Home Blog Page 240

‘Não é errado ter ambição e querer ganhar dinheiro’, diz André Esteves

André Esteves discursa em evento

Quando estava na faculdade, tudo que André Esteves queria era um emprego. Não importava qual fosse.

Ao se candidatar para a vaga em um banco de investimento, mal sabia como funcionava uma instituição desse tipo. Acabou sendo bem mais do que um simples emprego. Hoje, ele é presidente daquele banco — agora, BTG Pactual.

O empresário falou sobre sua trajetória em uma palestra para 600 jovens na Conferência Ene, promovida pela Fundação Estudar e o Na Prática. Segundo ele, os profissionais em início de carreira devem apostar no país.

“O Brasil guarda os ingredientes essenciais para fazer negócios de forma bem-sucedida.” As dificuldades na economia, diz Esteves, são somente um “mau momento”. “Empresas e histórias empresariais formidáveis foram criadas no Brasil. É na hora da confusão que aparecem boas oportunidades. Nos outros países emergentes, mudam os personagens, a história é diferente, mas as angústias e desafios são muito parecidos. O Brasil tem escala, dá para fazer negócios.”

O início Esteves define sua história como “atípica” no que diz respeito ao planejamento. “Minha mãe era professora universitária, divorciada do meu pai. Tive uma adolescência muito difícil, porque naquela época [pertencer à] classe média era muito duro no Brasil. Era um período difícil. Meu sonho de adolescente era ter um emprego. Não interessava qual — qualquer coisa funcionava.”

O empresário diz que as dificuldades desenvolveram nele um forte senso de responsabilidade. “Uma coisa importantíssima para ter sucesso é responsabilidade. É ter certeza de que estão atendendo aquilo que é esperado, agindo com bom-senso. Minha responsabilidade como jovem era estudar ao máximo e me dedicar para arrumar um emprego. Quando fui para faculdade, procurei aquilo em que eu tivesse mais chance de conseguir um.” Ele cursou matemática na Universidade Federal do Rio de Janeiro, para ter contato com informática e tentar trabalhar com análise de sistemas. Naquela época, as empresas começavam a implementar seus departamentos de tecnologia.

No primeiro ano de curso, conseguiu um emprego na própria universidade. “Era bom, mas achei que dava para fazer algo melhor do que só trabalhar na faculdade. E eu sempre tive um interesse meio platônico pelo mundo empresarial. Não tinha nenhum conhecido que era empresário, mas aquilo de alguma forma me atraía.” Lendo o jornal, soube de um recrutamento de jovens talentos realizado pelo então Pactual. “Aquilo me seduziu, mas eu não sabia sequer explicar o que era um banco de investimento.” O salário era menor do que o que ele ganhava, mas a empresa oferecia um bônus semestral. “Se você conseguisse ir bem, ganhava mais. Confiava no meu talento, então aceitei um piso que seria mais baixo, mas que poderia ter um teto mais alto.”

Embora sua mãe tivesse ficado desconfiada, já que o salário era menor, ele foi para o banco. “Às vezes, você tem que ser um pouco contrário às nossas mães e pais, que nos amam. Confiem em vocês, dediquem-se, tenham uma responsabilidade enorme e ambição. Não tem nada de errado em ter ambição, em querer ganhar dinheiro, em querer crescer, em querer virar o dono. Pelo contrário, isso é o que move as sociedades. O momento no Brasil é péssimo, mas isso é só um ciclo. Vai e vem. Com Brasil bom ou Brasil ruim, a oportunidade continua lá.”

Leia também: As características que André Esteves, do banco BTG Pactual, busca em um jovem profissional

Erros O empresário enfatizou que profissionais não devem ter medo de errar em suas escolhas. “Errou, bola para frente. Qualquer profissional de sucesso, empreendedor ou executivo vai errar.” “Não ter medo de errar ajuda a não ter medo de escolher, empreender e ousar. Não ter medo de fazer diferente.” No entanto, ele diz ter “duas leis” para o erro. Primeiro, tem de errar do seu tamanho. Ou seja, o estagiário não pode cometer um erro que quebre a empresa. E, segundo, deve-se aprender com o erro.

Quando o erro está na escolha da própria carreira, o empresário aconselha pensar bem antes de tomar uma decisão drástica. “Profissionais que deram muito certo têm algo em comum: o ‘stick to the point’. Eles seguiram um caminho. A única certeza que vocês podem ter na trajetória profissional de vocês é que vai haver inúmeras dificuldades. Faz parte. Não confundam a mudança de emprego com a fuga do problema. O problema vai existir. As pessoas devem enfrentar da maneira mais determinada. Não se abatam com as dificuldades. O cara que vai andando de galho em galho não pertence a lugar nenhum. Vocês têm de achar a árvore de vocês e seguir por ali.”

Vida pessoal vs. trabalho Para Esteves, é um falso dilema dizer que, para ser um bom profissional, é preciso abrir mão de uma vida equilibrada. Ele diz considerar ser um bom pai para seus filhos e um bom amigo. Segundo o empresário, no próprio banco a relação com os colegas é de amizade. “A vida é feita de escolhas. Não só no mercado financeiro, mas se você for um empreendedor, advogado, um executivo de sucesso, você vai ter de se dedicar a isso. O segredo é você se adaptar”, diz. “Não tem muito jeito, uma carreira de sucesso vai requerer dedicação. Vai ter um fim de semana dedicado a sua carreira ou uma noite dedicada a sua carreira.”

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

Concurso da ONU premiará jovens com viagem para conferência em Paris

jovem gravando vídeo de si mesmo

Segundo relatório da Organização Metereológica Mundial, de janeiro a junho deste ano a temperatura global média sobre foi a mais quente já registrada, alcançando novas máximas em todo o planeta, com ondas de calor na Ásia, Europa e Estados Unidos. A mensagem é cada vez mais clara: o fenômeno de mudanças climáticas globais é um problema que diz respeito a todos.

Jovens com idade entre 18 e 30 anos, e que estejam fazendo algo para mudar essa realidade, podem enviar seus vídeos para o Concurso de Vídeos Juventude Global sobre Mudança Climática, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os vencedores vão ganhar uma viagem para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 21), em Paris, em dezembro deste ano — um dos mais importantes encontros sobre o tema.

O vídeo deve ter três minutos e contar histórias inspiradoras sobre o envolvimento dos participantes no combate às alterações climáticas. As inscrições para o concurso da ONU vão até o dia 17 de agosto por aqui.

Leia também: Veja como é fazer um estágio de verão na ONU

Trainee Cremer: como participar e o que o CEO espera dos candidatos?

leonardo byrro trainee da cremer em frente à prateleira de produtos

Aberta a temporada de trainees, os recém-formados devem ficar ligados em como ganhar destaque na acirrada disputa dentro das empresas.

Nessa hora, o histórico acadêmico e as experiências profissionais deixam de ser o fator principal e o desejo de enfrentar desafios, realizar e causar grande impacto na companhia é o que garante espaço e relevância na concorrida seleção.

EXAME.com conversou Leonardo Byrro, presidente da maior empresa de materiais descartáveis e de consumo para cuidado com a saúde do Brasil, sobre o programa de trainee Cremer e o que é necessário para impressionar. Confira o que ele disse:

Mais de 20 mil inscritos No último ano, o programa recebeu mais de 20.000 inscritos – quase sete vezes mais candidatos do que no ano anterior. O diferencial? Muitos dos trainees já assumem cargos de gerência depois de dois anos de casa.

Ainda sobre o crescente interesse dos jovens na empresa, Leonardo Byrro destaca também que os produtos da Cremer já estão em mais de 85% de todos os hospitais públicos e privados do Brasil.

Carente de profissionais, a indústria segue em transformação, de acordo com ele. “Nós conseguimos montar uma equipe de pessoas que querem causar impacto e fazer essa indústria ser cada vez melhor, com muitos desafios e oportunidades”, diz o presidente.

.

