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‘Quando percebi meu propósito, encontrei sentido para encarar os desafios’, relata empreendedora

homem e mulher conversando

Milena Satyro Bertucci começou a trabalhar aos 14 anos com seu pai na área comercial. Aos 15, iniciou sua carreira em eventos de marketing e aos 18 abriu sua agência de promoção e eventos. Mais tarde, trabalhou no departamento de marketing e vendas de empresas de comunicação e produção de filmes publicitários. Em 2005 em busca pelo seu próprio negócio, conheceu Sergio Bertucci, e juntos fundaram a Star Think Uniforms. Aqui, ela escreve sobre como descobrir o seu propósito foi essencial em sua jornada empreendedora:

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Para empreender, é preciso ousadia e muita coragem. Estes são pontos que, de início, parecem natos. Com o passar do tempo, na experiência de empreendedor, percebemos que é preciso mais que isso. É preciso aprender de tudo um pouco: vender, mas entregar. Faturar, enquanto se controla as despesas… É aí que o fascínio começa a se desdobrar, e que percebemos a quantidade de desafios que nem sempre imaginávamos que teríamos.

Então você se pergunta: Pra quê? Por quê? Quando você consegue, depois de inúmeras tentativas, responder de dentro pra fora, tudo o que você realizou começa a fazer mais sentido. E a luta continua, mas com mais fervor, com mais direcionamento e, principalmente, com mais autoconfiança.

Para conseguir ultrapassar os limites do mundo dos negócios, primeiramente precisamos ultrapassar os nossos próprios limites. A única forma é através do autoconhecimento e de conseguir responder: porque estou fazendo isso?

Quando entendi, com a ajuda da Endeavor, que meu propósito de vida empreendedora era maior ainda do que eu imaginava e que estava alinhada à minha filosofia de vida, o sentido que encontrei para minhas ações passou a me amparar nas situações mais adversas do dia-a-dia, em cada difícil tomada de decisão. Meu “porquê” me ajudava até mesmo a não ficar vulnerável ao humor das outras pessoas, ao clima atmosférico e até mesmo ao saldo do caixa – ou quase sempre, porque ninguém é de ferro.

Este último é, de todos, a maior das provas de resistência… Resistir na falta de caixa e vencer as barreiras é possível somente com muito propósito. Com o tempo, percebi que, se passamos por situações desconfortáveis, é exatamente para aprender a sustentar o negócio e adquirir preparo. No dia-a-dia não é tão simples assim, mas se faz possível, porque quando bate o desespero e você tem a sensibilidade de perceber o mundo a sua volta, consegue virar a página daquele assunto naquele dia, tomar a melhor decisão e seguir em frente.

Acreditar em si, acreditar nas pessoas que estão com você, acreditar de verdade no sonho faz, de alguma forma, você se conectar a ele na vida real. Por isso, acredite!

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Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor 

Jovem conta como foi do curso de Direito na UFMG ao mestrado em Berkeley, na California

Advogado Lucas Mendes bolsista da Fundação Estudar

Formado em Direito pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Lucas Mendes atualmente cursa mestrado na conceituada Universidade da California em Berkeley, com bolsa da Fundação Estudar. A seguir, ele escreve sobre a sua experiência universitária em uma instituição pública brasileira e como a sua vontade de estar entre os melhores o impulsionou para a pós-graduação no exterior:

Desde o ensino médio eu tinha claro que queria estar entre os melhores. Eu jogava basquete no time Minas até os 18 anos e vivi a experiência de que quem treinava com os melhores, melhorava, enquanto quem treinava com gente mais fraca no máximo se mantinha. Tinha para mim que o ambiente me jogaria para frente.

Hoje em dia vejo que era possível pensar até mais longe, poderia ter feito direito na USP (Universidade de São Paulo) ou mesmo graduação fora do pais, mas isso não era minha realidade na época, sabia que existia, mas não conhecia ninguém que tinha feito. Vou repetir isso várias vezes: exemplos são fundamentais. Com vestibular unificado e mais publicidade das opções no exterior acho que quem quiser estar entre os melhores pode avaliar vir para os Estados Unidos desde a graduação. Fato é que adorei a UFMG e o período que pasei lá, intensifiquei muito meus laços com a faculdade e com o Brasil. Não sei se faria diferente. Talvez.

Acho que aproveitei a maioria das coisas que a UFMG proporiconava. Além das oportunidades de pesquisador, bolsista de extensão, movimento estudantil e intercâmbio no exterior, aproveitei também o que a universidade tinha de melhor: as pessoas. Ao participar dos grupos de estudos, em particular do GEDI (Grupo de Estudos em Direito Internacional), vi muitos exemplos legais. Lá as pessoas falavam inglês muito bem, muitas estavam indo ou voltando de intercâmbio no exterior, um xará meu (que hoje é diplomata) acabara de voltar de um estágio no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Washington… Os exemplos me inspiraram e fui atrás dessas oportunidades, como, por exemplo, fazer um estágio na ONU (Organização das Nações Unidas) e estudar na Universidade Sorbonne, na França.

Tal qual eu via a UFMG, eu via esses lugares como lugares de gente boa. Durante essas experiências ficou muito claro para mim que eu podia fazer qualquer coisa, ter qualquer profissão, mas eu precisava esta perto de gente que eu admirasse e que eu visse que estavam me puxando para frente. Lembro que no meu convite de formatura escrevi que a faculdade lembrava o estádio do Boca Juniors, La Bombonera: de fora um prédio meio velho, por dentro uma atmosfera encantadora que pulsava com a energia das pessoas que estavam lá.

No meu último ano de graduação fui atrás dos ex-alunos que admirava, para ver o que eles estavam fazendo. Depois de muitas viagens, eu queria ficar em BH naquele momento e fui atrás em um ex-aluno da minha universidade, Lucas Spadano, que voltara de um mestrado na LSE (London School of Economic and Political Science), era advogado no escritório Campos Fialho Canabrava e na época iniciava atuação em áreas do Direito que eu gostava, como comércio internacional e concorrencial. Eu coloquei um terno e fui lá pedir um estágio. Os sócios lá eram ótimos ex-alunos da UFMG e pioneiros em ter ido fazer mestrado nos Estados Unidos.

