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Você pode utilizar a inteligência artificial da IBM (quase) de graça na sua startup

Mike Rhodin da IBM - Foto Jon Simon

Em 2011, ao final da partida de “Jeopardy!”, famoso jogo de trívia da televisão americana, o participante humano escreveu em seu painel, rindo: “Eu dou as boas vindas aos nossos mestres computadores”. Ele estava em segundo lugar, muito atrás de Watson, a inteligência artificial criada pela IBM.

O objetivo da Watson é, basicamente, fornecer respostas certas – mesmo em situações de extrema complexidade e diante de perguntas não-padronizadas. No jogo, o Watson, completamente desconectado da internet, teve que responder perguntas realizadas com todas as nuances da linguagem natural, inclusive trocadilhos, sinônimos e homônimos, gírias e jargões. Respondeu baseado no que tinha aprendido ao longo de quatro anos de interação com humanos e conhecimentos não-estruturados. E, a cada nova interação, a máquina vai ficando cada vez mais inteligente.

Assista ao bate-papo com Rodrigo Kede, presidente da IBM

Mike Rhodin, vice-presidente sênior de Watson Business Development, esteve no Brasil recentemente para discutir as possibilidades da inteligência artificial para empreendedores no CEO Summit 2016, organizado pela Endeavor.

A ideia de uma inteligência artificial surgiu pela primeira vez nos anos 1940, quando John von Neumann, criador da base binária utilizada pelos computadores, previu que um dia eles seriam capazes de responder qualquer coisa sobre qualquer assunto em profundidade.

A IBM assumiu o desafio, considerado impossível por décadas, em e0026. Uniu alguns dos melhores cientistas do mundo numa sala só: “Passávamos pizza por baixo da porta para eles continuarem trabalhando”, brincou Rhodin.

Foi daí que surgiu a ideia de criar um participante de um jogo de perguntas e respostas, algo que poderia atestar que Watson de fato tinha conhecimento sobre tudo. “Você pode assistir como ele vai aprendendo durante a progressão do programa”, falou Rhodin. “Desde então, vimos um aumento maciço de desenvolvimento na área.”

Ferramentas Como as possibilidades de aplicação para inteligência artificial são infinitas e a IBM não conseguiria abarcar todas elas, a empresa decidiu se unir aos empreendedores e, na lógica da economia compartilhada (ou Peers Inc), apostar no poder dos indivíduos para explorar esse potencial de inovação.  

Numa nuvem para desenvolvedores de software, a companhia disponibilizou APIs, testes e modelos de negócios gratuitos ou bastante baratos para uso das massas. Os empreendedores interessados em criar algo envolvendo inteligência artificial podem aproveitar toda a tecnologia desenvolvida pela IBM de maneira gratuita ou por um preço bastante pequeno, e que acompanha a quantidade de “querys” necessárias. A eles, Rhodin avisa: vasculhem a internet, porque não é preciso começar do zero. Há muitas bibliotecas por aí. 

“O primeiro aplicativo vai levar um tempo para ser desenvolvido porque você está ensinando um computador e não programando um sistema, então parte do nível básico”, fala. “Mas seu desenvolvimento é bem direto.”

Ao contrário dos anos investidos no pioneiro Watson, a IBM hoje consegue construir novos aplicativos envolvendo inteligência artificial em meses. E eles estão ficando cada vez mais complexos, envolvendo tom de voz, personalidade do usuário e até contextos visuais, como imagens e vídeos.

Ele lembra que o Bradesco acaba de estrear em mais de 3 mil agências uma aplicação do Watson, que tem uma série de perguntas e respostas sobre transações. “Português brasileiro foi uma das primeiras línguas que ensinamos ao Watson”, disse Rhodin.

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Áreas de negócio Embora já seja empregado em diversas áreas, incluindo análises financeiras, uma das mais interessantes aplicações do sistema até agora tem sido na saúde, mais especificamente no diagnóstico de câncer.

Foram dois anos e meio de treinamento, que incluiu o aprendizado de biologia, química e medicina, até que surgisse o IBM Watson for Oncology. Hoje ativo na Tailândia, Índia e em breve na China, ele é capaz de aprender um novo tipo de câncer em até dois meses. “Isso é escalar a expertise e o conhecimento de um jeito que nunca foi feito antes e torná-los disponível para todos”, resume.

Dessa experiência, Rhodin extraiu uma fórmula de negócios para startups encontrarem mercado para a inteligência artificial: procure uma profissão em que a quantidade de informações é maior que a habilidade que um profissional tem para consumi-la. “Se você achar uma – e toda indústria tem uma –, pode pensar em cases de aplicação interessantes, criar apps pequenos e começar a crescer.” 

“E não há motivo para que um negócio não possa começar aqui no Brasil e expandir globalmente, pois podemos continuar ensinando novos idiomas [à inteligência artificial]”, finalizou. “Estamos no comecinho da revolução da informação.”

A verdade sobre os rankings de MBA

Homem observa com lupa

Depois de 27 anos de experiência como consultor de admissões, cheguei à conclusão de que as diferenças entre os rankings disponíveis são tão grandiosas que os leitores deveriam analisar os critérios de ranqueamento antes de chegar a qualquer conclusão.

No entanto, não é tão fácil quebrar resistências e desafiar hábitos culturais profundamente arraigados, que incluem listas intermináveis ​​de rankings sobre quase todas as questões na Terra. A sociedade moderna consome fortemente listas “Top 10”, e programas de MBA não são exceção.

Respeitáveis publicações ​​como US News & World Report, Business Week-Bloomberg, Financial Times, Poets & Quants, The Economist, Forbes, e QS, investem esforços de pesquisa e recursos consideráveis ​​para desenvolver e publicar rankings anuais (ou bienais, em alguns casos) que supostamente lançam luz sobre a difícil questão “qual MBA”, avaliando grandes programas em todo o mundo e atribuindo-lhes uma classificação que é questionável, para dizer o mínimo.

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Sempre acompanhei de perto estes rankings e encontrei inconsistências, como por exemplo: Stanford GSB é, simultaneamente, avaliada como número 2, 7, 5, 1, 13 , 1, 1, dependendo da revista. O mesmo problema ocorre com Wharton (4, 5, 4, 3, 10, 7, 1), MIT (5, 4, 9, 7, 15, 9, 7), Chicago (2, 2, 8, 4, 1 , 6, 4), Kellogg (5, 3, 11, 6, 7, 3, 6), Columbia (10, 6, 6, 5, 12, 4, 5), e todas as outras escolas contempladas pelas pesquisas. Mesmo Harvard, que apresenta uma dispersão menor, varia entre a posição #1 e #4 entre os diferentes rankings.

Minha compilação abrange todas as escolas listadas como “Top 10” em qualquer um desses 7 rankings – em 2016, um total de 20 escolas pôde gabar-se deste status. Se um candidato decidir ser mais “seletivo” e escolher apenas as “Top 5”, vai encontrar 12 escolas. Mesmo aqueles que estabelecerem a meta de estudar no “melhor programa de MBA do mundo” terão que decidir entre 5 opções: Chicago, Harvard, Insead, Stanford e Wharton.

Rankings, portanto, deveriam ser vistos apenas como uma fonte adicional de informação (e não a principal), desde que os candidatos entendam a metodologia utilizada para construi-los e assim captem o que está sendo medido em cada publicação diferente.

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Por exemplo, o ranking da Business Week-Bloomberg dá um peso grande às entrevistas com os alunos de cada escola, enquanto a US News & World Report coloca mais ênfase em dados concretos, como GMAT, GPA, salários, e assim por diante. The Economist e Financial Times combinam as escolas norte-americanas e européias, colocando respectivamente Chicago Booth (EUA) e Insead (França) como os melhores programas de MBA do mundo.

Outros rankings populares tentam medir diferentes atributos: o MIT é a universidade número 1 no QS World University Rankings; o Babson College tem o melhor MBA com foco em Empreendedorismo no mundo, de acordo com os US News & World Report Specialty Rankings; nesse mesmo ranking por especialidade, Wharton é a primeira em Finanças, Kellogg é a primeira em Marketing, Harvard é a primeira em Administração Geral, Yale é a primeira em Non-Profit, MIT Sloan é a primeira em Supply Chain, Operações e Sistemas de Informação; e Texas-Austin é a primeira em Contabilidade. A lista de rankings é imensa e gera mais confusão do que certezas.

Face a esses argumentos, a maioria das pessoas hesitaria em utilizar tais números incongruentes como a única fonte para a tomada de decisão. Infelizmente, muitos candidatos não fazem uma análise tão racional sobre este assunto, optando por eleger um dos rankings acima como a verdade absoluta – e tomar decisões de impacto duradouro com base em tal ferramenta imprecisa.

