O conceito de estágio de verão, em que universitários trabalham durante as férias, já é muito difundido nos Estados Unidos – os famosos summer internships, que todo ano levam milhares de jovens a disputar concorridas vagas nas mais variadas empresas, de bancos a startups.
No Brasil, a opção ainda não é tão comum mas vem ganhando cada vez mais adeptos entre jovens e empresas. Seis delas – Ambev, Arpex, BTG Pactual, BRF, Fundação Estudar e Kraft Heinz – participarão em outubro do Sinapse Summer, evento de recrutamento de estagiários de férias de verão organizado pela própria Estudar.
Ao todo serão selecionados 60 jovens para participar do programa. Em 24 de outubro, eles se reunirão em São Paulo com recrutadores das empresas participantes para vender o próprio peixe em pitches de 2 minutos e passar por uma entrevista coletiva. Interessados podem se inscrever até 19/9 pelo site oficial.
Quem conseguir uma vaga trabalhará durante as férias de verão brasileiras, entre dezembro e fevereiro, ou, se estudar no exterior, durante as férias correspondentes. A duração, geralmente entre 8 e 10 semanas, varia entre as empresas.
Como funciona um ‘summer’?
Chamada de summer internship ou summer job, a modalidade pode ser vista como uma porta de entrada para o mercado e oferece a possibilidade experiência profissional precoce– algo especialmente interessante para estudantes de cursos em regime integral, que não podem conciliar trabalho e aulas.
Renata Figueiredo conta que na Ambev, onde é gerente de atração de talentos, até mesmo os calouros são bem vindos (e, nesse caso, as atividades extracurriculares contam muitos pontos na hora da seleção).
“Buscamos idealmente alunos no segundo ou terceiro ano, mas ao mesmo tempo queremos dar oportunidades para quem ainda não consegue fazer estágios”, explica sobre o funcionamento dos estágios de verão na Ambev. “O objetivo é dar acesso mais cedo aos alunos, já que nosso programa de estágio corporativo considera somente quem está há um ano e meio de se formar.”
A estudante de engenharia mecânica Maria Regadas hoje mora na França, onde estuda para obter seu duplo diploma na INSA Lyon e na PUC-Rio. Bolsista da Fundação Estudar, ela foi estagiária de verão na Ambev duas vezes: em 2015, quando estava no quinto período, e em 2016. Para quem está em dúvida sobre passar as férias trabalhando, ela resume: “Só vai!”.
“As férias são os melhores períodos para estagiar, pois você pode focar 100% no seu projeto e deixar um legado que abrirá portas no futuro”, explica. “Além disso, não compromete seu rendimento escolar como quem estagia durante as aulas – o que é relevante para quem pensa em aplicar para bolsas ou programas de intercâmbio. Tenho certeza que se você deixar passar o seu timing, vai se arrepender depois.” No final das contas, trocar uma viagem ou o tempo de descanso por uma experiência profissional pode valer a pena.
Estudante de engenharia de produção da UFSCar, Luca Ricciardi está atualmente na Università Comerciale Luigi Bocconi, em Milão. Começou a buscar um summer no terceiro ano. Era sua primeira busca por um estágio.
“Eu estava louco para entender o que era ter metas, responsabilidades e colocar a mão na massa de fato”, conta. “Quando vi a oportunidade de trabalhar na Fundação Estudar, pensei na quantidade de portas que o trabalho lá poderia me abrir. Também queria conhecer um pouco mais sobre o terceiro setor e uma empresa com valores novos e jeito de trabalho de startup.”
Um bônus, destaca ele, foi poder aproveitar gratuitamente os programas que a Fundação oferece aos jovens, como cursos de formação de liderança e de imersão profissional (a lista completa está disponível online).
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Com um estágio de verão no currículo, o jovem sai na frente na busca por outros estágios e ainda consegue experimentar um número maior de diferentes ambientes de trabalho antes de decidir sua carreira. “Só a vivência na prática pode ajudar, e o summer tem se tornado uma excelente atividade extracurricular na trajetória de um estudante para ajudar no seu amadurecimento e autoconhecimento”, resume Renata.
Estrutura
Seja na empresa em que estiver, o jovem aplica o que aprende em sala de aula e desenvolve cedo suas soft skills, além de ter acesso a figuras de liderança. “São semanas intensas de aprendizado e ao mesmo tempo com a responsabilidade de entregar um projeto com início, meio e fim”, fala Renata. “É preciso gostar de trabalhar em equipe, ser resiliente e muito proativo.”
Luca com seu time na Fundação Estudar [Acervo pessoal]
Alocado na área de relacionamento direto com jovens na Estudar, Luca desenvolveu suas habilidades de comunicação e disciplina. O dia a dia envolvia trabalhar parcerias com organizações estudantis para divulgar os programas da casa em troca de condições exclusivas, como descontos e isenções.
Era uma responsabilidade grande, que envolvia noções de negociação e clareza nas propostas. “Sabíamos que as organizações eram peças-chave para atrair um número grande de jovens e cabia a nós fazer a acontecer”, conta.