Apesar de estar adorando experiência lá, eu sempre gostei de política pública e logo no final do curso surgiu uma chance de fazer um estágio de verão no CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica, autarquia ligada ou Ministério da Justiça que lida com questões comerciais, como autorizar fusões e aquisições e decidir sobre irregularidades no comércio]. Fui para ficar um mês, mas acabei sendo contratado depois do estágio e fiquei quase um ano. Foi muito boa a experiência no governo, mas era final de mandato das pessoas que me impulsionaram a ir pra lá, e na época vi uma propaganda do Itaú Unibanco na revista The Economist. Era uma multinacional brasileira que tinha metas ambiciosas na América Latina e estava com processo de trainee aberto.

Sai do governo e voltei pra Belo Horizonte, mas minha ideia de voltar para o escritório de advocacia ficou em cheque com a chance de ir para o Itaú, o que demandaria mudar de cidade. Foi difícil sair da minha cidade natal, de um lugar onde eu gostava de trabalhar e tinha um ambiente fantástico. Só resolvi ir para São Paulo depois de falar com a família e com o sócios do escritório, que foram ultra generosos comigo.

No trainee do Itaú me vi no tipo de ambiente que gostava, tinha muita gente boa do Brasil todo. Os anos seguintes no banco foram de muito aprendizado com várias coisas novas e a velocidade e pressão do mercado financeiro.

Três anos depois de formar, me juntei com uns outros ex-alunos para lançar a associação Amigos da Vetusta (Vetusta é o apelido do Direito da UFMG), uma rede de ex-alunos para aproximar bons exemplos da escola e aumentar as oportunidades dos atuais estudantes por meio de mentoria e bolsas de estudos. Essa tem sido uma experiência fantástica e uma forma de retribuir tudo que recebi da UFMG, focando no seu maior ativo, os alunos.

Seguindo os exemplos dos amigos do grupo de internacional na UFMG, eu também queria fazer mestrado fora. Como me envolvi desde 2013 no banco com projetos ligados a inovação, vi no Vale do Silício o lugar natural para ir. Lá estavam os melhores exemplos. Com generoso apoio do Itaú e de duas instituições incríveis: o Instituto Ling e a Fundação Estudar estou cursando atualmente mestrado na Uiversidade da California em Berkeley. Na volta ao Brasil vou para a área de tecnologia do Itaú tocar um projeto que fundei com trainees do meu ano focado na interação do banco com start-ups. No futuro, quero continuar perto de gente boa fazendo coisa que impacte a vida das pessoas. Assim como cresci num país melhor do que aquele que meus pais cresceram, quero ajudar a criar um país com mais oportunidades para meus filhos e as próxima gerações de brasileiros. Acho que o governo e políticos podem ajudar, mas a responsabilidade principal é nossa, da sociedade, de viabilizar o país futuro.

Este artigo foi originalmente publicado em Formei, e agora?

Espírito colaborativo: entenda a cultura da consultoria A.T. Kearney

mulher em frente a janela com vista para o horizonte com escrito AT Kearney Strategy Challenge

Qual foi a última vez que você comprou um produto feito sob-medida, exclusivamente para você? Segundo Rafael Souza Cunha, analista sênior da A.T. Kearney, é exatamente esse o trabalho de uma consultoria: oferecer uma solução específica para um problema específico. “Queremos entregar o produto mais personalizado possível, esse é nosso grande valor”, defende.

Há 21 anos no Brasil, com escritório em São Paulo, a A.T. Kearney está entre as consultorias mais tradicionais do mundo. Fundada em 1926 nos Estados Unidos, foi uma das pioneiras na área estratégica de alto nível, voltada a auxiliar CEOs e diretores em suas decisões. Andrew Thomas Kearney, o fundador, tinha ajudado a construir a consultoria McKinsey, então recém-formada em Chicago, mas saiu para abrir sua própria empresa.

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Quando comparada às big three (grupo que reúne as três maiores consultorias estratégicas: McKinsey, Bain e Boston Consulting Group), a A.T. Kearney possui menos escritórios e consultores, embora já esteja presente em mais de 40 países – é uma empresa global. João Caetano Almeida, associate, prefere dizer que “a empresa tem escala própria”. O que isso significa? “Somos grandes o suficiente para impactar e pequenos o suficiente para estar próximo dos clientes”, diz.

As metas de crescimento, no entanto, são bastante ambiciosas. A consultoria estabeleceu a missão de se tornar líder do segmento até 2020, e para isso pretende dobrar de tamanho. Em outras palavras, deve ir de ~3000 para ~6000 funcionários, o que significa um número grande de contratações nos próximos cinco anos.

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A cultura camaleônica da A.T.Kearney

Essa pretensão de crescimento não deve mudar a proximidade com o cliente, um dos pilares da cultura A.T. Kearney. “Nossa filosofia é de entender os problemas e construir as soluções sempre junto com o cliente”, explica François Santos, um dos sócios no escritório brasileiro. “A gente tenta levar para dentro do cliente o conhecimento que ele precisa”, complementa João Caetano. “É comum mudarmos nosso jeito de falar e de se vestir para estar mais próximo do cliente, para se relacionar com as pessoas como se fôssemos parte daquela empresa”, conclui.

“Um de meus projetos foi em uma fábrica petroquímica, e no mesmo dia eu conversei tanto com o pessoal que trabalhava nas máquinas como com o CEO”, conta Rafael. “O contato com as pessoas do dia-a-dia é essencial para a nossa análise. Não queremos ser os caras de terno que chegam com todas as respostas, que ficam trancados em uma sala”, completa. Esse comportamento camaleão rendeu à empresa uma reputação global de consultores que arregaçam as mangas e botam a mão na massa dentro das companhias.

Leia também: Consulting clubs ajudam na preparação para recrutamento de consultorias

A A.T. Kearney também é conhecida por atuar de forma altamente colaborativa, característica comum no mercado de consultorias. “Escolher um perfil de empresa que se adaptasse ao meu jeito sempre foi muito importante para mim. Aqui eu acho que essa história de criar relações boas entre as pessoas é muito forte, eu me dou bem com todo mundo e todos são bastante acessíveis para qualquer assunto”, explica Rafael. A cada dois anos, esse espírito de time é levado ao pé da letra durante o campeonato mundial de futebol da empresa – em 2014, times de cada escritório tiveram a chance de jogar no Estádio Olímpico de Berlim, na Alemanha.

Campeonato de futebol da A.T. Kearney, 2014, na Alemanha [reprodução]

Ainda assim, os executivos da consultoria insistem em dizer que mantêm espírito de startup. “Para mim, startup é uma empresa que ainda não está totalmente pronta, onde os funcionários ajudam a criar a personalidade. Aqui nós temos um pouco disso, existe espaço para você deixar a empresa um pouco com a sua cara”, explica João Caetano. Pode até ser um discurso difícil de colocar em prática, mas no próprio escritório de São Paulo é possível encontrar um bom exemplo: a recente área de private equity foi criada a partir do interesse de um dos consultores pelo assunto.