O que ele espera de um candidato à trainee Cremer? O que atrai muito, diz, é enxergar no candidato a vontade de querer realizar algo grande dentro da companhia e buscar desafios em projetos que sejam absolutamente relevantes.

Sentir-se despreparado para o processo não significa falta de aptidão, segundo Byrro. “Aqui eu carrego a seguinte filosofia: você nunca vai estar preparado – se você estiver, é porque é a pessoa errada para aquele desafio” diz.

Fator Sorte Às vezes, muita gente boa não consegue estar no lugar certo e na hora certa e, por esse motivo, não consegue passar em um programa ou garantir um emprego. Nesse caso, segundo ele, é preciso correr riscos, não ter medo de enfrentar desafios e procurar um ambiente que permita o crescimento por meio do talento e, assim, ter a tal sorte de que ele fala.

“Eu também recomendo ter disciplina. Esse foi um aprendizado muito grande e que me ajudou a estar pronto ao me deparar com novas oportunidades profissionais”, afirma o presidente que também já passou por esta etapa em sua vida – há doze anos foi um dos aprovados no trainee da Ambev.

A juventude valorizada não diz respeito apenas à idade, mas também ao “espírito”, diz Byrro. Não são só jovens que trazem resultado – e sim, todas as pessoas abertas ao novo, segundo ele.

“A combinação que mais valorizamos nos últimos anos é: a possibilidade de vir gente mais nova que deseja crescer rápido, com responsabilidade, e com um “quê” de empreendedorismo. Esses fatores são explosivos para gerar resultado alinhado à estratégia do negócio”, diz.

Hierarquia “Eu não digo para as pessoas aqui para onde elas vão – eu pergunto para onde elas querem ir e aonde elas acham que devem ir. Nesse caso, procuro fazer as perguntas corretas e suportar o caminho que elas julgam corretas”, afirma.

Byrro procura fazer com que as pessoas sintam que ele está próximo, mesmo que isso não aconteça com tanta frequência, já que é impossível dizer, o tempo todo, o que cada um deve fazer. “As pessoas precisam sentir que eu estou junto e em parceria com elas. Essa é uma cultura que eu intensifiquei nos últimos anos: pouca hierarquia, mas com muita responsabilidade”, diz.

Leia também: Veja o trabalho de um gerente de planejamento na Cremer

O programa Com inscrições abertas até o dia 6 de setembro, o programa de trainee Cremer divide-se em duas etapas distribuídas em doze meses de duração. Nos dois primeiros meses, o trainee conhece a dinâmica dos processos internos da companhia passando por diferentes departamentos da Cremer. Nos outros dez, os aprovados são direcionados em áreas específicas para realização de projetos.

As áreas de atuação dos trainees são: compras, finanças, logística, marketing, novos negócios, operações e produção, planejamento, recursos humanos e vendas.

“O meu papel é trazer talentos para dentro da companhia. Eu provoco e dou a oportunidade para as pessoas crescerem e se desenvolverem”, afirma Byrro. Saiba mais sobre o processo seletivo aqui.

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

‘Empreender é ter resiliência’, defende fundador da pré-aceleradora Worth a Million

Valentim empreendedor na empresa Worth a Million

“Tudo começou quando eu comprei o livro Sonho Grande, foi o que me moveu”, explica o empreendedor Valentim Biazotti, hoje a frente da pré-aceleradora Worth a Million, que fundou no final do ano passado e presta apoio a startups e negócios sociais que estão em fase inicial. “Pegamos até os empreendedores que estão partindo do zero”, explica.

O livro, citado por diversos outros empreendedores, conta a história de como um trio de investidores brasileiros — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fundadores da Fundação Estudar — criaram um dos maiores grupos empresariais do capitalismo brasileiro e tornaram-se referência no cenário internacional.

Formado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Valentim já havia tentado empreender quando estava na faculdade. Fundou sua primeira startup em 2011, e resolveu encerrar suas atividades no ano seguinte. “Eu queria fazer, tinha brilho no olho, mas ainda não estava com a capacitação necessária para fazer um negócio de alto impacto”, reconhece.

Na faculdade, teve apenas uma matéria que se relacionava à temática empreendedora. “O contato com o empreendedorismo era muito pequeno, e isso se relaciona muito com os problemas que eu enfrentei na minha primeira tentativa de criar uma empresa”, critica o ex-aluno, que espera ver mais disciplinas sobre esse assunto surgirem nas universidades brasileiras nos próximos anos.

Preparação

O aprendizado era claro: ele precisava se preparar. “Hoje em dia temos muitos cursos online disponíveis, e fiz praticamente todos de Stanford relacionados a empreendedorismo e design thinking, e os de inovação do MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts]”, ele conta.

Assim, sem sair do Brasil, ele teve acesso a conteúdo de ponta de algumas das universidades mais empreendedoras do mundo. Um dos destaques foi o curso disponibilizado online e de forma gratuita pela aceleradora Y Combinator, uma das mais respeitadas do mundo, com sede no Vale do Silício. Para Valentim, o material é imperdível: “Recomendo esse curso para toda e qualquer pessoa que pense em empreender.

Chamado How to Start a Startup (em tradução livre, “Como começar uma startup”), o curso é dividido em vinte palestras com alguns dos nomes mais importantes do cenário empreendedor nos Estados Unidos, como Paul Graham, Peter Thiel, Marc Andreessen e Ben Horowitz.

“Fico sempre imaginando o efeito que isso teria tido na minha trajetória se eu tivesse tido esse conteúdo na faculdade”, brinca, já que a aceleradora oferece a o curso presencialmente em Stanford.

Além das aulas online, Valentim também conta ter estudado muito as metodologias ágeis — lean startup, design thinking, canvas, entre outras. Para isso, alguns livros costumam ser citados por diversos empreendedores, incluinso o próprio Valentim: A Startup Enxuta, de Eric Ries; Design Thinking, de Tim Brown; e Business Model Generation, um longo e criativo trabalho de co-criação para o qual quase 500 autores de todo o mundo contribuíram.

A esse conhecimento, ele também soma sua própria experiência com construção de marcas. É que, logo após ter fechado sua primeira startup, ele entrou como trainee na consultoria de estratégia e branding Sonne. Nesse momento, ele faz questão de não ser mal-entendido: o sonho de empreender continuava vivo, mas era importante focar em aprender e se preparar para o desafio.

Sobre branding, sua leitura preferida (e recomendada) é o livro Kellog on Branding — “o melhor para construção de marcas”. Permaneceu na consultoria por cerca de dois anos, e então saiu já disposto a empreender de novo.

Empreendendo

Foi quando, menos de uma semana depois de ter saído do antigo emprego, participou do Liderança Na Prática 32h, programa de desenvolvimento de lideranças e aceleração de carreira do Na Prática. “O Liderança Na Prática 32h me ajudou muito a entender qual era o meu norte, e foi lá que comecei a desenhar a consultoria que tenho hoje. Se não fosse pelo empurrão que tive lá, com certeza não estaria com a empresa hoje”, relata Valentim sobre o impacto do programa.

Foi assim que decidiu criar a Worth a Million, que nasceu como uma consultoria de estratégia e branding para startups e negócios sociais, mas acabou encontrando o seu lugar como pré-aceleradora. Com a empresa, sua ideia é ajudar as pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades que ele, quando tentou empreender pela primeira vez.

Foi também do networking feito durante o Liderança Na Prática 32h que vieram os seus primeiros clientes e outras indicações de clientes. A participação de eventos do universo empreendedor, inclusive, é uma das práticas que ele recomenda com mais ênfase para quem está começando o próprio negócio.

O nome, que pode ser traduzido com “Vale um milhão”, reflete um objetivo ambicioso — exatamente como prega a cultura que aprendeu em Sonho Grande. Em dez anos, quer impactar um milhão de pessoas. Para alcançar esse número, conta não só com a atividade de pré-aceleração, mas também com palestras e cursos de capacitação.

No universo do empreendedorismo, acelerar significa aumentar o ritmo de crescimento e desenvolvimento de uma empresa durante a sua entrada no mercado.

