Homens de terno sentados em ambiente formal

Parte do grupo conhecido como big three, que reúne as três maiores consultorias estratégicas do mundo, o The Boston Consulting Group (BCG) possui escritórios no Brasil desde 1997, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O processo seletivo, como se pode imaginar, é um dos mais concorridos entre as consultorias que atuam no país e envolve, depois das provas de inglês e raciocínio matemático, entrevistas com consultores, principals (os gerentes sêniores de projetos) e até com sócios da empresa.

 

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Essas entrevistas têm o formato de case interviews, em que cada candidato deve resolver um ou mais cases que podem envolver de tudo, seja a viabilidade de negócios funerários na Moldávia ou o peso de um avião. É uma questão de aprender a estruturar o pensamento de uma maneira que faça sentido no mundo dos negócios, envolvendo clareza, ferramentas analíticas e bom senso.

Para ter uma resultado satisfatório, a chave é dedicação. “É um processo competitivo mesmo e a recomendação que a gente dá é: se prepare”, diz Christian Orglmeister, sócio do BCG no Brasil, em um Bate-Papo com o Na Prática. “A melhor coisa a fazer é estudar, tanto no site de consultoria do BCG quanto nos clubes de consultoria da maioria das faculdades, que tem manuais e provas. Estude e treine.”

Tais clubes de consultoria também são conhecidos como consulting clubs, e são essencialmente grupos de estudos que tem por objetivo treinar cases em equipe. “Uma pessoa que te acompanha durante esse processo é capaz de te passar feedbacks sobre onde melhorar, coisas que você não seria capaz de perceber sozinho. Ao mesmo tempo, ao assistir você desenvolver um caso, ela também consegue absorver boas práticas e perceber erros que não deveria cometer”, explica Bárbara Borges.

Aluna de Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), ela se envolveu com o consulting club interno da instituição. “Acredito que treinar cases com alguém seja proveitoso para as duas partes. Foram longas tardes e noites treinando para as case interviews para que eu tivesse um bom desempenho nos processos seletivos.”

 

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No caso do BCG, as questões de case são baseadas em experiências reais da própria consultoria, que servem como uma prévia de situações do dia a dia que o profissional pode encontrar por lá. A seguir, Bruno Barros, consultor envolvido no recrutamento da empresa, dá dicas para quem busca a carreira em consultoria ou está se preparando para esse tipo de entrevista:

1. Conte a sua história

Cada case interview costuma durar cerca de 45 minutos e começa com uma conversa sobre você e seu currículo. Nesse momento, Bruno diz não esperar apenas que os candidatos tenham experiências acadêmicas ou profissionais interessantes no currículo, e sim que contem histórias que façam sentido. Segundo ele, é importante você ensaiar antes como vai explicar sua trajetória e por que quer entrar na consultoria. Ser persuasivo é essencial. “Também vamos analisar o fit com a empresa, ou seja, se você possui os valores que estamos buscando”, explica, destacando que o BCG busca pessoas com boa habilidade interpessoal, pensamento crítico e integridade.

2. Comunique-se

No dia a dia de um consultor, a boa comunicação, a empatia e o trabalho em equipe são muito importantes. Você vai representar a consultoria diante do cliente, além de ter que se comunicar bem com os outros consultores envolvidos no mesmo projeto. Para Bruno, essa é uma das habilidades mais analisadas durante o processo seletivo.

3. Não tenha medo de errar

“Como quase tudo na vida, o case nem sempre tem respostas certas e erradas, e sim caminhos que fazem sentido ou não”, diz Bruno. O que está sendo analisado na sua abordagem do case, então? Sua capacidade de estruturar um raciocínio, ter insights e navegar em um problema de negócios, fazendo análises e recomendações em cima dele. Em outras palavras: se você tem ou não o famoso business sense. “A gente quer entender o seu problem solving, como você aborda um problema e como você se estrutura para tentar resolvê-lo”, detalha Bruno.

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4. Evite frameworks prontas

Na faculdade ou treinando para case interviews, costumamos aprender frameworks clássicas – aquelas estruturas prontas que servem para abordar problemas parecidos. Para Bruno, usar essas estruturas literalmente na abordagem do case não costuma pegar muito bem e pode passar a sensação de uma solução preguiçosa. Se uma dessas estruturas parece ser relevante para o problema proposto, busque adaptá-la de acordo com os detalhes do problema. Essa é uma parte importante da resolução do case, e vale gastar um tempo com isso.

5. Faça perguntas

“A case interview é um diálogo, não é uma via de mão única. Por isso, é importante você interagir com o entrevistador”, Bruno explica. Se tem dúvidas quanto ao problema apresentado, precisa de mais informações ou quer checar dados, pergunte. Para ele, o candidato deve evitar ficar o tempo todo calado, fazendo contas, e depois simplesmente propor uma resposta. “Isso não diz nada, porque eu não sei o que você pensou”, completa.

6. Ponha tudo no papel

É importante que o entrevistador possa acompanhar os seus cálculos e a maneira como você estrutura o problema. Contas de cabeça, rabiscos ou rascunhos mal organizados não ajudam nisso. “Mostre tudo no papel, desde as contas mais fáceis até o framework que você montou para estruturar o case”, recomenda Bruno. “É uma maneira de comunicar ao entrevistador o que você está pensando e as opções que você está considerando, mesmo que depois mude de caminho”, completa. Se fosse uma situação real de consultoria, o cliente estaria acompanhando aquilo que você coloca no papel, portanto é essencial escrever de maneira compreensível e limpa.

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7. Deixe claro o que você está pensando

Faça questão de que o entrevistador esteja acompanhando o seu pensamento. Para deixar o seu raciocínio mais transparente, discuta as suas suposições, em que aspecto você está focado, e quais as razões por trás de suas decisões. No entanto, vale a máxima “pense antes de falar”: é importante ordenar as informações antes de verbalizá-las.

8. Não defenda sua hipótese a todo custo

Você deve lutar e insistir na solução que acredita estar certa, mas se o seu entrevistador desafia você, considere a perspectiva dele cuidadosamente antes de responder ou ficar na defensiva. Lembre-se de que arrogância conta pontos negativos. “O ideal é mostrar confiança, mas sem exageros”, diz Bruno. Provavelmente, você vai começar por uma hipótese errada, e isso faz parte do processo. Saiba o momento certo de testar as outras hipóteses, navegando pela estrutura que montou pelo seu problema, até esgotar todas as possibilidades.

9. Seja você mesmo

Com clientes no mundo inteiro, consultores do BCG (e de outras grandes consultorias) costumam passar bastante tempo juntos em hotéis e viagens. Muitas vezes, o entrevistador vai estar pensando se você seria o tipo de pessoa que ele conseguiria passar um final de semana junto ou uma longa viagem. “Coloque em prática suas soft skills, mostre suas qualidades, e não tenha receio de ser você mesmo. O BCG, por exemplo, é um ambiente colaborativo e que respeita as diversidades. Acredite que você vai aprender bastante, mas também tem muito a somar à empresa”, completa.

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

Matéria originalmente publicada em 26/2/2015 e atualizada em 18/5/2016.

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