Os consultores que aparecem nesse texto foram convidados do Imersão Consultoria, programa de preparação e decisão de carreira promovido pelo Na Prática. Quer conhecer melhor as oportunidades de carreira no mercado de consultoria? Saiba mais aqui

Iniciação científica: um caminho para formar lideranças inovadoras

jovens estudantes realizando pesquisa em laboratório

Participar de um programa de iniciação científica pode ser considerado uma das experiências mais importantes que se pode ter durante a graduação. Não apenas por preparar possíveis futuros cientistas, mas também por formar profissionais com visão de liderança.

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Formação de lideranças “Ao estimular o aluno a identificar um problema, aplicar um método científico para resolvê-lo e analisá-lo para transmitir seus resultados à sociedade, estamos ajudando a formar lideranças, pois este aprendizado é fundamental para qualquer área do conhecimento”, afirmou o reitor da Universidade de São Paulo, o prof. Marco Antonio Zago, na abertura do Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP.

Para Zago, a universidade tem obrigação de criar e transferir conhecimento, e de formar profissionais competentes e com visão de liderança. “É lamentável que a maior parte da nossa juventude, por falta de uma educação de qualidade, não tenha acesso a esse momento de desenvolvimento econômico”, ressaltou.

O Brasil, lembrou ele, não está sendo capaz de formar mão-de-obra qualificada em número suficiente para levar o País a um patamar mais elevado de desenvolvimento, que não seja o de grande exportador de commodities. “A USP, como principal universidade da América Latina, tem obrigação de formar bons profissionais, mas também de alertar para esses problemas”, continuou.

Leia também: Por que você deve participar de uma empresa júnior?

Bolsas de apoio Segundo a Prof. Maria Inês da Rocha Santoro, coordenadora do Programa de Iniciação Científica da USP desde 2009, dos cerca de 58 mil alunos matriculados na graduação da universidade, quase três mil recebem bolsas de iniciação científica.

As bolsas são concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq), pelo Banco Santander e pela própria USP. “O número de alunos beneficiados representa 5%, mas pode alcançar 10%, se somarmos aqueles que fazem iniciação científica com bolsas de outras instituições ou mesmo sem apoio financeiro”, afirmou.

Os dez por cento que fazem iniciação científica vêem nessa experiência um divisor de águas. O Prof. José Roberto Castilho Piqueira é um exemplo. “Em 1970, quando cursava a Escola de Engenharia de São Carlos, tive a honra de ser aluno no professor Sérgio Mascarenhas e mais tarde ser bolsista de iniciação científica no Instituto de Física. Foram duas experiências marcantes, que transformaram minha vida e me impulsionaram para a pesquisa”, afirmou.

Leia também: Entre os mundos corporativo e acadêmico

Empreendedorismo “Cada vez mais a engenharia se aproxima da ciência básica, e não dá para fazer inovação sem se aproximar da ciência básica”, acrescentou Piqueira. O presidente da Comissão de Pesquisa da Escola Politécnica da USP, Antonio Mauro Saraiva, concorda. “A iniciação científica abre caminho para a inovação e para o empreendedorismo”, disse.

O físico Sérgio Mascarenhas também compartilha da mesma opnião. “O século XXI tem um novo paradigma, que é a economia do conhecimento”, frisou. “Nessa era, a união do humanismo com a ciência é fundamental para a inovação”, disse. Em sua opinião, a interdisciplinaridade, que possibilita a combinação de diversas fontes de conhecimento, é a base para a inovação.

Este artigo foi originalmente publicado no portal de notícias da Escola Politécnica

Como funciona o salário dos empreendedores?

jovem trabalhando no balcão de cafeteria

Se o empreendedor fez seu trabalho de forma correta, vai existir um plano de negócios da empresa e nele estará definido qual será o seu salário – chamado pró-labore. Esse salário deve estar explícito nas contas da empresa, pois caso contrário ele não consegue avaliar de forma correta se o negócio está apresentando lucro ou prejuízo.

É muito comum o empreendedor subsidiar informalmente a empresa com seu salário e isso descaracteriza o objetivo do negócio, que é ser capaz de pagar todas as suas contas e, ainda assim, ser lucrativa. Uma das principais lições que o empresário deve aprender é não confundir o patrimônio pessoal com o empresarial e, portanto, deve sempre levar em conta que seu trabalho deve ser remunerado.

Leia também: Dez livros que todo empreendedor deve ler

Remunerar-se por meio do pró-labore, porém, não é suficiente para tornar a empresa um bom negócio para seu dono. O empreendedor também espera que a empresa obtenha lucros e que ele possa usufruir desses resultados. Contudo, obter lucro não significa que ele esteja indo bem, mesmo que esse lucro seja positivo por um bom tempo.

O empreendedor deve ser remunerado não só pelo seu trabalho, mas também pelo fato de que a empresa é um patrimônio ilíquido, ou seja, a não ser que se desfaça do negócio, o dinheiro investido tem pouca liquidez, diferente de investimentos financeiros, por exemplo.

Leia também: Dez reflexões do fundador do Easy Taxi sobre empreendedorismo e liderança

Esse conceito é conhecido como custo de oportunidade: somente vale a pena ter uma empresa funcionando se ela for capaz de remunerar, através do pagamento de dividendos, os recursos investidos, que são compostos pelo investimento inicial e dos reinvestimentos.

Um empresário deve ter três fontes de receita: o pró-labore (que também pode ser definido como o custo de oportunidade do empreendedor estar trabalhando na empresa, no lugar de ter um emprego); o retorno econômico (que é o custo de oportunidade de ter seu patrimônio no negócio ao invés do mercado financeiro); e a geração de valor (que pode ser definido como o lucro acima do retorno econômico).

Rodrigo Zeidan é especialista em finanças e professor da Fundação Dom Cabral

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

O trabalho no laboratório que une educação e tecnologia

Alisson Bezerra

“Esse ano está sendo e vai continuar o ano da tecnologia da educação”, defende o estudante de engenharia Alisson Bezerra, que atualmente trabalha com esse tema. “A área de tecnologia aplicada à educação tem sido alvo de muita pesquisa e discussão no Brasil e no mundo, precisa de muita gente boa e é um ótimo setor de atuação para quem quer impactar a sociedade”, acrescenta.