Na Worth a Million, a ideia é atender e apoiar empreendedores em diversos momentos do que pode ser considerado uma fase inicial, anterior aos negócios já um pouco mais maduros que costumam ser apoiados por aceleradoras tradicionais. Daí o conceito de pré-aceleração. Mesmo aqueles que ainda não tem um produto definido ou mesmo uma ideia inicial podem contar com a ajuda da Worth a Million nessa tarefa.

O que Valentim oferece é uma estrutura mental, cujo objetivo é organizar e estruturar os primeiros momentos da jornada empreendedora. “Depois que a pessoa passar pelas nossas mãos, queremos ter a certeza de que sua empresa continuará crescendo, até mesmo com a ajuda de outros agentes”. Até hoje, já atendeu 21 startups e negócios sociais, dos quais todos continuam em atividade e crescendo.

Propósito

Nesse processo, também aprendeu que muitos empreendedores de primeira viagem precisam mesmo é de apoio emocional — e ele também está lá para isso. “Um dos nossos papeis é tirar a pessoa daquele momento de depressão, que ela pensa em desistir”, explica. O objetivo é trazer o empreendedor de volta aos trilhos, para que possa executar aquilo que tem na cabeça.

“Ser empreendedor é ter resiliência”, ele insiste em ressaltar. “Tem dias que você acorda com um ânimo incrivel, e têm outros em que parece que nada vai dar certo”. Aí, também entra em cena outro fator crucial para um empreendimento dar certo. Mas, para entendê-lo, é necessário dar alguns passos para trás.

Trata-se do propósito: uma razão profunda por trás da criação da sua empresa, e que te motiva a continuar. Pode também ser explicado pela máxima de que “todo empreendedor deve ser apaixonado”.

“O mais importante de tudo é que eu comecei esse negócio porque eu tinha um propósito”, explica Valentim. Como assim? Para ele, transmitir esse conhecimento que adquiriu para outras pessoas é um jeito de contribuir para uma sociedade melhor. “Precisamos capacitar e ajudar essas pessoas que querem empreender, porque elas tem um potencial de impacto na sociedade muito grande”, explica. Em uma sociedade meritocrática, ele quer capacitar para o mérito.

Nesse assunto, ele é bastante pragmático: “Se você não tem uma paixão muito grande pelo que está fazendo, você não vai conseguir passar pelos desafios de empreender”. Buscar o propósito de cada empreendedor também faz parte das reflexões que surgem no processo de pré-aceleração. Pra Valentim, esse processo também aconteceu no Liderança Na Prática 32h. Hoje, o Na Prática promove um programa de desenvolvimento de carreira voltado exatamente para encontrar e conectar o seu propósito – o Autoconhecimento Na Prática.

Para muitos criadores de startups, inclusive, Valentim sente que existe uma vontade forte de empreender e fazer uma empresa tecnológica, mas ainda não é claro o propósito. São questões que o empreendedor precisa saber responder, como: Que problema você vai resolver? O que te move e te motivará ao longo da jornada exaustiva de empreender?

Leia também: Dez cursos rápidos que mudam a vida de um empreendedor

Negócios sociais

No caso dos empreendedores sociais — aqueles que se propõem a resolver problemas sociais ou ambientais com suas empresas — a questão do propósito e do sonho parecem estar mais resolvidas. Afinal de contas, são negócios que já nascem de uma vontade poderosa: tornar o mundo um lugar socialmente mais justo, ou ambientalmente mais sustentável.

O que ele quer trazer para o mundo dos negócios sociais é exatamente a mentalidade de business que costuma ser mais abundante entre os seus colegas de startups. Em outras palavras, a importância de focar em escalabilidade, crescimento sustentável e eficiência. “São empresas que também precisam se preocupar em ter um faturamento, atrair e reter clientes, inovar e crescer”, comenta. Aqui nio Brasil, sente que esse entendimento ainda precisa ser mais difundido. “Teremos que mudar nossa maneira de pensar negócios”, conclui.

O programa de pré-aceleração da Worth a Million é pago, e é possível concorrer a bolsas por aqui

Trainee Kraft Heinz está com inscrições abertas

embalagem de Ketchup Heinz

A Kraft Heinz Company está com busca de jovens talentos para o seu programa de trainee. As inscrições vão até o dia 13 de setembro e podem ser feitas por aqui.

Com valores baseados na meritocracia e na visão de dono, a empresa busca jovens que tenham paixão e brilho nos olhos diante do desafio da realização de suas metas. Podem participar do Trainee Kraft Heinz profissionais formados há até dois anos, em qualquer curso de graduação, já que as oportunidades são para todas as áreas da empresa. É necessário ter inglês avançado e a possibilidade de se mudar para outros estados do Brasil — as vagas são para o país todo.

Formada a partir da recente fusão entre Kraft Foods Group e Heinz Company, a empresa tornou-se a quinta maior do mundo no setor de alimentos e bebidas, com um extenso portfólio de marcas icônicas, como Heinz, Kraft, Oscar Mayer, Ore-Ida and Philadelphia. Com seus produtos, está presente em mais de 200 países.

Pertence ao 3G Capital, grupo global de investidores brasileiros conhecido pela cultura forte e focada em resultados. No Brasil, a operação está voltada para os produtos das marcas Heinz e Quero, incluindo todas as etapas desde o cultivo agrícola ao envase.

E sobre as perspectivas de carreira? Como a Heinz se destaca por ser uma empresa meritocrática, o crescimento de todos é pautado por suas entregas de resultados. Ou seja, é possível crescer rápido!

 

Increva

Seis habilidades de carreira que vão te destacar profissionalmente

Jovens profissionais apertão mãos

Quem já entrou em uma sala de entrevista de emprego preparado para dar a simples descrição de cargos anteriores e foi surpreendido com perguntas que pediam detalhes concretos do seu comportamento no trabalho já teve a chance de experimentar o que são as chamadas entrevistas por competência.

A técnica, usada por recrutadores, tenta mitigar riscos de uma constante nas empresas: profissionais, contratados por habilidades técnicas, são demitidos por problemas de relacionamento ou de atitude.

“Seria arrogância dizer que a entrevista por competência e outras técnicas neste sentido garantem que a contratação dê certo, mas, sem dúvida, minimizam a chance de ela dar errado”, diz Rafael Meneses, sócio da People Oriented Consultoria, especializada em recrutamento de média e alta gerência.

O caráter comportamental faz, sim, toda a diferença, de acordo com ele. “Por isso, mesmo que a empresa não nos peça, fazemos um relatório de entendimento da posição que inclui as características de comportamento”, diz Meneses. A partir desta análise, é que serão definidas as estratégias de seleção usadas com cada candidato.

Além das entrevistas por competência, a checagem de referências também é uma prática utilizada no processo de recrutamento, assim como ferramentas psicométricas. “Partimos da premissa de que comportamento passado prediz comportamento futuro”, diz Meneses.

Na hora checar as referências indicadas durante a entrevista, ele opta por conversar com quem já foi subordinado, colega ou superior de cada candidato. “Mas, sempre respeitando a confidencialidade do processo”, afirma.

E, mesmo com as devidas especificidades de cada posição, algumas características e habilidades de carreira sempre serão investigadas dentro deste processo. Veja quais são:

1. Comprometimento e engajamento

Por meio destas duas atitudes é que a visão de dono do negócio – tão valorizada pelos especialistas em recursos humanos – apresenta-se na sua forma maneira genuína. E o envolvimento é mensurado, por meio de entrevistas por competência, checagem de referências, entre outras técnicas utilizadas pelos recrutadores.

2. Foco em resultado

Bater metas e entregar além do que a empresa espera são pontos chave de quem se destaca na carreira. Essa, por exemplo, é uma das características que o presidente da Bombril adora encontrar em candidatos a oportunidades profissionais na empresa.

“O que eu mais gosto de perceber em um candidato durante a entrevista é se ele tem o perfil “hands on” (mão na massa), de quem não se apega a cargo, é preocupado com resultado, é humilde e generalista”, disse, em entrevista a EXAME.com.