Parte do nosso trabalho é revelar os problemas desta abordagem, estimulando os candidatos a usar rankings apenas como um ponto de partida. Mais importante, eles devem aprender o máximo possível sobre cada escola, combinando as ofertas de cursos e a cultura específica de cada escola, com a avaliação das suas próprias metas de carreira, habilidades, necessidades e aspirações. Para avaliar o que chamamos de “fit”, ou alinhamento entre o perfil da escola e do candidato, é muito importante falar com ex-alunos e, sempre que possível, visitar as escolas antes de tomar qualquer decisão.

Espero ter ajudado a esclarecer um pouco sobre o tema em pauta. Boa sorte com suas escolhas!

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Ricardo Betti é colunista do Estudar Fora, onde esse post foi originalmente publicado. Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo, realizou seu MBA pela MIT Sloan School of Management e é International Master Coach, certificado pelo Instituto Behavioral Coaching – Nova York. Sócio Diretor da MBA Empresarial, empresa de consultoria especializada em Recursos Humanos, apoia estudantes brasileiros em seu processo de preparação para o MBA e outros cursos de pós-graduação no exterior. Também é presidente do Conselho Consultivo do MIT & MIT Sloan Alumni Club do Brasil e co-fundador do AIGAC (Association of International Graduate Admissions Consultants).

Brasileiros dão dicas de como conseguir estágio no exterior

Jovem olhando para o mapa

Matheus Tomoto era bolsista do Ciência Sem Fronteiras nos Estados Unidos. Enquanto todos os seus amigos que procuravam estágio foram para as opções “seguras” – ou seja, mais fáceis de conseguir – ele se propôs o desafio de justamente mirar no alto: “Primeiro eu selecionei as 10 melhores faculdades dos Estados Unidos. Depois, procurei pelos laboratórios que tinham a ver com a minha área”, explica ele.

Mais de mil e-mails depois, Matheus foi aceito pela melhor universidade do mundo – o Massachussetts Institute of Technology (MIT).

Já Renan Kuntz, da Universidade de Tulsa, optou por participar das feiras de estudos e trabalho promovidas pelas próprias universidades. “As pessoas levam aquilo muito a sério”, comenta. Em seu ano de calouro na Middlebury College, Marcos Souza engajou-se tanto em um estágio na universidade como em uma empresa criada e gerida por alunos da instituição. “Era muito ampla a faculdade, então tem uma diversidade muito grande de interesses”, justifica.

Leia também: Quer conseguir experiência profissional fora do país? Visite o Jobbatical!

Na playlist abaixo, organizada pelo Estudar Fora, veja as dicas que eles dão sobre como se apresentar, como abordar as empresas e conseguir a tão sonhada experiência de trabalho no exterior.

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Este artigo foi originalmente publicado em Estudar Fora 

Os 10 mandamentos para passar na 2ª fase da OAB

Advogada trabalhando em frente à estátua da justiça

Depois de ter passado na primeira fase do exame de ordem da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), o momento é de reforçar os estudos. A segunda etapa da prova da OAB traz aos candidatos quatro questões discursivas e uma peça profissional para fazer.

As questões são na área que o candidato escolheu no ato da inscrição: direito administrativo, direito civil, direito constitucional, direito empresarial, direito penal, direito do trabalho e direito tributário.

A peça vale cinco pontos e as quatro questões juntas também valem cinco pontos. Para passar, o candidato precisa fazer seis pontos.

Exame.com pediu ao professor João Aguirre, coordenador da série “Vade Mecum” (Editora Método), que desse algumas dicas aos bacharéis para a reta final de preparação e também para o dia da prova. Confira o que ele diz:

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Na hora de estudar

1. Além de estudar a peça, pratique a resolução das questões
“Muitos candidatos ficam tão preocupados com a peça e negligenciam o estudo das questões”, diz Aguirre. Para o especialista, além de estudar as peças, é preciso treinar a resolução de questões.

“Se o candidato zera nas questões ele não passa na prova, assim como se ele zerar na peça. Minha sugestão é que estude questões que já caíram pelo site da OAB. Lá tem o espelho de correção”, indica.

2. Aposte no material mais atualizado
A OAB pode cobrar súmulas dos tribunais que saíram até a publicação do edital. “Podem cair as súmulas publicadas até outubro de 2013”, explica Aguirre.

Por isso, o candidato deve estar bastante atento à atualização do seu material. Uma coleção Vade Mecum de 2013, por exemplo, traz as súmulas até janeiro do ano passado. “Quem optar por este material estará com atraso de um ano em súmulas”, explica Aguirre.

Na opinião dele, vale investir na atualização dos códigos e coleções e tomar muito cuidado com material da internet. “Muitas vezes ele não tem como saber de quando é aquele material”, diz Aguirre.

3. Habitue-se ao material que terá no dia da prova
Estar totalmente familiarizado com o material de consulta para a prova é essencial. “Na prova, o candidato pode apenas usar o código, a legislação seca, sem anotações”, lembra João Aguirre.

O uso do índice remissivo das coleções Vade Mecum e dos códigos é o primeiro passo. “O material é o melhor amigo do candidato na prova, as respostas para questões muitas vezes são achadas em artigos do código”, diz.

4. Faça simulados para treinar o gerenciamento do tempo
“O tempo de prova é exíguo”, lembra João Aguirre. Resolva provas anteriores e fique de olho no relógio. Assim é possível ter a noção de gerenciamento do tempo, fundamental para conseguir fazer a peça e resolver as questões a tempo.

5. Crie condições semelhantes às da prova
Nada de digitar texto. No dia da prova o candidato é obrigado a escrever a mão, portanto deve treinar este tipo de escrita. “As pessoas não têm mais costume de escrever, então também devem tomar cuidado com a letra”, diz Aguirre.

Lembre-se, o examinador não terá toda a disposição do mundo para decifrar o que está escrito, caso esteja ilegível. “Geralmente, circula a palavra que não entendeu, coloca um ponto de interrogação e tira pontos”, diz o especialista.

O tamanho da letra também deve ser observado. “Como previsto no edital, não são aceitas respostas que não estejam dentro dos limites da folha”, diz Aguirre.

6. Descanse na noite anterior
A prova é longa e exige máxima concentração. Por isso, perder horas de sono na véspera pode comprometer o desempenho do candidato mais cansado. “A dica é descansar na noite de sábado para domingo, o candidato pode até dar uma lida em textos, mas não adianta ficar estudando muito nestas horas finais”, recomenda o especialista.

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Na hora da prova

7. Chegue com antecedência ao local de prova
Segundo prevê o edital, os candidatos devem chegar ao local de prova 1h30 antes do início da prova. “Os fiscais vão verificar se o material que o candidato tem está adequado”, diz Aguirre.

Lembre-se o horário oficial é o de Brasília. “Importante se atentar a isso pra não comprometer anos de preparação”, diz Aguirre.

8. Questão fácil? Responda logo
Logo na primeira leitura, pode aparecer uma questão de fácil resposta. A orientação do professor Aguirre é que o candidato já responda, caso considere simples. “Em seguida, ele deve começar a fazer a peça, e depois voltar às outras questões”, sugere.

9. Atente aos termos jurídicos no enunciado da peça
A primeira leitura , geralmente, é assustadora e acompanhada por muitas interrogações. Por isso, Aguirre sugere que o candidato leia o enunciado, respire fundo, tome uma água, e leia mais uma vez. “Nesta segunda leitura, ele deve ir circulando os termos jurídicos que encontra no texto, porque são estas as palavras que ele vai encontrar no índice remissivo”, diz Aguirre.

10. Não deixe nada em branco
Na prova teste só há um alternativa correta, não existe meio termo. “Na prova escrita existem, certo, meio certo, 0,25 ponto. E essa nota quebrada vai fazer toda a diferença na pontuação final”, diz Aguirre.

Não sabe a resposta? Procure termos do enunciado no código, indique artigos, mas não deixe em branco.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Exame.com

O que o médico de Lemann aprendeu sobre sonho grande

leonardo metsavaht

De pior aluno da turma a cientista chefe do próprio instituto, o médico Leonardo Metsavaht sabe uma ou duas coisas sobre obstáculos. Quando a família enfrentou uma crise financeira, por exemplo, acabou perdendo um ano da faculdade por excesso de faltas – e aumentou em cinco vezes a produção de botas do empreedimento que assumiu no processo para ganhar um dinheiro extra. “Não sei se é qualidade ou defeito, mas sou destemido mesmo”, diz.