Leia também: Veja as inovações que prometem remodelar o mercado de educação

O estudante passou grande parte de sua vida em Fortaleza, apesar de sua cidade natal ser Rio Negro, no Paraná. Saiu de lá para cursar Engenharia da Computação no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em São José dos Campos – a capital cearense, a quase três mil quilômetros de distância, é responsável por cerca de um terço dos alunos aprovados no instituto todo ano.

Quando surgiu a possibilidade de realizar um summer job, que funciona como um estágio de verão durante as férias da faculdade, Alisson escolheu uma empresa em Fortaleza: o Sistema Ari de Sá (SAS), que licencia metodologia de ensino própria para escolas de ensino fundamental e médio. “Logo de cara eu me identifiquei muito com aquele ambiente, gostei da cultura e da equipe, que é muito jovem”, conta Alisson.

No ano seguinte, realizou um intercâmbio na Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Lá, procurou uma grade curricular menos tradicional que a do ITA, e estudou áreas relacionadas a pesquisa de ponta e inovação. De volta ao Brasil, retomou o vínculo com SAS, mas dessa vez envolvido em um projeto mais ousado: montar um laboratório de inovação para a empresa, nas imediações do ITA, focado no uso de tecnologia para o setor educacional.

Leia também: Educação e tecnologia, uma combinação que atrai investimentos

“A ideia surgiu inspirada no caso de uma outra empresa com que tínhamos contato e que tem um escritório no Vale do Silício. Eles falaram que esse modelo dá muito certo e as pessoas realmente pensam muito fora da caixa”, explica Alisson, mencionando o famoso polo de tecnologia nos Estados Unidos, e que também fica próximo à Universidade Carnegie Mellon, Stanford e Universidade da California em Berkeley, entre outras.

“Enquanto pesquisávamos sobre o assunto, descobrimos várias outras empresas que levaram escritórios para esses polos tecnológicos próximos a grandes faculdades, para facilitar a proximidade com gente boa e também para estar em um local que respira tecnologia”, ele complementa. No Brasil, temos o exemplo do laboratório de pesquisa e desenvolvimento do Google em Belo Horizonte, próximo à Universidade Federal de Minas Gerais, e os tecnopolos de Campinas e São Carlos.

Assim nascia o SAS Labs, um centro de inovação educacional com o objetivo de desenvolver tecnologias para identificar deficiências no aprendizado e melhorar o resultado dos alunos em sala de aula. “Esse projeto irá desenvolver novos talentos, além de criar tecnologias voltadas para soluções educacionais. Nós queremos ter métodos pedagógicos modernos, colaborando com o desenvolvimento e engajamento do aluno ao longo do seu aprendizado”, afirma Bruno Veras, gerente de Operações Internas do Sistema Ari de Sá e responsável pelo laboratório.

Em outubro de 2014, a equipe começou a ser recrutada. Hoje são quatro pessoas no total – todas do ITA, apesar deste não ser um requisito para a contratação. “A principal coisa que buscamos é aquele brilho no olho, e o interesse e gosto pela área de educação”, explica Alisson, acrescentando que a expectativa é expandir a equipe nos próximos meses.

Ele próprio sempre foi um entusiasta da área da educação: durante três anos atuou como professor voluntário no cursinho comunitário CASD Vestibulares, organizado pelos alunos do ITA e do qual chegou inclusive a ser diretor. “Foi muito bom quando eu percebi que dava para casar atuação profissional com educação”, ele revela.

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No SAS Labs, o foco está em grandes e novas tecnologias voltadas para educação. “A gente busca várias formas diferentes de inserir tecnologia no meio educacional, e também de medir o impacto de cada uma dessas novas tecnologias sobre o aluno”, explica Alisson.

Segundo ele, os projetos realizados no laboratório são bem diferentes daqueles desenvolvidos pela equipe de tecnologia de informação da sede, em Fortaleza. A proposta, no caso, é surgir sempre com novas ideias e novos projetos, mas também validar tecnologias que já existem e tentar trazê-las para a empresa.

É importante, por exemplo, estar sempre ligado nas notícias sobre educação e inovação. “Sempre que sai notícia sobre alguma tecnologia nova, alguém testando tablet em sala de aula, sala de aula invertida [em que os alunos sentam em grupos], a gente procura ler e estudar sobre o assunto, ver o que a gente pode tirar de legal disso e trazer para o Sistema Ari de Sá”, ele conta, acrescentando que o sistema hoje conta com mais de 400 escolas conveniadas e de realidades sociais e geográficas bastante diferentes.

“Uma coisa que é bem legal é que nos sentimos como se estivéssemos em uma startup, e às vezes temos algumas ideias até absurdas”, ele conta. “A gente tem projetos bem fora da caixa mesmo, pensando exclusivamente em tecnologia focada em educação, é isso que a gente respira todo dia”, ele comenta, animado.

No entanto, faz questão de lembrar que é um trabalho bastante sério: “Temos muita liberdade mas também muita responsabilidade” – é preciso colocar a mão na massa, já que a sede em Fortaleza está sempre cobrando resultados.

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

O livro de negócios favorito de Bill Gates e Warren Buffett

Bill Gates

Quem deu a dica do livro primeiro foi o investidor Warren Buffett. Em 1991, Bill Gates pediu ao amigo que lhe recomendasse um bom livro de negócios. Ele não hesitou: “Business Adventures (Aventuras dos Negócios), de John Brooks. É o meu favorito. Eu te mando o meu exemplar”.

As aventuras favoritas de Bill Gates

Bill Gates, assim como provavelmente muitos dos leitores desse texto, jamais tinha ouvido falar do livro antes. Isto não deveria ser surpresa, afinal de contas, trata-se de uma publicação de 1969 que traz uma coletânea de textos de jornalismo esconômico publicados na revista New Yorker durante a década de 1960. Os artigos, escritos pelo jornalista John Brooks, mostram os bastidores de diversas empresas da época, como Xerox, Ford e General Eletric.

“As pessoas mais céticas devem questionar como um punhado de matérias dos anos sessenta poderiam se relacionar com os negócios de hoje em dia. Com certeza muitas particularidades sobre business mudaram. Mas os fundamentos continuam os mesmos. Os insights bastante profundos de Brooks sobre negócios continuam tão relevantes hoje quanto eram na época em que foram publicados”, escreveu Bill Gates em artigo para o The Wall Street Journal.

