Home Blog Page 222

Estudar ou não Administração? Veja como grandes líderes decidiram pelo curso!

Homem de paletó caminhando na rua

Seja ao se formar no ensino médio ou ao vislumbrar uma possível mudança de carreira, muitas pessoas passam por esse questionamento: Administração é o curso certo para mim?

De fato, a graduação em Administração é o curso com o maior número de alunos do país. Se, por um lado, a formação oferece aos administradores uma ampla possibilidade de atuação profissional, por outro, acaba ganhando o estereótipo de “faculdade para os indecisos”.

No final das contas, é preciso estar disposto a pesquisar para descobrir se o curso realmente tem a ver com você e é o ideal para os seus objetivos de carreira. Participar de programas como o Imersão, do Na Prática, é uma forma de conhecer melhor como é o dia a dia de profissionais em diversas áreas da Administração.

Outra maneira de embasar melhor a sua decisão de carreira é conversando alunos e ex-alunos dessa graduação, buscando entender melhor como foi a escolha do curso. Pensando nisso, o Na Prática entrevistou alguns dos grandes líderes do país, formados em Administração, e perguntou a eles como optaram por esse curso. Veja as respostas nos vídeos a seguir:

Florian Bartunek, sócio-fundador e CIO da Constellation Investimentos
Formado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
“Eu não sabia direito o que eu queria, não sou daqueles que lia a EXAME desde os nove anos”

Claudia Elise Soares, vice-presidente de Gente e Gestão da Votorantim Cimentos
Formada em Administração de Empresas pela PUC-Rio
“Sempre gostei de liderar equipes, desde a época da escola”

Alessandro Carlucci, ex-presidente da Natura
Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP)
“Era uma faculdade mais ampla e mais genérica do ponto de vista do que eu poderia fazer”

Ari Neto, sócio-fundador do Sistema Ari de Sá
Formado em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza
“A ideia de fazer administração de empresas estava clara em minha cabeça desde o Ensino Médio”

Fábio Barbosa, presidiu o Grupo Santander Brasil e o Grupo Abril
Formado em Administração de Empresas pela FGV-SP
“Eu entrei na faculdade como muitos jovens, sem saber muito o que era”

5 executivos de sucesso que começaram do zero

Oprah Winfrey

Criatividade e ambição são características comuns a empreendedores de sucesso do mundo todo. Mas há alguns exemplos pontuais que ganham mais destaque: seja pela insistência em recomeçar, pelo medo de não fracassar várias vezes ou por hoje eles figurarem entre as pessoas mais ricas e de maior sucesso do mundo do negócios.

Leia também: Veja a história do trainee Ambev que veio da favela da Rocinha

A revista Inc. reuniu cinco exemplos de executivos que saíram do vermelho, recomeçaram e chegaram ao clube dos bilionários. Em comum, todos têm a veia e a coragem de empreender. Confira abaixo:

perfil_howard

1. Howard Schultz

Filho de um caminhoneiro e de uma mãe que não completou o ensino médio, o dono da Starbucks cresceu em uma moradia pública no Brooklyn, em Nova York. Desde cedo, foi estimulado a acreditar que um dia poderia chegar mais longe, já que seria a primeira pessoa de sua família a completar o ensino médio. Em seu livro, Pour Your Heart Into It: How Starbucks Built a Company One Cup at a Time, ele conta todos os passos dessa caminhada: a venda de seu sangue para ganhar dinheiro, o trabalho como garçom e a tomada empréstimos para bancar a faculdade. Depois de vender equipamentos domésticos e de cozinha, ele conseguiu um trabalho na área de marketing de uma rede de café chamada Starbucks. Ele queria iniciar um pequeno bar de café expresso, mas seus superiores não aceitaram suas ideias. Então, ele simplesmente pegou os grãos e começou a sua própria loja – que seria rival da sua ex-empresa. Dois anos depois, em 1987, ele comprou a Starbucks por US$ 3,8 bilhões. Hoje, a rede fatura US$ 15 bilhões por ano.

Oprah

2. Oprah Winfrey

Ela leva hoje o tipo de vida glamourosa que milhões cobiçam, mas a apresentadora mais famosa da televisão americana sabe realmente o que significa dificuldade. Sofreu com assédio sexual e ficou grávida na adolescência, mas conseguiu sair de uma área pobre rural em Mississippi para o estrelato. Com 32 anos, ganhou seu próprio programa de TV, o Oprah Winfrey Show que ficou no ar por 25 anos e tornou-se o programa mais visto dos Estados Unidos. Seus negócios e trabalhos na área da comunicação a alçaram ao status de bilionária. Já o sucesso em escala mundial veio com sua marca multimedia Harpo Productions e, mais recentemente, com o canal Oprah Winfrey Network, fazendo com ela fosse reconhecida não apenas quando estava em frente às câmeras e com um microfone na mão, mas também como executiva. Atualmente, sua fortuna está estimada em US$ 3 bilhões.

Leia também: Seis lições inspiradores de Jorge Paulo Lemann, o maior empresário do Brasil

perfil_larry

3. Larry Ellison

Depois de enfrentar um grave surto de pneumonia ainda quando bebê, a mãe de Larry Ellison, jovem solteira de Nova York, levou-o para ficar sob os cuidados de uma tia pobre do marido dela, que se tornariam seus pais adotivos. O casal vivia no Sul de Chicago. De acordo com a biografia escrita por Mike Wilson, seu pai adotivo dizia que ele nunca seria nada da vida. Após a morte de sua mãe adotiva, Ellison deixou a Universidade de Illinois no segundo ano, sem fazer as provas finais. Ele tentou entrar na Universidade de Chicago, mas acabou mesmo indo para a Califórnia. Tentou a sorte em algumas empresas de lá, mas fracassou em várias. Foi então que resolveu arriscar e se uniu a dois colegas para fundar a Software Development Laboratories, que começou com investimentos pessoais na ordem de US$ 2 mil. Em 1982, a companhia ganhou outro nome, Oracle Systems Corporation, para vender seu principal produto: o sistema de dados Oracle. Hoje, sua fortuna está estimada em US$ 54,3 bilhões e, aos 70 anos, ele acaba de anunciar a aposentadoria como CEO mundial da Oracle. Ainda mantém laços com a companhia, tendo o cargo de chefe do conselho de administração e CTO (Chief Technology Officer).

jeff bezzos

4. Jeff Bezos

O fundador da Amazon teve uma educação modesta. Quando criança, trabalhou duro na fazenda de seu avô, localizada em Albuquerque. Ajudava-o em tarefas como vacinar o gado e enterrando tubulações. Na adolescência, conseguiu um trabalho de verão no McDonald’s, apenas um ano antes de mostrar sua veia empreendedora ao lançar um acampamento de ciência – onde cobrava, por verão, US$ 600 de cada criança. Daí foi para a universidade: formou-se em Princeton, em 1986. Porém, ele achava que sua vida não era nada demais. Longe de qualquer sucesso. Foi então que deixou o trabalho em um fundo de investimento e fundou a Amazon em 1994. Muito da fortuna de Bezos está atrelada às ações da companhia. Seu patrimônio está avaliado em US$ 34 bilhões, segundo a Forbes.

perfil_4

5. Jan Koum

O imigrante ucraniano Jan Koum veio para os Estados Unidos aos 16 anos com sua mãe e sua avó. A pequena família dividia um apartamento pequeno, de dois quartos, em Mountain View, na California, bancando os custos com ajuda de um programa social. A mãe trabalhava de babá, enquanto Koum complementava a renda trabalhando em um supermercado. Nas horas que sobravam, ele tentava sempre ficar próximo de um computador, aprendendo e inventando. O interesse por programação o levou à Universidade Estadual de San Jose, aos 18 anos. Lá, trabalhou testando sistemas de segurança para ajudar a pagar a mensalidade. Conseguiu uma grande chance quando foi trabalhar, em 1997, no Yahoo, como engenheiro de infraestrutura da empresa. No começo de 2009, viria a grande virada. Teve a ideia, ao lado do parceiro Brian Acton, de lançar uma aplicativo no celular que permitia a troca de mensagens apenas usando o WiFi. Criou o WhatsApp, que seria vendido para o Facebook em 2014 por US$ 19 bilhões.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

Advogada fala sobre as diferenças entre trabalhar para escritório e empresa

mulher trabalha em escritório com computador e papéis

Quando Larissa Santos Brechbühler escolheu fazer graduação em Direito, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), não sabia muito bem em que área gostaria de trabalhar, mas acreditava que o curso lhe garantiria uma ampla possibilidade de atuação, “tanto em cargos públicos, por meio de concursos, como no setor privado”.

