Homens aguardam voo em sala de espera em aeroporto. Pela janela, assistem avião decolar

Formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Lucas Limas é atualmente gerente de projetos na Bain & Company, empresa global de consultoria estratégica presente em mais de trinta países.

No escritório de São Paulo, onde Lucas trabalha, é comum enviar e receber consultores de outros escritórios do mundo todo, e a equipe passa constantemente por sessões de treinamentos internacionais. A seguir, ele escreve sobre a experiência internacional que a carreira em consultoria proporcionou:

Estou na Bain desde fevereiro de 2008, e, destes sete anos, passei pelo menos metade trabalhando fora do Brasil. Sempre gostei de viajar, mas esse não é o motivo principal pelo qual eu gosto da Bain e do que fazemos.

Gosto porque o desafio intelectual é imenso e porque nos envolvemos em temas muito relevantes nas organizações com que trabalhamos. Gosto de me sentir parte do time do cliente, de ver que estamos ajudando diariamente a criar valor.

Dito isso, acredito que a dimensão internacional agrega ainda mais desafio a este contexto: língua, cultura, hábitos de trabalho e convivência social – tudo isso me coloca fora da minha zona de conforto e me faz crescer como pessoa e como profissional.

Por exemplo, no meu segundo ano na empresa, quando eu ainda era um AC (associate consultant), passei três meses na Angola ajudando uma mineradora de diamantes a desenhar sua estratégia de crescimento para os próximos dez anos. A empresa ficava no interior do país africano, distante cerca de 1000 quilômetros da capital Luanda. Acredito que essa foi, ao mesmo tempo, a melhor e a pior experiência internacional que tive na Bain.

Éramos três bainies (como chamados nossos colegas de trabalho): um gerente, um consultor e outro AC. Depois de uma semana no país, um dos integrantes do time começou a passar mal. Apesar de termos tomado todas as vacinas antes da viagem, ficamos com medo de ser algo grave e como a infraestrutura local para atendimento de urgência era muito precária, achamos melhor que ele fosse removido.

Acionamos imediatamente o plano de saúde internacional e solicitamos ajuda. Depois de 24 horas, o plano de saúde ainda não tinha conseguido mobilizar os recursos para fazer o atendimento. Foi então que o gerente da equipe ligou para o office head da Bain no Brasil e contou sobre a situação. Ao saber da situação, o office head não pensou duas vezes e mandou um avião privado buscar o André no interior de Angola e levá-lo diretamente para um hospital em Jo’burg, na África do Sul. Lá ele poderia receber os melhores cuidados e ter apoio do nosso time local. O André foi medicado e felizmente ficou ótimo.

A verdade é que aquelas horas na mina em Angola foram terríveis, mas criaram um laço de amizade entre as pessoas que estavam lá que dura até hoje. Isso nos ensinou o que realmente significa a frase ‘a bainie never lets another bainie fail’, algo como ‘um bainie nunca deixa o outro falhar’ – um de nossos lemas.

No final das contas, esse projeto rendeu algumas continuações, para ajudá-los em pontos críticos da implementação, e foi um marco para dar confiança a investidores internacionais de que o ativo tinha uma estratégia sólida e que representava uma opção atrativa.

Depois, em 2011, passei dez meses entre Santiago e São Paulo e em 2013 passei três meses na Austrália, com o grupo de private equity da Bain em Sydney. Apesar de curto, esse período foi super importante para me ensinar um pouco sobre o “jeito australiano de trabalhar”. Sobre tentar ser extremamente focado e produtivo durante o dia para conseguir sair cedo do escritório, aproveitar a família e a vida pessoal e, ainda assim, entregar um produto de altíssima qualidade. É uma filosofia que guardo comigo até os dias de hoje e que impactou profundamente a minha forma de trabalhar e também a dos meus times.

Logo que voltei para São Paulo, começamos um projeto de revisão da estratégia de crescimento na América Latina para uma empresa internacional. Foram seis meses trabalhando com os CEOs locais na Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Porto Rico e Brasil. Nesse período fizemos também paradas em Miami, Londres e Hong Kong para apresentar o trabalho das pessoas -chave na organização e coletar seus pontos de vista.

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Mais recentemente, participei pontualmente de alguns workshops sobre a indústria de cana-de-açúcar na África do Sul e na Suazilândia. O objetivo era compartilhar um pouco do conhecimento que o time da Bainna América do Sul adquiriu trabalhando com grandes players do setor.

Como deu para perceber, faço muitas viagens e passo bastante tempo no exterior. Se você não tiver um porto seguro – sua família, amigos, religião, karma, etc – é muito difícil suportar a pressão em alguns momentos. 

No meu caso, tive a felicidade de ter a Thais, uma esposa que me apoia e que me admira, e isso torna tudo mais simples. Outra coisa que tento fazer é usar algumas oportunidades para conciliar as viagens a trabalho com passeios.

Por exemplo, quando estávamos em Angola, não podíamos voltar para o Brasil porque o visto era de entrada única e demorava 45 dias para ser re-emitido. Por essa razão, minha esposa foi para lá duas vezes e aproveitamos os final de semana para conhecer o país, visitar os arredores de Luanda, os mercados locais e conhecer mais sobre a culinária do país.

Mês que vem vou para Barcelona, em um treinamento da Bain para novos gerentes. Ela vai comigo novamente, e vamos aproveitar o final de semana para conhecer os produtores de cavas, o famoso espumante espanhol, que ficam na região. Enquanto eu conseguir lidar bem com estes desafios e manter minha vida pessoal (e a da minha família) equilibrada, vou querer sempre mais.

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