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Como montar um currículo: principais técnicas para se destacar

homem segurando curriculo

Como diz o conhecimento popular, a primeira impressão é a que fica. Na hora de buscar pelo primeiro emprego ou por uma mudança profissional, o contato inicial com os recrutadores é quase sempre feito por meio do currículo e cultivar uma boa imagem neste momento é fundamental.

Devido à saturação do mercado de trabalho, o número de candidaturas a uma mesma vaga pode chegar às centenas, deixando pouco tempo para o recrutador analisar todos os candidatos e decidir quem será chamado para a entrevista.  Por isso, é importante utilizar algumas técnicas para destacar o seu currículo e ampliar as suas chances de contratação.

 

Leia também: Aprenda a fazer um currículo excelente e se destacar

 

Dicas para escolher o melhor modelo de currículo

O candidato a uma vaga de emprego deve ter em mente que o currículo é uma peça publicitária das suas qualidades como potencial funcionário de uma empresa. Por isso, deve ter elementos coesos e que deponham a favor da sua candidatura.

Não existe um modelo ideal para todos. Algumas profissões ligadas às áreas criativas – como design, publicidade e artes – pedem um layout mais elaborado, com elementos visuais que demonstrem as habilidades criativas do profissional. Já os candidatos de áreas mais tradicionais – como administração, economia e direito – obtêm melhor proveito de modelos sóbrios, com poucas cores e estruturas básicas.

Lembrar-se que o currículo precisa destacar as principais qualidades do candidato é uma forma mais concreta de escolher qual modelo seguir. Quando estiver elaborando o documento pense: quais são as características de personalidade e habilidades necessárias para a vaga que desejo concorrer? Como posso demonstrá-las aos recrutadores sem precisar, necessariamente, escrever sobre elas?

Esta reflexão pode parecer abstrata em um primeiro momento, mas é um ótimo exercício de planejamento. Se o candidato quer demonstrar criatividade, pode incluir alguns elementos visuais no seu currículo que traduzam esta capacidade, criando uma diagramação diferenciada para o documento.  Caso a ideia seja evidenciar a sua organização, distribuir as informações de maneira sistemática pode ajudar a passar esta impressão a quem lê o seu currículo.

 

Como fazer um currículo perfeito

 

Qual é a estrutura básica de um currículo?

A disposição das informações na folha de papel pode variar para cada situação, uma vez que cada profissional tem diferentes pontos fortes a destacar. Contudo, existem algumas técnicas que você pode usar para conseguir a atenção dos examinadores, que costumam decidir em cerca de 7 segundos se lerão o seu currículo com atenção ou não.

Ao estruturá-lo da forma objetiva, destacando o que for mais importante, você desperta o interesse e direciona o olhar de quem estiver com o seu material em mãos, fazendo com que a leitura completa do documento aconteça naturalmente.

Leia também: 12 modelos de currículo para baixar e preencher

Tamanho ideal do currículo

O primeiro fator que influencia na decisão de um profissional de Recursos Humanos a ler um currículo é o seu tamanho. Documentos muito longos podem afugentar alguns recrutadores. Por isso, as informações mais importantes devem ser dispostas em uma ou, no máximo, duas páginas.

Uma habilidade muito importante para qualquer profissional é a capacidade de hierarquizar  essas informações. O mais indicado é utilizar apenas aquelas que forem essenciais para a vaga. Por exemplo, para uma pessoa com PHD, incluir as etapas de ensino anteriores pode não ser tão relevante.

Informações principais

Por mais que, dependendo da vaga, algumas informações extras podem ser incluídas, certos dados são essenciais e não podem deixar de constar no documento. A principal função dele é mostrar ao entrevistador quem você é, como deseja colaborar com a empresa e a melhor forma para que ele entre em contato com você.

Leia também: Como fazer um currículo para o primeiro emprego

Detalhes sobre os seus objetivos, depoimentos sobre as suas experiências anteriores e informações mais complexas devem ser guardados para outros momentos do processo seletivo. Confira o que deve ser apresentado no seu currículo:

1. Dados pessoais

Dispostos preferivelmente no cabeçalho, campos como nome, e-mail e telefone de forma alguma podem ficar de fora. Já informações muito pessoais, como o número de seus documentos, endereço completo, foto (a exceção é para trabalhos em que a aparência é relevante, como o caso de modelos profissionais) nunca devem ser colocados no seu currículo.

Itens como idade, pretensão salarial e estado civil também podem ser adicionados, desde que possam contribuir positivamente para a sua contratação ou sejam solicitados pela empresa. É importante observar o perfil da vaga para a qual você concorre para decidir se estas informações são relevantes.

2. Perfil Profissional

No espaço de um parágrafo, o candidato deve fazer um resumo de suas principais competências. Nesse campo, é interessante falar suscintamente sobre o seu objetivo profissional e dar um breve relato sobre a sua experiência e formação acadêmica, sem entrar em detalhes.

A intenção por trás deste campo é despertar a curiosidade do recrutador, para que ele continue lendo o seu currículo. 

3. Experiência Profissional

Esse é o local destinado aos lugares onde o candidato já trabalhou. A ordenação deve ser feita da última à primeira experiência. Não é necessário que todas as empresas sejam citadas, o candidato pode pular as que não sejam relevantes para a vaga e dar prioridade àquelas em que tenha desempenhado um papel de destaque ou que comprovem uma competência necessária para o novo emprego.

Para quem busca pelo primeiro emprego, experiência em estágios, serviço voluntário e envolvimento com atividades extracurriculares, como as agências júnior, competições de empreendedorismo e incubadoras de negócios, também podem entrar nesse campo.

Uma dica importante é fazer uma breve descrição não só funções desempenhadas mas, principalmente, das conquistas obtidas enquanto você esteve em cada cargo.

Destacar os resultados alcançados durante cada experiência profissional, principalmente se você tiver pouca vivência no mercado, é de extrema importância. Procure incluir números e estatísticas que possam quantificar e demonstrar ao recrutador a dimensão das suas conquistas profissionais.

4. Formação acadêmica

Para não tomar um espaço muito grande, inclua somente as experiências acadêmicas que tenham impacto ao serem observadas por quem faz a seleção. Além do nome da instituição de ensino, curso e o período, nesse campo também devem estar presentes os treinamentos, workshops e especializações realizados fora da universidade. Caso sejam muitos, adicione apenas os que forem estritamente relevantes para a vaga desejada.

Leia também: Passar por diferentes áreas e empresas mancha o currículo?

Use o design para se destacar

Não é preciso ser um designer profissional para criar um layout diferenciado e nem trazer propostas muito diferentes, a não ser que você trabalhe em áreas muito criativas, mas usar algumas técnicas visuais pode fazer com que o seu currículo tenha destaque entre os outros.

É importante lembrar que suas qualidades, competências e experiências tornam-se irrelevantes se não forem lidas com atenção pelo examinador. Por isso, ter um visual clean, que facilite a leitura do seu documento é fundamental. Veja como fazer isso:

1. Tópicos

Dados estatísticos e listas são mais atraentes se estiverem organizadas em tópicos e bullet points. Desta forma a leitura se torna mais dinâmica e objetiva, estimulando o leitor a continuar até o final.

2. Cores

A inserção de cor no currículo deve ser usada com cuidado. O ideal é manter um visual sóbrio, que priorize uma boa experiência de leitura. Tons neutros, como preto e azul escuro são as melhores opções para o texto e cores claras, como branco ou creme, vão bem no plano de fundo.

3. Alinhamento

Um perfeito alinhamento entre os elementos contidos no documento é fundamental para que ele fique bem organizado. Procure manter as informações separadas por subtítulos e alinhadas em no máximo duas colunas.

4. Fontes

Mais uma vez, a sua escolha deve privilegiar o básico. Dê preferência a fontes simples, como a Times New Roman, Arial ou Verdana, e fuja das opções muito extravagantes. O tamanho também é um fator importante, pois ele está diretamente relacionado à legibilidade do seu material. Por isso, opte pelos tamanhos de 11 a 12. Entenda melhor o que cada fonte diz sobre o seu currículo neste outro texto

Como elaborar o texto para o currículo?