Hoje, servem como termômetro do seu sucesso não só os pacientes (em seu consultório ele atende esportistas como o tenista Rafael Nadal, o lutador Victor Belfort e a triatleta Fernanda Keller, além do empresário Jorge Paulo Lemann) mas também os seguidos reconhecimentos científicos; foi premiado pela escola de medicina de Harvard durante sua pós-graduação e recebeu o prêmio Michel Pistor, importante distinção em uma de suas especialidades médicas, a mesoterapia.

Leia também: Devo escolher Medicina? Veja as vantagens e desvantagens da carreira!

Nos vídeos a seguir, ele conversa com o Na Prática sobre os desafios de sua carreira, que servem de lição para jovens profissionais da área médica ou de qualquer outra. Assista:

A carreira na medicina

Foi a carreira que motivou sua mudança de Porto Alegre ao Rio de Janeiro, onde hoje mantém o Instituto Brasil de Tecnologias da Saúde (IBTS) e a própria clínica. Especializado em Ortopedia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, passou um período na Harvard Medical School, em 2010. Era o único ortopedista do programa que cursava. “Eu me senti o burrinho da turma”, lembra. Ao final, foi premiado pelos professores.

O amor pela profissão veio da infância. Leonardo fazia visitas ao banco de sangue do pai, também médico, e invadia armários em busca de seringas e frascos coloridos. “Eu dava injeção em lagarta, lesma, caracol… Era determinado”, lembra.

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O mau aluno Os primeiros anos de ensino, no entanto, não foram fáceis. Dono de notas problemáticas, passava horas cumprindo castigos na diretoria e repetiu a oitava série antes de decidir-se por um intercâmbio nos EUA, onde concluiu o ensino médio. A experiência fora, pela qual é grato, também trouxe um problema de ajuste na hora do vestibular e exigiu um ano de cursinho preparatório.

Quando finalmente ingressou na Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), Leonardo pensava em ser cirurgião plástico. Ivo Pitanguy, amigo da família e referência no campo, estava disposto a recebê-lo com uma condição. “Ele disse que eu era bem-vindo na clínica desde que fosse primeiro um grande médico”, conta.

A escolha da especialização

Ao longo dos estudos, Leonardo desencantou-se com a especialização, em que via pouca dedicação às cirurgias reparadoras. Encontrou-se no mestrado em ortopedia, no Rio. “Fiquei muito feliz e a coisa foi fechando”, diz. O talento veio à tona e ele ficou entre os trinta melhores colocados na prova da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Profissionalmente, passou pelo Ambulatório de Cirurgia do Joelho do Hospital da Lagoa e instalou-se de vez na cidade. Entre 1999 e 2009, trabalhou na Santa Casa de Misericórdia do Rio, onde coordenou o curso de Pós-Graduação em Cirurgia Reconstrutiva da Mão e Membro Superior e formou mais de quarenta alunos.

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Conhecido por empregar e estudar técnicas minimamente invasivas – até 2014, era presidente deste departamento na Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação –, foi assim que conquistou a clientela fiel de esportistas e atletas de alta performance. 

O sucesso, explica, veio antes do esperado e deixou-o meio perdido. Apesar de gostar do trabalho, começou a ansiar por fazer mais. “Operei quatro mil pacientes em meu tempo na Santa Casa, mas queria fazer algo maior, atingir milhões de pessoas”, diz.

O aprendizado com Jorge Paulo Lemann

A chave veio em meados de 2007, quando tratou Jorge Paulo Lemann e tornou-se próximo do empresário. A combinação do modus operandi dos dois, cada um bem-sucedido em sua área, fez com que Metsavaht passasse a incorporar no seu dia a dia de médico e pesquisador ferramentas de produtividade que tinham se provado nas empreitadas de Lemann. Assim, levou para suas iniciativas na saúde a famosa cultura de metas, e passou a pensar em ‘sonho grande’. 

O sonho grande

Juntos, os dois planejaram um centro de pesquisas em três linhas – risco de lesão em esportes e de queda em idosos, otimização de medicamentos e estudo de casos raros ou complexos – e criaram o IBTS. “Foquei em tentar inventar alguma coisa e encontrei essa brecha na biomecânica”, conta ele, que ocupa o posto de cientista chefe da instituição e divulga suas pesquisas internacionalmente. Quando pensa no futuro, o médico aposta no desenvolvimento de áreas como análises de movimentos em 3D e biomecânica e sonha com melhorar a qualidade de vida de idosos. 

Ao lado das pesquisas, mantém sua clínica privada ativa em Ipanema. Como sobreviver às custas de ciências é difícil no Brasil, diz, é ela quem acaba sustentando seu lado científico teórico. Ambas as partes vão bem, e Leonardo não está surpreso. “Aprendi com meu pai que a medicina é muito honesta e, se você for medíocre, não vai conseguir ser medíocre por muito tempo”, conclui.

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Conselhos para os jovens

“Decida pelas coisas que você tem prazer”. Esta, para o médico, é uma condição para o sucesso, e vale também para quem está escolhendo a carreira. Cultivar uma veia empreendedora, independente da profissão, e  focar em grandes objetivos também são práticas que ele valoriza.

E se a carreira fosse em qualquer lugar? Tudo que você precisa saber sobre ‘nômades digitais’

Homem de touca mexendo no computador

O portal DRAFT a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é… Nomadismo Digital!

O que acham que é: Extensão do período sabático.

O que realmente é: Nomadismo Digital é um estilo de vida em que pessoas viajam pelo mundo sem abdicar da carreira, já que seus trabalhos podem ser feitos de forma remota, catalisados pelo avanço da tecnologia.

O conceito não é exatamente novo mas é erroneamente confundido com a prática do “período sabático”, em que pessoas dão um tempo de suas carreiras para viajar e trabalhar em outra área (geralmente menos burocrática ou intelectual), em outro país. O Nomadismo Digital não é um trabalho temporário e, sim, uma escolha de vida que concilia a possibilidade de estar em vários lugares ao mesmo tempo em que se trabalha e ganha dinheiro.

Segundo Naiara Oss Emer do Nascimento, Relações Públicas que analisou o desenvolvimento do Nomadismo Digital e sua relação com a comunicação na era da Web 2.0 em seu trabalho final do curso de Comunicação Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Nomadismo Digital é uma forma alternativa de relacionamento com o trabalho e com o mundo na qual desenvolve-se um modelo de trabalho atrelado ao estilo de vida de viajante.

“É importante destacar que a nomenclatura ‘Nômade Digital’ não se refere a ‘mochileiros’ ou pessoas que vivem de empregos tradicionais no exterior, mas sim, àqueles que utilizam a internet como plataforma fundamental de suas atividades de trabalho e base de gerenciamento de seus negócios”, ela diz.

Para a publicitária, blogueira e Nômade Digital Debbie Corrano, o Nomadismo Digital demanda planejamento e seriedade. “Trabalho, entregas, reuniões, tudo isso acontece na vida do Nômade Digital, só que à distância. Levamos para o remoto a carreira e o perfil de profissionais confiáveis que construímos enquanto trabalhávamos em São Paulo e acreditamos na importância disso.”

Ela e o namorado, o publicitário Felipe Pacheco, tornaram-se Nômades Digitais em 2012 e trabalhavam com planejamento digital para agências. Eles contam suas andanças no blog Pequenos Monstros. Agora, o casal está de volta à Berlim, depois dois meses em São Paulo. O próximo destino, em novembro, é a Tailândia, onde ficarão até março de 2017.

Yuvi_working_on_a_beachNômade digital [Yuvipanda]

Quem inventou: Não há um registro oficial. O termo se popularizou depois da publicação do livro Digital Nomad, de Tsugio Makimoto e David Manners.

De acordo com Nascimento, um conceito chamado “teletrabalho” pode ser considerado a origem do Nomadismo Digital, já que foi um dos primeiros a surgir para referenciar o trabalho realizado por meio de tecnologias fora do espaço formal de trabalho. “Com o avanço tecnológico, esse movimento foi tomando forma a partir da evolução dos dispositivos móveis e do acesso às conexões wireless. Some-se a isso a popularização das viagens de longa distância e os efeitos da globalização”, diz.

Quando foi inventado: Digital Nomad foi publicado em 1997. O conceito de “teletrabalho” é de 1999 e surgiu para definir o trabalho feito em casa (home office).

Para que serve: “Para experimentar continuamente novas culturas e realidades sem abdicar da carreira”, diz Corrano. Nascimento conta que entre os benefícios listados por adeptos do Nomadismo Digital estão liberdade, mobilidade, flexibilidade, satisfação, realização pessoal e profissional.

Quem usa: Corrano conta que, inicialmente, a maior parte dos Nômades Digitais trabalhava em profissões que já nasceram para a web, como programação. “Hoje em dia, é possível trabalhar remotamente em diversas áreas, inclusive em tradicionais, como Direito e Psicologia. Muitos profissionais independentes e empreendedores também se beneficiam do Nomadismo Digital, por também terem maior flexibilidade com seus próprios negócios”, diz ela.

