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O que a formação de um tenista campeão pode te ensinar sobre carreira

menino jogando tenis

A cada seis semanas, uma reunião de trabalho acontece na casa de Jorge Paulo Lemann, dono da AB InBev e atualmente o homem mais rico do país, em São Paulo. É o encontro regular dos conselheiros do Instituto Tênis, um centro para treinamento de atletas de alto nível, criado pelo empresário. Eles cumprem um ritual. Antes de começar as conversas, jogam um ou dois sets na quadra de saibro que Lemann mantém no quintal.

Não raro, quando chegam ao casarão, por volta das 7h da manhã, ouvem do porteiro: “Podem entrar, o chefe já está batendo bola no paredão. Desde as 6h30”. Lemann, aos 75 anos, pratica o esporte quase diariamente. Foi em uma dessas reuniões, no início de junho, que Cristiano Borrelli, diretor-executivo do Instituto, apresentou ao grupo uma proposta inusitada: contratar uma consultoria de gestão empresarial, a Falconi, para fazer uma reviravolta no centro. O objetivo é atingir uma meta nada modesta: colocar um brasileiro no topo do ranking mundial até 2031.

Para quem não conhece a Falconi, cabe a apresentação: seu fundador, Vicente Falconi, é considerado o mais influente guru da geração que atualmente comanda os principais negócios do país. Entre as cem maiores empresas brasileiras, 77 são ou foram clientes dele. Governos de estados como Rio de Janeiro e São Paulo contaram com seus serviços para realizar “choques de gestão”. Se a Ambev se tornou conhecida pela cultura da meritocracia, deve boa parte disso ao consultor.

Jorge Paulo Lemann

Falconi foi a primeira pessoa de fora do negócio a se tornar conselheiro do grupo, nos anos 90, quando a companhia ainda era a Brahma. Até hoje, tem assento no conselho da Ambev e presta consultoria para a multinacional, assim como para outras empresas do grupo de Lemann, como a Heinz. O próprio conselho interno da Falconi, se olhado de perto, dá uma ideia do prestígio da grife: Edson Bueno (fundador da Amil), Beto Sicupira e Marcel Telles (sócios de Lemann) e Pedro Moreira Salles (do Unibanco, hoje Itaú). “Talvez seja a única instituição cujo conselho é formado por clientes”, diz Álvaro Guzella, um dos cinco sócios-diretores da Falconi.

Ainda que tenha atuado nos mais variados setores, é a primeira vez que a consultoria vai lidar com raquetes e bolinhas. Em julho, após a proposta ter sido aceita pelos conselheiros, Lucas Pinheiro da Silva Neto, um consultor da Falconi, começou a trabalhar em tempo integral no Instituto Tênis. (Para se ter uma ideia de quão incomum é a tarefa, a última missão de Neto tinha sido ajustar as contas de uma siderúrgica nos Estados Unidos.)

No centro de treinamento, ele sequer tem uma sala, ou mesmo uma mesa – sua única arma parece ser o laptop. Tem feito reuniões, nas mesas do café, com cada profissional que estará envolvido no projeto. As conversas individuais, além de servir para explicar o plano, são também uma forma de vencer possíveis resistências. “Sempre que uma consultoria chega, tem gente que torce o nariz”, ele afirma.

tenis esporte carreira

A estratégia parece simples – pelo menos no papel. Tudo será baseado em metas e indicadores. Esse é o modus operandi da Falconi. A meta principal (“fabricar” o número 1) será decomposta em metas anuais, mensais, semanais e até diárias, de modo que cada pequeno passo leve ao destino final. Haverá indicadores para medir todas as obrigações dos atletas: físicas, nutricionais, pedagógicas e até técnicas e táticas. “Vamos imaginar que um deles rebateu 50% das bolas de backhand com a pisada correta do pé direito. Na semana que vem, esse índice terá de ser de 70%”, diz Borrelli. “Isso vai levar a metas maiores, como terminar o semestre entre os 200 melhores do mundo”, ele afirma.

Para colocar o plano em prática, o grupo vai lançar mão de uma metodologia usada em todos os projetos da Falconi. Chama-se PDCA. Nos anos 80, o professor Falconi, então consultor do setor de metalurgia e siderurgia, viu-se às voltas com uma dúvida: por que os japoneses tinham uma produtividade tão alta, se as máquinas eram as mesmas e as pessoas aqui também eram capacitadas? Resolveu atravessar o mundo para pesquisar in loco. Foi quando descobriu essa tecnologia de gestão – a sigla quer dizer Plan, Do, Check, Act. Planejar as mudanças, executar o plano, checar os resultados, agir sobre eles para ajustá-los. Sempre norteado por indicadores numéricos. Tudo muito cartesiano.

Leia também: Determinação de atleta para atingir os melhores resultados no mundo dos negócios

“Nosso lema é: quem não mede, não gerencia”, diz Guzella. Até hoje, o PDCA é a base do trabalho da consultoria. A Falconi afirma que as metas dos clientes são alcançadas em aproximadamente 90% dos projetos.

