Marina Silva

“Precisamos de líderes com valores e ideais”, defende a ex-senadora Marina Silva, em conversa com bolsistas da Fundação Estudar sobre liderança feminina e política. Para ela, o momento atual é de uma conjunção de crises — política, social, econômica e ambiental — não só no Brasil, mas em todo o mundo. Na base de tudo isso, está uma crise de valores, onde muitas crenças e instituições são questionadas.

Se, por um lado, é mais difícil ser um líder em cenários como esse, também é esse o momento em que a sociedade mais precisa de lideranças inspiradoras. “É nas épocas de crise que o sonho se faz mais necessário”, explica, tomando como exemplo a sua própria história.

Nascida em uma pequena comunidade seringueira no interior do Acre, Marina viveu lá até os 16 anos, quando resolveu ir para a capital, Rio Branco, se alfabetizar. “Objetivamente falando, com as coisas na ponta do lápis, ir sozinha para a cidade não era um empreendimento que eu faria”, conta Marina — além da pouca idade, ela acabara de ser diagnosticada com hepatite. “No entanto, foi aquele sonho, o desejo de aprender a ler e escrever que me fez pegar aquele ônibus e ir para a cidade, descobrir onde tinha uma escola em que eu pudesse me matricular”, explica.

Para ela, esse é o tipo de motivação e ideal capaz de dar conta de grandes projetos: “Nosso país foi construído por pessoas movidas por esse tipo de ideal, e é de líderes assim que precisamos”. Com o tempo, o ideal de Marina a levou para o campo da política. Sua trajetória na área já soma mais de trinta anos, passando por mandatos de vereadora, deputada estadual e senadora, além do período em que esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente. Também foi duas vezes candidata à Presidência da República.

Ela acredita que a política é uma das áreas estratégicas para se implementar mudanças positivas no país e contornar o cenário de crise global. No entanto, aqueles com ambições nessa área devem se fazer as seguintes perguntas: Quero liderar em que direção? E com base em que valores?

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As respostas, para Marina, vão além do espectro político da direita e esquerda – um “dualismo histórico que deve ser superado”. O que está em jogo, segundo ela, é o desafio de implementar transformações, mas mantendo o país economicamente próspero, socialmente justo, culturalmente diverso, politicamente democrático e ambientalmente sustentável.

“É necessário refletir sobre o tipo de líder que você quer ser, o tipo de políticas públicas você vai implementar, e qual vai ser sua contribuição como político”, completa. Ética, por exemplo, é um dos valores cruciais para uma carreira no setor público. Sobre corrupção, ela diz: “Se continuarmos achando que é um problema desse ou daquele indíviduo, não vamos resolvê-lo. Temos que entender que é um problema da cultura política brasileira, e que ela precisa ser repensada.”

Diante do argumento de uma carência dessas lideranças políticas inspiradoras e com valores, ela estimula que as pessoas também se apropriem do problema e busquem atuar mais ativamente na política, inclusive como candidatos. “Um país melhor precisa necessariamente de melhores candidatos”, provoca. “Os candidatos não devem ser eleitos pelo marketing, mas pelas propostas que apresentam”.

Segundo ela, qualquer um pode se tornar um líder político ou gestor público de sucesso, desde que se prepare.

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