3. Adaptabilidade

Perfis pouco resistentes a mudanças se destacam em tempos de estruturas enxutas. Os melhores profissionais, aos olhos das empresas, são aqueles prontos a assumir funções que não estavam previstas na hora da contratação.

Na opinião de Meneses, esta habilidade ganhou força com a globalização do mercado e o grande número de fusões e aquisições consequentes. “Não é só por causa da crise”, diz.

Leia também: Como falar de seus pontos fracos em uma entrevista de emprego?

4. Visão estratégica

Principalmente em posições de gestão, o pensamento deve voltar-se também à projeção de resultados em longo prazo. Profissionais em cargos operacionais, em tese, estão mais restritos ao campo da tática que envolve os objetivos imediatos, segundo Meneses.

5. Relacionamento interpessoal

Especialista em recrutar profissionais para multinacionais, Meneses afirma que os brasileiros costumam se destacar na questão de relacionamento com a equipe de trabalho.

Para ele, a importância da habilidade de relacionamento está justamente na sua ligação com a capacidade de construção de alianças no ambiente profissional.

6. Gestão 360º

“Liderança é também estar aberto para ser liderado”, diz Meneses. Ou seja, não é o cargo no crachá que vai definir que “manda e quem obedece”.

É preciso se comunicar e influenciar não só pessoas que estejam em cargos mais baixos, mas também colegas e chefes. Executivos que agem desta maneira crescem mais rápido na carreira.

“As empresas mais em evidência com relação ao modelo de gestão são as de cultura mais flexível, escritórios abertos e algumas não tem nem lugar fixo de trabalho, justamente para estimular o pensamento mais aberto”, diz Meneses.

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

Bob Wollheim, do Grupo ABC, fala sobre carreira e o futuro da publicidade

Bob Wollheim

Bob Wollheim, 53, é um ser inquieto. Durante as quase duas horas em que concedeu entrevista ao Draft, preencheu sem parar duas folhas de papel sulfite com rabiscos e formas geométricas. “O que me move é criar, desenhar em papel em branco”, disse a certa altura do papo sobre empreendedorismo.

Há pouco mais de um ano, ele é head of digital no Grupo ABC, fundado pela dupla Nizan Guanaes e Guga Valente. Ou seja, foi contratado para ajudar na atuação digital das agências de publicidade Loducca, DM9 e Africa, entre outras 14 empresas que fazem parte da holding. O nome do cargo combina com Bob, que gosta de usar frases em inglês nas conversas, como “hey, ho, let’s go” e “that’s fine”.

Seu primeiro emprego foi como estagiário na Ford. Estudante de Administração na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, não gostou do que viu no mundo corporativo e decidiu que não queria trabalhar em grandes companhias — ao menos não naquele momento. Formado, fundou com alguns colegas um estúdio de design chamado Publi/3, no fim dos anos 80.

Quando surgiu a internet, montou uma produtora de web, a Yes!Design. Em 1996, vendeu-a para a multinacional Poppe Tyson, que, por sua vez, foi vendida a outra empresa. Em poucos meses, viu-se às voltas com um chefe que não respondia seus e-mails nem retornava suas ligações. Ele, então, foi se aconselhar com um amigo que trabalhava no site de notícias starMedia e acabou convidado a assumir a área comercial do portal, no qual também trabalharia com atendimento ao cliente e produtos. “Nessa época, morei um tempo em Nova York. Mais no avião do que em Nova York, na verdade”, conta.

A experiência terminou em 2000 e, de volta ao Brasil, ele criou uma aceleradora chamada Ideia.com, que não vingou. Foi preciso devolver o dinheiro para os investidores, o que, de acordo com Bob, evitou que seu nome fosse parar no Serasa, mas não que ele fosse parar no consultório de um terapeuta.

Depois disso, tornou-se sócio de um site de fotografia de arte, que deu origem ao youPIX, festival de cultura de internet fundado por Bob em 2003. No festival, Bob é sócio da esposa, Bia Granja. Os dois são pais do pequeno Nico, de 1 ano e meio. Em 2011, Bob se tornou sócio do site de notícias sobre empreendedorismo Startupi e do marketplace para desenvolvedores Appies.co. Ano passado, vendeu o portal para a DEMO Brasil, empresa que organiza eventos sobre startups. “Queria transformar o Startupi no TechCrunch brasileiro, mas não consegui”, diz.

Antes de chegar ao Grupo ABC, ele passou um ano e meio como CEO da S-Kull, incubadora da holding de disrupção criativa Flag.cx, fundada por Roberto Martini. “O Martini é um gênio e o business tem o jeitão dele, mas nós discordávamos muito. Decidi sair porque não fazia sentido eu querer empreender o negócio dele.”

Hoje, no Grupo ABC, ele está implementando alguns programas de mudança cultural. Um deles se chama Start Us Up e é destinado aos funcionários da holding que têm o sonho de empreender. Ao mesmo tempo, continua sócio do Appies.co e do youPIX, que, segundo ele, está quase num ano sabático. “Eu e a Bia estamos procurando um novo modelo de negócio”, diz. Em setembro deste ano, o youPIX organizará um evento destinado apenas aos creators. O público deverá chegar a 500 pessoas, no máximo. Em comparação, o encontro do ano passado recebeu mais de 18 000 visitantes.

Veja a seguir um papo com Bob sobre o futuro da publicidade e do jornalismo, os principais problemas do ecossistema brasileiro de startups e como escolher um sócio, entre outras questões:

Quais são os principais problemas do ecossistema brasileiro de startups?
Tenho três críticas, que também são autocríticas. A primeira é que nós brasileiros somos pessoas fracionadas. Temos a sensação de que somos o povo da coletividade. Acho que somos assim nas festas, mas não nos negócios. Os empreendedores brasileiros não se unem, são muito individualistas. É claro que também há muita competição no Silicon Valley, no mercado de Berlim, no mercado de Israel, mas no Brasil é tudo mais fragmentado. Quando eu era sócio do Startupi, nós promovíamos eventos de empreendedorismo. Nessa época, surgiram muitos outros eventos do tipo, inclusive alguns criados pelos próprios investidores do Startupi. Não estou dizendo que queria formar um cartel, nada disso. Outra questão é a flexibilidade de conceitos. No Brasil, tudo é elástico. Há um ano e meio, num evento de negócios, perguntei para a plateia quem ali era empreendedor. Mais de 90% das pessoas levantaram a mão. Achei incrível, fiquei extasiado. Mas tive uma luz e perguntei quem ali tinha CNPJ. Dessa vez, nem 10% das pessoas levantaram a mão. Se uma pessoa tem só uma ideia ou só um PowerPoint ou só uma landing page, ela não é empreendedora. Ela pode até ter espírito empreendedor, mas não é empreendedora, and that’s fine.

Empreendedor é quem tem um empreendimento. A terceira crítica e autocrítica é ao espírito “hey, ho, let’s go” que invadiu o empreendedorismo brasileiro. Também sou animado, incentivo as startups antes das pessoas começarem a chamar startup de startup. Startup era empresinha. Mas um business não se torna relevante só com a fé do empreendedor, só com euforia, só com “hey, ho, let’s go”. Um monte de moleque está batendo no muro e ficando frustrado e rancoroso porque acha que funciona desse jeito.

O que é o projeto Start Us Up?
É um dos programas de mudança cultural que implementei no Grupo ABC. Nós incentivamos os colaboradores a criarem seus próprios negócios nas áreas de comunicação e tecnologia. Os projetos só não podem ser de publicidade. A ideia é despertar o jeito novo de pensar, a colaboração entre as pessoas. Tivemos 94 projetos inscritos no primeiro ciclo. Se considerarmos que o Grupo ABC tem 2 500 funcionários, vemos que é uma taxa alta. Selecionamos cinco finalistas e fizemos um demo day na Wayra, aceleradora do Grupo Telefônica. Juntamos empreendedores, investidores, angels, os sócios das agências do Grupo ABC e o Juliano Seabra, diretor geral da Endeavor. Fizemos uma imersão num mundo novo sem parecer um tour pela Disney. Escolhemos três projetos para passar por uma espécie de aceleração, mas não gostamos de usar essa palavra. O que fizemos foi dar um pacotão de comunicação, que é o nosso core, e um pacotinho de business para esses projetos. Dois deles devem lançar um produto mínimo viável em breve. Agora, estamos começando o segundo ciclo. A ideia é fazer um por ano, sem data fixa.