Começou a carreira ainda durante a faculdade, trabalhando como estagiária no escritório de advocacia de seu pai, também advogado, para depois assumir a mesma posição em um dos maiores e mais tradicionais escritórios brasileiros — o Machado, Meyer, Sendacz e Opice. Essa experiência profissional ainda cedo é algo que recomenda para todos os estudantes: “A faculdade de Direito é muito teórica, não costuma passar a parte prática, então é importante vivenciar o mercado ainda no começo do curso”.

Carreira de advogada

Larissa enxerga na passagem por um grande escritório uma possibilidade de aprendizado intenso, mesmo para quem pretende seguir carreira jurídica em empresas menores. “No estágio em um escritório de grande porte eu aprendi muito sobre o dia a dia da profissão, como administrar grandes quantidades de trabalho, o que foi algo que eu levei para vida. Eu aconselho a experiência em um escritório, mesmo que a pessoa depois resolva ir para um lugar menor, porque vai ficar tudo mais fácil”, explica. Atualmente, no Machado Meyer, trabalham mais de trezentos advogados.

Depois de formada, Larissa trabalhou por doze anos como advogada em grandes escritórios, antes de realizar uma importante mudança de carreira e migrar para indústria. Desde novembro de 2013 ela ocupa o cargo de Gerente Jurídico em uma conhecida empresa de varejo, a fluminense Casa & Vídeo, uma das líderes de vendas no Rio de Janeiro com 91 lojas no estado e atuação nos setores de utilidades domésticas, ferramentas, climatização e eletroportáteis.

“Dentro do escritório, o meu trabalho essencialmente não ia mudar com o passar do tempo, e eu sentia necessidade de ter uma experiência mais prática”, ela comenta em relação à mudança de rumo profissional. A Casa & Vídeo possui hoje duas gerentes jurídicas, uma responsável pela área empresarial e corporativa, e Larissa, que gerencia a parte de contensiosos (questões em que há ou pode haver contestação ou disputa) e processos na área trabalhista.

Leia também: Conheça os jovens advogados que criaram centro de pesquisa financiado pelo Google

Entre suas funções, está gerenciar processos e a relação com os escritórios terceirizados contratados pela empresa, além de lidar com demandas internas como uma espécie de consultoria jurídica, o que envolve a contratação de novos funcionários, revisão de todas as práticas de recursos humanos da empresa, parecer sobre certos assuntos do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor). “Se a gente vai, por exemplo, mandar um funcionário para a China, é necessário fazer um contrato especial para ele, e é minha área que cuida disso”, conta.

Sobre a parte de lidar com processos, ela explica que existe um papel estratégica bastante nítida: “Muita gente acha que no departamento jurídico interno de uma empresa você fica só gerenciando processo, mas aqui na Casa & Vídeo eu participo muito da estratégia processual, de definir o rumo que o processo vai tomar”.

Escritório ou empresa

Em comparação ao seu trabalho anterior em escritório, mais restrito às próprias petições e processos, ela sente também que o cargo gerencial em uma empresa demanda um conhecimento administrativo mais aprofundado. “É necessário se especializar, já que a faculdade não te dá todas as ferramentas que você vai precisar”, explica Larissa, que tinha realizado um MBA em Direito Empresarial na Fundação Getúlio Vargas (FGV) dois anos depois de formada. “A faculdade foi ótima na parte teórica, de dar os fundamentos das leis, mas o MBA permite uma visão mais macro e mais empresarial, e traz outras matérias que não fazem parte do currículo da graduação, como contabilidade”, completa.

Ainda assim, ela acredita que o aprendizado sobre do dia a dia de uma empresa é algo que também vem da prática. “Eu tive que aprender a lidar melhor com essa questão de números, do financeiro”, explica. “Quando você fica no escritório, não costuma ter tanta visão do impacto que as suas ações no jurídico tem nos clientes, ou como funciona a empresa que você está atendendo”, conclui.

Lidar com pessoas é outro desafio. “As empresas possuem uma estrutura mais heterogênea, onde trabalha muita gente que não é do mesmo ramo que você”, explica.

No final das contas, é tudo uma questão de perfil e preferências. “Pra pessoas que gostam de escrever, de desenvolver tese jurídica, o escritório funciona melhor. Já quem gosta da prática, do dia a dia, de resolver os problemas e ver as coisas acontecendo, eu acho que trabalhar em uma empresa é a melhor escolha”, opina Larissa.

Trabalhando na Casa & Vídeo, por exemplo, as coisas são bem rápidas e dinâmicas, o que demanda um perfil hands on, enquanto em um escritório de advocacia os profissionais de perfil mais acadêmico encontraram mais tempo para estudar e se aprofundar em teses.

Como pensa um recrutador da consultoria estratégica McKinsey?

Atualmente eu lidero uma práticas dentro da consultoria, a McKinsey Digital, que está na intersecção da área de consultoria estratégica com a parte de assistência on-the-ground para nossos clientes no que diz respeito a tecnologias.

Conheça o Imersão Consultoria, programa de preparação e decisão de carreira do Na Prática

Estamos sempre buscando construir uma equipe disposta a assumir riscos significativos, e capaz de criar aquilo que não pode simplesmente ser extraído das supostas “melhores práticas”. Dessa forma, além de conhecimento e domínio de conteúdo, há quatro traços essenciais que eu procuro quando estou recrutando pessoas para meu time:

1. Curiosidade e empenho: Busco alguém que seja como um bom jornalista, que quer a todo custo chegar ao real, à história completa. Sim, dados e análises são importantes. Mas você também precisa gastar sola de sapato: sair, conversar com as pessoas, e ser capaz de fazer as perguntas certas para realmente diagnosticar a situação do cliente.

2. Uma veia empreendedora: É necessário ter ceda dose de empreendedorismo, para forçar a arte do possível até o seu limite, surgindo com soluções e ideias, mas também uma atitude realista para entender as restrições que fogem ao nosso controle.

3. Compreender o efeito cascata: Para trabalhar com projetos dentro do cliente e fazer proposições efetivas, é muito importante que a pessoa consiga pensar levando em consideração as implicações secundárias e terciárias que suas ideias terão. É preciso ter a capacidade de entender como cada ideia ou mudança de cenário incide, por meio de efeito em cascata, sobre os empregos das pessoas, decisões políticas, incentivos e, acima de tudo, sobre os clientes de nossos clientes.

4. Ficar confortável no palco: Em outras palavras, sentir-se confortável de estar em cena em uma grande variedade de situações desafiadoras, que vão desde sessões de feedback e aconselhamento individual, à facilitação de grupos e grandes apresentações. Muitas vezes, motivar os nossos clientes requer um pouco de teatro, e, no mínimo, uma sensação de convicção e energia que você deve transmitir quando entra na sala.

Leia também: O começo de carreira em consultoria como estagiário

Assim, por mais que todo mundo saiba que a McKinsey utiliza a resolução de casos – as famosas case interviews – durante o processo de recrutamento, a chave para mim não está em olhar simplesmente para respostas de um candidato, mas sim para como o candidato se vira ao longo do ping pong que é minha conversa com ele. Ele faz perguntas, explora opções, considera todas as implicações envolvidas no caso?

Eu também quero ver um currículo que mostre verdadeira liderança, e desafio os entrevistados a descrever em detalhes alguma experiência em que eles foram capazes de mudar a opinião das pessoas – e como fizeram isso. No fundo, ser consultor é uma profissão de lidar com gente. A maneira com que o o candidato se relaciona com outras pessoas, inclusive para liderá-las, é um fator de sucesso absolutamente crítico.

O Perfil Mckinsey

Com o tempo, eu descobri que os melhores candidatos são aqueles que entram na onda e me devolvem ideias, questionamentos e perguntas, da mesma forma que tentam aproveitar ao máximo os dados e informações que eu forneço durante a entrevista. Eu quero trazer essas pessoas para o meu time: gente que vai me ajudar a aprender e aumentar a média das minhas equipes.