O caso lembra o de outro livro emblemático, The Intelligent Investor, de 1949, considerado por Warren Buffett o melhor livro sobre investimentos que ele já leu até hoje.

“Diferente de muitos autores e jornalistas de negócios atuais, Brooks não construiu seu trabalho ao redor de breves lições de ‘como fazer’, ou explicações simplistas para o sucesso. Você não vai encontrar quaisquer tipos de lista na sua obra. Ele escreveu longos artigos que emolduram certas questões e problemas da empresa, explorando-os em profundidade”, completa o executivo. Ficou com vontade de ler?

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Todas as pessoas têm potencial para empreender, diz Muhammad Yunus

Muhammad Yunus

Em entrevista recente para o jornal Folha de São Paulo, o economista e Nobel da Paz Muhammad Yunnus defendeu que todas as pessoas têm potencial para empreender. Para ele, é o empreendedorismo – e não a filantropia – a grande solução para a pobreza do mundo, por meio dos chamados negócios sociais.

Doutorado pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, ele próprio fundou, em 1976, o Grameen Bank, instituição especializada em microcrédito para pobres em Bangladesh (seu país de origem), o que lhe rendeu o prêmio Nobel em 2006. Atualmente ele está no Brasil para uma série de palestras sobre negócios sociais, termo cunhado por ele mesmo.

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“As matérias-primas principais do negócio social são o inconformismo com problemas que estão ao nosso redor e a criatividade humana para enfrentá-los. Neste sentido, a principal condição é a existência de empreendedores, pessoas munidas dessa vontade de solucionar problemas, de mergulhar neles, estudá-los para que surjam as ideias e possibilidades de resolvê-los”, disse o economista.

Sobre o conceito de negócio social, ele explica: “É um tipo de business que, em vez de ter como missão o lucro, visa resolver alguma questão social”. Sua visão sobre o que configura ou não um negócio social, no entanto, é bastante pragmática. Para ele, os investidores ou donos da empresa de um negócio social podem gradualmente recuperar o dinheiro investido, mas não obtém lucro depois disso. Outros defensores desse modelo de negócios admitem a possibilidade de lucro para os empreendedores.

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Nessa sua segunda vinda ao Brasil, Yunus propõe criar uma rede de universidades unidas em torno da promoção de negócios sociais como uma maneira para a resolução de problemas sociais. “Nossa intenção é que as universidades possam cada vez mais se tornarem centros, não apenas de formação teórica de negócios sociais, mas que possam ser incubadoras de projetos sociais”, defende.

Acompanhe a página da Yunus Negócios Sociais para saber mais sobre os próximos eventos que contarão com a participação do economista no Brasil.

Para que serve um programa de coaching dentro das empresas?

Homem de óculos conversa com outro

Cada vez mais a figura do coach tem sido requisitada, tanto por profissionais quanto por empresas que desejam obter o melhor desempenho de seus colaboradores. Mas a maior difusão do tema, aliada à subjetividade que caracteriza os pontos desenvolvidos nestes processos, tem gerado muitas dúvidas.

Primeiramente, esclareço que coaching não é terapia tampouco psicoterapia – estas tendem a fazer uso das experiências e dos sentimentos relacionados a eventos passados para melhorar o futuro. Coaching também não é treinamento ou consultoria – estes tendem a fornecer conselhos direcionando o que deve ou não ser feito.

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O conceito de coaching

O conceito coaching está atrelado a um contexto empresarial/profissional e requer um nível de conhecimento de técnicas e metodologias muito além do aconselhamento puro e simples. O objetivo do coach (quem dá o coaching) é ajudar o coachee (quem recebe o coaching) a crescer e, com este crescimento, trazer melhores resultados para a empresa na qual atua.

Quando o coach trabalha com jovens em início de carreira, seu papel é fazer com que eles incorporem elementos culturais e posturas comportamentais do mundo corporativo com as quais não estão familiarizados, visto que não faziam parte da realidade universitária. O diferencial desta ferramenta está na possibilidade de aprofundar o autoconhecimento do jovem, para o qual crescimento profissional, metas e feedbacks são fundamentais.

Para profissionais seniores, ter um coach pode significar ter a oportunidade de trocar experiências sobre questões e dificuldades profissionais com alguém não envolvido emocionalmente com aquele ambiente, estando, portanto, mais preparado para ajudar a iluminar pontos que ficam obscuros sob a ótica de quem está dentro da situação.

Leia também: Especialista em coaching fala sobre a formação de líderes e empreendedores

A prática de coaching

Independentemente de qual for o contexto, o ideal é que área de recursos humanos, o gestor, coach e coachee estabeleçam o que será desenvolvido e o porquê. Esta ferramenta só fará a diferença se houver esse alinhamento. Caso contrário, pode não atender às necessidades e expectativas tanto da organização quanto do coachee, gerando a impressão de que o investimento foi desperdiçado.

Em minha opinião, um bom coach precisa ter: interesse genuíno pelas pessoas, intuição e percepção aguçadas, disposição para ouvir e bom senso, além de ter formação profissional na técnica Coaching – o que lhe permite proporcionar um bom desempenho com resultados concretos. É alguém capaz de enxergar o que não está aparente e, principalmente, fazer o coachee ver quem ele é, onde está, aonde quer chegar e, se possível, dispor de elementos para iluminar seu caminho.

Em linhas gerais, um coaching deveria ser realizado por etapas: estabelecer a real necessidade deste processo de desenvolvimento, determinar como será feito, alinhar expectativas, definir o objetivo, identificar opções e barreiras, criar comprometimento para a ação, acompanhar e encorajar, coletar dados para analisar os resultados, dar feedback e, se necessário, revisitar as metas.

Leia também: Coach X Mentor – entenda como cada um pode ajudar a sua carreira

Em suma, o coaching é o ponto de partida para desenvolver pessoas com capacidade de lidar com situações cada vez mais complexas ou ambíguas, buscando sempre caminhar para uma importante tomada de decisão. É um processo de desenvolvimento que permite a um profissional ter autonomia para aprimorar suas competências com responsabilidade.

Sofia Esteves é fundadora do grupo DMRH e Cia de Talentos

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

Veja as inovações que prometem remodelar o mercado de educação

Jovens estudantes em mesa de estudos em escola

Os processos de ensino-aprendizagem vêm demandando grandes mudanças nos últimos anos. Desafios importantes da área da educação têm sido conseguir engajar os estudantes em processos educacionais de qualidade, de forma a garantir que desenvolvam as chamadas competências do século XXI – uma série de habilidades como saber escutar, analisar, executar, cooperar e comunicar, que convergem para a capacidade de aplicar conhecimentos à resolução de novas situações-problemas e, além disso, são importantes para que cada pessoa desenvolva autonomia para definir seus projetos de vida.