Todo o trabalho realizado até aqui será perdido se as palavras não forem usadas da forma correta para dar destaque às suas habilidades mais importantes, por isso é interessante ficar atento a alguns pontos:

– Erros gramaticais ou de digitação são imperdoáveis, pois dão a impressão de desleixo ao recrutador

– A linguagem deve ser direta e objetiva, sem rebuscamentos desnecessários

– Para se destacar em uma plataforma de currículo online, como o Linkedin, é importante que a descrição das suas competências contenha palavras-chave relacionadas à sua área de atuação, facilitando a busca do recrutador por lá

Quer saber mais sobre como montar um currículo?
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8 aplicativos gratuitos indispensáveis para quem quer ter sucesso

Apps em iPhone

Hoje em dia, parece que existe um aplicativo para tudo. Quando se trata de melhorar o desempenho no trabalho e crescer na carreira, já são várias as opções disponíveis para download, mas ainda desconhecidas entre muitos profissionais. São aplicativos com versões gratuitas e que te ajudam a se organizar, desenvolver novas habilidades, gerenciar tarefas e promover networking.

Do Trello, plataforma de gestão de projetos utilizado por times do Google e da Pixar, ao Na Prática, versão em app do portal de potencialização de carreiras criado pela Fundação Estudar, selecionamos oito aplicativos indispensáveis para quem quer uma carreira de sucesso. Confira abaixo!

Para se organizar

1. Evernote
Esqueça o bloco de notas ou o post-it para fazer anotações rápidas! Com este app, você consegue centralizar todas as informações de que precisa em um só lugar, oferecendo ainda um serviço de armazenamento em nuvem. O Evernote também conta uma ferramenta de pesquisas para você localizar mais facilmente o que anotou há muito tempo, por exemplo.

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2. Contacts+
Uma das melhores maneiras de organizar seus contatos é usando este aplicativo. Ele reúne e-mails e números de telefone e celular num lugar só, usando como fonte os seus e-mails, as suas redes sociais e a própria agenda do celular. O app tende a ficar mais completo conforme você conecta suas contas, como Gmail, Facebook, LinkedIn, Twitter, etc.

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Para desenvolver novas habilidades

3. Na Prática
Quer se manter informado e receber dicas de carreira diariamente? Promovido pela Fundação Estudar, o aplicativo traz notícias sobre como é trabalhar nos mais diversos setores e indústrias, como mercado financeiro, tecnologia, consultoria, varejo, etc., além de oferecer diversos benefícios e descontos para quem deseja participar de um curso presencial de carreiras da instituição sem fins lucrativos.

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4. TED
Um acervo de mais de 2 mil palestras espera por você neste aplicativo. Os conteúdos são separados por temas e humor, abordando desde tecnologia e ciências até psicologia. Os vídeos, que possuem legendas em mais de 100 idiomas, também oferecem a possibilidade de que o usuário baixe a imagem ou o áudio das palestras para reprodução off-line. Também dá para criar uma lista de reprodução personalizada!

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Para gerenciar projetos

5. Wrike
Excelente opção para todos, desde grupos universitários até profissionais autônomos e pequenas empresas que querem realizar uma gestão mais estruturada de suas atividades. Com esse app, é possível dividir seus projetos em fases, controlar a duração das tarefas, e gerir tarefas de forma priorizada, além de possuir uma área de edição de documentos de texto de forma colaborativa. Para times de até cinco usuários, o aplicativo é gratuito.

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6. Trello
Outra alternativa para gerenciar projetos e tarefas é esta ferramenta, disponível também para celular. Conta com armazenamento de arquivos na nuvem associados a tarefas e projetos, possibilitando subir arquivos de até 10MB com integração com Google Drive, Dropbox, Box e OneDrive. Também permite a adição colaborativa de comentários e notas para cada tarefa ou projeto.

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Para promover networking

7. CamCard
Para quem está habituado a fazer reuniões com frequências, fica a dúvida: o que fazer com aquele monte de cartões de visita acumulados ao longo de meses? E como encontrar um específico no meio de todos eles? Com este app, você pode simplesmente fotografar cada cartão, armazenando-o para consultas posteriores. Além da vantagem de não ocupar espaço físico, também fica fácil pesquisar o contato, digitando na busca qualquer informação relacionada (sobrenome, endereço, cargo, empresa, etc.).

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8. LinkedIn
A rede social mais famosa do mundo corporativo agora também permite que você continue se conectando com seus contatos profissionais por meio do celular. As funcionalidades são praticamente as mesmas da plataforma acessada pelo browser, mas assim você não fica refém do seu computador: é possível pesquisar pessoas, empregos, empresas e grupos independentemente de onde você está, além de receber atualizações em tempo real.

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Quer trabalhar em startups e empreendedorismo? Participe da Conferência Na Prática!

jovens profissionais em conferência de carreiras Ene

Acompanhando o interesse crescente pela área, o Na Prática promove este ano uma nova edição de sua conferência de carreiras Ene. Trata-se da Conferência Na Prática Empreendedorismo e Tecnologia, que acontecerá no dia 22 de novembro de 2016, em São Paulo, e está com inscrições abertas até 9 de outubro. Ao todo serão 300 selecionados, entre universitários e formados há até três anos. O evento é gratuito.

Iniciativa pioneira no país, a conferência irá conectar jovens profissionais com cerca de vinte startups e grandes empresas do mercado de tecnologia, todos interessados em recrutar novos talentos com esse perfil. “É a primeira iniciativa de recrutamento de startups deste tamanho”, diz Vinícius Estrela, da Fundação Estudar.

Além de ter a oportunidade de fazer networking e interagir com empregadores, que estarão em mesas de bate-papo prontos para recebê-los, os participantes poderão assistir a painéis de conteúdo com líderes do mercado e aprender mais sobre o setor. A palestra de abertura já está confirmada: será de André Street, empresário responsável pela Arpex, pela Stone e pela pagar.me.

“O jovem tem muito interesse por esse mundo e percebemos que as startups têm dificuldade na hora de recrutar, não só por não entenderem o que devem avaliar mas também o que fazer para atrai-lo”, continua Vinícius.

É onde entra a expertise de matching da Fundação Estudar. Como acontece em outras conferências Na Prática, os participantes preenchem um conjunto de testes online – de valores, estilo de trabalho, personalidade e interesses – para mapear seus perfis. Com as informações em mãos, a equipe da organização consegue cruzar dados e identificar as empresas presentes que mais combinam com cada indivíduo.

Os testes também são úteis a médio e longo prazo, já que esclarecem questões importantes. O que você valoriza no âmbito de trabalho, por exemplo? Que tipo de atividades te atraem? Quais são seus valores e que empresas os compartilham? É um conhecimento que permite tomar decisões de carreira mais acertadas e aumentar o nível de satisfação no âmbito profissional.

Além disso, 70 dos jovens selecionados também poderão fazer seu próprio pitch de 2 minutos, contando sua trajetória pessoal e “vendendo o próprio peixe” após afinar as habilidades num workshop preparatório oferecido pela Estudar.

Interessou-se? Inscreva-se até 9 de outubro de 2016!

Conferência Na Prática Empreendedorismo e Tecnologia – Conferência de Carreiras da Fundação Estudar
Data: 22 de novembro de 2016
Horário: Das 8h às 18h
Local: AMCHAM, em São Paulo
Inscrições: até 9 de outubro por aqui

3 hábitos sexistas no ambiente de trabalho (e como combatê-los)

ilustracao de homem interrompendo mulher

Setembro tem sido um mês cheio para Jessica Bennett. A divulgação de seu novo livro, “Feminist Fight Club: An Office Survival Manual (For a Sexist Workplace)”, vai a pleno vapor e já recebeu ótimas críticas. Sheryl Sandberg, COO do Facebook e autora do bestseller “Faça Acontecer”, que se tornou um movimento em prol da liderança feminina, classifica a obra como “hilária e prática, cheia de ferramentas simples para lutar contra o sexismo no mundo do trabalho”.

