordenador de si mesmo, como diz. Aos poucos, foi se envolvendo com as atividades e buscando a eficiência em cada etapa. Entre outras importantes conquistas, montou um centro de serviço compartilhado, o que provocou uma mudança nos processos administrativos e financeiros da empresa. Ao deixar a empresa, já possuía cerca de 100 funcionários sob seu comando. “Alavanquei minha carreira na BRMalls, mas também ajudei muita gente a construir sua carreira lá. Isso é gratificante”, conta, dizendo ser essa uma característica que o atrai na área: “O barato não é procurar emprego. O barato é gerar emprego.”

Para André, um diferencial em sua carreira em operações foi ter passado por todas as etapas, sem buscar atalhos. Foi estagiário, analista, coordenador, gerente júnior e sênior e, enfim, chegou à diretoria. “É legal ser milionário aos 30 anos se você tem uma grande ideia, mas o jovem não deve se pautar por isso. Cumprir etapas é muito importante, isso faz com que você tenha uma percepção diferente.”

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Perfil profissional

Duas das características mais marcantes de André são suas habilidades de comunicar e motivar as pessoas. Esses dois traços de suas personalidades caem bem ao profissional de operações uma vez que o trabalho em equipe e a multidisciplinaridade são marcas da atividade.

Mas, para o diretor, a principal característica de um jovem que aspira ingressar nessa área deve ser o comprometimento com a eficiência. Um bom exercício, aconselha, é fazer uma autoavaliação e perceber se a eficiência é uma preocupação cotidiana. “Como, por exemplo, organizar a casa de modo que ela seja mais eficiente. Ou se, no supermercado, o sujeito gosta de analisar que fila anda mais rápido. Essas são, em geral, as pessoas que têm um instinto natural de fazer as coisas com mais eficiência.”

Aos estudantes que se interessam pela área de operações em varejo, André aconselha: “Não dá pra ter o devaneio de achar que a faculdade vai te ensinar a trabalhar. É balela. Na faculdade, você aprende matemática. Seja dedicado, se torne um excelente aluno – esse é seu cartão de visita. Dentro da indústria é que você vai aprender as especifidades.” Palavras de quem sabe muito bem o que diz. Melhor anotar.

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O dia a dia de um empreendedor na Mobly, empresa de varejo online

Pessoa digita dados do cartão de crédito em compra online

Quem aí teria a coragem de abandonar uma carreira promissora em uma das maiores empresas brasileiras, a Ambev, para fazer um MBA e apostar no empreendedorismo? Foi exatamente o que fez o engenheiro mecatrônico Mario Fernandes. Depois de cinco estágios diferentes durante a faculdade, percebeu que queria ter uma experiência consistente na área de negócios, onde aprenderia muito para, no futuro, empreender.

Como trainee da maior cervejaria da América Latina, passou por diversas áreas, até se fixar em operações. Ficou na empresa por quatro anos e meio. “Foi muito difícil sair da Ambev, mas eu não ia chegar aonde queria se continuasse ali”, diz. Fora do país, ele teve contato com pessoas de culturas e contextos diferentes. “Os contatos e as trocas que acontecem entre os alunos foram mais importantes até do que aprendi na sala de aula”, afirma. Foi lá, inclusive, que ele conheceu quem viria a ser seu sócio na Mobly, a empresa que vende móveis pela internet e foi fundada em 2011 pela dupla e um outro sócio brasileiro.

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Hoje com cerca de 300 funcionários, a Mobly cresceu em ritmo chinês. “O mercado tem amadurecido muito rapidamente, e o crescimento desse segmento é muito superior ao do varejo tradicional”, analisa. “Por isso, as pessoas que trabalham conosco precisam ser flexíveis e aprender muito rapidamente com os próprios erros. É muito difícil prever o que vai acontecer.”

Por ser um negócio novo – e ainda ter muita desconfiança do consumidor, que não está acostumado a comprar móveis sem vê-los –, não existem especialistas na área. “Procuramos pessoas bem formadas, a fim de suar a camisa e se comprometer”, diz. “Diferente de outros mercados, onde você aprende com pessoas mais velhas, que estão lá há muito tempo e existem padrões e cultura nas empresas, não tem muito tempo para aprender, precisa sair fazendo”, conta.