No caso do Instituto Tênis, eles ainda estão na primeira fase: o planejamento. Para Neto, é a etapa mais importante. “Planejar é aquilo que deveria tomar mais tempo das empresas”, ele diz. Tão logo as metas sejam estabelecidas, os profissionais do Instituto – treinadores, fisiologistas, nutricionistas – passarão a ter a rotina guiada por elas. “Os indicadores serão integrados. Se a meta tática daquela semana for muito puxada, o pessoal da física e da nutrição vai trabalhar de forma a viabilizar isso”, diz Borrelli. Os atletas, como em uma boa meritocracia, também serão cobrados com base nelas. O trabalho todo, eles esperam, vai durar seis meses. Mas a ideia é que as “ferramentas” de gestão da Falconi passem a fazer parte da cultura do Instituto depois disso.

No momento, o tenista de maior destaque do país é Thomas Bellucci, que ocupa a 30ª posição entre os melhores do mundo. O catarinense Gustavo Kuerten, brasileiro que mais brilhou na modalidade, chegou a ficar 43 semanas no topo do ranking. No Instituto Tênis treinam 47 jovens talentos, com idades entre 11 e 18 anos. Alguns já despontam nos rankings internacionais, como Matheus de Almeida, de 14 anos, o 4º melhor da América do Sul na categoria até 14 anos.

Entre as meninas, uma das promessas é Thaisa Pedretti, de 16 anos, a 70º no ranking global da categoria até 18 anos. “Eu disputei mais de 20 torneios internacionais neste ano”, ela diz. As viagens são bancadas pelo Instituto. A atleta também ganha uma bolsa em dinheiro e tem acompanhamento pedagógico para estudar online no tempo livre. Mas as regalias não são para qualquer um. Só valem para quem mostrar bom desempenho. Em uma palavra: meritocracia. “Minha meta é terminar o ano bem ranqueada o suficiente para entrar direto na fase de chaves do Australian Open, no início do ano que vem”, diz Thaisa. Ela ainda não sabe, mas logo as metas serão mensais, semanais e diárias.

Leia também: Como atua um jovem consultor na Falconi?

Quando ouviu a ideia, naquela reunião de junho, Lemann reagiu com comedimento. Disse algo como “bacana, acho uma boa, vamos nessa”. Parece querer esperar para ver. É o estilo do empresário. “Lemann fala pouco, apenas observa e espera que a gente traga os resultados”, afirma Borrelli. Neste caso, é mesmo difícil prever o sucesso do projeto. Os clientes da Falconi normalmente vendem um produto, com o objetivo de obter lucro. Dessa vez, as metas não terão nada a ver com resultado financeiro e o “produto” será uma pessoa – se tudo der certo, um campeão. E uma pessoa, é claro, não é feita só de números e planilhas.

Pode ser, também, que funcione. Em 2010, o treinador Dave Brailsford assumiu o comando da equipe britânica de ciclistas de alto rendimento. O país jamais havia ganho o lendário Tour de France – e Brailsford queria mudar isso. O plano dele lembrava os métodos do professor Falconi. Brailsford definiu pequenos ganhos mensuráveis, que deveriam ser alcançados, um após o outro, em diferentes áreas do treinamento – nutricional, tática, física. O treinador afirmava que, se todas as metas fossem atingidas, o Reino Unido teria um campeão dentro de cinco anos. Estava errado. Três anos depois, Bradley Wiggins tornava-se o primeiro britânico a cruzar a linha do Tour em primeiro lugar. Resta saber se, no caso do tênis, a gestão “estilo Ambev” também será uma boa sacada.

 

No vídeo a seguir, Jorge Paulo Lemann explica as lições de negócios e carreira que aprendeu nas quadras de tênis: 


Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

Ainda na universidade, jovens transformam a venda informal de doces em negócio

mulher com alfajor no olho

Quando Gabriela Santos era criança, em Minas Gerais, sua mãe decidiu criar um doce mais saudável para ela. De tão gostoso, o pão de mel resultante virou business e é vendido até hoje pela matriarca. A experiência animou a menina em relação ao poder do empreendedorismo. “Minha mãe nunca teve formação e aprendeu tudo na prática, e os ensinamentos que ela trouxe serão tão ou mais importantes que qualquer MBA”, diz a filha, hoje com 22 anos.

Anos mais tarde, já estudando Engenharia Química na UFRJ e sempre de olho em oportunidades para empreender, Gabriela teve uma ideia. Convidou o namorado Lucas de Sá, colega de curso na mesma universidade, e decidiram testar seus talentos na cozinha.

Em outubro de 2014, começaram a vender brownies e sanduíches naturais caseiros com a ideia de financiar um curso no exterior. Falharam – e ainda tinham a fatura do cartão para pagar, já que investiram do próprio bolso.