Dentre os Nômades Digitais listados no texto 7 ‘digital nomads’ explain how they live, work and travel anywhere in the world, do The Next Web, há uma advogada que agora escreve sobre comida de rua; um jornalista e programador de sites de viagem; um empresário dono de dois e-commerces; uma empresaria que ajuda startups de tech se estabelecerem na Ásia e três blogueiros que escrevem e postam sobre seu próprio lyfestyle para viver.

Efeitos colaterais: Falta de raízes; ansiedade diante da obrigatoriedade de planejamento financeiro, de moradia, etc e a propagação da falsa ideia de que o Nômadimo Digital é “largar tudo para viajar”. “Alguns portais vendem essa ideia, mas é um erro. É preciso muito planejamento, pesquisa e preparação para manter sua profissão em meio a mudanças, novos lugares e escritórios temporários”, diz Corrano.

Nascimento diz que isolamento e solidão diante de novos costumes, idiomas e culturas são efeitos colaterais a se considerar: “Embora o estilo de vida de um nômade digital não inclua fixar raízes em um local fixo, os laços humanos não deixam de ser importantes”.

Quem é contra: Corrano conta que ainda há resistência, por parte de empresas tradicionais, em contratar profissionais que não conhecem pessoalmente. E que também existem, no geral, pessoas que não entendem como alguém pode estar viajando e, ainda assim, ser capaz de cumprir prazos, criar projetos e bater metas. “Isso se dá pela disseminação da ideia errada de que o Nômade Digital é a pessoa ‘abandona tudo para viajar o mundo’, como se não tivesse responsabilidade com a vida profissional real.”

Para saber mais: Leia, na TechCrunch, How the startup world is bringing digital nomadism closer to reality. Publicado em setembro deste ano, lista uma série de startups criadas em função da demanda do estilo de vida nômade — e para facilitá-lo; leia, na Forbes, How To Succeed At Becoming A Digital Nomad, entrevista com Ally Basak Russell, profissional da área de marketing e Nômade Digital. Ela também publicou na Forbes Ten Life Tips For Digital Nomads; o texto The Digital Nomad: A Brief History of Remote Workers, da Highspeed Internet, mostra uma linha do tempo do trabalho remoto que vai de 1973 a 2016, cheia de informações interessantes; leia, no Gizmodo Brasil, Eu, Fernanda Neute, nômade digital. Ou como coloquei meu escritório na praia, texto em que a publicitária e blogueira conta como fez a transição de 13 anos de trabalho convencional para o Nomadismo Digital.

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Veja entrevista com Marcelo Lacerda, um dos maiores empresários de tecnologia do Brasil

marcelo lacerda sentado no sofa fala sobre tecnologia

É difícil descrever brevemente Marcelo Lacerda. Ele tem 56 anos e uma longa trajetória dedicada à tecnologia, ao empreendedorismo especialmente em negócios disruptivos (antes mesmo deles terem esse nome).

Além de muita experiência, de alguns milhões de dólares e tanto de vitórias como derrotas para contar, ele tem o privilégio de observar o ecossistema brasileiro com lentes de quem também enxerga — e investe — lá fora.

Filho de mãe paulista e pai gaúcho, após se formar em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação na UFRGS, integrou a equipe que projetou uma aeronave (paixão perene, hoje ele pilota o próprio helicóptero) na Embraer. Em 1987, com o sócio que o acompanha desde então, Sérgio Pretto, fundou uma empresa pioneira de software de “correio eletrônico”, a Nutec.

No início dos anos 1990, empreendeu o que diz ter sido sua maior aventura: embarcar para os Estados Unidos vislumbrando que a Nutec Corporation prosperasse em Mountain View. Se o Wall Street Journal mais tarde viria a chamar Marcelo Lacerda de “o Bill Gates brasileiro”, como fez, o fato é que o Bill Gates americano e sua Microsoft levaram a melhor na hora de lançar o sistema computacional que dominaria o mercado mundial: o Windows 3.0.

Leia também: Profissionais de TI precisam de muita ‘disposição e curiosidade intelectual’, diz CIO do BTG Pactual

De volta ao Brasil, em 1996, a Nutec lançou um inovador provedor de acesso e o portal de conteúdo ZAZ. Três anos depois, Marcelo venderia, por alguns milhões, o controle da empresa para a Telefónica, que rebatizou o portal de Terra. Ele ficou mais um ano na companhia, morou fora do Brasil e atuou como executivo global em operações estratégicas e delicadas, como numa (inglória) tentativa de conciliar interesses e visões de mundo tão divergentes quanto podem ser as de espanhóis e americanos.

Com Rogério Silberberg e Sérgio Pretto, co-fundou a F.Biz em 2000. Nascida de uma sacada sobre o poder de influência do site Fulano.com, a agência digital se tornaria uma das maiores do país, sendo comprada pela WPP em 2011. Mais alguns milhões na conta, mas nada que esfriasse sua sede de descobrir novas maneiras de empreender.

Em 2008, com a colega de UFRGS Silvia de Jesus e Sérgio Pretto (sempre ele), fundou a Blue Telecom. Atuando no mercado de TV a cabo e banda larga, a empresa comprou diversos micro fornecedores e tornou-se a segunda maior do Brasil, com 150 mil assinantes e uma estrutura gigantesca. Era, porém, muito menor que a líder TVA, com 17 milhões. No ano passado, vendeu a Blue para a Claro.

Quase 3o anos depois, Marcelo segue onde sempre esteve: investindo lá na ponta, na trincheira, em negócios e produtos que sequer conseguimos imaginar. Em sociedade com dois americanos e com os brasileiros Antonio Carlos do Amaral e Rodrigo Teixeira, fundou a Magnopus, que atua com efeitos especiais em Hollywood, em realidade virtual e realidade aumentada.

Marcelo recebeu o Draft em sua ampla e bonita casa, no Morumbi, em São Paulo. Por ali estavam a esposa Adriana Coelho e os filhos Leonardo, 21, e Alexandre, 17. Antes de começar a responder nossas perguntas, no entanto, levou uma boa meia hora perguntando ao Adriano Silva (fundador do portal) absolutamente tudo sobre a operação do Draft. É, não se entrevista um sujeito como ele sem colocar à mesa os códigos do seu próprio software de empreendedor. É assim que se cria o futuro.

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Você viu a internet nascer, morrer, e agora estamos na era dos aplicativos e redes sociais. O que vem depois?

O próximo capítulo, que está bem no início, é esse momento de invasão cognitiva do digital. A gente vai viver um negócio que é o tal do AR, essa realidade aumentada. Nesse momento, vejo tudo que aconteceu como uma preparação para esse momento em que a gente vai ver o mundo amplificado, adquirindo a realidade com os equipamentos sensoriais. Vamos enxergar um mundo novo, ampliado, aumentado.

Logo vai chegar um momento em que não se notará a diferença entre essas realidades. Porque na verdade não tem, né? Tudo é uma tempestade de elétrons sob a qual caminhamos

O que fica, desse momento, é o momento em que a biologia e a tecnologia se fundem e criam esse novo ser humano. Ampliado, amplificado, não sei como chamar, mas é um ser humano diferente.

A fronteira não é mais online e offline, passa a ser, então, a realidade real e a virtual?

Me lembro de um dos primeiros provedores de acesso, a Netcom. Isso em 1991, quando eu morava em Palo Alto [nos EUA]. A internet começou no Brasil em 95, mas desde antes eu falava: isso vai revolucionar o jeito que a gente se comunica. Só que agora, as coisas que estou vendo vão nosrevolucionar! Vamos ser dispositivos biológicos, tecnológicos, andando pelo mundo. Não consigo nem entender o que vai ser.

É outra escala de transformação. A gente está inventando um novo ser humano. Quando você começa a entrar no mundo das partículas, não há diferença uma unha e uma ideia. No nosso projeto novo, a gente desenvolve bastante coisa para o Rift [o óculos de realidade virtual do Facebook]. Já tive a experiência de ficar 30 minutos com o Rift e a verdade é que, depois de algum tempo, aquela passa a ser a sua nova realidade. O cérebro se adapta e começa a viver aquilo. Então, estamos falando de uma mudança de outra ordem de grandeza.

E quem é esse “nós”?