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Dividida em áreas como qualquer outra empresa, a Mobly tem uma de marketing bastante particular e analítica. “Todas as nossas decisões são tomadas baseadas em números e estatísticas que temos do site”, comenta. Compras, TI e financeiro tem seus desafios particulares também, e a área de atendimento ao cliente é fundamental para ajudar os consumidores a se acostumarem com o negócio da empresa.

Mas uma área que recebe atenção especial de Mario é a de operações. “Precisamos entregar em todo o Brasil móveis grandes, que as vezes são separados em quatro ou cinco peças”, conta. Nesse ponto, a experiência e o jogo de cintura que ele conquistou durante seus anos na Ambev ajudam muito.

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Magazine Luiza na prática: uma trainee na área de marketing

Caixas de loja de departamento

“Esta é a década do varejo”. A frase otimista é repetida à exaustão pela presidente da rede varejista Magazine Luiza, Luiza Trajano. Ela emprestou a expressão de Flavio Rocha, presidente da Riachuelo e de uma entidade que representa o setor. Os indícios econômicos mostram que eles podem estar certos: nos últimos dez anos, as redes varejistas cresceram mais do que o PIB, e a entrada de 40 milhões de brasileiros na classe C, ávidos por consumir – e ser bem tratados – impulsionam as vendas.

Foi pensando nesse contexto que a comunicadora social mineira Talitha Évely, de 23 anos, decidiu concorrer com outros 15 mil inscritos a uma das 14 vagas para trainee na empresa de Luiza. Depois de um longo processo, ela foi selecionada e começou a atuar na área de marketing. “Via essa oportunidade como uma forma de impulsionar a minha carreira, entrar em uma empresa com importância nacional e ter contato com profissionais da área”, comenta.

Não foi uma mudança muito fácil. Apesar de ter nascido em uma cidade média, Juiz de Fora, com cerca de 550 mil habitantes, a transferência para a capital paulista causou impactos profissionais e pessoais. Mas parece ter valido a pena. Os desafios constantes e a busca incessante para atender as exigências dos clientes tornam o seu trabalho bastante dinâmico. “O varejo é o coração da economia. É uma área que muda a cada dia. Isso exige que o profissional seja muito veloz também, que consiga se adaptar e ser flexível”, explica.

Um dos fatores que mais chamou a atenção de Talitha na empresa foi o foco no cliente. “Falamos a língua do cliente, respiramos o cliente, conseguimos pensar como ele e entender o que ele quer”, diz. E o que ele quer, afinal? “Os consumidores hoje estão mais exigentes, informados. Eles estão sintonizados com as melhores marcas do mercado e já conhecem um serviço mais personalizado. Ele não quer só o produto pelo melhor preço, ele quer uma empresa que se preocupe com ele no pós-venda”, completa.

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Magazine Você
Dentro da empresa, ela atua em uma área relativamente nova de marketing e vendas: o Magazine Você, que oferece aos clientes a possibilidade de criar uma mini loja virtual – hospedada dentro do site oficial da empresa. Ela dá a possibilidade ao cliente de “vender” aos amigos produtos da Magazine Luiza selecionados e recomendados por ele. Sempre que um produto é vendido através dessas lojinhas, o divulgador (nome dado ao cliente que montou sua página própria) recebe alguma bonificação em dinheiro.

“Esse serviço foi criado porque temos pesquisas que comprovam que as pessoas têm mais tendência a comprar um produto que foi indicado por um amigo a um que foi sugerido por um vendedor na loja”, explica. “A ideia é que, no Magazine Você, aquele seu amigo que sabe tudo de computadores, expert no assunto, crie uma lista a partir do que temos para oferecer e liste os pontos positivos e negativos daqueles produtos para os seus amigos.”

Essa foi uma maneira diferente que a empresa encontrou para se aproximar dos clientes. “Considerando a concorrência acirrada, a estabilidade do site e o prazo de entrega podem fazer a diferença”, diz. “O marketing tem que ser inovador e diversificar as formas de conversar com os consumidores em todas as plataformas e frentes possíveis.” Com metas de vendas pressionando, os profissionais da área precisam trabalhar sempre pensando no dia seguinte, fechar a ação de um mês imaginado a do próximo. “Trabalhamos muito com a área comercial, para saber o que está chegando de novo no mercado e pensar em como isso vai ser levado ao cliente para despertar o interesse pela compra”, afirma.

Em um mercado tão concorrido e volátil quanto este, não há muito espaço para comodismos. E, se Luiza Trajano estiver correta, e esta for mesmo a década do varejo, ele pode ser um excelente setor para se atuar.

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