O que acontece se essas duas novas empresas derem certo?
Podemos perder esses colaboradores – e tudo bem. O Nizan Guanaes, sócio do ABC, costuma dizer que prefere que o funcionário saia com o grupo do que do grupo. Esse funcionário sairia anyway, então preferimos sair com ele.

O grupo não tem equity nessas empresas?
A priori, não tem equity, mas pode ter. Não tem nada combinado, porque não queremos que os colaboradores pensem que a intenção é tirar algum benefício desses negócios.

O grupo também não faz investimento financeiro nesses projetos?
Não faz. Não somos proibidos de fazer, mas também não somos obrigados. Pode ser que façamos depois do produto mínimo viável. Pode ser que não.

Qual é a hora certa de entrar num negócio?
Algumas pessoas preferem decidir isso com a ajuda de um monte de planilhas. Eu uso a intuição. Tomo essa decisão como um esquiador que está em cima de uma montanha e só precisa de um impulso para descer. É preciso ter um frio na barriga, falar “é agora”.

E qual é o momento certo de sair de um negócio?
Isso é muito mais difícil de saber. Pessoas mais intuitivas como eu sofrem muito, têm apego. Empreendimento é filho. É preciso ser racional, analisar os números e ter certeza de que aquele negócio não vai para lugar nenhum.

Você impõe um limite de perdas?
A capacidade do empreendedor de ser otimista em relação ao futuro é infinita. Por isso, a decisão de sair de um negócio é tão difícil. O empreendedor sempre vai querer dar um jeito, repensar o modelo. Quando uma pessoa me pede conselho sobre a hora certa de parar, pergunto quanto dinheiro ela precisa ter no banco para poder dormir à noite. Ela tem que parar antes disso. Claro que acho difícil seguir meu próprio conselho.

Como decidir quanto dinheiro investir num negócio?
Muitos empreendedores jovens acham que não têm que colocar dinheiro nenhum em suas empresas, que esse é o papel do investidor. Eles não têm 10 000 reais? É um terço, metade, tudo o que eles têm. Mas qual é o problema? Eu já coloquei todo o dinheiro que tinha em negócios meus. Fiz isso várias vezes. Conheço quem coloca até o que não tem, o cartão de crédito. O gesto é que é relevante. Se a pessoa tem 10 000 reais na poupança e coloca 2 000 no negócio, ela está investindo 20% do patrimônio dela. Isso mostra comprometimento.

Falando em comprometimento, é possível empreender e manter um emprego ao mesmo tempo?
Na minha opinião, é possível dar um start num negócio, mas não dá para tocar um business grande e continuar empregado. Hoje, eu e a Bia (Granja, sua esposa e sócia) estamos repensando o modelo do youPIX. Se acharmos um novo modelo, não vai dar para eu fazer as duas coisas. Ela pode tocar ou podemos achar outra pessoa para tocar. Se eu quiser tocar, vou ter que sair do ABC para fazer isso.

Como escolher um sócio?
Sócio aparece. Não estou falando que exista uma divindade por trás disso. Mas, se você está exposto, fala com as pessoas, vai aos eventos, sócio aparece. A principal questão é como descobrir se quem apareceu vai ser um bom sócio. É preciso bater um papo franco sobre valores, crenças, oportunidades, saber por que a pessoa está fazendo aquilo. Ela quer ser rica? Famosa? Deixar um legado? Nada disso é um problema, mas é importante saber com antecedência. Se não, as discordâncias virão à tona na primeira crise ou no primeiro sucesso.

Qual é a sensação do empreendedor que se torna executivo?
Fiz isso duas vezes na vida. Posso dizer que só funciona em alguns tipos de companhias. Nós empreendedores somos insubordinados, insuportáveis. Não podemos cair na armadilha de ir trabalhar numa empresa engessada, dura. O segredo é negociar com o empregador. Negociei com o Grupo ABC para continuar participando do youPIX. Também é preciso estar disposto a encarar uma fase diferente. Não dá para chegar na empresa nova e achar que vai mandar em tudo, que é o dono.

Leia também: Recrutador da Abril Mídia da dicas para quem quer entrar no setor

E quais são os principais desafios do executivo que decide empreender?

Esse executivo precisa botar a mão na massa o mais rápido possível. Ele está acostumado a mandar e não a fazer. No empreendedorismo, ele tem que fazer. Assisti a uma aula em Babson College, de um empreendedor que criou uma rede de lojas de troca de óleo rápida nos Estados Unidos. Ele comprou uma lojinha e ficou trabalhando como mecânico durante um ano para criar um processo. A ideia dele não era inventar nada, era fazer uma inovação incremental. Ele queria trocar o óleo dos carros num período muito mais rápido e a um custo muito menor. Quando o processo ficou redondinho, ele replicou em outras lojas. Em pouco tempo chegou a, sei lá, 1 000 lojas franqueadas espalhadas pelos Estados Unidos.

Qual é o futuro da publicidade?
É um futuro promissor. Costumo fazer um paralelo com o futuro da música, que também é extremamente promissor. O futuro do CD, do vinil, do Spotify, do iTunes, do Tidal, eu não sei. Em poucos anos, o negócio publicitário será muito diferente. Acredito que será menos concentrador, menos agenciador. Voltará para as origens. Será necessário ter talento e criatividade, porque as operações repetitivas estarão todas automatizadas.

Haverá uma concentração em poucas agências grandes ou surgirão mais agências pequenas?
Não sei dizer. Acredito que diminuirá o número de agências grandes com estruturas piramidais, mas isso não significa que só existirão agências pequenas. As agências podem continuar grandes, mas organizadas de uma maneira mais colaborativa, em unidades de negócios, sem tantos níveis hierárquicos.

E qual é o futuro do conteúdo, do jornalismo?

O conteúdo não tem nenhum problema. Nunca se produziu e se consumiu tanto conteúdo. Hoje, a distribuição, a democratização da informação é insuperável. Não estou dizendo que todo mundo que produz conteúdo é jornalista, mas a qualidade, no fim das contas, é muito comparável. O mix do que é jornalismo com o que não é no Facebook, por exemplo, é muito melhor do que o jornalismo sozinho. O desafio está nos negócios de conteúdo, nos chamados veículos. Não tenho a resposta. É o que estou vivendo no youPIX. Minha sensação é que serão criados mais veículos menores. Negócios como o Patreon deverão crescer muito. Poucos negócios serão exclusivamente de conteúdo. Não estou falando em branded content, estou falando em achar novos modelos.

Como você lida com o medo de ficar desatualizado?
Boa pergunta! Eu lido, primeiro, acknowledging, reconhecendo que esse medo existe. Depois, fazendo o máximo possível para não sentar nos meus 53 anos e achar que minha idade significa alguma coisa. Na Flag, eu estava numa agência, trabalhava só com pessoas de 20 anos. Fisicamente, sou um tio. É assim que as pessoas me veem, tenho cabelos brancos. Mas procurava exercitar a humildade, me situar igual, me manter um cara curioso. Em poucas semanas, a molecada passou a me chamar para almoçar, conversar, fazer brainstorming criativo. Se tem uma frase que eu não gosto é “no meu tempo”. Se a pessoa está viva, o tempo dela é hoje.

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT, onde pode ser lido o texto completo

Veja como é fazer um estágio de verão na ONU

Jovem fala sobre criança e juventude em estágio de verão na ONU

Trabalhar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, tem sido até agora uma experiência realmente incrível. Aqui, sou um team member do “Major Group for Children & Youth”, a equipe focada em infância e juventude — em outras palavras, a representação oficial dos jovens para o objetivo do desenvolvimento sustentável.