Ultimamente, parece que muitas pessoas que estamos trazendo para o time da McKinsey Digital começaram suas carreiras em agências digitais, aprenderam o conteúdo, mas então perceberam que seus clientes precisam de algo maior do que o que a agência pode oferecer para fazer as mudanças reais que vão realmente alavancar seus negócios.

São candidatos que conhecem o lado mecânico, mas querem se lançar para abordar a estratégia, a organização e as mudanças de processo que seus clientes precisam. Essa fagulha empreendedora é o que procuramos! Assim nós, recrutadores, precisamos explorar se o candidato tem os traços fundamentais que eu descrevi acima. Todos os anos entrevistamos muitos jovens talentosos, e estamos animados com a forma como essas pessoas nos ajudam a crescer.

David Edelman é um dos líderes globais da McKinsey Digital, e trabalha de Boston. Ele se formou em Economia em Harvard, onde também fez MBA. Este artigo foi originalmente publicado em seu blog no LinkedIn.

O ‘home office’ vai ser o futuro do mercado de trabalho?

computador sobre o sofa da sala
home office

“Você tem cinco minutinhos para um café virtual?” Essa é a pergunta-convite que Miriam Kimura dispara pelo sistema corporativo de mensagem instantânea toda vez que sente a necessidade, durante o dia, de espairecer de leve do trabalho. A razão do café ser virtual é simples: Miriam trabalha em casa – e os colegas também, cada um na sua. Gerente de recrutamento e seleção da Dell Brasil, a paulistana integra um contingente cada vez maior de gente que vem descobrindo os benefícios pessoais e profissionais do home office.

Trabalhar em casa, mais do que uma questão de sustentabilidade, será uma opção pelo bem-estar – algo que o brasileiro já valoriza”, diz Álvaro Mello, docente da Business School São Paulo e especialista em teletrabalho. “O home office será a realidade de milhões de brasileiros nos próximos anos, sobretudo nas grandes cidades sufocadas pelo trânsito”.

Leia também: E se sua profissão não existisse amanhã?

A evolução da mobilidade digital definitivamente não foi acompanhada pela mobilidade urbana. Segundo um estudo da Fundação Getulio Vargas, o tempo médio gasto no percurso (só de ida) até o trabalho pode alcançar 46 minutos em São Paulo e 52 minutos no Rio de Janeiro. A duração da viagem aumenta em uma relação inversa à renda do trabalhador – e é esticada em mais seis minutos e meio a cada 10 mil novos carros que chegam às ruas. Tudo isso significa tempo e dinheiro que escorrem pelo ralo, com impactos na saúde e no meio ambiente. Nada mais natural, portanto, do que driblar a necessidade de deslocamentos com ajuda da tecnologia – adotando arranjos flexíveis que dispensem a presença física em tempo integral do funcionário no escritório.

“Hoje eu saio pouco de carro”, diz Miriam, da Dell Brasil. “E, quando saio, evito os horários do rush. O tempo que você perde no trânsito não volta mais.” Ela mora perto do Aeroporto de Congonhas – e não muito longe da sede da empresa, na Avenida Berrini, no Brooklin. Mesmo assim, chegava a levar de 40 minutos a uma hora no trajeto de casa ao trabalho (e vice-versa).

Tudo mudou em 2011, quando o escritório se tornou base do projeto-piloto do programa Connected Workplace e passou a incentivar (e preparar) a equipe para aderir ao trabalho remoto. Nesse processo, a empresa fornece desde orientações ergonômicas para escolha do mobiliário a dicas relativas ao nível de decibéis que o ambiente deve ter. “Hoje, 85% dos funcionários têm flexibilidade de horário e formato e 15% aderiram formalmente ao Connected Workplace”, diz Luis Gonçalves, presidente da Dell Brasil.

Ganhos em produtividade e bem-estar 

É bom frisar: home office não tem nada a ver com passar o dia de pijama em frente ao notebook, com a televisão ligada e a atenção dispersa. Reservar e organizar um espaço próprio para o trabalho em casa é essencial, ensina Miriam. “Não dá para você trabalhar hoje na sala de jantar, amanhã na cozinha, outro dia no quarto… Assim não funciona. Isso seria uma vida de home office de curto prazo.”

Mello, da Business School São Paulo, faz coro: “Esse comportamento não apenas atrapalha o rendimento como ajuda a perpetuar a imagem equivocada de que trabalho em casa não é sério. É preciso disciplina, saber lidar com metas, ter autogerenciamento e saber administrar bem o tempo.”

A abrangência e as consequências da adoção de políticas de home office no mundo foram investigadas por um estudo patrocinado pela Dell e batizado de Global Evolving Workforce. A pesquisa abordou 4.764 funcionários de pequenas, médias e grandes empresas em 12 países (África do Sul, Alemanha, Brasil, China, França, Emirados Árabes, EUA, Índia, Japão, Reino Unido, Rússia e Turquia). Em relação ao Brasil, o estudo mostra que 56% dos profissionais são liberados para fazer home office; desse contingente, 69% trabalham em casa por até 25% das horas semanais. Entre os benefícios relacionados à prática, 49% disseram sentir menos estresse, 45% dirigem menos, 33% dormem mais e 52% têm mais tempo para a família. O Global Evolving Workforce traz ainda outro dado significativo: 54% dos brasileiros se consideram mais produtivos ao trabalhar em casa.

Miriam certamente se enquadra nesse time. “No ambiente do escritório, às vezes você está começando um raciocínio e vem alguém puxar conversa. No home office, você percebe os ganhos de produtividade, de concentração.” A gerente também melhorou sua qualidade de vida. Passou a fazer pilates três vezes por semana, sempre às 7 da manhã – basta descer o elevador e cruzar a rua para chegar à academia. A jornada de trabalho começa às 9h e acaba geralmente às 19h, quando é hora de dar jantar e carinho ao filho de 5 anos, recém-chegado da escola. A flexibilidade de horários permite encaixar compromissos extras, se preciso: “Você vira dono do seu tempo”. No fim de semana, Miriam se policia para não ficar conferindo o smartphone – a solução é deixá-lo no escritório de casa, com a porta fechada.

Ela diz que, no início, teve dificuldade para se adaptar. Um problema era a sensação de isolamento, que a gerente aprendeu a domar com as paradinhas para os cafés virtuais (que nada mais são do que um bate-papo online). Essas breves pausas têm outra função: “A gente tem que se fazer presente mesmo não estando fisicamente presente”, explica. Uma vez por semana, geralmente às quintas-feiras, Miriam se reúne com seu time de recrutadores para um almoço, um happy hour – ou apenas para trabalhar.

Nesse caso, ela costuma reservar uma sala na sede da Berrini (o escritório hoje funciona basicamente como um hub que os funcionários usam para se conectar uns com os outros e para reuniões com clientes e fornecedores). “Nesses dias, reduzimos ao mínimo possível os calls. O objetivo é aproveitar aquela sensação de coleguismo do ambiente de trabalho.”

Leia também: Baixe o Especial Na Prática com tudo sobre a carreira em startup

Bom para a empresa e para o planeta 

No resto da semana, o trabalho de Miriam transcorre em casa, no espaço que ela criou para si e que a família aprendeu a respeitar. Fã de tecnologia, a gerente trabalha com um notebook e mais dois monitores conectados. “Uso bastante a memória do notebook, porque deixo as telas abertas e vou fazendo as minhas atividades, puxando uma informação para uma apresentação ou uma planilha de Excel, por exemplo… Assim fica muito mais eficiente.” A empresa fornece os equipamentos – para ela e para todos os funcionários remotos.

O portfólio da Dell inclui aparelhos com tecnologia de segurança embarcada no hardware (garantir a integridade dos dados é uma preocupação constante quando se fala em home office) e soluções para assegurar a disponibilidade, o gerenciamento e a segurança de ambientes de TI com profissionais conectados a qualquer hora, local e dispositivo.

Reduzir os custos fixos de manter uma estação de trabalho permanente e poder recrutar funcionários sem se ater a restrições geográficas são alguns dos ganhos que o home office traz para a empresa, segundo Álvaro Mello, da Bussiness School São Paulo; o especialista ainda destaca os benefícios para o planeta, como a redução dos congestionamentos e da emissão de gases poluentes. Mesmo assim, ele ressalta que o meio corporativo, de modo geral, ainda precisa enxergar as vantagens do home office. “Na maioria dos casos, isso é visto como uma recompensa para o funcionário. Na prática, são poucas as empresas que veem no home office um meio de reduzir custos e aumentar a produtividade da equipe. A regra ainda é associar eficiência com presença física no escritório.”