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Na busca por atingir esses desafios, recentemente têm sido adotados novos princípios, metodologias e ferramentas nos processos de educação. A jornalista Tatiana Klix, editora do portal Porvir, dedicado a divulgar estudos e iniciativas inovadoras no campo educacional, traçou um panorama dessas tendências. Abaixo, um resumo dos principais tópicos abordados:

Personalização

Há pessoas que aprendem mais facilmente lendo. Outras, assistindo a vídeos. Algumas, em grupo; as demais, sozinhas. Há quem tenha mais facilidade e gosto por Português; e há quem se incline mais à Matemática. Todos aprendem com base em seus conhecimentos prévios, interesses, habilidades e emoções específicos. Portanto, cada um desenvolve conhecimentos à sua maneira e ao seu ritmo. É com base nessa premissa que Tatiana afirma: os processos de ensino tradicionais falham ao oferecer o mesmo caminho de aprendizagem para todos. “A gente já personalizou inúmeros processos na nossa vida – o Netflix, o Facebook, etc. A educação não pode mais insistir num caminho único”, comenta. O processo de personalização tem sido valorizado também para as avaliações, conforme se lê no tópico seguinte.

Ensino híbrido

Estudos recentes vêm apontando que uma maneira de se promover um ensino mais personalizado e eficiente é combinar os aprendizados online e offline, unindo os benefícios dos métodos tradicionais de ensino com os da utilização de ferramentas tecnológicas educacionais. No ensino tradicional, valoriza-se a interação presencial entre professor, aluno e colegas. Já os recursos digitais – como games, vídeo-aulas e outras ferramentas reunidas em plataformas de ensino adaptativo – permitem que o aluno avance no aprendizado conforme seu ritmo próprio e suas necessidades individuais, uma vez que essas plataformas inteligentes propõem atividades a partir das respostas de cada aluno às tarefas que realizou anteriormente.

Dessa forma, o professor também se beneficia, pois tem retornos individualizados sobre o aprendizado de seus alunos, sabendo exatamente em que tópico precisa oferecer mais ajuda no caso de cada estudante. A esse respeito, Tatiana pondera: “Quando o professor aplica a mesma prova para todo mundo, avalia uma parte dos conhecimentos que foram trabalhados na sala de aula. Em tese, quem tira 10 aprendeu tudo sobre aqueles assuntos. Quem tira zero, não aprendeu nada. E quem tira 7? Deixou de aprender várias coisas e vai passar de ano sem continuar sabendo. Quando o professor usa as plataformas adaptativas, como Geekie, Khan Academy ou Escola Digital, tem acesso a uma avaliação mais completa, feita de forma personalizada e contínua, permitindo ao professor intervenções mais precisas”.

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Experimentação

Não é à toa que as aulas expositivas têm estado em tão baixa conta com os estudantes atualmente. Pesquisas têm apontado que “fazer” é melhor que simplesmente “ouvir”, quando o que está em jogo é desenvolver aprendizados de forma profunda. É por isso que tem ganhado força nas escolas a chamada educação baseada em projetos, em que os estudantes se envolvem com tarefas e desafios com o objetivo de propor soluções para determinados problemas. No processo, eles precisam identificar os temas necessários de se estudar, em geral de modo interdisciplinar, e depois apresentam o resultado de suas pesquisas e realizações para professores e colegas. Sempre podendo contar com a orientação dos docentes. Durante os processos de pesquisa, planejamento, execução e apresentação, conteúdos específicos, além de habilidades como raciocínio lógico, confiança, criatividade, pensamento crítico e abertura ao feedback são aprendidas.

No escopo da experimentação, têm sido úteis os “espaços makers”, como são chamados laboratórios de realização rápida, com recursos como impressora 3D, peças de materiais eletrônicos reciclados, Legos e toda a sorte de materiais que permitem colocar em prática os projetos planejados pelos estudantes.

Big Data

Assim como as empresas usam um grande volume de dados para melhorar suas vendas e os governos o fazem para planejar suas políticas públicas, os professores e demais profissionais da educação podem se valer da análise de informações objetivas diversas para melhorar o processo de ensino-aprendizagem. As plataformas adaptativas, abordadas em tópico anterior, são aliadas nesse processo, ao rastrear e disponibilizar informações como as habilidades e dificuldades de cada aluno e oferecer indícios sobre sua forma de aprender. Portais como o QEdu, que reúnem uma série de indicadores educacionais sobre os municípios brasileiros, também são úteis para as secretarias de educação estabelecerem metas e planejarem intervenções que ajudem a melhorar a qualidade da educação em suas redes.

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Sala de aula invertida

No método de ensino tradicional, o professor ensina determinado conteúdo na sala de aula e, a partir daí, demanda tarefas de casa. “Justo no momento em que o aluno vai ter dúvidas, o professor não está”, comenta Tatiana. Por isso, o método da “sala de aula invertida”, como sugere o nome, trabalha no sentido oposto: primeiro os estudantes se iniciam em determinado assunto sozinhos, em casa, com a ajuda de textos, vídeos e outros recursos, e fazem o “dever de casa” na escola, quando podem tirar dúvidas, discutir e aprofundar determinados aspectos com os professores e colegas.

Uso do Território

A sala de aula está deixando de ser vista como o único espaço de aprendizagem utilizado pela escola. A ordem do dia é aproveitar a comunidade do entorno, teatros, museus e outros locais como oportunidades de adquirir conhecimento.

Desenvolvimento Socioemocional

Empatia, liderança, resiliência, dentre outras habilidades socioemocionais têm sido cada vez mais valorizadas pelo mercado de trabalho. Algumas empresas, inclusive, têm colocado essas competências acima de alguns conhecimentos específicos, na crença de que é mais fácil levar um funcionário a adquirir determinado repertório que esperar que ele adquira certas posturas e comportamentos. As escolas, cientes de que essas competências não são inatas – ou seja, podem ser aprendidas e praticadas –, têm se preocupado cada vez mais em promover seu ensino intencional.