A partir da atmosfera criada por estar em um lugar tão altamente conceituado, cercado de indivíduos brilhantes de todo mundo, eu pude começar a entender melhor os diferentes processos da organização, e o que ocorre nas várias reuniões ao longo do dia.

A seguir, escrevo sobre alguns dos aprendizados importantes que tive ainda nessa minha primeira semana de estágio de verão na ONU.

Primeiras impressões na ONU

Como eu tenho me encontrado com diversos diplomatas diferentes, não há absolutamente nenhuma dúvida de que eu devo ser sempre o meu melhor, e buscar aparentar o meu melhor. Diferente de uma startup, na Organização das Nações Unidas nós temos milhares de pessoas trabalhando na sede e outras milhares trabalhando remotamente. Assim, eu tenho sido capaz de impressionar postivamente diversas pessoas apenas com base no meu comportamento.

Não estamos falando de uma startup em que você pode aparecer de jeans e camiseta. Então é preciso usar sempre trajes profissionais e ser educado e atencioso com as pessoas, como se você estivesse falando com diplomatas de alto nível — e muitas vezes será exatamente essa a situação. Isso é quase uma regra.

Antes de começar qualquer trabalho, sempre busque entender sobre o lugar em que você vai trabalhar e busque apresentar-se da melhor forma possível. Assim, as ficaram com uma boa impressão de você.

Ética de trabalho

Ter uma boa ética de trabalho é importante onde quer que você esteja, e em todos tipos de trabalho. Isso é um fato. Porém, em um lugar tão respeitado como a Organização das Nações Unidas, isso deve sempre estar na nossa cabeça. Ainda assim, as pessoas aqui estão fazendo tantas coisas em paralelo que pode se tornar muito cansativo e pesado acompanhar tudo.

Ao ir além das expectativas implícitas para a minha função, eu fui reconhecido por pessoas em diferentes níveis dentro da ONU. Além disso, o meu mentor — um outro membro da equipe que está na organização há bastante tempo — tem elogiado meu nome para diversos outros integrantes da ONU, sejam organizações da sociedade civil, diplomatas, ou até mesmo ministros representando missões de diferentes países. Essa, com certeza, é uma exposição incrível.

Nesse contexto, a ética de trabalho é uma reflexão sobre quem eu sou, e de que se eu continuar no caminho que estou, vou conseguir aproveitar ao máximo o meu estágio de verão na ONU.

Networking na ONU

Em menos de uma semana, eu já pude começar o networking com meus colegas e todas as outras pessoas que conheci na ONU. Em um lugar tão global e internacionalizado com a ONU, seria uma bobagem simplesmente vir trabalhar e sair assim que o dia acaba.

Eu acho muito importante usar o tempo extra para fazer contatos e criar relações com indivíduos de grande importância em outros países.

Pela minha experiência, há pouquíssimas oportunidades melhores do que a ONU para fazer um network em escala global.

Leia também: ONU tem vagas abertas para jovens profissionais

Pelo que tenho percebido, muitas pessoas que trabalham no horário padrão das 9h às 17h tendem parar de trabalhar assim que saem do escritório, quando chega no horário. Há definitivamente algumas ocasiões em que isso é normal. Na verdade, eu não sou contra ou a favor deste esquema. Mas aqui na ONU, sempre pergunto aos meus colegas se há algum trabalho para fazer depois do horário, às vezes até durante os fins de semana.

Em algumas culturas de trabalho, é completamente aceitável trabalhar além do horário convencional, enquanto em outras o seu chefe vai querer que você saia e esvazie sua mente para poder recarregar suas energias.

No ambiente de Nova York, e dado o contexto internacional dessa experiência, sei que terei que trabalhar mesmo quando meu chefe já tiver ido embora do escritório, e eventualmente também durante finais de semana.

Ficou interessado na possibilidade de fazer um estágio na Organização das Nações Unidas? É possível saber mais sobre as oportunidades abertas aqui

Este artigo foi originalmente publicado em Linkedin

Business Model Generation: leitura obrigatória para quem quer empreender

Livro Business model generation

Decidiu empreender? Bom, antes de se aventurar em território desconhecido, que tal começar se informando sobre as ferramentas, conceitos e tendências do empreendedorismo? Há muita coisa por aí que pode ser fundamental para te ajudar a colocar sua ideia de negócio em prática e ser bem sucedido. O livro Business Model Generation: inovação em modelos de negócios e as ferramentas apresentadas por ele, sem dúvida alguma, estão entre as referências que você precisa conhecer.

“… um manual para visionários, transformadores e desafiadores que lutam para contestar os modelos de negócio obsoletos, e desenhar a empresa de amanhã”. Se identificou? Então talvez o livro Business Model Generation seja mesmo uma leitura obrigatória para você.  Descrito como um manual para inovadores, este não é um livro típico de gestão empresarial.

.

A própria forma como o livro foi escrito e editado já mostra o DNA inovador do material: um longo e criativo trabalho de co-criação, para o qual quase 500 autores de todo o mundo contribuíram. Estamos falando de um trabalho colaborativo, que reuniu ideias, experiências e dicas de empreendedores e especialistas de todo o mundo. E o material é quase um divisor de águas na forma como se ensina empreendedorismo e o passo a passo para montar e validar um modelo de negócio.

O livro propões uma nova forma de entender e pensar o conceito de modelo de negócio: é o modelo que descreve a lógica de como uma organização cria, entrega e captura valor.

Simplicidade Além de todas as ferramentas apresentadas pelo livro, este é mais do que uma simples leitura sobre inovação e gestão de empresas. Muito mais. É um manual interativo, que convida o empreendedor, conforme a leitura vai avançando, a fazer junto, ou seja, a construir sua ideia de modelo de negócio junto com a leitura.

O Business Model Generation é, também, um material rico em design, que trabalha uma linguagem visual (não espere encontrar textos longos e sem fim!), que vai te ajudar ainda mais a entender e pensar tudo que é apresentado ali.

Ele é um manual vivo, que vai acompanhar o empreendedor em sua jornada para entender a proposta de valor do seu negócio. E quanto mais o empreendedor preencher e rabiscar o livro, maior será o aprendizado.

Prazer, sou o Canvas A principal ferramenta que o livro apresenta ao empreendedor, e sem dúvida um material valioso para estruturar uma proposta de negócio, é o canvas. Já ouviu falar? O Canvas é um diagrama com 9 espaços, que serão preenchidos com as principais informações do funcionamento do negócio. Em seu conjunto, os 9 espaços apresentam o modelo de negócio do empreendedor.

O processo de estruturação do seu negócio não precisa ser longo e detalhado. Principalmente em startups, tudo passa por validação e muda tão rápido que um relatório tradicional nem sempre é a forma mais prática de modelagem. Então, em vez de começar fazendo um longo documento detalhando seu plano de negócios, que tal pensar de forma mais ágil?

O Canvas te ajuda a fazer isso. Usando o diagrama, você preenche as informações com post-its e cola no espaço correspondente. No fim, consegue visualizar de uma vez só todo o conteúdo que estaria no plano de negócios e trabalhar em possíveis melhorias sem precisar rever todo o documento.

canvas

Entendendo os campos Os nove campos do canvas representam as quatro principais pilares essenciais e insubstituíveis de um negócio: infraestrutura, oferta, cliente e finanças.

A infraestrutura diz respeito à avaliação dos recursos disponíveis para se chegar a um valor do produto para o cliente. A oferta se refere ao produto ou serviço oferecido ao consumidor e sua proposta de valor. O pilar de cliente é composto por público alvo, canais de contato com o consumidor (distribuição e marketing) e o relacionamento estabelecido durante e após a venda. As finanças abrangem os custos gerais e as fontes de receita da empresa. Assim, temos: atividades-chave, parceiros-chave, recursos-chave, custos, proposta de valor, público-alvo, canais de relacionamento com o consumidor, canais de venda do produto e receitas.