Nos trechos do livro divulgados pelo Quartz, Bennett fala sobre situações cotidianas enfrentadas pelas mulheres e ensina o que fazer para virar o jogo. Uma das melhores dicas? Seja você mesmo(a) ou apoiador de mulheres. Ao ouvir uma ideia legal de uma colega, torne seu apoio público: meneie a cabeça, concorde em voz alta, bata palmas. Tudo conta. 

Leia também: O dia a dia de uma engenheira no Exército brasileiro

Abaixo, veja algumas das situações citadas pela autora:

Hábito 1: Assumir que a mulher é secretária

Não há nada de errado em trabalhar como secretária, mas é sexista tratar uma mulher como uma quando este não é seu cargo. Homens que perguntam se elas não querem fazer as anotações durante uma reunião ou pedem para pegar café para o cliente, por exemplo, são parte do problema.

O que fazer? Homens: não assumam que a mulher está ali porque é a secretária, ou a tratem como tal quando esse não é seu cargo. Saibam o que ela faz antes disso. Mulheres: pode ser difícil ou parecer rude dizer “não” (até porque muitas vezes o reflexo é já se oferecer para fazer essas tarefas), mas resista. Não se voluntarie.

Hábito 2: Apropriar-se da ideia da mulher

Apresentar ou colher os louros da ideia alheia e não corrigir quando alguém lhe credita algo por engano: tem quem faça isso de propósito. É uma realidade conveniente para um homem, já que historicamente se assume que o dono das ideias é ele.

O que fazer? Mulheres: fale alto, sem medo de usar palavras afirmativas e evite construções como “Mas sugiro que…” e “O que será que aconteceria se…” . Se possível, encontre um “amigo de reunião” (homem ou mulher), que vai ficar atento quando você falar e agir como seu suporte. Também é possível pescar o crédito de volta ao dizer “Obrigada por continuar minha ideia” ou “Isso mesmo, fico feliz que você concorda”. Se a ideia for incrível, a autora sugere manter um dossiê de evidências, resumindo do que se trata e copiando quem você achar necessário no email.

Hábito 3. Interromper a mulher

Pesquisadores que acompanharam reuniões em diversas empresas constataram que, nessas ocasiões, os homens costumam falar mais que mulheres e interrompem os outros com mais frequências – em dobro, caso elas estejam falando. No jargão do feminismo norteamericano, essa tendência maior a interromper sua interlocutora já ganhou até um nome próprio: manterrupting

O que fazer? Mulheres: Diante dessa situação, mantenham seu território dizendo algo como “Não tinha acabado meu ponto, me dê mais um segundo”, garantam seu espaço pessoal à mesa e fiquem próximas de onde as decisões estão realmente sendo tomadas (quanto mais cedo chegar, mais garantia de um bom lugar). Usar a linguagem corporal de forma afirmativa, mantendo sempre contato visual com os demais, também é uma boa ideia. Homens e mulheres: quando virem alguém nessa situação, percebam que podem ir ao seu auxílio interrompendo quem interrompeu e devolvendo a palavra à colega de maneira direta (“Espere, deixe ela terminar”) ou sutil (“Ana, qual é sua opinião? O que você pensa a respeito?”).

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Teste de valores: você sabe o que é mais importante para você?

reflexo de menino no espelho

Valores são um conjunto de crenças pessoais que guiam nossas escolhas e avaliações – e também influenciam nossa satisfação profissional no médio e longo prazo. Nem sempre eles afetam de forma direta as nossas ações, mas quando agimos de acordo com os nossos valores nos sentimos mais felizes e satisfeitos. Quando eles são violados, nos sentimos incompletos e pouco realizados.

Na prática, isso significa que, quando trabalhamos em uma empresa que compartilha nossos valores, ficamos engajados. E vice-versa: caso não haja compatibilidade, o resultado e a satisfação são piores.

O Estudar Na Prática baseou seu teste de valores nas pesquisas do psicólogo social israelense Shalom Schwartz, que estuda o tema há mais de 25 anos. Ele identificou 10 valores universais, presentes em todos os países que analisou. Esses valores ajudam a entender a compatibilidade entre funcionário e empresa, chamada de fit cultural. No fundo, essa é a probabilidade de um candidato estar de acordo com e se adaptar aos principais valores e comportamentos presentes naquela companhia. 

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É muito possível que um profissional já tenha passado pela experiência de ter um fit baixo em alguma organização e não saber exatamente o que estava errado: era a função, as tarefas, a organização ou ele? Um teste de valores ajuda a entender este tipo de situação e evitar que ela aconteça novamente, tornando-se um insumo para que o profissional possa tomar decisões mais bem informadas.

Mas atenção: para que o retrato realmente reflita a realidade, é importante que as respostas sejam francas. Evite enviesar os próprios resultados pensando num “modelo ideal” de perfil ou em como você gostaria de ser. Não há nenhum gabarito escondido e o nível de honestidade das respostas está diretamente ligado à utilidade dos resultados.

Vale lembrar que os testes não compõe uma estrutura definitiva que prevê sua carreira ideal. Para encontrá-la, você deve levar em consideração outros fatores, como autorreflexão, sonhos e aptidões individuais.

 

O próximo sonho grande de Jorge Paulo Lemann

Jorge Paulo Lemann

“Eu não sei viver sem sonho grande”, constata o empresário Jorge Paulo Lemann durante o encontro de comemoração dos 25 anos da Fundação Estudar, organização que ele ajudou a fundar. “Os meus primeiros sonhos grandes eram ser campeão de tênis, pegar as melhores ondas, criar a melhor corretora…”, relembra o empresário.

Fazer grande, de fato, é uma constante em sua trajetória, da criação do lendário Banco Garantia – que se manteve durante anos como a instituição de investimentos mais respeitada da América Latina – à formação da maior cervejaria do mundo, a AB Inbev.

Hoje em dia, no entanto, a ambição de Lemann vai em outra direção. “Hoje o meu sonho grande é melhorar a educação no Brasil e ver um país em que todos têm oportunidades de estudar e de chegar lá. É um sonho grande que quero concretizar nos próximos anos, com a Fundação Lemann e a Fundação Estudar.”

Para mudar o país, ele aposta numa fórmula que deu certo em suas empresas: identificar gente talentosa e dar oportunidade para agirem. “O que foi feito nos nossos negócios pode ser feito no Brasil. Hoje existe muita oportunidade para gente jovem fazer parte da política e da governança do país, e espero que esses jovens introduzam nossos princípios de meritocracia, resultados, empreendedorismo”, explica o empresário. “Uma administração mais pragmática e com bom senso poderia melhorar o Brasil enormemente. Essa é minha grande esperança.”

Leia mais: 2 lições que Lemann queria ter aprendido mais cedo em sua carreira

O papel da Fundação Estudar no sonho grande de Lemann

Em 1991, quando criou a Fundação Estudar junto aos seus sócios Marcel Telles e Beto Sicupira, “a ideia era ajudar uns indivíduos”. Mas o sonho foi ficando grande na medida em que o potencial dessa atuação no campo da educação era percebido pelos executivos. “Depois [a Fundação Estudar] passou a, além de conceder bolsas, transmitir valores e ensinamentos para mais gente, e foi ficando muito maior”, ele conta. Hoje, além do tradicional programa de bolsas, a organização atinge dezenas de milhares de jovens por meio de programas presenciais, e outros milhões em suas iniciativas digitais. “O alcance é muito maior do que eu teria imaginado”.

A vontade do empresário, no entanto, é que a organização ande pelas próprias pernas. “Nosso objetivo sempre foi institucionalizar a Fundação Estudar, que ela funcionasse sem Beto, Marcel e eu. Há alguns anos já estamos afastados do dia a dia, sempre tentando escolher gente boa para tocar a organização”, resume. “Em todos os nossos negócios, o importante foi atrair gente boa e ter um sonho grande”.

Depois de ter algumas das iniciativas empresariais mais bem-sucedidas na história brasileira, sua visão agora é expandir esse modus operandi para além do mundo empresarial. “Minha esperança é que os princípios da Estudar sejam adotados pelo país: meritocracia, pragmatismo, atrair gente boa… E que isso seja combinado com um presidente brasileiro que venha da Fundação Estudar e que chame outras pessoas boas para ajudar.”