Mas essa percepção vai se tornando a cada dia mais obsoleta. Afinal, em casa ou na rua, um imperativo da mobilidade é o de você poder levar o escritório aonde for. “O profissional deverá ser cada vez mais autônomo, colaborativo, versátil, ultraconectado, com disposição para o trabalho sem endereço fixo, executando as suas atividades no home office, hub, co-working ou no ambiente do cliente”, afirma Mello. Os profissionais parecem já ter absorvido essa nova realidade. Miriam conta que, no começo, o fator home office era um desafio na hora de recrutar funcionários para trabalhar na Dell Brasil – mas isso mudou bastante. “Eu já tive candidatos que recusaram, disseram que não iriam se adaptar. Hoje eu não percebo mais resistência. As pessoas ficam felizes de trabalhar nessa modalidade.”

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

5 ferramentas para organizar suas ideias

mapa mental

Em um outro texto, apresentamos algumas ferramentas que podem te ajudar a gerar novas ideias, como o funil de ideias e o scamper. No entanto, não é novidade para ninguém que muitas (ótimas) ideias acabam jamais se tornando algo concreto (seja um projeto, uma atitude ou até mesmo a próxima Apple ou Google) simplesmente por falta de organização.

Sem tempo para ler? Clique no play abaixo para ouvir esse conteúdo.

Conseguir transportar uma ideia do plano abstrato para o mundo real exige bastante disciplina e esforço. A boa notícia é que existem algumas ferramentas que podem te ajudar a organizar todas as suas ideias. Se você é do tipo que tem uma ideia atrás da outras, os aplicativos a seguir vão garantir que nada seja perdido:

1. Evernote

O que é: plataforma para anotações
Por que usar: é um dos melhores aplicativos para registrar e organizar anotações, rascunhos de textos e todas aquelas ideias soltas que vêm repentinamente à cabeça e não podem ser esquecidas. Permite sincronização entre diversos dispositivos, como smartphone, tablet e desktop. A sensação é de sempre ter um bloquinho à mão, mas dessa vez sem correr o risco de os papeis se perderem.
Preço: gratuito na versão básica, e até $49 para a completa

2. Trello

O que é: interface para organizar ideias visualmente
Por que usar: permite que você gerencie projetos e tarefas online. Funciona como um mural, com colunas personalizáveis indicando o estágio do projeto e entre as quais você poderá acrescentar e mover novas ideias, atividades e arquivos. Pode ser uma excelente ferramenta para acompanhar o andamento de suas ideias, separando aquelas que já foram testadas e validadas.
Preço: gratuito na versão básica, e até $20 para a completa

Leia também: Seis ideias de negócio produtoras

3. MindMeister

O que é: software para desenhar mapas mentais
O que faz: os mapas mentais mostram a hierarquia de idéias, a relação entre tópicos e permitem que você veja “o todo” em um piscar de olhos. Podem ser usados para um milhão de coisas diferentes – aumentar sua capacidade de aprendizado, estruturar dados, praticar brainstorm com colegas, criar planejamentos para os seus negócios ou para as suas férias.
Preço: gratuito

4. Pinterest 

O que é: rede social de compartilhamento de fotos
O que faz: funciona como um quadro de inspirações, onde os usuários podem compartilhar e gerenciar imagens temáticas, como de hobbies, roupas, lugares, etc. Pode ser uma ótima ferramente para organizar um mood board estético de suas ideias.
Preço: gratuito

5. Diigo

O que é: gerenciador de favoritos na nuvem
O que faz: permite adicionar e pesquisar bookmarks por toda a internet. Viu algo que gostou? Marque do Diigo e volte a essa referência facilmente. Compatível com qualquer navegador, ele não guarda só as páginas preferidas: também faz o mesmo com imagens e documentos além de adicionar marcações e anotações aos sites favoritados.
Preço: gratuito na versão básica, e até $59 na completa

6. Venngage

O que faz: oferece diversos modelos de template para personalizar. Crie mapas mentais incríveis e outros elementos visuais como infográficos, currículos e apresentações profissionais sem conhecer de design ou gastar horas.

Preço: gratuito na versão básica, plano específicos para ONGs e Educação, além de planos empresariais e na versão premium

Thomaz Srougi aplica a cultura “sonho grande” no mundo do impacto social

fundadores da empresa social doutor consulta

Thomaz Srougi tem uma visão prática sobre o problema do acesso à saúde no Brasil: o governo tem um modelo falido; ONGs só conseguem produzir ganhos incrementais, não em escala; a resposta, portanto está na ação das empresas privadas.

Com uma visão bem clara de como combater problemas sociais, foi só em 2011, quando tinha 35 anos, que Srougi criou a sua empresa para agir sobre um deles. Antes disso, o administrador de empresas já havia percorrido um longo caminho no mercado profissional, tendo trabalhado em empresas como Ambev e Gafisa, além de ter atuado no mercado financeiro.

Em 2011 veio o ‘click’. Sentindo-se pouco motivado, Srougi resolveu abrir um negócio, criar um novo desafio. “Um dia encheu e eu pensei em montar uma operação que tivesse alto valor social, mas que também desse dinheiro. Montei o Dr. Consulta, em 2011, e desde então estou lá”, lembra o empresário.

Conheça o Imersão Impacto Social, veja as datas e participe!

Um blend de negócios 

Antes de criar a empresa, Srougi estava na Galícia Investimentos e propôs para os sócios que se juntassem a ele na empreitada. Ele lembra até hoje como foi: “Eu vou montar uma empresa, se vocês quiserem entrar junto vai ser um prazer, está aqui o que eu vou fazer”. Criou-se então o grupo, que tinha como objetivo levar todo o know-how de gestão para essa nova empreitada. Um negócio cujo fundador entende como um “blend” de Ambev com Faculdade de Medicina da USP.

A filosofia “Sonho Grande” dos fundadores da Ambev (e também fundadores da Fundação Estudar) era sensível no pensamento do grupo: a ambição era alta, queriam um projeto gigante, que, se funcionasse, teria impacto global. “Então eu me joguei nisso de cabeça e o objetivo sempre foi montar um negócio que fosse de alto impacto, replicável, escalável, num mercado gigante e lucrativo”, afirma o fundador. A primeira clínica aberta foi no Heliópolis, em janeiro de 2012. Os três anos seguintes serviram para validar o conceito do Dr. Consulta, garantir que ele fizesse sentido para um grande número de pessoas e, por fim, encontrar uma maneira de tornar o negócio sustentável.

Atualmente o desafio do empreendedor é gerir o negócio, garantir que ele funcione como deve. “Os desafios hoje são: tecnologia, cultura, gente e controle. Não tem mais nada do que isso, é gestão pura. Os processos estão desenhados, mas eles precisam ser bem executados. Para serem bem executados, a gente precisa de gente boa e cultura, e a tecnologia precisa continuar sendo utilizada para reduzir custos e atender mais gente e melhor”, explica, lembrando muito o raciocínio por trás do crescimento exponencial da própria Ambev.

Leia também: Veja as oportunidades para empreender com impacto social

Cultura empresarial 

Para contratar os necessários bons profissionais a oferta não é a de um salário alto. Como em outros negócios sociais, a remuneração costuma ser abaixo do valor que o mercado oferece pelas melhores cabeças, mas o Dr. Consulta tem suas soluções. “A gente procura pessoas sempre interessadas no longo prazo, então trabalhamos com o modelo de stock options e o salário realmente é bem abaixo da média. Alguém que quer ganhar dinheiro no curto prazo, e quer ter uma garantia, não é o tipo de pessoa que a gente procura”, afirma o fundador. As stock options, no caso, são uma espécie de remuneração variável que premia os melhores funcionários com uma opção de compra ou cessão de ações.

Ainda assim, também explica a atração de bons profissionais o impacto que um trabalho de cunho social tem no próprio colaborador. Srougi revela sua visão sobre a diferença com o mercado convencional: “Quando eu estava no mercado financeiro, para que eu ganhasse, alguém tinha que perder. Se eu estava comprando barato, alguém estava vendendo barato. O que a gente faz hoje é muito diferente, é muito bom. Porque se eu estou ganhando é porque alguém está ganhando. Quanto mais produtivo eu for, melhor eu atendo as pessoas e ao mesmo tempo, quanto mais produtivo eu sou, mais eficiente eu sou sob o ponto de vista financeiro. É win-win”.