Leia também: Veja como utilizar o modelo Canvas para elaborar seu negócio

Uma boa dica é deixar o canvas preenchido e visível a todos os colaboradores da empresa. Assim, todos terão uma visão ampla do negócio e você estará estimulando a participação de todos criando um espaço de reflexão e participação em torno do modelo de negócio.

Neste vídeo do Movimento Empreenda, você encontra um bom passo a passo sobre como usar o canvas.

Outras ferramentas Com o Canvas feito, o modelo de Lean Startup também pode ser muito útil no momento de validar seu modelo de negócio. Eric Ries uniu ideias de marketing, tecnologia e gestão com o objetivo para criar esta metodologia, que pode ser aplicada à qualquer tipo de empresa -inclusive empresas de grande porte, como uma poderosa ferramenta para melhorar os resultados do empreendimento. A metodologia Lean Startup apresenta ao empreendedor alguns novos conceitos, como o MVP, a ideia de pivotar e métodos mais ágeis de interação com clientes.

Mais agilidade Business Model Generation, Canvas e MVP: agora você já tem muitas ferramentas para testar e validar seu modelo de negócios de forma ágil e econômica. Mas, esses são, também, ferramentas que te ajudam a inovar em seu modelo de negócios. Agora, é importante ter em mente que o canvas não substitui o Plano de Negócios. Você deve encarar ele como uma ferramenta anterior, mais rápida e menos estática.

Esse é o site do livro, onde você pode fazer download gratuito de uma parte do Business Model Generation para conhecer o material antes de comprar.

Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

MVP: como validar sua ideia antes de investir tempo ou dinheiro nela?

jovens escrevendo em caderno sobre a mesa

Hoje vamos falar sobre um detalhe crucial para o sucesso de um negócio, serviço ou produto: a validação. Por mais que pareça algo simples e óbvio, vira e mexe nos deparamos com empreendedores que esqueceram deste pequeno detalhe e partiram para a ação, ou seja, investiram dinheiro, tempo e energia para fabricar e lançar produtos que não tiveram aceitação nenhuma.

Tem uma historinha, que até parece uma piada, que ilustra bem a importância da validação de ideias: uma marca conhecida de comida para gatos lançou um novo sabor. Quem tem gatos sabe: o bichinho é enjoado e não sai comendo qualquer coisa que é colocada para ele comer. E a fabricante não deu sorte: os gatos rejeitaram massivamente o produto, o que acabou resultando na retirada do mesmo do mercado. E fica a pergunta: alguém validou com o público-alvo, os gatos, se aquele alimento era bom? Parece que não.

Bom, mas quando o assunto é validação de ideias, hipóteses ou modelos de negócios, talvez mais importante do que saber que é necessário validar, seja saber como fazer isso e conhecer ferramentas para tal.

Neste artigo, originalmente publicado no blog original, Steve Blank fala sobre uma das ferramentas propostas pelo método. Lean Startup (vale a leitura para saber mais sobre o tema), o Construir-Medir-Aprender. A grande intenção por trás dessa ferramenta é confirmar ou descartar uma ideia inicial, o que vai gerar novas ideias. Mas ainda não está bom o suficiente. Ou seja, estamos falando de uma forma de validação.

Quais pontos validar? 

Tá aí uma boa pergunta. O exercício de validação não é simples. Embora seja muito importante conversar com seu público-alvo e obter feedbacks, nem sempre você vai conseguir extrair a verdade de uma conversa. Além disso, são diferentes aspectos de um produto ou modelo de negócio que precisam ser validados: preço, embalagem, estratégia de marketing e público-alvo são apenas algumas delas. Para cada aspecto, você deve pensar uma estratégia diferente, fazer um MVP diferente (falaremos sobre isso a seguir).

Então, para organizar as ideias, uma boa dica para começar é usar os campos do Canvas como referências dos pontos que você precisará validar no seu modelo de negócio. São eles:

1. Proposta de valor: benefícios do produto/serviço que a empresa oferece

2. Segmentação de clientes: usuários e clientes pagantes

3. Canais de distribuição para alcançar clientes e oferecer-lhes sua proposta de valor

4. Relacionamento com clientes para criar demanda

5. Fontes de receita gerada pelas prospostas de valor

6. Atividades necessárias para implementar o modelo de negócio

7. Recursos importantes para as atividades

8. Parcerias fundamentais para as atividades

9. Estrutura de custos resultante do modelo.

Teste e validação 

Fazer um MVP é uma alternativa muito interessante para o empreendedor que deseja validar hipóteses. Mas, o que é MVP? MVP é a sigla para minimum viable product, ou, em português, produto minimamente viável.

Trata-se de um conjunto de testes primários feitos com o objetivo de fazer uma validação da viabilidade de um negócio. São diversas experimentações práticas que serão desenvolvidas levando o produto a um seleto grupo de clientes – com  a diferença de que não se trata do produto final, mas sim de um produto desenvolvido com o mínimo de recursos possíveis, desde que (em sua totalidade) estes mantenham sua função de solução ao problema para o qual foi criado.

Um MVP é feito para que o empreendedor possa fazer uma validação prática à reação do mercado e à compreensão do cliente sobre seu produto e se ele, de fato, soluciona o problema do consumidor, validando assim suas hipóteses sobre o produto.

É importante deixar claro que o que você constrói deve estar alinhado com a hipótese que você quer testar. O MVP que você precisa para encontrar o cliente certo é diferente do MVP que você precisa para testar se o preço é adequado ou daquele para testar funções específicas do produto. E todas essas hipóteses (e MVPs) mudam com o tempo, conforme os aprendizados.

Como definir o MVP? 

De início, o que deve ficar claro é que fazer um MVP é bem diferente de entregar um produto mal feito antes de terminá-lo e jogá-lo definitivamente ao mercado. O MVP pode até ser uma landing page criada para apresentar uma ideia, por exemplo.

MVP como fazer

Algumas dicas para desenvolver seu MVP e fazer uma boa validação de ideias:

1. Como primeiro passo para a realização de um MVP, a dica, como já falamos antes,  é apostar em uma landing page. Ela será usada para apresentar o produto pela primeira vez ao mercado (ainda que na teoria), tendo como um de seus maiores objetivos, captar leads que serão usados como “cobaia” no processo de validação posterior.

2. O segundo passo é tirar, a partir das primeiras manifestações de seus leads, as hipóteses de testes, referenciais ou métricas que serão usados para desenvolver seu MVP. Serão então formulados os critérios a serem testados, as expectativas de retorno e qual o perfil de cliente que esse produto alcança.

3. Só após essas duas etapas iniciais é que sua startup poderá pensar na criação de um MVP para ser submetido a testes. Lembre-se de que o objetivo é gastar o mínimo de recursos possíveis, mas sem permitir que o produto deixe de ser um produto para ser só um conjunto de funções sem sentido.

Bom, agora que você já sabe mais sobre a importância da validação, e conhece ferramentas para testar sua hipóteses, é hora de colocar a mão na massa e, digamos, lapidar a sua ideia para que ela seja um sucesso de mercado. Boa sorte.

‘Precisamos de líderes com valores e ideais’, defende Marina Silva

Marina Silva

“Precisamos de líderes com valores e ideais”, defende a ex-senadora Marina Silva, em conversa com bolsistas da Fundação Estudar sobre liderança feminina e política. Para ela, o momento atual é de uma conjunção de crises — política, social, econômica e ambiental — não só no Brasil, mas em todo o mundo. Na base de tudo isso, está uma crise de valores, onde muitas crenças e instituições são questionadas.

Se, por um lado, é mais difícil ser um líder em cenários como esse, também é esse o momento em que a sociedade mais precisa de lideranças inspiradoras. “É nas épocas de crise que o sonho se faz mais necessário”, explica, tomando como exemplo a sua própria história.