‘Nem sempre o sonho grande dá certo’, diz Lemann

“O sonho grande é importante para dar uma direção, mas às vezes o que você imaginou não dá certo”, reconhece o empresário, citando o exemplo do Garantia, que sofreu grandes perdas financeiras com a crise do final dos anos 1990 e acabou sendo vendido ao Credit Suisse. “Eu fundei o banco, trabalhei lá por 27 anos, e a minha ideia era que ele fosse uma instituição permanente, que durasse por muito mais tempo”, conta. “A prova de que um empreendedor é bom não é o volume de dinheiro que ele está ganhando em determinado momento, mas sim se o negócio que ele montou vai sobreviver os próximos 30 ou 50 anos”.

O banco acabou, mas, em sua visão, deixou um legado positivo na cultura empresarial brasileira. E serviu de aprendizado. “O fato de um sonho grande não ter acontecido também me ajudou lá na frente a corrigir o rumo das coisas que estou tentando fazer agora”.

Baixe o Ebook: O Guia de como fazer diferença no setor público

 

Profissional do futuro: como estudar para ter sucesso na carreira

Montagem de cérebro dentro de lâmpada

Estudar constantemente é imprescindível para ser um excelente profissional. Mas apenas frequentar as aulas ou se limitar ao diploma de graduação não são suficientes para se destacar no mercado. O bom aprendizado constitui-se na união entre teoria e prática, que permite ao aluno aproveitar melhor sua formação para construir uma carreira de sucesso.

Adquirir experiências fora da sala de aula e se envolver em atividades extracurriculares são opções para se destacar no mercado de trabalho e encarar seus concorridos processos seletivos. Fazer parte de organizações estudantis, como AIESEC, CHOICE, empresas juniores, Ligas, Enactus e Rotaract, além de render ótimo networking (e amizades para vida toda), permite viver situações próximas àquelas que encontrará no mercado de trabalho e, assim, chegar mais preparado ao primeiro emprego. Você pode saber mais sobre essas possibilidades no nosso ebook O Guia de Como Aproveitar Melhor a Faculdade.

Até mesmo as adversidades comuns da vida de estudante podem torná-lo um profissional mais preparado para conquistar sucesso na carreira. Tudo dependerá da forma como você encara essas vivências. Ter que se virar morando sozinho, lidar com professores muito exigentes ou colegas preguiçosos, estudar para uma prova de última hora são algumas situações que estimulam o desenvolvimento de habilidades pessoais (as chamadas soft skills) que serão um diferencial no mundo corporativo, como explicamos melhor no artigo Contratempos na faculdade ensinam lições importantes para todo o resto da carreira.

Mercado em transformação

Ao mesmo tempo, o próprio mercado de trabalho também está passando por transformações.  Com isso, as exigências que os profissionais precisam corresponder para conseguir as melhores vagas – que já são grandes –  tendem a ficar ainda maiores. No relatório The Future Jobs, o Fórum Econômico Mundial descreveu as previsões para um futuro próximo do mercado de trabalho global.

O período foi chamado de Quarta Revolução Industrial e será marcado pelo impacto da tecnologia em diversos setores da sociedade, inclusive nas relações de trabalho. A principal consequência será um número mais limitado de oportunidades devido a substituições em massa de postos de trabalho atuais por softwares ou inteligência artificial. David Baker, pesquisador e professor da The School of Life, também tem uma visão parecida sobre o assunto. Em entrevista concedida ao Na Prática, ele faz a provocação: e se a sua profissão não existisse amanhã?

Tanto a conclusão do relatório, quanto a visão de Baker revelam-se como um conselho aos jovens profissionais: guiar adequadamente as suas careiras para desenvolver as habilidades técnicas e comportamentais que serão valorizadas neste novo contexto.

Estudar para evoluir

Em um momento de transição, os profissionais que estão entrando no mercado ou construindo a sua carreira devem ficar atentos às transformações econômicas, sociais e de força de trabalho iminentes. Orientados para esses objetivos, também é possível aproveitar melhor o curso de graduação e os estudos extracurriculares.

Para conquistar as melhores vagas, profissionais de todas as áreas devem investir na atualização e aprimoramento de suas competências e conhecimentos. O relatório do Fórum Econômico Mundial denominou esses pontos de reskilling e upskilling, respectivamente. Isso somente comprova que não adianta ficar apenas focado no aprendizado prático.

Segundo o estudo, 65% das crianças que estão hoje no primário exercerão profissões completamente novas quando entrarem no mercado de trabalho. E as suas atribuições serão executadas de maneira diferente na era digital. Isso significa que as ocupações existentes não demorarão muito para se transformarem completamente.

Os profissionais devem compreender quais são os impactos dos avanços da tecnologia em sua área de atuação. Entender o mercado e se manter atualizado sobre as tendências do setor são tarefas para as pessoas que ainda estão escolhendo qual graduação cursar, que estão frequentando as aulas ou que já passaram por essas fases e estão se inserindo no mercado.

No mundo moderno, novos processos e ferramentas surgem a cada instante para complementar o trabalho nas mais diversas áreas. Investir em educação contínua garante a capacitação adequada para dominar novos processos. Por mais completa que seja, a grade curricular da faculdade nem sempre contempla esse tipo de conteúdo e os profissionais precisam buscar essa formação fora da sala de aula.

Assistir palestras ministradas por especialistas de sua área de atuação ou ler livros de referência são maneiras simples de se manter atualizado e agregar novos conhecimentos, sem precisar despender o tempo e energia necessários para um curso de especialização ou pós-graduação.

As mesmas ferramentas que estão provocando essas mudanças no mundo do trabalho também viabilizam recursos para adaptação da sociedade. Exemplos disso são os MOOCs, cursos e aulas das principais universidades do Brasil e do mundo que podem ser acessados gratuitamente (ou a custos baixos) pela internet, por meio de plataformas como Coursera e Khan Academy. Conduzidos por especialistas e pesquisadores de referência em diversos campos do conhecimento, os vídeos oferecem um panorama completo para se manter bem atualizado e evitar atividades obsoletas. Da mesma forma, palestras com grandes especialistas não precisam, necessariamente, custar uma fortuna: muitas delas estão disponíveis de graça no YouTube, em canais como o TED Talks.

Habilidades de um profissional do futuro

O relatório do Fórum Econômico Mundial também antecipou que até 2020, 35% das habilidades que são demandadas na maioria das ocupações vão mudar. As características mais valorizadas pelas empresas neste período serão aquelas mais difíceis de ser realizadas artificialmente: liderança, criatividade, capacidade de realizar análises profundas, visão a longo prazo, entre outras.

O jeito de trabalhar também mudará, e os jovens profissionais devem estar preparados para isso. Home office, trabalho flexível ou sob demanda serão ainda mais frequentes. Expedientes dessa natureza exigirão dos profissionais autogerenciamento, porque deverão se motivar, cobrar, avaliar os resultados e propor soluções para otimizar os processos sozinhos. Desempenhar bem as atividades nestes tempos demandará disciplina e proatividade.  

Outra característica do profissional do futuro é a comunicação múltipla. As empresas de praticamente todos os ramos precisarão cada vez mais de uma equipe que saiba explicar a funcionalidade de produtos inovadores a outras indústrias, governos e clientes. Investir em métodos de autodesenvolvimento, como o coaching, permite trabalhar as características valorizadas pelo mercado de trabalho neste momento de transição.  

Na era da robótica avançada, inteligência artificial e automação do transporte e da aprendizagem, dominar as novas tecnologias fará toda a diferença.  O foco são os softwares de dados, Big Data e armazenamento em nuvem. Os profissionais do futuro devem aprender a utilizar essas ferramentas para extrair insights e outras informações que ajudem na criação de estratégias mais efetivas. Recorrer a cursos específicos e materiais didáticos para conhecer ao máximo esses recursos é uma das tarefas de quem quer construir uma carreira promissora.