Tem uma firmeca [é assim que Marcelo se refere aos seus empreendimentos] nova. Nunca fiz nada sozinho, mas fiz quatro firmecas: o Terra [a Nutec, que virou ZAZ], a F.Biz, a Blue Telecom, e agora estou em meu quarto projeto, que tem bem a ver com essa conversa. Chama Magnopus e começou há três anos e hoje temos 39 pessoas trabalhando. É uma criação com esses três meninos, quarentões, o Rodrigo Teixeira [brasileiro conhecido em V-Effects], o Ben Grossman e o Alex Hennemg [que ganharam o Oscar de efeitos especiais com A Reinvenção de Hugo Cabret]. A Magnopus fica em Los Angeles, e eu passo uma semana por mês lá.

Você empreende há quase 30 anos. O que mudou no Brasil?

Esse não é o meu momento mais animado com o Brasil. Preciso fazer essa confissão, que é complicada, mas ainda precisamos construir o país. Quem gera riqueza somos nós. Quem gera emprego são os empreendedores. Governo é despesa, backoffice. Olhando em retrospecto, a minha geração toda se deu mal. O Brasil é um país essencialmente contrário aos negócios

Veja a Blue, a tese dela era comprar ativos de cabo, ativos de rede, uni-los e criar um novo produto de telecomunicações. Ficamos oito anos nesse processo. Não tenho do que reclamar, ganhamos dinheiro, mas, do ponto de vista de inovação, não conseguimos implementar o que queríamos. Lá pelas tantas, a gente estava só tentando vencer o final do mês. Isso numa empresa que faturou 230 milhões de reais em 2015, uma empresa de verdade. E você não consegue fazer as coisas.

Leia também: Consultorias de tecnologia representam possibilidade de carreira para os ‘antenados’

Algo melhorou de 1987 para cá?

O que melhorou de fato, no setor de tecnologia, foi o acesso a capital. A Nutec, em 1991, captou talvez o primeiro venture capital brasileiro, 200 mil dólares para fazer a operação nos EUA. Mas lá é diferente. Lá tem o Friday Failure, acho especatular. Sujeito vai lá, conta que perdeu 3 milhões de dólares, todo mundo aplaude. Por quê? Primeiro, porque ele investiu junto, perdeu junto, então é honesto. Depois, porque um país com uma cultura intolerante a falhas mata o empreendedorismo. Falhar faz parte de empreender, aliás, a maioria vai falhar.

No que o mercado brasileiro é específico?

O que tem aqui é a volúpia consumista de comunicação do brasileiro. Uma cultura absurda. No Terra, uma vez visitamos o Orkut e perguntamos a ele a razão do sucesso daquilo no Brasil. Ele foi sincero: não tinha a menor ideia (risos). Essa característica a gente tem. Mas nunca inventamos nada em tecnologia. O grande fracasso da Nutec foi o Image, que era uma interface de relacionamento. Perdemos um monte de dinheiro e de tempo. É um fracasso que até hoje me incomoda.

Como você vê nosso ecossistema empreendedor?

Tenho dificuldade de achar essas comunidades, hoje, no Brasil. A gente não está gerando uma garotadahungry, que quer fazer diferença, que tem ideias e quer realizá-las. Isso nem é o empreendedorismo ainda, é anterior, é a paixão pela tecnologia. Para a tecnologia florescer, é preciso ter uma paixão obsessiva por estruturas que são, antes de tudo, edifícios mentais. Só depois é que você vai materializar. Claro, tem que ter um surplus de capital. E tem que ter um mercado.

O que mais é preciso ter nesse ecossistema?

Durante muitos anos, participei de competição de natação. Sempre fui o pior dos melhores, ou seja, entre os vencedores eu era sempre o perdedor, então minha vida de competição era um suplício (risos). Mas, hoje, vejo os garotos israelenses numa disputa de vida ou morte… E isso leva a níveis de excelência onde começam a surgir barbaridades como um Waze da vida. Isso não surge do nada. Tem todo um ecossistema por baixo, que forma uma cadeia de relacionamento, de competição informal, de surplus de capital, de tudo.

E, nesse caldo de cultura, é preciso uma plataforma de país que seja fácil de lidar. No Brasil, por exemplo, entender a legislação tributária de telecomunicações é impossível, desistam! Como diz um dos fundadores do 3G Capital, o problema do Brasil não é a corrupção, é estatístico. Lá fora é a corrupção é de 3% da receita, aqui é 46% (risos). Não tem como ser eficiente num ambiente desses.

Então, para resumir, temos que reinventar todos esses ambientes. Não faz sentido um país desse tamanho contribuir tão pouco para o mundo. Estamos devendo. Antes de mais nada, para nós mesmos, mas para o mundo também.

Na hora de contratar, qual virtude essencial você busca em um profissional?

Consigo medir a inteligência e a cultura matemática, por exemplo, muito rápido. Todo mundo fala de caráter, mas isso é mais difícil de medir. Nesse momento da minha vida, cheguei a uma estranha conclusão: se você colocar uma pessoa de boa fé num ambiente muito ruim, você acaba contaminando-a, e vice-versa. Então, essencialmente, inteligência e uma coisa tão importante, ou mais, que é força de vontade.

Fale sobre a relação com os sócios. Qual é o segredo para dar certo?

O que tenho feito na minha vida é explorar o talento alheio. Este é o meu grande trabalho. Óbvio que regiamente remunerados, mas essencialmente eu exploro o talento alheio. Então, para mim, não tenho mais nenhuma posição a defender. A esta altura, não tenho nada a provar quando estou na frente de um talento. E sou sempre muito curioso. Se tenho um talento é o de, diante de um grande talento, assumir uma impessoalidade.

A fórmula é deixar o cara trabalhar, crescer, ser feliz?

Se a gente pegar a geração de agora, conheço o Larry (Page) e o Sergey (Brin, fundadores do Google). O Mark (Zuckerberg, do Facebook) eu não conheci pessoalmente. Mas eles não estão nem aí. Parece que superaram isso de autoafirmação, sabe? Esse não estar nem aí, claro, não pode ser confundido com inação. Os projetos precisam ter dono. Se dentro do time uma discussão se polariza, você tem de exercer seu papel. Muitas vezes uma decisão mais rápida é mais importante que uma decisão certa.

Assista bate-papo exclusivo com Rodrigo Kede, que hoje é CEO da IBM para América Latina

Qual é a sua visão sobre mulheres em cargos de comando nas empresas?

As mulheres vão dominar o mundo executivo nos próximos 5 a 15 anos. É estranho, porque a mulher é mais vaidosa, digamos, esteticamente, mas menos vaidosa do ponto de vista profissional. Todas as mulheres com que trabalhei, e são muitas, são super objetivas e muito menos vaidosas que os homens. São mais pragmáticas. Mas, fazendo uma distinção, tenho visto mulheres mais executoras, menos empreendedoras. Os homens continuam inventando mais, tendo algum tipo de criatividade. Mas, como executivas e executoras, as mulheres são imbatíveis.

Como você divide as suas horas do dia? Trabalha até tal horário?

Trabalho o tempo todo. A gente trabalha o tempo todo.

Mas você nunca deixou de andar de snowboard, de viajar com os amigos para surfar. Como faz esse equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional?

Não tem nenhum equilíbrio, é um caos permanente (risos). Eu e a Adri temos um negócio de vida familiar que é muito importante, que preservamos. E, com os amigos, todo ano tem uma surf trip, há mais de 15 anos. É muito gostoso.

Você tem alguma rotina sistemática com saúde, alimentação?

Com exercício sim. Sempre fiz muito esporte e meus filhos surfam comigo. A gente vai muito para o litoral Norte, tenho casa em Maresias (SP) há 20 anos.

Se você tivesse um milhão de dólares (risos) para investir até as 18h de hoje, onde seria e por quê

Petrobras. Porque, para ser até 18h, tem que ser anticíclico, tem que pegar um ativo que pareça desvalorizado, por qualquer aspecto, e algo que você acredite que vá ter uma reversão.

Você já criou empresas, vendeu empresas. Que conselho daria para o cara que está na posição de vender uma startup?

A dica é: venda. Se você tiver um interessado, não deixe ele escapar. Dê um jeito de fechar o negócio.

O poder tende a ser solitário. O que vc faz para evitar o isolamento?

A condição humana é solitária. Eu sou muito solitário. Tem algo que notei nos últimos anos, que numa determinada época algumas pessoas muito próximas a mim me tratavam como se eu tivesse um Master Plan. Estava tudo dando errado e elas achavam que eu sabia exatamente o que fazer pra reverter. Eu não tinha a menor ideia, e admitia isso. Mas, hoje, eu nem digo. Deixa elas pensarem(risos).

O que você considera o maior acerto da sua carreira?

Não ter desistido, mesmo quando todos os indicadores eram de falha. Isso é recursivo.

E o maior erro, algo que você consertaria se pudesse?