Nascida em uma pequena comunidade seringueira no interior do Acre, Marina viveu lá até os 16 anos, quando resolveu ir para a capital, Rio Branco, se alfabetizar. “Objetivamente falando, com as coisas na ponta do lápis, ir sozinha para a cidade não era um empreendimento que eu faria”, conta Marina — além da pouca idade, ela acabara de ser diagnosticada com hepatite. “No entanto, foi aquele sonho, o desejo de aprender a ler e escrever que me fez pegar aquele ônibus e ir para a cidade, descobrir onde tinha uma escola em que eu pudesse me matricular”, explica.

Para ela, esse é o tipo de motivação e ideal capaz de dar conta de grandes projetos: “Nosso país foi construído por pessoas movidas por esse tipo de ideal, e é de líderes assim que precisamos”. Com o tempo, o ideal de Marina a levou para o campo da política. Sua trajetória na área já soma mais de trinta anos, passando por mandatos de vereadora, deputada estadual e senadora, além do período em que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente. Também foi duas vezes candidata à Presidência da República.

Ela acredita que a política é uma das áreas estratégicas para se implementar mudanças positivas no país e contornar o cenário de crise global. No entanto, aqueles com ambições nessa área devem se fazer as seguintes perguntas: Quero liderar em que direção? E com base em que valores?

Leia também: Programa de trainee une jovem à carreira no setor público

As respostas, para Marina, vão além do espectro político da direita e esquerda – um “dualismo histórico que deve ser superado”. O que está em jogo, segundo ela, é o desafio de implementar transformações, mas mantendo o país economicamente próspero, socialmente justo, culturalmente diverso, politicamente democrático e ambientalmente sustentável.

“É necessário refletir sobre o tipo de líder que você quer ser, o tipo de políticas públicas você vai implementar, e qual vai ser sua contribuição como político”, completa. Ética, por exemplo, é um dos valores cruciais para uma carreira no setor público. Sobre corrupção, ela diz: “Se continuarmos achando que é um problema desse ou daquele indíviduo, não vamos resolvê-lo. Temos que entender que é um problema da cultura política brasileira, e que ela precisa ser repensada.”

Diante do argumento de uma carência dessas lideranças políticas inspiradoras e com valores, ela estimula que as pessoas também se apropriem do problema e busquem atuar mais ativamente na política, inclusive como candidatos. “Um país melhor precisa necessariamente de melhores candidatos”, provoca. “Os candidatos não devem ser eleitos pelo marketing, mas pelas propostas que apresentam”.

Segundo ela, qualquer um pode se tornar um líder político ou gestor público de sucesso, desde que se prepare.

A experiência internacional da carreira em consultoria estratégica

Homens aguardam voo em sala de espera em aeroporto. Pela janela, assistem avião decolar

Formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lucas Limas é atualmente gerente de projetos na Bain & Company, empresa global de consultoria estratégica presente em mais de trinta países.

No escritório de São Paulo, onde Lucas trabalha, é comum enviar e receber consultores de outros escritórios do mundo todo, e a equipe passa constantemente por sessões de treinamentos internacionais. A seguir, ele escreve sobre a experiência internacional que a carreira em consultoria proporcionou:

Estou na Bain desde fevereiro de 2008, e, destes sete anos, passei pelo menos metade trabalhando fora do Brasil. Sempre gostei de viajar, mas esse não é o motivo principal pelo qual eu gosto da Bain e do que fazemos.

Gosto porque o desafio intelectual é imenso e porque nos envolvemos em temas muito relevantes nas organizações com que trabalhamos. Gosto de me sentir parte do time do cliente, de ver que estamos ajudando diariamente a criar valor.

Dito isso, acredito que a dimensão internacional agrega ainda mais desafio a este contexto: língua, cultura, hábitos de trabalho e convivência social – tudo isso me coloca fora da minha zona de conforto e me faz crescer como pessoa e como profissional.

Por exemplo, no meu segundo ano na empresa, quando eu ainda era um AC (associate consultant), passei três meses na Angola ajudando uma mineradora de diamantes a desenhar sua estratégia de crescimento para os próximos dez anos. A empresa ficava no interior do país africano, distante cerca de 1000 quilômetros da capital Luanda. Acredito que essa foi, ao mesmo tempo, a melhor e a pior experiência internacional que tive na Bain.

Éramos três bainies (como chamados nossos colegas de trabalho): um gerente, um consultor e outro AC. Depois de uma semana no país, um dos integrantes do time começou a passar mal. Apesar de termos tomado todas as vacinas antes da viagem, ficamos com medo de ser algo grave e como a infraestrutura local para atendimento de urgência era muito precária, achamos melhor que ele fosse removido.

Acionamos imediatamente o plano de saúde internacional e solicitamos ajuda. Depois de 24 horas, o plano de saúde ainda não tinha conseguido mobilizar os recursos para fazer o atendimento. Foi então que o gerente da equipe ligou para o office head da Bain no Brasil e contou sobre a situação. Ao saber da situação, o office head não pensou duas vezes e mandou um avião privado buscar o André no interior de Angola e levá-lo diretamente para um hospital em Jo’burg, na África do Sul. Lá ele poderia receber os melhores cuidados e ter apoio do nosso time local. O André foi medicado e felizmente ficou ótimo.

A verdade é que aquelas horas na mina em Angola foram terríveis, mas criaram um laço de amizade entre as pessoas que estavam lá que dura até hoje. Isso nos ensinou o que realmente significa a frase ‘a bainie never lets another bainie fail’, algo como ‘um bainie nunca deixa o outro falhar’ – um de nossos lemas.

No final das contas, esse projeto rendeu algumas continuações, para ajudá-los em pontos críticos da implementação, e foi um marco para dar confiança a investidores internacionais de que o ativo tinha uma estratégia sólida e que representava uma opção atrativa.

Depois, em 2011, passei dez meses entre Santiago e São Paulo e em 2013 passei três meses na Austrália, com o grupo de private equity da Bain em Sydney. Apesar de curto, esse período foi super importante para me ensinar um pouco sobre o “jeito australiano de trabalhar”. Sobre tentar ser extremamente focado e produtivo durante o dia para conseguir sair cedo do escritório, aproveitar a família e a vida pessoal e, ainda assim, entregar um produto de altíssima qualidade. É uma filosofia que guardo comigo até os dias de hoje e que impactou profundamente a minha forma de trabalhar e também a dos meus times.

Logo que voltei para São Paulo, começamos um projeto de revisão da estratégia de crescimento na América Latina para uma empresa internacional. Foram seis meses trabalhando com os CEOs locais na Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Porto Rico e Brasil. Nesse período fizemos também paradas em Miami, Londres e Hong Kong para apresentar o trabalho das pessoas -chave na organização e coletar seus pontos de vista.

Baixe o Especial do Na Prática com tudo sobre a carreira em consultoria estratégica

Mais recentemente, participei pontualmente de alguns workshops sobre a indústria de cana-de-açúcar na África do Sul e na Suazilândia. O objetivo era compartilhar um pouco do conhecimento que o time da Bainna América do Sul adquiriu trabalhando com grandes players do setor.

Como deu para perceber, faço muitas viagens e passo bastante tempo no exterior. Se você não tiver um porto seguro – sua família, amigos, religião, karma, etc – é muito difícil suportar a pressão em alguns momentos. 

No meu caso, tive a felicidade de ter a Thais, uma esposa que me apoia e que me admira, e isso torna tudo mais simples. Outra coisa que tento fazer é usar algumas oportunidades para conciliar as viagens a trabalho com passeios.

Por exemplo, quando estávamos em Angola, não podíamos voltar para o Brasil porque o visto era de entrada única e demorava 45 dias para ser re-emitido. Por essa razão, minha esposa foi para lá duas vezes e aproveitamos os final de semana para conhecer o país, visitar os arredores de Luanda, os mercados locais e conhecer mais sobre a culinária do país.

Mês que vem vou para Barcelona, em um treinamento da Bain para novos gerentes. Ela vai comigo novamente, e vamos aproveitar o final de semana para conhecer os produtores de cavas, o famoso espumante espanhol, que ficam na região. Enquanto eu conseguir lidar bem com estes desafios e manter minha vida pessoal (e a da minha família) equilibrada, vou querer sempre mais.

Leia