A empolgação do empresário, embora contrastante com a desmotivação anterior ao empreendimento, não significa que há plena satisfação com o trabalho. Pessoas como Thomaz nunca estão totalmente satisfeitas, sabem que é necessário pensar em melhoras e crescer sempre. Além do mais, o sonho é grande mesmo. “Foi o maior desafio que eu já tive na minha vida, a coisa mais difícil que eu já fiz. Me sinto muito bem porque a gente conseguiu avançar muito, mas ao mesmo tempo me sinto ansioso porque a gente tem muita coisa para fazer, estamos só no começo”, afirma.

Leia também: Quer encontrar um trabalho voluntário? Esse site vai ajudá-lo!

“Me sinto satisfeito, mas também muito insatisfeito, porque a gente só fez 5% do que tem que ser feito. Tem muitos atributos da nossa proposta de valor que não foram implantados ainda e tem muitas pessoas no Brasil que não foram atendidas. Esse ano [2015] a gente já atendeu 250 mil pessoas. Mas o Brasil tem 150 milhões de pessoas dependendo do sistema público, que é fraco. Por esse lado você pensa: ‘cadê os outros 149.750?’”.

No caminho para conquistas seus maiores objetivos, Srougi não evita mostrar que é ambicioso: “O sonho grande é espalhar pelo Brasil e para outros países, como os Estados Unidos. O problema lá é o mesmo, a turma lá é extremamente eficiente e a gente sabe que o nosso modelo resolve o problema deles também. Vamos dominar Brasil e Estados Unidos, um passo de cada vez, primeiro São Paulo, depois outras regiões, depois a gente pensa lá nos EUA”.

As 6 competências típicas de chefes jovens e bem-sucedidos

executivo de braços cruzados. autogestão.

Ser chefe mais cedo do que a média dos profissionais é um privilégio que cobra o seu preço. Há o evidente benefício de queimar etapas e não precisar esperar tantos anos para experimentar a liderança. Mas as armadilhas não são poucas – a começar pelo fantasma da insegurança.

De acordo com o coach Alexandre Rangel, sócio da Alliance Coaching, muitos jovens gestores temem não ter credibilidade perante seus pares e subordinados. “O chefe inexperiente tem medo de ser chamado de ‘garoto’ pelas costas, mas muitas vezes isso não passa de um problema imaginado, uma fantasia”, explica.

Em alguns casos, porém, a paranoia tem fundamento. Não é raro que profissionais mais velhos se sintam ameaçados e até boicotem o chefe mais novo por puro preconceito, observa Rangel.

Outro desafio está em lidar com uma equipe formada formada por ex-colegas. Segundo João Marcelo Furlan, CEO da consultoria Enora Leaders, é comum que um gestor jovem acabe liderando seus antigos pares de trabalho.

Conheça o Laboratório, programa de formação de lideranças do Na Prática, veja as datas e participe!

“Muitos podem fazer questionamentos como ‘Quem é ele para dar ordens?’, ou ter dificuldades para separar o velho amigo do novo chefe”, explica Furlan.

O diferencial dos precoces Mas como alguns profissionais conseguem derrotar os desafios trazidos pela pouca idade e ter sucesso em posições de liderança? Para Rangel e Furlan, eles conseguem reunir pelo menos algumas das características listadas abaixo:

1. Têm um perfil facilitador: Uma das principais vantagens competitivas dos chefes jovens é a sua familiaridade com a tecnologia. “Eles podem ser modernos, futuristas, inovadores, impulsivos, com a mente aberta para as possibilidades”, explica Rangel. “Se souberem usar todas essas características para facilitar a vida dos mais velhos, sobretudo, serão muito bem vistos”.

2. Eles esbanjam inteligência emocional: Competência preciosa em todas as idades e níveis hierárquicos, a boa gestão das emoções é o melhor instrumento para lidar com a desconfiança dos outros a respeito da chefia precoce. Líderes empáticos e inteligentes emocionalmente conseguem entender que essas resistências são naturais e podem ser vencidas com habilidade e paciência, diz Furlan.

3. Eles se conhecem muito bem: Outro sinal de inteligência emocional é o autoconhecimento, um traço essencial para a chefia em qualquer momento da carreira. No caso do jovem, afirma Furlan, conhecer-se bem é fundamental para criar um estilo próprio de liderança. É também o que traz consciência sobre suas falhas e lacunas enquanto gestor, que deverão ser supridas com a ajuda dos demais.

4. Eles respeitam o conhecimento dos mais experientes: Para se blindar das dúvidas a respeito de sua competência, muitos chefes jovens vestem uma espécie de “armadura” e caem no equívoco de ignorar a opinião dos mais velhos. Porém, diz Rangel,  a melhor atitude é a humildade: bons chefes escutam os mais experientes, sejam eles superiores ou subordinados seus. “No fim, a habilidade mais importante é o relacionamento”, explica o coach. “Mais do que qualquer outro, o chefe mais novo precisa ser aceito pela equipe, então precisa saber se comunicar e cativar os demais”.

Assista à entrevista em vídeo com o CEO mais jovem do Brasil!

5. Eles conhecem a importância do feedback: De acordo com Rangel, um dos defeitos mais comuns dos gestores jovens é a inexperiência com o feedback. “Eles nunca precisaram dar um retorno para ninguém, então muitas vezes ignoram ou negligenciam esse processo”, diz. Quem reconhece o peso desse instrumento – e sabe usá-lo bem, apesar da falta de vivências prévias – costuma se destacar e permanecer no cargo de chefia.

6. Eles inspiram e estimulam a equipe: Segundo Furlan a inexperiência pode ter o seu lado bom. Um chefe com poucos anos de estrada normalmente tem um “espírito jovem”, isto é, uma vontade de quebrar paradigmas e criar processos originais de trabalho. Todo o seu apetite pelo novo pode ser muito estimulante para quem trabalha com ele.

A capacidade de entusiasmar a equipe também está ligada ao tipo de relação estabelecida pelo líder. “Como a maioria deles pertence à geração Y, um grupo culturalmente menos apegado à hierarquia, eles podem ser mais próximos dos seus subordinados e contaminá-los com a sua energia”, explica Furlan.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

Seis histórias inspiradoras sobre mudança de carreira

Chef de cozinha lendo receita

Com a iminência de um novo ano começando, vêm as promessas, as metas, o compromisso em fazer diferente… Ainda assim, apesar de todo esse comprometimento, muitas vezes as mudanças acabam ficando somente nos planos.

Você já parou para refletir se está em uma carreira alinhada com o seu própósito? O que gostaria de fazer diferente? Para inspirar todos aqueles que querem mudar de rumo em 2016, separamos seis histórias inspiradoras de mudança de carreira:

Marcelo Cavalcanti, de executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

Emprego em uma das melhores empresas para se trabalhar no país, salário de executivo, viagens internacionais (com direito a passagem de primeira classe e hospedagem em hotéis cinco estrelas) e uma vida cheia de luxo na maior metrópole do Brasil. O sonho de carreira de muitos se tornou uma realidade para o mineiro Marcelo Cavalcanti. Mas, mesmo com tudo isso, ele logo percebeu que não era bem o que queria. E resolveu recomeçar, por mais que fosse taxado como louco. Mudou-se para uma ecovila escondida na Bahia para trazer um verdadeiro sentido para sua vida.

Fred Veloso, o médico que encontrou sua vocação nos palcos

O sonho de muitos pais é que o filho ou filha se forme em medicina. Mas, e quando ele começa a faculdade e descobre que existe algo que lhe dá mais prazer na vida? Durante a faculdade de medicina, o ator Fred Veloso se encontrou na atuação e hoje planeja a transição completa de carreira! Ser médico ou não ser, eis a questão. Já formado em medicina, Fred Veloso decidiu estudar teatro fora do país. Fez um curso de verão na tradicional Escola Guildhall, na Inglaterra, e depois, em 2010, foi aprovado na escola Stella Adler, em Nova York (EUA).

Danielle Brants, do mercado financeiro ao empreendedorismo em educação

Depois de passar dez anos trabalhando no mercado financeiro, Danielle Brants realizou-se ao fundar uma startup de letramento adaptativo. Um curso em Harvard a ajudou a entender o mercado e as perspectivas para quem desejava empreender na área. “Percebi que as pessoas estavam trabalhando com ensino adaptativo em várias disciplinas ao mesmo tempo, e decidi que queria ser mais específica, me dedicar exclusivamente a uma competência: a leitura”.