No início da década de 1990, a gente tinha desenvolvido uma plataforma gráfica que não tinha nada parecido na época. Pouco depois, o Windows 3.0 mudou o mundo, fez que todo mundo tivesse que ter um computador. Nesses quatro anos, a gente tinha um negócio que podia ter sido o Windows 3.0. Na época da Nutec, foi nosso primeiro produto. Eu fui aos EUA com a missão de fazer esse negócio, por óbvio, vingar. Era tão absurdo o que a gente tinha, que eu não consegui.

Onde você deseja estar daqui 10 anos, fazendo o quê?

Em 2003, quando saí do Terra, me declarei em sabático “for life”, fiz umas contas e resolvi. No entanto, isso durou só quatro anos. Mas não quero fazer nada. Ler meus livros, ler boas matérias. Viajar, talvez.

Como as pessoas vão se lembrar de você?

Tomara que não se lembrem, tem coisa muito mais interessante acontecendo por aí. Não penso em legado. (fica pensativo) O que acho é que é muito difícil criar filhos. Queria que eles me achassem um cara “Thug”, como eles dizem. Esse ano, em janeiro, eu estava em Sunset (no Havaí) com eles. Um dia, o mar estava muito grande para mim. Eu caí, fiquei na zona de impacto, levei muitas ondas na cabeça e demorei muito tempo para voltar ao canal, mesmo estando com colete de flutuação. Quando voltei, estava sem ar, não conseguia nem falar. Lá estavam os meus dois filhos, eles acompanharam tudo. Aí o mais velho (Leonardo) me diz: “Papai, você vai ensebar muito?” (risos). Em seguida o Xande, fala: “Papai, se você achar que está muito grande, sai. Amanhã, quando o mar estiver menor, você volta”. Isso, para mim, é rito de passagem. Ver seus filhos de olho em você, de olho no velho… Isso eu gostaria de legar, não ao mundo, mas aos dois. O legado de que estou tentando, de que estou junto, de que tomo umas vacas mas volto. Voltei com eles para o pico, né?

 

Leia a entrevista completa completa no portal DRAFT, onde o texto foi originalmente publicado

Programa de trainee: como escolher uma empresa que tenha a sua cara?

Jovem escrevendo em caderno

Os candidatos mostram que estão preocupados em conseguir uma posição no mercado de trabalho. Mas o desejo que a grande maioria expressa nos atendimentos de coaching, vai muito além de conquistar uma vaga no mercado, para eles o objetivo é se inserir em grandes empresas, onde possam ter um desenvolvimento profissional e trilhar sua carreira.

Porém, quando pergunto como eles têm feito essas buscas, recebo como resposta: “Tenho me candidatado a algumas oportunidades porque me identifico com o produto, marca ou serviço” ou “é uma empresa que tem um programa de trainee interessante, com treinamentos, job rotation, além de não precisar de experiência”.

A verdade é que esse processo de busca não é tão simples como aparecem nos relatos, senão as empresas não investiriam fortemente em processos de atração e seleção de profissionais. Afinal, o que as empresas sempre buscam são candidatos alinhados ao perfil da empresa e da vaga.

Entretanto, nas reuniões de consultoria e coaching, eu recebo alguns questionamentos. “Não entendo o perfil que as empresas estão buscando” ou ainda “Não sei como avaliar se o perfil dessa empresa é aderente ao meu perfil”. Para identificá-lo, falaremos um pouco de cultura organizacional, que é o fator mais importante para saber se um candidato está alinhado ou não à vaga de trainee.

Leia também: Confira os programas abertos de estágio e trainee

O perfil da vaga importa? Sim, ele é importante. Mas antes de ser inserido nela, você primeiramente faz parte de algo maior, que é a organização (empresa) que contém uma série de características e dentro desta você ocupa uma função. Portanto, quando falamos de cultura, abordamos as características necessárias que é preciso ter para fazer parte de uma empresa.

Afinal, o que é a cultura organizacional de uma empresa? A cultura é a forma/modelo como a organização funciona. Ou seja, são “as regras” que conduzem seu jeito de funcionar e seu estilo de ser. A cultura é formada por um conjunto de elementos:

– Missão, visão e propósito

– Valores organizacionais

– Vestimenta (formal, casual ou sem dress code específico)

– Estrutura física (ambiente separado por salas ou aberto; estação de trabalho fixa  ou remota)

– Jornada de trabalho (permite ou não ter horário flexível ou home office)

– Modelo de tomada de decisão (se tende a ser uma estrutura mais rígida, em que decisões vêm do cargo mais alto para os cargos menores, ou horizontalizada, em que as decisões não são tomadas exclusivamente pela liderança e há mais autonomia)

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Outro fator importante que define uma cultura é se ela está mais voltada para pessoas ou para resultados no cotidiano. Empresas com foco em pessoas tendem a propiciar um ambiente mais acolhedor, flexível e de trabalho em equipe. O colaborador é visto como parceiro do negócio e geralmente possuem uma estrutura bem definida, vendo as pessoas como o meio que levará a empresa a alcançar os resultados.

Empresas com perfil de resultado demonstram menor preocupação com colaboradores, pois promovem demandas desafiadoras por resultados e competição interna, foco nas metas, superação dos objetivos e nas tendências do futuro e valorizam mais o indivíduo do que a integração.

Agora que você já sabe que cada empresa tem uma cultura, analise seu perfil e veja com quais empresas você mais se conecta!

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Texto originalmente publicado no portal Seja Trainee 

Quais as possibilidades de atuação para jovens economistas?

Moedas e canetas

Bacharel, mestre e doutor em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade Getulio Vargas e Universidade de Chicago, respectivamente, Marcelo Moura sabe bastante sobre a profissão que escolheu.

São cerca de vinte anos de experiência que o levaram a ser consultor na McKinsey e professor associado do Insper, fundar sua própria consultoria (a Moura Madalozzo) e, atualmente, trabalhar como Chief Financial Officer (CFO) da Mitsui Alimentos.

“No curto prazo está tudo um pouco ruim, mas no longo prazo há coisas que sempre estarão em demanda”, diz ele, que pertence à rede Líderes Estudar, sobre as ofertas profissionais para economistas. “A economia é uma disciplina que te abre muita possibilidades – mais até que outras profissões mais tradicionais, como direito e medicina.”

A maior vantagem, segundo Marcelo, é a ponte entre ciências humanas e exatas que faz a economia. Não basta saber interpretar dados, é preciso entender também o comportamento humano por trás deles – e isso não é todo mundo que consegue, mas é o que um número cada vez maior de empregadores quer saber.

mouraMarcelo Moura [MouraMadalozzo]

Para ele, jovens economistas podem escolher entre três grandes áreas de atuação: o setor privado, o público e o meio acadêmico, “Hoje é comum enxergar principalmente mercado financeiro e depois o setor público, mas tem muito mais que isso”, resume.

Uma necessidade comum entre todas as áreas, no entanto, é a especialização. Seja no departamento de pesquisa econômica em um grande banco ou em uma universidade, é comum que o mercado peça ou exija pelo menos uma pós-graduação.

“Na academia e no setor público, um mestrado e idealmente um doutorado são condição sine qua non – mestrado para economistas é quase como uma residência para os médicos”, fala. No setor privado, dependendo de sua área de atuação, um mestrado ou MBA também podem ser exigidos para crescer. O que não significa que obtê-los precisa ser apenas um selinho no currículo: ”Transitar pela academia é bom para aumentar sua caixa de ferramentas.”

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Segundo Marcelo, o perfil da pessoa e seu nível de autoconhecimento conta bastante na hora de escolher a melhor trilha.

Quem tiver maior curiosidade intelectual e vontade de se aprofundar num assunto, por exemplo, pode cogitar o meio acadêmico, órgãos públicos como o Banco Central e o IPEA ou as áreas de pesquisa dos bancos. Aqueles que preferirem atuar com gestão de pessoas, metas e resultados podem se dar melhor no departamento financeiro das organizações.

O que não significa que a transição entre elas é indesejada ou mesmo difícil. “O que você faz na academia é muito útil nas empresas e saber trabalhar com dados e econometria é cada vez mais importante”, fala. “Isso torna a transição entre áreas mais fácil hoje do que era há 20 ou 30 anos.”

Economistas no setor privado

Aqui, um economista atua com frequência em diversas partes do mercado financeiro – seja na mesa de tesouraria, elaborando produtos para clientes ou como trader ou analista de buy side ou sell side. Quem quer trabalhar com análise econômica – e pensar em cenários macroeconômicos e fatores como mercado de trabalho, taxa de desemprego e juros – pode pesquisar as áreas de pesquisa econômica de um grande banco, cada vez maiores e mais poderosas devido ao avanço de softwares de análise.