Pessoas que sabem analisar dados e o ambiente, inclusive, foram apontadas pelo relatório como as mais disputadas pelas empresas neste contexto profissional. Elas são mais ágeis para identificar problemas e propor soluções. Isso também está relacionado ao bom raciocínio crítico e lógico, que serão ainda mais requisitados nos processos seletivos. O desenvolvimento dessas habilidades pode ser impulsionado por uma formação mais específica e aprofundada, como a pós-graduação ou o MBA.

Adaptabilidade é fundamental

Saber se adaptar às mudanças do mercado de trabalho é o que permitirá aos jovens profissionais construir uma carreira de sucesso neste momento de transição. Mais do que apenas aceitar as mudanças, eles precisam antecipá-las e se preparar para garantir o seu espaço.  Não parar de estudar é uma das melhores formas de lidar com a complexidade e o dinamismo que fazem parte deste momento.

O profissional deve traçar continuamente o futuro de sua carreira. Entender os rumos da profissão que escolheu ajuda a determinar os seus objetivos. Estudar com base nisso não somente o deixará mais preparado para enfrentar os novos desafios, como também ampliará os seus horizontes. Além disso, ao conhecer novos recursos e possibilidades, você se torna mais criativo, o que é fundamental nesta nova era de inovação.

A criação de uma startup por universitários, para universitários

Equipe do Wall Jobs

Em meio a livros, provas e seminários, um dos principais objetivos de quem está na universidade é conquistar uma vaga de estágio – e encontrar uma oportunidade promissora gera tanta ansiedade quanto um TCC. Entretanto, a maior parte dos sites e agências de emprego oferece vagas para os já graduados, o que torna o primeiro emprego para quem está estudando ainda mais difícil.

Esse já foi o dilema de Henrique Calandra, paulista de 27 anos, fundador da Wall Jobs, uma plataforma digital de anúncios de vagas de estágio e gerenciamento de processos seletivos.

Criada em 2015, “por universitários e para universitários”, a startup soluciona duas das principais demandas de quem ainda está estudando: ter acesso a vagas exclusivas e receber orientações para se destacar nas empresas. A Wall Jobs disponibiliza centenas de vagas – atualmente, são quase 600 oportunidades. Ao mesmo tempo, desenvolveu um sistema de recrutamento e seleção de estagiários que humaniza o processo seletivo.

Funciona assim: ao anunciar uma vaga, o gestor de recursos humanos da empresa seleciona filtros, como faculdade, curso, nível de inglês e período de estudo do candidato. O próprio sistema ranqueia os usuários mais adequados para a vaga. Depois, o candidato é avaliado em doze competências, tais como liderança, comunicação e raciocínio analítico. Caso o estudante não seja aprovado, ele recebe um feedback apontando em quais aspectos foi bom e onde deixou a desejar.

Henrique fala dessa etapa: “O estudante fica muito frustrado quando não passa em um processo seletivo e a única resposta que recebe é um e-mail padronizado afirmando que ‘não possui o perfil da vaga’. Já senti essa sensação na pele várias vezes. Queria criar um jeito de deixar o processo mais amigável e transparente”. Para lidar com as suas eventuais deficiências, o estudante encontra na Wall Jobs também anúncios de cursos de aperfeiçoamento.

Com cerca de um ano e meio no mercado, a startup possui números expressivos. São mais de 500 000 estudantes cadastrados, de cerca de 600 universidades. Cerca de 1 200 empresas já usaram o serviço, entre elas Nielsen, Rocket Internet, Danone e IBM. No total, quase 5 000 estagiários já foram contratados por meio da Wall Jobs.

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A fonte de receita  vem de planos pagos pelas empresas. Um anúncio de vaga custa 98 reais. Uma assinatura mensal com anúncios ilimitados sai por 250 reais. Também há um serviço premium, que custa 980 reais por mês e garante à empresa acesso a toda a base de dados da Wall Jobs, além da exposição da marca nos eventos universitários organizados pela startup. A expectativa é atingir 2 milhões de reais em faturamento este ano.

Conforme se solidifica, o negócio gera outros desdobramentos. Recentemente, a Wall Jobs encontrou uma nova utilidade para os dados gerados na plataforma. Por meio das avaliações realizadas nos processos seletivos, a startup está aferindo o nível de aceitação das faculdades pelo mercado. “Comparamos a capacidade dos estudantes com o nível que o mercado exige em cada competência. Dessa forma, a faculdade parceira do Wall Jobs pode buscar melhorias para formar profissionais que satisfaçam as demandas das empresas”, conta Henrique.

Nos próximos meses, a Wall Jobs irá publicar um ranking das universidades que, em média, estão mais alinhadas com o mercado. Atualmente, as quatro mais bem posicionadas são Insper, ESPM, FGV e USP.

Frustrações e inexperiência A startup começou de maneira despretensiosa. Em 2014, Henrique mantinha um grupo no Facebook em que estudantes da ESPM discutiam política. Um dos temas em voga era emprego – e vira e mexe alguém publicava uma vaga para ajudar um colega desempregado. Foi aí que Henrique teve a ideia de criar um mural de empregos para os alunos da ESPM, alimentado pelos próprios usuários. Logo no primeiro dia, o site atingiu 1 000 usuários – e se tornou o mural oficial da faculdade.

Na época, Henrique, que já tinha concluído a graduação em Relações Internacionais e cursava Administração, era estagiário da Biomet 3i, que fabrica implantes dentários, e cuidava do site nas horas vagas. Um dos passos decisivos para o hobbie virar um negócio foi quando a Wall Jobs ganhou uma competição na Feira de Empreendedorismo da ESPM e ingressou a incubadora da instituição, onde foi validada a ideia de criar um sistema de recrutamento e seleção.

Nessa época, quando a Wall Jobs possuía 10 000 usuários de cinco faculdades, a maturidade da startup e de seu fundador foi testada. Às vésperas do carnaval de 2015, Henrique terminara um relacionamento e estava introspectivo. “Do nada, comecei a desenhar todo o site. Em poucos dias, fiz quase tudo. Sentia que aquilo era uma válvula de escape que me deu força criativa”, conta ele.

O segundo revés veio pouco tempo depois. O desenvolver contratado para criar a plataforma – e que já havia recebido o pagamento – entregou apenas 40% do serviço e desapareceu. “Pensei até em desistir tamanha a frustração. Por sorte, encontrei um desenvolvedor muito bom que topou continuar o projeto.”

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Ao longo de quase dois anos, o investimento aplicado na Wall Jobs, cerca de 30 mil reais, veio do próprio Henrique. Embora tenha experimentado um crescimento orgânico, a Wall Jobs sofreu com a desconfiança do mercado devido à inexperiência de sua equipe, que possui idade média de 21 anos. Não ter gestores na área de produto também causou inúmeros retrabalhos na plataforma.

Para amenizar os problemas, Henrique convidou Sergio Pio, ex-diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM, para atuar como chefe de operações na empresa. “Ele é o nosso estagiário sênior”, brinca.

Outra solução foi pedir mentoria para profissionais com vivência na área de tecnologia. Os nomes escolhidos foram Rodrigo Dantas e Luiz Felipe Couto, cofundadores da Vindi, plataforma de gestão de pagamentos recorrentes. “Eles ajudam em decisões estratégicas e novos negócios para Wall Jobs”, afirma Henrique.

Uma das iniciativas mais recentes da Wall Jobs foi desenvolver o Blog do Estagiário, um site de conteúdo sobre carreira que possui 400 000 acessos por mês. Nos últimos meses, 70% dos leads da startup vieram dali.

Para conquistar mais usuários, em breve a Wall Jobs lançará um aplicativo, em que os estudantes poderão receber notificações de novas vagas, convites de eventos e acessar o conteúdo do Blog do Estagiário.

Do lado das empresas, a novidade será um software de gerenciamento de estagiários e outros funcionários já contratados. O sistema integrará dados de folha de pagamento, produtividade e avaliação de desempenho do pessoal. De acordo com Henrique, o software ajudará o departamento de recursos humanos das empresas a ter uma gestão estratégica – e não somente realizar atividades burocráticas de departamento pessoal.