David Michelsohn, de jornalista na maior empresa de comunicação do país a mestre cervejeiro

David Michelsohn tranformou uma má notícia – a demissão de última hora – na oportunidade que precisava para empreender sua própria marca de cerveja, a Jupiter, hoje entre as mais premiadas de São Paulo. “Ainda não considero minha formação completa. Todos os dias encontro pessoas que sabem muito mais que eu e penso que ainda preciso estudar bastante para chegar perto de meus colegas de trabalho”, diz, de maneira humilde. “É muito bom trabalhar com aquilo que você gosta. Mas, tem o outro lado, que qualquer pessoa que tem algum sucesso no trabalho tem sempre muito trabalho para ser feito. São 12 a 16 horas de trabalho por dia, seis, às vezes sete dias por semana”.

Lucas Ferreira, de redator publicitário à chefe de cozinha

Algumas mudanças de carreira são planejadas a longo prazo, com cursos preparatórios e muita pesquisa. Esse não é o caso de Lucas Ferreira, tanto é que ele foi fazer uma entrevista procurando uma vaga para redator publicitário e acabou conseguindo um posto na cozinha de um restaurante em Portugal. E ele saiu feliz da vida com o novo emprego, optando por seguir a nova carreira como chefe de cozinha a partir desse momento. “Quando resolvi me tornar um cozinheiro, eu não titubeei nem um segundo e as pessoas que estavam à minha volta sentiam essa energia em mim”.

Lu Oliva, de administradora de empresas à terapeuta holística e professora de Reike

Imagine só a seguinte situação: você chega para trabalhar todos os dias desanimado e pede a Deus um novo emprego. Você acaba conseguindo trocar de emprego, ganha mais, mas aquela sensação não te abandona. No fundo, você sabe que não é aquilo que quer para a sua vida. Durante alguns anos, essa foi a rotina de Lu Oliva, que resolveu abandonar esse martírio matinal pelo qual passava em grandes empresas para ser feliz como terapeuta holística e professora de Reiki. “Atualmente a minha remuneração não chega nem perto do salário que eu tinha no meu último emprego, mas hoje eu não dependo de uma empresa para ter um trabalho”, conta a terapeuta Lu Oliva. 

 

Mudança de carreira: de designer na maior empresa de comunicação do país a mestre cervejeiro

David Michelsohn servindo cerveja Jupiter

Quem frequenta os bares de São Paulo pode ter a sorte de encontrar no cardápio algumas cervejas da cervejaria Júpiter. O que esses apreciadores de uma “gelada” geralmente não imaginam é a trajetória dos três irmãos Michelsohn, que são os responsáveis pela fundação dessa cervejaria. Um deles, David Michelsohn, batalhou bastante em outras áreas antes de perceber que a paixão por cervejas podia se transformar em sua profissão.

Trajetória

O trabalho faz parte da vida de David desde cedo. “Aos 12 anos, nas férias de verão, trabalhava como contínuo na empresa do meu tio. Com 18, trabalhava como extra em buffets de festas corporativas. Morei fora duas vezes e trabalhei como lavador de pratos, cozinheiro e até numa plantação de bananas. Formei-me em Desenho Industrial e trabalhei alguns anos como designer.” Aos 33, quando trabalhava na redação de uma das grandes revistas do país, na Editora Globo, resolveu cursar pós-graduação em Jornalismo.

Mesmo admirando a profissão de jornalista e investindo nela, David foi surpreendido com uma demissão seis meses antes de apresentar sua monografia na pós-graduação, no final de 2011.  “Eu era cervejeiro caseiro quando fui demitido. Já era apaixonado por cerveja nessa época e estudava muito. Durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro as contratações no mercado editorial costumam ser fracas e resolvi me dedicar ao hobby. Lendo sobre as histórias das cervejarias americanas tive a ideia de começar a produzir sob contrato. Chamei meus irmãos e montamos as planilhas financeiras da nova empresa (que só existia em nossas cabeças). Em fevereiro de 2012 decidimos que lançaríamos nossa cerveja comercialmente”, lembra.

Leia também: De executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

O sucesso que as cervejas caseiras produzidas por David faziam entre os amigos foi importante para o início do negócio. “Meus amigos já bebiam minha cerveja e adoravam, me deram muita força. E os familiares apoiaram a iniciativa dos três irmãos. Eu acredito que toda essa energia positiva me encheu de autoconfiança, extremamente necessária quando se inicia uma empreitada dessas”, ressalta.

David Michelsohn
Os irmãos Michelsohn, fundadores da Jupiter [AcervoPessoal]

Com todo esse apoio e com a qualidade do produto, a Júpiter passou a conquistar seu espaço comercialmente e já pode ser encontrada em mais de 350 estabelecimentos somente em São Paulo, e outros espalhados por seis estados do Brasil.  Os prêmios vão se acumulando, mesmo com pouco tempo de existência da marca, e a produção comercial já chega a dez mil litros por mês. No início de dezembro, David inaugurou a tão aguardada Chopperia São Paulo. “Fazer esse projeto se tornar realidade foi um processo longo, com uma curva de aprendizado bem íngreme. Fiquei muito ansioso em diversos momentos, especialmente na reta final. Mas me preparei de acordo, escolhi parceiros com boa experiência no ramo e tudo correu bem”, anima-se.

Preparação 

Obviamente, David é um apaixonado por cervejas, mas só isso não era suficiente para que ele pudesse se dedicar à produção dessa bebida. Ele fez diversos cursos na área, participou da primeira turma de Administração dos Negócios da Cerveja da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e, hoje, é jurado reconhecido em concursos de cerveja. “Ainda não considero minha formação completa. Todos os dias encontro pessoas que sabem muito mais do que eu e penso que ainda preciso estudar bastante para chegar perto de meus colegas de trabalho”, diz, de maneira humilde.

Os conhecimentos dos tempos em que trabalhava com comunicação ainda são bem úteis na nova rotina. “Uso muitas habilidades das minhas antigas carreiras. Cuido com muita atenção de toda a parte de comunicação. Crio os rótulos, pauto a agência que cria conteúdo para o Facebook, escrevo releases, falo com a imprensa. Mas também precisei aprender muito sobre gestão, vendas e finanças, além, é claro, de aprender muito sobre produção de cerveja”, revela o empreendedor.

Descubra seu propósito com o Autoconhecimento Na Prática, programa de autodesenvolvimento do Na Prática!

Propósito

David não esconde o entusiasmo por, finalmente, ter encontrado sua paixão profissional. Mas ele lembra que também existe outro lado não tão atrativo nisso tudo. “Confesso que no início fiquei deslumbrado. É muito bom trabalhar com aquilo que você gosta. E as pessoas ficam muito felizes de conhecer um cervejeiro. É o mais próximo que eu vou chegar de ser um astro do rock (risos)! Mas tem o outro lado. Qualquer pessoa que tem algum sucesso no trabalho tem sempre muito trabalho para ser feito. São 12 a 16 horas de trabalho por dia, seis, às vezes sete dias por semana. Parte do trabalho é muito agradável mas carrego muitos barris e caixas de cerveja. É o famoso glamour cervejeiro!”, brinca.

Para aqueles que não estão satisfeitos com o emprego atual, ele tem conselhos. “Quando olho para trás vejo que há quatro anos eu era um desempregado e hoje tenho muito trabalho para fazer. Eu era feliz no meu trabalho anterior, então meu ponto de vista é um pouco inusitado. Mas acho que se você está num emprego que não agrada, o caminho mais seguro é estudar sobre uma nova área, se aproximar de players do mercado e conhecer em primeira pessoa como funciona o segmento que interessa. Mesmo para dar o salto de cabeça, tem que se planejar.”

Mudança de carreira: de executivo de multinacional ao trabalho com turismo comunitário na Bahia

Homem faz trilha pela natureza

Emprego em uma das melhores empresas para se trabalhar no país, salário de executivo, viagens internacionais (com direito a passagem de primeira classe e hospedagem em hotéis cinco estrelas) e uma vida cheia de luxo na maior metrópole do Brasil. O sonho de carreira de muitos se tornou uma realidade para o mineiro Marcelo Cavalcanti.