Tatiana Klix participou do Imersão Educação, programa de preparação e decisão de carreira promovido pelo Na Prática. Quer conhecer melhor as oportunidades de carreira no mercado de educação que transforma o Brasil? Saiba mais aqui

Seu plano de carreira é ajudar um Nobel da Paz a tornar o mundo melhor

Muhammad Yunus em favela no Brasil

Em 2011, o paulistano Rogério Oliveira, de 39 anos, foi até Viena, capital da Áustria, para participar do The Global Social Business Summit, um fórum para discutir Negócios Sociais — aqueles no qual a missão da empresa é solucionar um problema social e reinvestir o lucro gerado na própria empresa para ampliar seu impacto positivo.

O principal motivo da viagem era assistir a uma palestra do Professor Muhammad Yunus, ganhador do Nobel da Paz em 2006 por seu trabalho com microcrédito à frente do Grameen Bank e fundador do fundo de investimento Yunus Social Business, que também funciona como incubadora e aceleradora de empresas sociais. Pouco antes do começo da palestra, Rogério tomou coragem e decidiu se apresentar a Yunus. “Fui cara de pau e contei como o livro dele tinha mudado a minha vida”, conta ele, que anos depois, em parceria com o próprio Yunus, iria criar a Yunus Negócios Sociais — que quer investir 40 milhões de reais no Brasil nos próximos dois anos.

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Inspiração Alguns anos antes, Rogério tinha lido Criando Um Negócio Social e, sob o impacto do livro de Yunus, decidira largar a carreira corporativa para se tornar um empreendedor social – por mais de dez anos, ele trabalhou nas áreas de marketing de empresas como Johnson & Johnson e BRMalls. Já despido da antiga vida, ele fundou o Movimento Buena Onda em São Paulo, uma incubadora de negócios sociais que existe até hoje, junto com um amigo, o administrador Guilherme Pereira. Entre os projetos realizados estão palestras sobre felicidade no trabalho para os funcionários de empresas como Coca-Cola e Whirlpool.

Rogério conta que até gostava de trabalhar com comunicação, mas isso não era mais suficiente: “Comecei a sentir um buraco no peito e já não via mais motivo para convencer alguém a comprar alguma coisa. Queria trabalhar com algo que ajudasse a tirar as pessoas do piloto automático”, diz.

Nessa época, ele lia muito sobre a felicidade interna bruta do Butão e temas correlatos, e isso o inspirou não apenas a ter a cara de pau de se apresentar a Yunus, mas a deixar aberta a comunicação entre ele e o Nobel. Rogério manteve contato com Yunus e com a CEO do Yunus Social Business, Saskia Bruysten, nos meses após o fórum. Os três voltaram a se encontrar na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável.

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Neste encontro, Yunus — que a esta altura já conhecia o Movimento Buena Onda — perguntou a Rogério se faria alguma diferença ter o nome Yunus associado à incubadora. “Na hora, quase dei risada. Respondi que sim, claro”, conta Rogério. Ele sempre teve vontade de ampliar o número de negócios sociais no Brasil, mas não imaginava que um dia o sujeito que o inspirou a largar uma vida que já não o satisfazia e que o ajudou a encontrar o seu propósito como empreendedor social iria simplesmente se convidar para ser seu sócio.

Rogério Oliveira em Bangladesh [acervo pessoal]

Juntos, eles então decidiram que o melhor seria criar uma nova incubadora, que também fosse aceleradora e fundo de investimento – como o Yunus Social Business, que é global – e chamá-la de Yunus Negócios Sociais. Os sócios do Yunus no Brasil são Rogério e o Yunus Social Business, sediado na Alemanha. Há outras empresas como a brasileira em países como Colômbia, México e Índia.

Investimento O fundo pretende investir 40 milhões de reais nos próximos dois anos. O Yunus Brasil já incubou e acelerou 22 projetos (e quer investir em pelo menos seis destes ainda em 2015). O impacto dessas empresas incubadas e aceleradas só poderá ser medido no futuro, quando elas já estiverem atuando e ganhando escala. O Yunus conhecerá os primeiros impactos daqui a um ano. As cidades impactadas são várias, porque, apesar da maior parte das empresas ser do eixo São Paulo-Rio de Janeiro, muitas delas atuam nacionalmente.

A Yunus, então, possui uma incubadora no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. A primeira é dedicada a projetos de moradores de territórios de baixa renda. A segunda incuba empresas como a Anfib, que monta lockers para guardar bicicletas e vestiários para ciclistas tomarem banho em estacionamentos de outras empresas. Os sócios da Anfib, a advogada Victoria de Sá, de 24 anos, e o designer Bruno Rosa, de 26, foram para o Yunus quando tinham somente uma ideia – melhorar a mobilidade nas cidades através da bicicleta. “Foi durante o período de incubação, que durou pouco mais de três meses, no ano passado, que decidimos qual seria o nosso produto”, conta Bruno. “É agora que estamos fazendo tudo funcionar.”

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Para a maior parte dos empreendedores, pode parecer estranho decidir qual vai ser a missão da empresa antes de saber o que ela vai vender – mas isso faz todo o sentido para os empreendedores sociais, que querem, antes de tudo, ajudar a resolver um problema. “Gostamos de usar a bicicleta para trabalhar e até para viajar”, diz Victoria. Por causa da paixão pela bicicleta, os sócios sabem bem quais as dificuldades de quem a utiliza como meio de transporte. Com isso, dentro do processo de incubação, ficou mais fácil transformar o que era uma ideia em um negócio.

Em São Paulo também ficam a aceleradora e o fundo de investimentos do Yunus. Nos próximos meses, a paulistana Solar Ear, empresa que produz aparelhos auditivos de baixo custo carregados por energia solar, deverá ser a primeira a receber aporte do fundo de investimento do Brasil. A empresa foi acelerada pelo Yunus no ano passado. “O aparelho chega a ser 80% mais barato que um modelo comum e a bateria não precisa ser trocada”, diz Rogério. “A empresa tem tudo para dar certo.”

Local e global No mundo, o Yunus Social Business é conhecido por alguns projetos, como o negócio social Grameen Danone Foods, uma joint-venture entre o grupo de Yunus e a fabricante de iogurte criada em 2006 em Bangladesh, que tem como missão combater a desnutrição. O principal produto da empresa é um iogurte enriquecido com vitaminas e minerais, que, se ingerido duas vezes por semana ao longo de um ano, pode tirar uma pessoa da linha de desnutrição. Os principais ingredientes são comprados de pequenos agricultores locais e a mão-de-obra também é contratada na região. O iogurte é vendido nas áreas rurais de difícil acesso num sistema porta-a-porta.