Com o slogan “Trabalhe onde quer, não onde deu”, a Wall Jobs mantém a pegada de empresa de jovens para jovens, vivenciando riscos, sonhos e, porque não, desilusões. Neste caso, a chave para a maturidade pode ser manter sempre o otimismo.

 

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Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Escuta ativa: como e por que se tornar um ótimo ouvinte

Pessoas conversando em sala

Travis Bradberry literalmente escreveu o livro sobre inteligência emocional: trata-se de “Inteligência Emocional 2.0”, bestseller que em março ganhou tradução para o português. Cofundador da TalentSmart, que cria testes e treinamentos sobre o tema para grande parte das 500 maiores companhias do mundo, o autor defende que ouvir atentamente é uma habilidade cada vez mais importante.

Confira abaixo as dicas que ele deu em seu post no LinkedIn, traduzido pelo Na Prática:

Escutar é um pouco como ser inteligente: a maioria das pessoas acha que está acima da média, mesmo que isso seja impossível. E escutar é uma habilidade que você quer dominar: um estudo recente feito pela Universidade George Washington mostrou que escutar pode influenciar a performance de um líder no trabalho em até 40%.

Há tanta falatório acontecendo no trabalho que as oportunidades para escutar são abundantes. Falamos para oferecer feedback, dar instruções e comunicar deadlines. Além das palavras faladas, há informações inestimáveis a serem decifradas através do tom de voz, linguagem corporal e o que não é dito. Em outras palavras, falhar em manter suas orelhas (e olhos) abertos pode te tirar do jogo.

A maioria das pessoas acredita que suas habilidades de escuta estão como deveriam estar, mesmo que não estejam. Um estudo da Universidade Wright State entrevistou mais de 8 mil pessoas em posições diferentes e quase todos se avaliaram como bons ouvintes ou melhores que seus colegas. Sabemos intuitivamente que muitos estão errados.

A escuta eficaz é algo que pode ser aprendido e dominado. Mesmo que você ache que a escuta ativa é difícil e em algumas situações entediante e chato, não significa que não consegue fazer. Você só precisa saber no que trabalhar. E há estratégias diretas que pode seguir para chegar lá:

1. Foco

O maior erro que as pessoas cometem quando se trata de escutar é ter um foco tão grande no que dirão em seguida ou como o que vão dizer será afetado pelo que o outro está falando que falham ao escutar o que está sendo falado. As palavras são claras, mas o significado está perdido. Pode parecer uma sugestão simples, mas focar não é tão fácil quanto parece. Seus pensamentos podem ser incrivelmente dispersantes.

2. Guarde seu telefone

É impossível ouvir bem e monitorar seu telefone ao mesmo tempo. Nada deixa as pessoas mais desanimadas que uma mensagem no meio da conversa ou mesmo uma olhada rápida. Quando você se compromete com uma conversa, foque toda sua energia nessa conversa. Vai descobrir que ficam mais prazeirosas e eficazes quando mergulha nelas.

3. Faça boas perguntas

As pessoas gostam de saber que você está escutando e mesmo um ato simples como uma pergunta para esclarecer algo mostra que você não está apenas ouvindo, mas que se importa com o que está sendo dito. Você vai se surpreender com quanto respeito e apreciação ganha só ao fazer boas perguntas.

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Além de verificar o que ouviu, você deveria fazer perguntas que angariam mais informações. Exemplos de perguntas investigatórias incluem “O que aconteceu depois?” e “Por que ele disse isso?” A chave aqui é se assegurar de que suas questões realmente adicionam à compreensão do que foi dito ao invés de só levar a conversa para outro assunto.

4. Pratique a escuta reflexiva

O psicólogo Carl Rogers cunhou o termo “escuta reflexiva” para descrever a estratégia de escuta que envolve repetir o significado do que está sendo dito para garantir que você interpretou as palavras corretamente. Ao fazer isso, você dá ao locutor a oportunidade de esclarecer o que quis dizer. Quando pratica a escuta reflexiva, você não deve somente repetir as palavras para o locutor. Use suas próprias palavras para mostrar que absorveu a informação.

5. Use linguagem corporal positiva

Tornar-se consciente de seus gestos, expressões e tons de voz (e garantindo que são positivos) atrairá pessoas como se fossem formigas num piquenique. Usar um tom entusiástico, descruzar os braços, manter contato visual e inclinar-se na direção do locutor são todas formas positivas de linguagem corporal empregadas por ótimos ouvintes. Pode fazer toda diferença numa conversa.

6. Não julgue

Se quiser ser um bom ouvinte, precisa manter a mente aberta. Isso faz com que você seja mais acessível e interessante para os outros. Ninguém quer ter uma conversa com alguém que já tem uma opinião formada e não está disposto a ouvir. Manter uma mente aberta é crucial no trabalho, onde acessibilidade significa acesso a novas ideias e ajuda.

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Para eliminar noções preconcebidas e julgamentos, você precisa ver o mundo pelos olhos dos outros. Isso não significa acreditar no que acreditam ou aprovar seus comportamentos: simplesmente significa parar de julgar por tempo suficiente para realmente entender o que estão dizendo.

7. Mantenha a boca fechada

Se você não está checando se entendeu ou fazendo uma pergunta investigatória, não deveria estar falando. Pensar no que você vai falar em seguida não só tira sua atenção do locutor como sequestrar a conversa mostra que você acha que tem algo mais importante para dizer. Isso significa que você não deveria correr com soluções para os problemas do orador.

Querer ajudar os outros faz parte da natureza humana, especialmente quando é alguém de quem você gosta, mas muitos de nós não percebem que, quando corremos com um conselho ou solução, estamos diminuindo o outro. É essencialmente um jeito mais aceitável de dizer: “OK, já sei. Pode parar agora!” O efeito é o mesmo.

8. Junte tudo isso

A vida é corrida e parece que acelera todos os dias. Tentamos fazer milhões de coisas ao mesmo tempo e às vezes dá certo, mas ouvir de maneira ativa e eficaz não é algo que dá para fazer na correria. É algo que requer um esforço consciente.

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Artigo originalmente publicado no LinkedIn e traduzido pelo Na Prática

2 lições que Lemann queria ter aprendido mais cedo em sua carreira

Jorge Paulo Lemann
Jorge Paulo Lemann, em Reunião Anual da Fundação Estudar 2016

O empresário carioca Jorge Paulo Lemann fundou e passou 27 anos da sua carreira no banco Garantia. Olhando para trás, ele lamenta ter demorado para desenvolver uma visão de longo prazo naquela época. “Em uma corretora você está sempre pensando 24 horas para frente. Banco de investimentos também é um negócio de oportunidades do momento. Demorou algum tempo para eu entender que aquele turbilhão é divertido no dia a dia, mas, se você não pensar para onde vai e incutir isso na cultura das pessoas que trabalham com você, não vai chegar muito longe”, diz.

Outra lição que gostaria de ter aprendido antes foi a importância de dar mais atenção às pessoas que compram os seus produtos. “A cultura de uma corretora, no mercado financeiro, não era de agradar o cliente ou dar muita importância para o consumidor. Com o passar dos anos eu aprendi que, se você quiser montar uma coisa maior, não existe a possibilidade de fazer isso sem se preocupar em agradar quem você está servindo”, afirma. “Se tivesse aprendido essas lições um pouco antes, talvez pudesse ter feito mais. Mas… estou sempre aprendendo.”

Assista a vídeo exclusivo com Jorge Paulo Lemann, gravado durante evento de comemoração dos 25 anos da Fundação Estudar, em agosto de 2016:

Leia mais: ‘Aos 26 anos, eu estava falido’, diz Jorge Paulo Lemann

Acertos

Por outro lado, Lemann também comemora seus acertos. Um dos maiores, segundo ele, foi ter se associado a Marcel Telles e Beto Sicupira, ao lado de quem fundou a Estudar, em 1991. Nos vídeos a seguir, ele explica como seleciona seus sócios e quais são seus pontos fortes mais marcantes.