Mas, mesmo com tudo isso, ele logo percebeu que não era bem o que queria. E resolveu recomeçar, por mais que fosse taxado como louco. Mudou-se para uma ecovila escondida na Bahia para trazer um verdadeiro sentido para sua vida. Hoje, com 44 anos, finalmente, consegue levar a vida que pretende: trabalha com turismo de base comunitária em Serra Grande (também na Bahia) e consegue levar a filha caminhando por uma trilha para a escola isso tudo depois de meditar no início do seu dia.   

Para compreender como se deu essa transformação em sua vida, que impulsionou uma mudança de carreira mas foi muito além do âmbito profissional, vale entender um pouco mais a fundo a sua história e suas decisões.  

Marcelo Cavalcanti 2
Marcelo no Workshop O Chamado, na Pedra do Sabiá [AcervoPessoal]

Primeiros passos de Marcelo Cavalcanti

Antes de entrar na faculdade, Marcelo Cavalcanti fez um intercâmbio na Dinamarca e considera essa a primeira grande mudança de sua vida. Depois, formou-se em Comércio Exterior e logo começou sua batalha para crescer na carreira. Foi vendedor de enciclopédias e trabalhou em uma empresa de pedras preciosas em Belo Horizonte, e depois na empresa que fazia o desembaraço aduaneiro para eles.

Mas o intercâmbio tinha deixado um desejo de, novamente, viver fora do país. “Vendi cookies na faculdade, vendi roupas, promovi festas temáticas para juntar dinheiro para voltar para a Europa e fui morar na Bélgica. Lá eu trabalhei em dois restaurantes e fiz uma pós em relações internacionais, mesmo ainda não tendo concluído a faculdade”, lembra.

Leia também: É possível conciliar impacto social com uma carreira no mercado financeiro?

Na volta ao Brasil, acabou sendo selecionado para fazer um estágio em uma empresa canadense do ramo de alimentação, que o levou para viver por seis meses no Canadá. Na volta, decidiu por mais uma mudança. Foi trabalhar em uma empresa de turismo de familiares em Salvador. “Tive um dos momentos mais felizes de minha vida nessa fase, levando turistas para conhecer lugares incríveis e exóticos”, afirma.

Depois desse período em Salvador, voltou para a capital mineira e, durante o Encontro das Américas, evento internacional em que trabalhou, teve contato com diplomatas. “Foi incrível, mas a convivência com os diplomatas me mostrou que a vida deles não era exatamente o sonho que eu tinha, pois eles declaravam ter pouca liberdade em suas vidas pessoais”, conta.

Luxo e depressão 

Ser aprovado em processos seletivos parecia uma rotina para Marcelo, e logo ele conseguiu ser chamado para trabalhar na Nortel Networks, gigante das telecomunicações. “Era a empresa dos sonhos, com sede em um edifício incrível, super luxuoso. O primeiro dia de trabalho foi na Flórida para conhecer a sede nos EUA e morar lá por três meses, como trainee. Fomos tratados como reis. Era café da manhã com o presidente da empresa, viagens de primeira classe, almoço com executivos e tudo o que você pode imaginar”, descreve.

E Marcelo aproveitava tudo o que o emprego podia lhe oferecer. “Eu gostava do status, do conforto. Tinha sessenta gravatas, quinze ternos, não sei quantos pares de sapato e camisas brancas. Ainda muito jovem eu já tinha comprado meu primeiro apartamento e o meu primeiro carro”, conta.

Mas todo esse glamour tem seu preço. “Como era o boom das telecomunicações, tínhamos prazos curtos e multas altíssimas caso perdêssemos as datas acordadas. Assim sendo, acabávamos trabalhando seis, sete dias por semana e muitas horas extras diariamente. Tinha dia que eu chegava às 7h da manhã e ficava até as 23hs no escritório. Mas sentia um grande vazio e uma falta de propósito naquilo que fazia. Viajei bastante nessa época, ainda queria mudar o mundo. Mas estava ocupado demais para fazer isso e sempre ia adiando…”, pondera.

Leia também: Seis bate-papos para você se inscrever em 2016!

Foi diagnosticado com depressão e decidiu mudar seu estilo de vida. “Vi que se eu morresse naquele dia [quando passou mal durante uma aula de capoeira], não faria falta para ninguém… E fui chorando, chorando por dias. Senti que precisava trazer um significado maior para a minha vida. Fiz terapia, mas dessa vez não seria mais suficiente. A consciência de que eu estava mal foi o trampolim para a minha recuperação e, a partir daquele momento, me comprometi a viver uma vida de qualidade, com significado”.

Impacto social 

Passou a fazer trabalho voluntário no asilo e na creche que a empresa apoiava e conheceu uma jovem indígena que o levou para visitar aldeias. Em pouquíssimo tempo já estava trabalhando para uma ONG alemã com o tema indígena, para ganhar cerca de um quarto do salário anterior, sem deixar de fazer seus trabalhos voluntários em diversas entidades.  

Marcelo Cavalcanti 3
Com a esposa Olivia, e a filha Clara Iris [AcervoPessoal]

“Quando sai da Nortel e comecei a trabalhar na área social, vi que aquele CV glamoroso [para se ter uma ideia, ele fala cinco idiomas com fluência] não servia para quase nada naquela nova realidade. Sai em busca de cursos, de atuar como voluntário, de correr atrás do prejuízo, pois sabia que era um caminho sem volta, mas que eu tinha pouca experiência nele. Cheguei a ficar nove meses sem receber nada, pagando para trabalhar. Muita humildade, curiosidade, leituras e conversas”, explica.

A mudança gerou espanto, até mesmo nas pessoas mais próximas. “Muita gente achou que eu estava ficando louco. Minha mãe mesmo falava de mim como se eu estivesse passando por uma fase, que eu já ia voltar ao normal… Namorada e amigos questionavam na época, e daí, quando acabou o dinheiro, até eu comecei a questionar a minha sanidade. Foi aí que eu tive a oportunidade de participar do Fórum Social Mundial em Porto Alegre. E me reencontrar. Duzentos mil loucos como eu, de todas as partes do mundo, ali, lutando por um mundo melhor”.

E seu trabalho na área social começou a aparecer, tanto é que foi chamado para trabalhar na Artemísia, aceleradora que já alavancou mais de 28 milhões de reais para projetos de negócios de impacto social. Foram seis anos como diretor-executivo da organização e muito aprendizado. “Foi muito desafiador para mim começar isso tudo, era um ‘mauricinho subindo o morro´ segundo uma jovem da periferia que se tornou minha amiga. Com a Artemísia tive a oportunidade de ser muito feliz, de me sentir útil, de me conectar com as pessoas, de dar a minha contribuição ao mundo”.  

Durante esse período, viajou o mundo conhece mais de 40 países atualmente e se sentiu feliz profissionalmente. “Senti-me com propósito, viajei para vários países, interagi com jovens do mundo inteiro. Fiz o que queria fazer quando escolhi a profissão de Comércio Exterior. Fui para diversos locais compartilhando sobre os nossos projetos, apoiando os jovens, dando workshops e falas inspiradoras em conferências”, revela.

Adeus, cidade grande

O novo estilo de vida de Marcelo não combinava mais com a cidade grande. Por isso, ao lado de sua esposa Olívia (casaram-se nesse meio tempo!), passou a procurar um local tranquilo para viver e acabou optando por Piracanga (BA). Nessa época, tinha 37 anos de idade.  “Nossa experiência nesse lugar lindo foi incrível e sentimos que cumprimos com muitos de nossos anseios morando lá. Cuidamos de nossa água, de nossa alimentação. Reciclamos nossos resíduos, construímos nossa casa de forma ecológica, com energia solar, paredes de adobe, esteios de aroeira que haviam sido postes, captação de água de chuva, círculos de bananeira como fossas e por aí vai. Ajudamos a conduzir encontros para se tomar decisões coletivas para esses cuidados e participamos ativamente desses momentos”, relata. Lá nasceu sua filha, Clara Íris. “Pude e posso ser um pai muito presente para ela, e me orgulho muito disso”, afirma.