“Aprendi a correr atrás de resultados e também como é uma empresa que tem objetivos de crescimento absurdos, em que o coletivo trabalha junto para atingir-los – e ao mesmo tempo como me portar num ambiente de trabalho e ficar próximo de muita gente incrível”, resume.
Em suas duas participações na Ambev, Maria atuou de maneira diversa. “Às vezes digo que fiz estágios de férias em duas empresas diferentes”, brinca. Na primeira vez, trabalhou nas áreas de gente e gestão e fornecedores no Rio de Janeiro, analisando e mapeando a rotina de supervisores para aprimorar a eficiência da produção.
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Na segunda, pediu para testar outra coisa e foi alocada na equipe de marketing de vendas em pleno carnaval carioca. “Ajudei a tocar o carnaval de 2016 com o time da empresa regional e fiquei pessoalmente responsável pelo Sambódromo”, conta. “Foi mais mão na massa: entregar resultado, ir pra rua e interagir com pessoas – colegas de trabalho, clientes e terceirizados.”
Ficou responsável por localizar, transportar e entregar mais de 500 equipamentos de refrigeração no local e recolher tudo três dias depois do fim, sem orçamento próprio ou caminhões previstos para a tarefa. Entre os aprendizados mais marcantes, ela destaca a importância da equipe. “O que levo comigo é o fato de entender que gente é tudo: pessoas são as coisas mais importantes em qualquer organização”, reflete. “Hoje acredito que nada de excelente se constrói sozinho e é preciso se cercar e se manter cercado de pessoas excelentes.”
Gabriella Leite, que está no último ano de engenharia de produção da UFMG, também tem dois summers no currículo. Estava no quarto ano quando decidiu fazer o segundo, na Kraft Heinz. Queria principalmente uma experiência mais intensa que um estágio regular. “Todos os dias tínhamos novos desafios e muita autonomia para implementar novas ideias, com resultados reconhecidos pela meritocracia e isentos de paradigmas de idades e hierarquias”, fala.
Gabriella Leite, que fez summer na Kraft Heinz [Acervo pessoal]
Alocada na área de Melhoria Contínua, ela teve a orientação de um gestor e recebeu problemas que deveria resolver sozinha sobre a redução de perdas de atomatados. “O planejamento e a execução do projeto ficavam por nossa conta, mas tinha alguém disposto a ajudar sempre que necessário”, explica.
De volta à universidade, ela introduziu em seu trabalho de conclusão de curso as lições que trouxe do summer. “Aprender metodologias de resolução de problemas, desenvolver minha comunicação, lidar com pessoas e entender na prática o que é o sentimento de dono de alguma coisa foram pontos que mudaram completamente minha visão”, fala Gabriella. “E ter problemas nem sempre significa algo ruim, uma vez que se está cercado por pessoas facilmente acessíveis e que podem te ajudar nos desafios.”
Benefícios do Sinapse
Enquanto o Sinapse oferece uma estrutura pronta para um potencial estagiário de verão – palco, café e empresas, tudo no mesmo lugar –, Maria precisou improvisar. Acabou demonstrando que tinha a energia necessária: enviou mais de dez emails e chegou a abordar recrutadores no aeroporto antes de conquistar um horário de entrevista com a Ambev.
Para se preparar, organizou seu discurso – “o clássico: principais conquistas, fracassos, aprendizados, arrependimentos, visão do futuro e objetivos pessoais e profissionais”, conta – e estudou a fundo a companhia e seus valores.
É algo tremendamente importante. “Além do currículo, avaliamos o quanto os candidatos nos conhecem com informações que vão além do que está no site: é importante que corram atrás e conversem com pessoas no nosso time e se aproximem da companhia em momentos oportunos, como eventos nas faculdades”, fala Renata.
Foi precisamente o que Gabriella fez: conversou com pessoas que já trabalhavam na Kraft Heinz e em empresas com culturas semelhantes, para entender se eram compatíveis. “Na minha preparação, reflexão e autoconhecimento foram primordiais para saber o tipo de empresa em que eu gostaria de trabalhar”, fala.
Saber o que quer e quais são suas fortalezas e fraquezas é um ponto também destacado por Renata. É um processo contínuo e quem quiser ajuda para começar pode se inscrever no curso de autodesenvolvimento por email do Na Prática, que apresenta ferramentas úteis para a reflexão.
Após demonstrar seu potencial, Maria foi convidada pessoalmente pelo chefe para retornar no verão seguinte. É uma política da casa. “Quem veio e se deu bem deixa portas abertas para voltar”, fala Renata.
Para Luca, é uma situação em que não dá para sair perdendo. “Se souber mais ou menos o que quer, o jovem tem chances grandes de gostar do summer e o trabalho vai se tornar tão ou mais divertido que as férias”, fala. “E caso não goste, melhor que sejam quatro semanas que seis meses ou um ano num estágio infeliz.”
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