Leia também: As possibilidades de carreira para um analista financeiro

Não é só de mercado financeiro que é feito o setor privado. É possível trabalhar na parte financeira de uma empresa, que abrange gestão de finanças, planejamento e contabilidade. “É um setor muito grande porque nenhuma empresa funciona sem a área financeira e, quando maior for a empresa, mais importante essa área será”, resume Marcelo.

O que pede É preciso estar cada vez mais confortável com softwares de estatística e aprofundar seus conhecimentos sobre econometria. Na área de finanças, atente também à necessidade de fazer especializações, mestrados, MBAs e obter certificados.

Tendências Marcelo, que é CFO, lembra que o escopo de seu trabalho acaba envolvendo várias outras partes da empresa, como tecnologia de informação, administrativa e jurídica. “Ele é quase um braço direito do CEO e a tendência dos últimos 10 anos é englobar mais de outras áreas.”

Veja o economista Eduardo Giannetti falar sobre o papel do mercado financeiro na economia:

Economistas na academia

A flexibilidade de tempo e tema é o primeiro destaque para Marcelo. “Não tem um chefe para quem se reportar: é um dia a dia intenso, mas está mais sob seu controle.” Muitas vezes o professor e/ou pesquisador consegue combinar as carreiras acadêmica e de consultor.

“Nos EUA, há muito economista sendo contratado pelo Facebook, Google, booking.com – eles começam usando modelos econométricos para saber qual é o perfil do consumidor”, fala, citando um tipo de consultoria. “A diferença de um estatístico para um economista é que este trabalha muito para entender as motivações e o modo de pensar das pessoas.”

No Insper, onde foi professor, Marcelo observou alunos pesquisando temas como a preferência dos pais por filhos mais velhos e a probabilidade de uma pessoa querer se aposentar num futuro próximo. “Você aplica modelos matemáticos que explicam as situações do dia a dia”, resume.

Outro exemplo de economistas na academia é a carreira de Priscila Fernandes Ribeiro, professora de Econometria na mesma instituição.

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Ela conta que, desde que começou seus estudos, a demanda por conhecimentos da área cresceu substancialmente. Ou seja, mesmo que você não se dedique integralmente à academia, passar um tempo estudando temas mais a fundo ao lado de economistas pesquisadores pode ser uma ótima ideia.

“As instituições estão muito preocupadas em medir de forma correta os impactos das políticas adotadas, em elaborar estratégias e fazer previsões”, explica. “A concorrência é muito acirrada em alguns setores, então esse conhecimento especifico é muito demandado – principalmente se a pessoa que conhece as técnicas também saiba traduzi-las para o dia a dia da empresa, já que nem todos vão saber ler um resultado.”


O que pede: É preciso ter tempo para, além de lecionar, fazer pesquisas e publicar artigos.

Tendências: O destaque é a famosa big data, que se refere a volumes de dados tão grandes que exigem técnicas tecnológicas para serem analisados. “É algo em que vejo muito futuro para um economista com sólido conhecimento de econometria, não só na academia mas em tudo.”

Veja abaixo o que motivou Claudio Haddad, presidente do Insper, a construir a faculdade:

Economistas no setor público

Um economista no setor público pode trabalhar no Banco Central e atuar diretamente em diversos projetos e em decisões que baixam ou aumentam a taxa básica de juros, por exemplo.

Além do Banco Central, Marcelo destaca o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “O ritmo no setor público é um pouco diferente e depende de você, mas tem gosto para tudo”, fala.

E as possibilidades vão muito além. Munido de visão macroeconômica e capacidade de analisar dados e estatísticas, um economista é muito bem vindo no governo, seja ele federal, estadual ou municipal.

O que pede: “Você tem que lidar com diversas variáveis econômicas ao mesmo tempo. Antes isso era feito estatisticamente, mas agora os modelos estão modelando a racionalidade dos agentes”, empolga-se Marcelo. Ou seja, é preciso saber cada vez mais e também estar atento às novas tecnologias de análise de dados.

Tendências: “Bancos centrais do mundo inteiro estão cada vez mais com áreas econômicas dinâmicas”, resume. Ou seja, muitas capacidades e conhecimentos podem ser exigidos ao mesmo tempo, além de colaboração e interação entre áreas. “É um ambiente de trabalho muito legal e desafiador intelectualmente.”

Abaixo, Armínio Fraga fala sobre seu tempo como presidente do Banco Central:

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4 dicas vindas do teatro para quem quer se apresentar em público

Teatro vazio

Desenvolver a capacidade de falar em público não vem a calhar apenas quando se está no palco para uma TED Talk. É algo útil no dia a dia para expor seu ponto de vista em público, seja no trabalho, na universidade ou em qualquer outro lugar.

O Na Prática recentemente publicou 12 formas de aprimorar suas habilidades nesse campo para transmitir suas informações de maneira mais eficaz. Agora as dicas vêm do Teatrês Teatro Coach, onde Mauro Henrique Toledo e Alzira Andrade, que também mantêm o blog Quero Falar em Público, apostam no domínio do corpo e em técnicas teatrais para transformar a comunicação.

 

Leia também: 12 técnicas sobre como se apresentar em público

 

Para a dupla de coaches, compreender o que está dando errado é o primeiro passo para se preparar e sair do loop negativo. Confira abaixo algumas das lições apresentadas por eles:

1. Saiba que as reações negativas têm motivo
É difícil achar alguém que não se identifique: no meio do discurso, dá um branco. Que palavra era aquela? Do que você estava falando mesmo? Isso pode desencadear uma série de reações físicas negativas, como nervosismo, ansiedade, ruborização e taquicardia. Humilhada, a pessoa dispara a falar ou trava. Quer acabar com aquilo o mais rápido possível.

Esse tipo de experiência negativa é marcante e pode vir a acontecer de novo, criando um medo da situação em si. “Pensar sobre o medo fortalece o medo”, diz Alzira, e “afirmá-lo reforça o caminho neural, viciando as reações do corpo.” Saber que você tem o poder de controlar seu corpo fisicamente desenvolve seu potencial de comunicação.

2. Pratique o empoderamento
Uma das maneiras de se sentir no controle é um exercício de empoderamento. A dupla sugere que você pense num momento em que agiu com coragem e prontidão. Não pense nas consequências boas ou ruins daquele ato, apenas escreva como se sentiu. A energia contida naquela lembrança pode se tornar um estado de ânimo poderoso, que você pode utilizar a seu favor e trocar as reações negativas pelas positivas. “Valorize suas experiências positivas”, dizem os coaches.

3. Lembre-se que a plateia não é um tigre
O sistema nervoso guarda em si uma reação chamada “fight or flight”, ou luta ou fuga. Foi gravada há milhões de anos e serve para identificar perigos rapidamente, para que decisões de vida ou morte sejam tomadas depressa. Quando ativada, a reação causa taquicardia, estresse, boca seca. A dupla utiliza um encontro com um tigre como exemplo: é algo muito perigoso e que desencadeia, de maneira justificada, essa manifestação física.

Quando se trata de falar em público, saber que essa reação não passa de um perigo imaginário é fundamental. Para se acalmar, Mauro recomenda uma técnica de respiração chamada 535: solte os ombros, respire focando no diafragma por cinco tempos, segure por outros três e solte por cinco tempos. Repita algumas vezes. O efeito é impressionante.

 

O que é liderança e por que ela é tão importante para uma carreira?

 

4. Seja empático
Outro conselho comum por aí é que a plateia está ali para ser conquistada, vencida… derrotada. Não é verdade. Pensar assim também resulta em estresse, ansiedade e tensão. Aja da maneira aposta: identifique-se com a plateia e seja empático. Coloque-se no lugar dela, saiba seu perfil geral e pratique a generosidade ao expor suas ideias, compreendendo quem são as pessoas e as auxiliando com informações na hora certa.

Se tiver dificuldades para entender exatamente como agir com empatia, eles sugerem um exercício sobre o oposto. Pense numa pessoa apática que você conhece – alguém desanimado, sem energia e que não demonstra desenvolvimento. Descreva todas as suas características e reflita sobre as vezes em que você também esteve assim. O que colheu? O que essa apatia criou? Desinteresse? Ressentimento? É justamente o que cria um orador apático.

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Barack Obama critica preferência de engenheiros por carreira no mercado financeiro

barack obama seduzindo

Quando o fim se aproxima, é costumeiro que presidentes de qualquer país comecem a passar a limpo seus trabalhos através de livros, entrevistas, pronunciamentos e ensaios. É parte da solidificação de um legado, aquilo que está sendo deixado para futuras gerações e que vai ser sempre associado a seus nomes. Não é diferente com o presidente dos EUA Barack Obama, que deixa a Casa Branca em janeiro de 2017 após oito anos de serviço.