Como empresa social, a Yunus do Brasil se sustenta financeiramente com o apoio externo. Grandes empresas, como a Fundação Via Varejo e a KPMG, são parceiras do Yunus no Brasil. A primeira ajudou na construção dos projetos da incubadora e da aceleradora. A segunda é responsável pela auditoria do fundo e das empresas investidas pelo fundo no país. Entre os apoiadores, também estão o Instituto Asas, o escritório de advocacia Mattos Filho e o Banco Petra.

O professor Muhammad Yunus, aliás, já está no Brasil para uma série de eventos realizados pela organização – é só acompanhar a agenda pela página oficial. Será que mais alguém vai se apresentar para o Nobel, na cara de pau, como fez Rogério? Tomara.

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

‘Quando você conecta propósito e carreira, não dá para voltar atrás’, diz mentora do Liderança Na Prática 16h

Participantes de programa Labx participam de discussão em círculo

Quando já estava na reta final da graduação em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a estudante Elaine Latocheski ficou sabendo que o Liderança Na Prática 32h (antigo Laboratório), programa de formação de lideranças do Na Prática, iria acontecer em Curitiba, cidade onde morava.

Na época, a ideia de se inscrever no programa veio de uma vontade de incrementar o currículo e desenvolver habilidades de liderança. Contudo, o impacto do Liderança Na Prática 32h em sua carreira ia se provar bem maior do que ela imaginava.

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“Antes do Laboratório eu tinha uma ideia de carreira que já parecia bastante programada, todos os meus amigos seguiam os mesmos passos em uma trajetória de pesquisa, e eu achava que era meio óbvio eu seguir também”, conta. Com as reflexões induzidas peloLiderança Na Prática 32h, ela conseguiu enxergar que seu futuro podia ser diferente.

“Durante os quatro dias do programa nós falamos muito de propósito e de autoconhecimento, e comecei a entender qual era o meu propósito, e que na verdade o caminho profissional que eu imaginava até então não era para mim”, explica. “Comecei a olhar para todas as experiências que eu tinha tido, que eu achava que eram coisas aleatórias, eu passei a enxergar uma conexão entre elas, e percebi que isso dizia muito sobre a carreira que faria mais sentido para mim.”

Elaine Latocheski [acervo pessoal]

Impacto Segundo Elaine, o Liderança Na Prática 32h foi um divisor de águas em sua vida. “Eu liguei todos os pontos da minha trajetória, todos os meus hobbies, os projetos que eu tinha gostado mais durante o curso, e de repente tudo fez sentido. Foi quando eu mudei mesmo, e minha vida deu uma virada”, explica.

Para ela, seu propósito está bastante relacionado ao compartilhamento de conhecimento e de experiências com outras pessoas. Com isso em mente, ela mudou de rumo, abandonou uma oferta de emprego na área de pesquisa e decidiu mergulhar fundo naquilo que acreditava. Esse também foi o começo de um longo e intenso envolvimento com a proposta de impacto do Na Prática – braço de carreira da Fundação Estudar.

É que depois de ter realizado o programa, ela tornou-se multiplicadora Liderança Na Prática 16h, uma oportunidade oferecida aos participantes do Laboratório de levar o impacto recebido para mais jovens e lugares. O multiplicador é responsável pela organização e facilitação do Liderança Na Prática 16h, uma extensão realizada em cidades que o programa ainda não chega. É a chance de colocar em prática alguns valores que foram aprendidos no Laboratório, como execução, impacto no ambiente, sonho grande e protagonismo.

Para Elaine, ter sido uma multiplicadora também proporcionou o desenvolvimento de diversas habilidades, como execução de um projeto, capacidade de entregar resultados e bater metas, apresentação em público e facilitação de conteúdo. “Foi minha primeira experiência prática com gestão de projetos, uma coisa que eu nunca tinha aprendido durante toda minha graduação”, ela conta.

O Liderança Na Prática 16h é organizado em duplas, e a conexão de Elaine com seu parceiro rendeu também a organização de outro evento independente, o Startup Weekend.

Treinamento Liderança Na Prática 16h [acervo pessoal]

Leia também: Saiba mais sobre o programa de formação de lideranças Liderança Na Prática 16h

Jornada Como parte da jornada de desenvolvimento de líderes transformadores promovida pelos programas de liderança do Na Prática, o passo seguinte de Elaine foi inscrever-se para ser mentora do Liderança Na Prática 16h. Como alguém que já realizou a multiplicação, o mentor provou que consegue colocar em prática os conhecimentos e competências necessários para executar o Liderança Na Prática 16h e agora está pronto para mentorar novos multiplicadores.

“Para mim, a mentoria é a cereja do bolo de todo esse processo”, brinca Elaine. “Fiquei muito empolgada com o Liderança Na Prática 16h porque é uma chance de transmitir um conteúdo que eu acredito muito para outras pessoas, e a mentoria também tem esse lado de compartilhar conhecimento e desenvolver pessoas, porque eu estou ajudando os multiplicadores em todo o processo”, explica.

Como mentora, ela é responsável por gerir simultaneamente diferentes edições do Liderança Na Prática 16h, lidando com equipes de multiplicadores que chegam a somar dez pessoas. Por isso, considera que as habilidades desenvolvidas agora são diferentes da multiplicação. Além da gestão de projetos em si, Elaine explica que o mentor também aprende muito sobre gestão de pessoas, já que lida com isso durante toda a mentoria.

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“Passar por todas as fases só fez eu me conhecer muito mais, entender muito mais o meu propósito e realmente ver que é isso mesmo que eu quero para a minha carreira. A minha última experiência como mentora veio pra firmar isso, que eu quero mesmo poder continuar partilhando o conhecimento que eu adquiro, impactando indiretamente todos os participantes de todas essas edições do programa”, ela explica.

Hoje, Elaine tem certeza de que está mais próxima de seu sonho. “Eu quebrei muitos paradigmas quando eu comecei a fazer o Liderança Na Prática 32h, larguei uma carreira que já estava bem definida, só que por outro lado eu ganhei muito mais, ganhei rede, amigos, conexões e conhecimento, coisas que me colocam mais próxima da carreira que eu sonho. Multiplicar o Liderança Na Prática 16h e depois ser mentora do programa foi uma consequência natural desse processo de chegar a uma carreira que me faça feliz”, explica.

Para ela, esse é um caminho sem volta: “Uma vez que você entende que é possível conectar propósito e carreira e que isso vai te deixar feliz, você não consegue voltar atrás e seguir os mesmos passos que você seguiria”.

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