‘Sociedade é como casamento: algo para ir cultivando aos poucos’

“Nosso processo de seleção não é milagroso, não acontece de um dia para o outro. No banco Garantia, sempre aparecia uma porção de gênios que diziam querer trabalhar lá, mas faziam exigências. Eu nunca aceitei isso. Se quiser vir trabalhar, vem. Terá a chance de virar sócio pequeno, depois de aumentar a participação. Esse sempre foi um processo gradual de crescimento. Nunca optei por sociedades repentinas. Sociedade é algo para ir cultivando aos poucos. É como num casamento: você vai namorando, testando… até finalmente decidir virar sócio.”

‘Marcel e Beto são melhores executores do que eu’, diz Lemann

“Sou melhor sonhador do que executor. Tenho sonhos grandes, gosto de pensar grande… Na hora de executar eu corro atrás, sei o que é importante, acompanho o que está sendo feito, mas tive a sorte de ter encontrado Marcel e Beto, meus sócios, que basicamente são melhores executores do que eu. Sem dúvidas funcionou bem. Agora, eu sou o primeiro a reconhecer que ficar sonhando grande não adianta nada. Tem que executar bem. Por isso eu tenho me apoiado muito em outras pessoas que são melhores nisso.”

Leia mais: Tudo o que rolou no encontro de 25 anos da Fundação Estudar

Em cinco anos, Fabrizio Serra criou duas startups de sucesso e conta que não foi fácil

Fabrizio Serra
fabrizio serra startup

Aos 14 anos, Fabrizio Serra construía sites para amigos e familiares enquanto tinha mil ideias de negócios. Quinze anos depois, ainda trabalha com web, mas em proporções bastante diferentes: é fundador de duas startups com modelo de clube de assinaturas, pioneiras no Brasil e que já causam impactos em seus mercados.

A primeira foi a ChefsClub, que dá descontos em restaurantes, lançada em 2011 e que hoje reúne 25 mil assinantes e 1 800 restaurantes em 21 cidades no Brasil – a internacionalização já é discutida. Em junho do ano passado, ele lançou a Moccato, que entrega cápsulas de cafés premium torrados e moídos em até sete dias para os assinantes. Esta empreitada já soma dois mil usuários. “Moccato e ChefsClub ainda têm muito a entregar. São empresas para 100, 200 mil assinantes”, diz Fabrizio.

Os descontos oferecidos pela ChefsClub, de 30% a 50%, só não valem para bebidas e sobremesas. O assinante pode usar o benefício todos os dias, quantas vezes quiser, e o desconto vale para todos da mesa. O modelo de negócio consiste em cobrar pela associação ao clube: 109,90 reais por seis meses, ou 159,90 por um ano.

fabrizio serra chefsclub
Cartão do Chefsclub, entre as primeiras empreitadas de Fabrizio [Reprodução] 

Os restaurantes têm o custo do desconto e podem escolher os dias e horários em que oferecerão os benefícios. “O restaurante continua tendo margem em bebida e sobremesa, e em contrapartida a gente traz exposição e preenche a casa nos horários em que há mesa vazia”, afirma o Fabrizio. Hoje, a startup emprega 35 funcionários e é responsável por até 15% do movimento de alguns restaurantes cadastrados.

Na Moccato, os planos de assinatura vão de 51 a 139,50 reais por mês, dependendo do número de cápsulas incluídas. Há cinco blends diferentes de café, e o mix de cápsulas é escolhido pelo cliente, que pode alterar ou cancelar plano a qualquer momento. O negócio acabou de completar um ano e tem dez funcionários.

Pé no chão Fundador de duas startups de sucesso em menos de cinco anos, Fabrizio é zero deslumbrado com o glamour que costuma rodear a atmosfera de empreendedorismo: “Há uma cultura muito ruim sendo gerada em torno de empreendedores no Brasil. Cria-se uma ilusão péssima de que você vai abrir uma startup e ter sucesso em um ou dois anos.”

Ele segue, dizendo que há muitos empreendedores que ficam o tempo todo postando foto em evento e palestras, mas cujas empresas não operam no positivo e ainda não se provaram. “Isso é ruim para o empreendedor e muito ruim para o investidor, que acaba investindo em um sonho que não existe. Isso tem que ser desmistificado e combatido com empreendedorismo sério.”

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fabrizio serra cafe moccato
Sítio em que são produzidos os grãos de café da Moccato [Reprodução]

Tempero dinamarquês Fabrizio nasceu no Peru, filho de mãe peruana e pai baiano. Veio para o Brasil com um ano e já morou em dez cidades por aqui. Também viveu um ano nos Estados Unidos (fazendo high school), seis meses na Itália (em intercâmbio acadêmico pela faculdade de Economia) e três anos na Dinamarca (para onde foi fazer mestrado em finanças e terminou estudando marketing e empreendedorismo).

Ele acredita que a vivência em diferentes culturas despertou seu olhar para oportunidades de negócio: “Ao ver coisas que existem em um lugar que não existem em outro, você deixa de tomar o mercado como uma verdade imutável e começa a vê-lo como um conjunto de serviços e produtos que são ofertados ali, mas que poderia ser diferente”.

Empreender não estava necessariamente nos planos de Fabrizio, que gostava de seu emprego na mesa de câmbio da cervejaria Carslberg, na Dinamarca. Mas, como espírito empreendedor não descansa, ele logo percebeu uma oportunidade ao testemunhar o início da MenuCard, empresa que inspirou o modelo de negócios da ChefsClub.

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Não havia no Brasil nenhuma empresa com esta proposta. Ele apresentou a ideia aos dinamarqueses Daniel Holm e Morlen Jorgensein. Juntos, elaboraram o modelo de negócios, conseguiram 1,5 milhão de reais de investidores-anjo e, da Dinamarca mesmo, iniciaram as etapas de site e TI. Quando chegou o momento de apresentar a ideia a restaurantes e conseguir os primeiros associados, o brasileiro Guilherme Myssen se juntou ao trio e, em seguida, Fabrizio voltou ao Rio de Janeiro.

A estratégia era lançar a empresa no Rio, com cinco mil associados (que ganharam os cartões) e 100 restaurantes credenciados. Na prática, a ChefsClub começou a operar com pouco mais de 70 restaurantes. “Foi muito difícil encontrar o discurso correto com os estabelecimentos, e essa base é nosso maior ativo”.

Depois de quatro anos de atividades, Fabrizio destaca a cultura em inovação para que o formato continue com fôlego. Ele cita mudanças no aplicativo, como o acréscimo do histórico de restaurantes visitados, e estuda passar a fazer o pagamento e também as reservas pelo app, além de habilitar opiniões de assinantes sobre cada estabelecimento: “Nossa ideia é realmente agregar valor ao restaurante e deixar a experiência do usuário mais rica, para não ser só o desconto”.

O movimento nos restaurantes chamou a atenção de um fundo de investimentos, que em 2015 injetou 3 milhões de reais no negócio (houve mais uma rodada, em 2016, de valor não divulgado), cujo break even está previsto para 2018. O aporte veio com uma gestão profissional e Fabrizio, hoje, faz parte apenas do conselho da startup. Este apoio profissional na ChefsClub abriu caminho, tempo e foco para que ele pudesse criar mais uma empreitada.

fabrizio serra moccato
Cápsulas da Moccato [Reprodução]

E a crise? Dono de uma máquina de expresso, Fabrizio notou que não havia no Brasil entrega recorrente de cápsulas de café – ao mesmo tempo em que as pessoas reclamavam de ter de ir à loja a cada vez que o estoque se esgotava. Também percebeu um novo público, formado pelo próprio hábito de consumir as cápsulas, que descobria e passava a apreciar diferentes notas de café. Estava formada a ideia do negócio, baseado em conveniência e produto de qualidade especial.

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Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Theory of Change: como fazer mudanças (realmente) acontecerem

Seta aponta para a direita

Seja na esfera política, empresarial ou social, toda geração já quis (e acreditou que podia) mudar o mundo. Não é diferente com os jovens de hoje, que – como apontam diversas pesquisas – acreditam que podem fazer a diferença e deixar seu legado no mundo. Basta passar algumas horas em um campus universitário para entender do que estamos falando: organizações como Aiesec, Enactus, Rotaract, CHOICE e até mesmo o Movimento de Empresas Juniores têm todos em comum a mesma ambição de gerar impacto.