Ele escolheu a edição mais recente da revista britânica “The Economist” para publicar um ensaio, “The way ahead”, sobre o que vê como os maiores desafios econômicos americanos a serem enfrentados por seus sucessores.

Falando sobre os medos que alimentam os discursos da contenciosa eleição em seu país, Obama diz que existem algumas preocupações econômicas legítimas por trás deles – e uma delas tem a ver com o mercado financeiro e o crescimento da concentração de renda.

“Demais potenciais físicos e engenheiros passam suas carreiras mudando dinheiro de lugar no setor financeiro ao invés de aplicar seus talentos para inovar na economia real [ligada à produção de bens e serviços]”, escreve ele, referindo-se aos funcionários de bancos de investimentos. (Em 2009, uma física que atuava como quant, jargão para analista quantitativa, estimou que tinha pelo menos mil colegas trabalhando em Wall Street.)

Se, por um lado, o mercado financeiro representa uma carreira atrativa para muitos profissionais (com seus retornos bem acima da média, carreira acelerada e altamente meritocrática), também é um setor que costuma valorizar muito os egressos e egressas de cursos de engenharia – dotados em grande parte de pensamento lógico, objetividade e visão analítica.

Leia também: Por que Barack Obama quer trabalhar no Vale do Silício

Para Obama, o capitalismo é uma força que pode ser usada para o bem, desde que os tomadores de decisão estejam comprometidos com a ideia de tornar a economia global melhor para todas as pessoas, não só aquelas no topo. “Um mundo em que 1% da humanidade controla tanta riqueza quanto os outros 99% nunca será estável”, escreve. “Expectativas sobem mais depressa do que os governos podem atendê-las e uma sensação penetrante de injustiça debilita a fé das pessoas no sistema.”

Leia abaixo um trecho do ensaio em que Obama fala mais sobre concentração de renda e alfineta os famosos bônus de executivos do mercado financeiro, em tradução realizada pelo Na Prática:

Em 1979, o top 1% das famílias americanas recebia 7% de renda pós-impostos. Em 2007, essa parcela tinha mais que dobrado para 17%. Isso desafia a essência de quem os americanos são como pessoas. Não temos inveja do sucesso, aspiramos a ele e admiramos quem o conquista. Na verdade, nós frequentemente aceitamos mais desigualdade que muitas outras nações porque estamos convencidos de que, com trabalho duro, podemos melhorar nossas próprias posições e ver nossos filhos conseguirem ainda mais.

Como disse Abraham Lincoln: “Embora não estejamos propondo qualquer guerra contra o capital, queremos permitir que o homem mais humilde tenha uma chance igual de enriquecer como todos os outros”. Esse é o problema com a desigualdade crescente – ela diminui a mobilidade ascendente. Torna os degraus mais baixos e mais altos da escada ‘mais grudentos’ – torna a subida difícil e perder seu lugar no topo difícil.

Economistas listaram muitas causas para o aumento da desigualdade: tecnologia, educação, globalização, sindicatos em decadência e um salário mínimo em queda. Há algo em todas essas coisas e progredimos em todos esses fronts. Mas acredito que mudanças na cultura e nos valores também tiveram um grande papel. No passado, diferenças de salário entre executivos corporativos e seus trabalhadores eram limitados por um grau maior de interações sociais entre funcionários de todos os níveis – na igreja, na escola das crianças, em organizações civis. É por isso que CEOs levavam cerca de 20 ou 30 vezes mais que seus trabalhadores médios. A redução ou eliminação desse fator limitante é uma das razões pelas quais um CEO hoje ganha 250 vezes mais.

Leia o ensaio completo, em inglês, no site da “The Economist“.

Fomos investigar qual o perfil de jovem que as startups buscam – veja o resultado

Equipe de startup conversa em espaço de coworking

O crescimento no número de startups no Brasil proporciona maior número de vagas disponíveis para quem quer se aventurar nessa área. Não é raro ver na timeline do Facebook algum amigo compartilhando links de processos seletivos, ou até mesmo surgirem oportunidades no acompanhamento de determinada empresa no LinkedIn.

Se você está em busca de um emprego em uma startup ou empresa de tecnologia, outra boa opção é participar da Ene Empreendedorismo e Tecnologia, conferência de carreiras gratuita organizada pelo Na Prática e Fundação Estudar – as inscrições estão abertas e podem ser realizadas por aqui.  

Seja qual for o caso, duas perguntas que muitos se fazem são: quem são os jovens que as startups estão procurando e como posso me destacar nesses processos seletivos?

Se para as empresas convencionais as respostas para essas questões já estão mais sólidas e no imaginário dos empregados, no cenário das startups elas são mais difíceis de serem formuladas. Isso porque trata-se de um modelo de negócio recente no país, com diversas variáveis envolvidas.

Durante o Imersão Empreendedorismo realizado em Belo Horizonte, alguns empreendedores que fundaram suas startups de sucesso deram pistas para os jovens que pretendem uma colocação nessas empresas.  “Vejo talentos que conseguem ter cabeça aberta para coisas novas e empreender sozinhos.  Outro dia contratei um cara para a Samba e não sabia o que ele iria fazer inicialmente, mas gostei tanto do perfil dele que não podia deixar ele ir para outra empresa. Não quero ninguém expert em uma só área, fazemos coisas disruptivas. Prefiro alguém que saiba aprender e se adaptar àqueles mega especialistas que não conseguem acompanhar as evoluções”, revela Gustavo Caetano, da SambaTech (empresa que oferece soluções na área de vídeos pela internet).

Já Ofli Campos, um dos sócios-fundadores da Méliuz (empresa pioneira de cashback em compras virtuais), gosta de histórias de vida diferentes, que podem não parecer relevantes em um primeiro olhar.  “Ter um time em sintonia é fundamental para se chegar aos resultados. Se o time é bom, fica mais fácil mudar os rumos e até desenvolver novos produtos. Procuramos histórias diferentes e até bizarras na hora de contratar. Queremos pessoas com vontade de mudar o mundo, que sonham alto e não têm medo de arriscar”, afirma.

Leia também: O lado bom e o lado ruim de trabalhar em uma startup

Dicas para os processos seletivos Para tentar entender melhor a dinâmica de contratações de uma startup, conversamos com um dos responsáveis por recrutar os talentos na Méliuz. O diretor de operações Lucas Marques, ex-trainee da Ambev, nos ajudou com algumas dicas importantes para quem almeja uma vaga em uma startup. “Os processos seletivos nas startups são muito diferentes, elas procuram colocar sua cultura até nisso. Portanto, é importante pesquisar as etapas da startup que você pretende entrar”, aconselha.

1. Frequente eventos de empreendedorismo: Antes mesmo de se candidatar a uma vaga em uma startup, participe de eventos e demonstre interesse pelo assunto. Além de aprender muito, logo você poderá conhecer as pessoas que vão te entrevistar posteriormente. “Isso mostra vontade e curiosidade do candidato. É como alguém que quer começar a namorar e vai para a balada antes para dar o primeiro passo”, brinca Lucas Marques.

2. Demonstre conhecimento sobre a empresa e os serviçosSe você pretende trabalhar em uma startup, deve saber sua área de atuação e quais são os serviços e produtos oferecidos. “Se a startup tiver um aplicativo ou um site, o candidato deve tentar usar o produto e entender bem como ele funciona”, ressalta Lucas Marques.

3. Saiba que experiências pessoais contam muito: Talvez contam tanto quanto cursos renomados e diplomas. São muitos os autodidatas nas startups, que executam muito bem. “Na Meliuz sempre pedimos para o candidato contar sua história, conquistas, sonhos e fracassos. No caso da startup não pedir, ao invés de colocar no currículo, eu enviaria uma carta de apresentação junto com o CV”, recomenda o especialista.

4. Tome cuidado com o tema remuneração: As startups procuram funcionários que se identifiquem com a cultura da empresa e que irão trabalhar com prazer. Portanto, o assunto remuneração deve ser trabalhado com muito cuidado em uma entrevista, de preferência no final da conversa. “No caso da Meliuz, costumamos falar disso depois da aprovação do candidato. Um candidato que tem como prioridade remuneração, não deveria ter como prioridade startups (risos)”, avalia Marques.

5. Entenda as habilidades valorizadas: elas variam muito de acordo com a cultura e o cargo almejado (oferecido) em uma startup. Não são raros os casos de alguém que preenche os requisitos técnicos para o cargo, mas é reprovado por não se adequar à cultura da empresa. “Um candidato pode dizer que é ‘sangue no olho’, mas é preciso que ele descreva episódios em sua vida que demonstrem isso. De forma geral, acho que as startups buscam iniciativa, sangue no olho e entusiasmo em seus futuros funcionários”, conclui.

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