Marcelo Cavalcanti 4
Vivência de percussão de Turismo de Base Comunitária com o grupo  Levada da Serra, em Serra Grande [Guga Cerqueira]

Depois dessa experiência, Marcelo sentiu necessidade de compartilhar com o mundo tudo que aprendeu nessa ecovila e mudou-se com sua família para Serra Grande, também na Bahia.  “Começamos a sentir um novo chamado para a ação, para ir ainda mais fundo, colocando novamente no mundo esses aprendizados em um lugar na natureza, com pessoas lindas, mas que tem desafios grandes, de desigualdade social, e várias das carências desse nosso Brasil, mas com um grande potencial de mudança”, explica.

Em Serra Grande, Marcelo trabalha na articulação de uma rede de turismo de base comunitária. “Meus dias nunca são iguais. Tenho reuniões, escrevo projetos, desenvolvo novas trilhas, facilito processos, participo de diferentes conselhos aqui da vila e faço pesquisas. Sou articulador do movimento pelo turismo de base comunitária de Serra Grande, mas também atuo com facilitação de encontros e eventos de autoconhecimento de empresas e ONGs aqui na região. Cada vez mais estou envolvido também em receber os grupos de visitantes aqui e os acompanho, organizando roteiros personalizados”, revela.

Descubra o seu propósito no Autoconhecimento Na Prática, programa de autodesenvolvimento do Na Prática!

Simplicidade e felicidade 

Depois que abandonou a vida na cidade grande, Marcelo percebeu que precisa de muito menos para ser feliz.  “Quando sai da Nortel eu comecei a entrar em um processo de reduzir, de simplificar a minha vida e necessitar de menos para viver. Eu morava em um apartamento de três quartos, piscina no Morumbi, em São Paulo. Cada quarto tinha um armário cheio de roupas minhas. Ao sair da empresa eu me dei conta que precisava de menos de um terço daquilo que eu tinha e fui doando minhas coisas. É o conceito da simplicidade voluntária, de ter menos, de precisar de menos coisas e ter mais qualidade”, relata.

Ele ainda recebe convites para voltar à cidade grande, em empregos e estilo de vida que ele parece não querer mais. “Meus amigos que trabalharam comigo me ligavam para dizer que tinham um trabalho para mim, uma nova oportunidade. E eu agradecia, dizia que estava feliz. Daí a pessoa insistia, dizia para mandar um currículo, que o trabalho era excelente, muito bem pago, a minha cara… Daí eu tinha até que ser um pouco grosso e dizer:  ‘agradeço, mas NÃO estou buscando um trabalho nesse momento’. Estou feliz, fazendo aquilo que acredito”, diz.

Diante de tantas mudanças de rumo em sua vida, Marcelo tem a convicção que as pessoas devem correr atrás de seus sonhos. “Acredito que a gente merece seguir os nossos sonhos, que a gente está aqui nesse mundo para ser feliz. Viver como se fosse o último dia e sonhar como se não houvesse nunca um fim. É preciso brilho no olho, é preciso se sacrificar para bancar o sonho. Por que nem sempre é fácil. Tem que perseverar, ter muita fé. E depois você vê que valeu a pena! Sempre vale!”.

Quais as melhores cidades brasileiras para se empreender?

cidade de sao paulo vista aerea

Sabemos que o ambiente de negócios brasileiro é um dos mais desafiadores do mundo. Mas algumas empresas do país conseguem vencer esse desafio e crescer: as Scale-ups. Elas são menos de 1% do total de empresas brasileiras, mas crescem acima de 20% ao ano por três anos consecutivos e são responsáveis por gerar mais de 40% dos novos empregos da economia. As Scale-ups criam quase 100 vezes mais empregos do que a média das empresas no Brasil.

Incentivar o crescimento das empresas é urgente e, para isso, é imprescindível que tenhamos cidades mais preparadas. O ponto de partida é identificar as principais forças e os desafios de cada cidade para que o gestor público possa agir de forma precisa.

O Índice de Cidades Empreendedoras tem o objetivo de ser a base para que as cidades entendam como oferecer melhores condições para que seus empreendedores possam crescer. São eles que transformarão mercados, cidades e o mundo.

É nas cidades que os empreendedores estão. E é por isso que a Endeavor lançou a segunda edição do Índice de Cidades Empreendedoras: para estimular que municípios sejam cada vez mais férteis para o crescimento das empresas.

Conheça o Imersão Empreendedorismo, veja as datas e participe!

Esta segunda edição do estudo conta com algumas melhorias, como a adição de casos de melhores práticas internacionais que mostram onde as cidades do estudo poderiam se inspirar para vencer seus desafios. Além disso, o número de cidades avaliadas saltou de 14 para 32, em 22 estados. Por isso, nessa edição, o estudo analisou 55 indicadores em sete pilares: Ambiente Regulatório, Acesso a Capital, Mercado, Inovação, Infraestrutura, Capital Humano e Cultura Empreendedora. Veja os destaques das 5 cidades mais bem colocadas:

1. São Paulo: A força da capital econômica do país

O maior mercado do país e a maior oferta de capital para empreendedores estão em São Paulo. A capital paulista concentra mais de 60% de todos os investimentos de capital de risco do país. A superpotência econômica também é a terceira melhor no pilar de Inovação, com a terceira maior proporção de empresas de tecnologia.

Seu maior desafio está em Capital Humano, onde ocupa a 20ª posição de 32 cidades, ficando logo atrás de João Pessoa. Apesar de concentrar boa parte das melhores universidades do país, proporcionalmente a outras cidades, São Paulo não tem tantos alunos em cursos de alta qualidade. Como o número de empresas a procura de bons profissionais na cidade é grande, a mão de obra fica muito cara. O salário de um dirigente em São Paulo é de R$ 9.432, em média, cerca do dobro da média das 32 cidades pesquisadas.

2. Florianópolis: A ilha empreendedora

A capital catarinense é a cidade com o melhor capital humano do país. Contratar profissionais com boa formação e com salários até um pouco abaixo da média nacional é algo mais simples na cidade – 60% dos alunos formandos da cidade estão matriculados em cursos de alta qualidade pelo MEC, a mais alta taxa do estudo. A cidade também é líder em inovação, com a maior proporção de mestres e doutores do estudo.

O desafio da ilha está justamente no fato da cidade ser pequena. Mesmo crescendo, o mercado interno de Florianópolis é pequeno: a cidade tem o 27º maior PIB de 32 analisados. Principalmente na cidade o recado que vale para todo o país é urgente: os empreendedores precisam buscar o mercado externo. Em Florianóplis apenas 0,35% das empresas exportam.

3. Vitória: Equilíbrio dá resultado

Vitória não é líder em nenhum dos pilares do estudo, mas tem resultados expressivos em todos eles. A cidade é vice-líder em Capital Humano graças, por exemplo, a larga oferta de Ensino Profissionalizante na cidade: 3,7% da população com mais de 15 anos está matriculada nesses cursos, mais que o dobro da média do estudo, de 1,8%.

Apesar disso, a cidade precisa incrementar seus investimentos em inovação, já que foram poucos investimentos de organizações como BNDES e Finep e a cidade não tem, por exemplo, nenhum parque tecnológico.

4. Recife: A melhor do Nordeste está avançando

A melhor representante do Nordeste apresentou grandes avanços em alguns de seus indicadores. A cidade, 6ª colocada em Capital Humano, tem a maior proporção de inscritos no Ensino Técnico (5,5% da população acima de 15 anos). A cidade também tem impostos mais baixos e processos burocráticos menos complexos do que a média do estudo, dando a cidade a 7ª posição em Ambiente Regulatório.

O Recife, no entanto, ainda precisa melhorar a imagem que sua população tem a respeito do empreendedorismo. Um em cada quatro recifenses acredita que empreendedores exploram seus funcionários, a 3ª maior taxa do estudo.

5. Campinas: Números de capital em pleno interior

Por estar localizada no interior do estado de São Paulo, Campinas consegue ter a 4ª melhor Infraestrutura pesquisada. Com o maior centro de carga aérea do país e o 5º maior em passageiros, Viracopos tem potencial para ser o maior aeroporto da América Latina em carga. A cidade também é 4ª em inovação, com a segunda melhor média de investimentos da FINEP e do BNDES por empresa.

O principal desafio da cidade está no seu Ambiente Regulatório, já que a carga de ICMS estadual é um dos mais altos.

Todas as cidades ainda precisam avançar nos mais diversos indicadores. A Endeavor espera conseguir ajudar essas cidades a chegarem lá!

Para saber mais sobre esses resultados e conferir resultados das outras 27 cidades, faça download do relatório da pesquisa aqui.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

Leia