O ato de criar mudanças intencionais está no cerne da Teoria da Mudança, ou Theory of Change, que busca dar suporte e estrutura para quem quer causar impacto social. Simultaneamente ferramenta e mindset (ou ‘maneira de pensar’), a teoria é bastante utilizada para analisar eficácia e viabilidade de projetos sociais, tanto por empreendedores (ajudando também a esclarecer seus propósitos), como por quem financia internacionalmente essas iniciativas, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

As teorias de como influenciar uma mudança são variadas, e é principalmente o jeito de pensar o caminho entre ideia e realidade que muda entre elas. Algumas são eficazes em certos setores, outras não preveem a criação de incentivos ruins e há ainda aquelas que se baseiam em conceitos errados ou preconceitos inconscientes – mas todas concordam com o fato de que processos sociais são complexos.

É aqui que entra a Teoria da Mudança com letras maiúsculas, cada vez mais utilizada. A UNICEF, por exemplo, utilizou-a em seu Plano Estratégico 2014-2017, explicando que com ela é possível desenhar metas mais realistas, esclarecer responsabilidades e estabelecer uma compreensão geral, tanto interna quanto externa, sobre as estratégias que devem ser empregadas para atingir objetivos.

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“Será que nossas ações realmente estão nos levando a resolver o problema que queremos? Ou ainda: qual é o problema que queremos resolver e por que queremos resolvê-lo?”, questiona Morgana Krieger, que há quatro anos adapta o conceito para a realidade brasileira na Ink, um negócio social especializado em gestão de projetos sociais e ambientais e que oferece workshops para empreendedores.

“A Teoria da Mudança vai ajudar a mapear processos de forma bastante estratégica através do estabelecimento de metas, que diz para onde se quer caminhar, quando se chegará lá e o que de fato vai ser entregue”, continua. “Além de possibilitar um monitoramento e avaliação mais realistas, baseados em objetivos, também apoia a organização, programa ou projeto a direcionar seu foco de ação e potencializar o aprendizado.”

Como funciona Craig Valters, pesquisador do Overseas Development Institute e autor de diversos textos sobre o assunto, como este paper introdutório de 2015, compara a Teoria da Mudança à bússola: serve para nortear a empreitada, mas não engessa seu caminho.

Morgana explica que são quatro os conceitos relevantes na hora de começar a trabalhar com a teoria:

1. Identificação do contexto de atuação
Seja do projeto, programa ou organização.

2. Estabelecimento do direcionamento da mudança e potencial sequenciamento

Quais são as atividades, resultados, objetivos e impacto esperados?

3. Exploração de suposições e hipóteses
Por que essa sequência de acontecimentos é factível? Quais são os pressupostos por trás dessa proposta?

4. Acesso a evidências
É preciso verificar se as hipóteses são verdadeiras e se o sequenciamento proposto realmente aconteceria.

Cada um deles exige uma base aprofundada, que deve ser composta por uma combinação de informações, análises e processos. Feedback da equipe e de participantes importantes, pesquisas sobre programas ou políticas públicas na área e opiniões de especialistas são alguns exemplos de como obte-la. 

A realidade é complexa e conhecimento é um aspecto crucial. Para desenvolver hipóteses que sejam realistas, é preciso saber como as coisas de fato funcionam – e elas podem mudar a qualquer momento.

Morgana em workshop sobre Teoria da Mudança
[Workshop da Ink sobre Teoria da Mudança / acervo pessoal]

O fluxo constante de informações também legitima a abordagem flexível oferecida pela Teoria da Mudança: quando um empreendedor descobre algo novo que influencia seus objetivos, deve inclui-lo em suas ações e metas. A bússola segue apontando para o norte, mas o jeito de chegar lá pode se transformar.

“Como é uma ferramenta de estratégia e um processo de aprendizado, essa flexibilidade se faz bastante presente: a organização pode buscar as melhores formas de atingir as mudanças previstas, desde que estejam balizadas nos aprendizados anteriores definidos pela própria organização”, fala Morgana.

Princípios Com a base pronta, é possível começar a mapear o terreno. Craig Valter divide a Teoria da Mudança em quatro princípios:

1. Foque no processo de desenvolvimento da teoria
Ele deve ser participativo e baseado em pesquisa. “O importante não é o produto em si – o pacote com a Teoria da Mudança –, mas como se desenvolvem os conceitos e entendimentos por trás dessa teoria”, diz Morgana. Não basta seguir os passos: é preciso que os envolvidos compreendam o que está acontecendo para conseguir utilizar a ferramenta ao máximo e criar uma cadeia de acontecimentos realista, que realmente cause a mudança desejada. Também não adianta fazer um documento e guardar na gaveta: visite-o com frequência para que ele possa seguir evoluindo.

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2. Priorize o aprendizado
O mero ato de implementar uma Teoria de Mudança exige aprofundar conhecimentos, e isso deve ser priorizado – e seguir acontecendo. “As organizações participantes não devem se eximir da busca por esse aprendizado: as oportunidades servirão para aumentar o conhecimento geral e entender como fazer ainda melhor o que fazem e com quem interagem.” Ou seja: sem preguiça!

3. Desenvolva localmente
Quando um projeto ou organização não tem uma Teoria da Mudança pronta, um financiador pode trazer alguém de fora para criá-la quando pensa em investir. É algo a ser evitado. “Ela deve ser construída dentro da organização e seguindo uma vontade própria de compreensão e aprendizado”, resume Morgana. “Pode ser facilitada por uma pessoa externa, mas não deve ser construída por ela.”

4. Pense numa bússola, não num mapa
Para reforçar: a ideia aqui é estabelecer quais mudanças um projeto ou organização quer causar na sociedade e como direcionará seus esforços para fazê-las acontecerem. “Depois que a organização souber o que quer promover, ela pode ter diferentes compreensões de como alcançar essas mudanças e amadurecer ao longo de sua trajetória”, fala ela. “Por isso a Teoria da Mudança serve como direcionamento – onde quero chegar e, a partir disso, refletir sobre as melhores formas – e não como um mapa, que restringe minhas ações a um caminho.”

Teoria da Mudança
[No papel, a Teoria da Mudança pode ter várias aparências]

Com o esquema delineado, é possível também desenvolver indicadores quantitativos ou qualitativos em cada nível da sequência, sejam ações diárias ou grandes metas, tornando o sistema mensurável e objetivo.

Impacto Foi justamente a capacidade de unir diferentes perspectivas e maneiras de pensar que fez com que a Ink passasse a aplicar a teoria em suas capacitações sobre estratégias de impacto no Brasil. “Toda a organização se fortalece ao desenvolver sua Teoria da Mudança porque ela ajuda a descrever em pormenores como essa mudança social acontecerá, independente do foco de trabalho”, fala Morgana.

Ao esclarecer os melhores projetos ou práticas organizacionais, tudo fica mais claro para todos e as ideias podem evoluir. Como exemplo, Morgana cita uma organização que tinha como objetivo tirar pessoas sem casas das ruas através de um processo de acolhimento de dois anos. Depois disso, eles já estariam aptos a retornar ao mercado de trabalho e reatar laços familiares.

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Só que as evidências apontavam em outra direção: a maior parte dos acolhidos voltava para as ruas antes dos dois anos e mesmo quem finalizava sua estadia acabava do lado de fora de novo.

Com a ajuda da Teoria da Mudança, o objetivo – ajudar moradores de rua a saírem das ruas – ganhou outras ações, como uma atividade profissionalizante durante a estadia para facilitar a reinserção no mercado. Além disso, o trabalho durante o acolhimento alimenta um fundo de auxílio financeiro, disponível quando a estadia termina. É algo poderoso, já que muitos saem sem dinheiro para transporte e não conseguem chegar numa entrevista de emprego, por exemplo.

Para o empreendedor, o mais difícil pode ser dar o primeiro passo. “A maior dificuldade é a falta de momentos de reflexão para analisar quais mudanças e transformações a organização ou projeto quer causar ou quando esses momentos acontecem de forma muito subjetiva”, diz Morgana. Vale testar – de cabeça aberta.

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