Foi quando a matriarca, que Lucas considera uma mentora, teve mais uma ideia acertada. “Ela ficava martelando que não se vendia alfajor em lugar nenhum”, lembra ele. “Então pegamos todo o carinho que colocávamos nos outros produtos, os ingredientes encalhados e começamos a fazer.” Venderam todos no mesmo dia e concluíram que era de fato um nicho, que poderia render o dinheiro necessário para estudar fora. Decidiram seguir por esse caminho.  

Carreira Na Prática 

No fim de 2014, alguns meses após o início da empreitada, Lucas participou do Carreira Na Prática sobre empreendedorismo e tecnologia. “Fora desse meio as pessoas não falavam sobre empreender e lá parecia que eu estava em outro planeta, todo mundo tinha projetos e tocava coisas interessantes”, fala.

Gravetto 2

Entre palestras, happy hours e uma nova agenda de contatos, saiu com a ideia de virar o ano com um negócio de fato. Em janeiro de 2015, que ele chama de “ano da ralação”, fundaram oficialmente a Gravetto Alfajores. “Saí de lá com outra cabeça: não estava só juntando dinheiro, aquilo era um negócio.”

Lucas – que se apaixonou tanto por gestão que trocou de curso e agora estuda Administração na mesma universidade – ainda voltou para participar do Carreira Na Prática Gestão Empresarial e do Liderança Na Prática 32h, programa de formação de lideranças.

Um de seus lemas, que ele usa para ilustrar a importância dos programas (e das redes formadas lá!) em sua trajetória, é de autoria do palestrante motivacional Jim Rohn. “Ele dizia que você é a média das cinco pessoas com quem mais convive, e pra mim isso é a melhor sacada: se você não sabe como começar, conviva com pessoas que admira para encarar seu sonho como possível, porque o sucesso contagia.”

Já Gabriela apostou em outro programa do Na Prática, o Autoconhecimento Na Prática, que visa desenvolver autoconhecimento e autodesenvolvimento – outros pilares importantes para uma carreira que proporcione sucesso e realização. Gostou tanto que se tornou facilitadora da iniciativa. “É sensacional enxergar como você pode potencializar pessoas agindo com amor, vocação, metodologia correta e trabalho duro”, conta. Os dois veteranos também integram o Núcleo, a comunidade de alumni dos programas do Na Prática.

Cotidiano Além dos alfajores, a Gravetto já oferece outros doces como merengues com doce de leite e cookies com Nutella. Com produção diária de cerca de 200 itens, feitos pelos dois com a ajuda de uma funcionária, a empresa atingiu o breakeven financeiro em 2015 e conta com 30 pontos de venda, além de aceitar encomendas.

A rotina de empreendedores-estudantes, no entanto, é puxada. Lucas acorda praticamente de madrugada, trabalha na Gravetto pela manhã e segue para a faculdade. No meio tempo, faz compras e liga para fornecedores e clientes. Atualmente, o portfólio inclui marcas como Cantão, Vogue e Mary Zaide.

Gravetto Alfajor - Empreendedorismo

Ambos dizem que a parte mais difícil é lidar com pessoas. No caso deles, que acumulam um relacionamento e uma sociedade, é algo que exige ainda mais cuidado e paciência. “Eu e Lucas discordamos em muita coisa, o que é ótimo do ponto de vista da gestão do negócio para que o processo decisório gere reflexão”, diz Gabriela. Para ele, conciliar os dois aspectos é um aprendizado constante.

Mesmo enfrentando desafios constantemente, os dois estão animados – e sendo reconhecidos. Em março passado, ganharam o primeiro lugar no Momento Pitch, parte do curso de empreendedorismo Meu Futuro Negócio da FIRJAN. “Ganhar a competição mostra que estamos no caminho certo e é legal ouvir isso de pessoas que são referências na área”, fala Lucas. “Vimos que nosso esforço foi recompensando, independente da Gravetto durar mais um ano ou cem.”

Entre os prêmios está um curso de Design Thinking e Business na ESADE, em Barcelona. Quem vai é Gabriela, que fez o pitch. “Empreender me dá a liberdade de testar, quebrar a cara, refazer… E isso gera muito crescimento pessoal”, diz. “É a melhor sensação do mundo quando somos reconhecidos e elogiados por um projeto que criamos, e você é reconhecido por estar fazendo algo que ama, aí não tem sensação igual.”

Leia também: ‘Meu negócio acabou ensinando muito sobre quem eu realmente sou’, diz fundador do Brownie do Luiz

Passar por diferentes áreas e empresas mancha o currículo? Conversamos com recrutadores para entender!

homem segurando curriculo

Para uma pesquisa global que levou em conta trocas de emprego anunciadas na plataforma entre dezembro de 2014 e março de 2015, o LinkedIn falou com mais de 160 brasileiros. O resultado impressiona: 59% dos entrevistados tem entre 18 e 35 anos, a chamada geração Milênio, e 39% trocaram não só de posto, mas de carreira.

Trata-se de uma mudança sincronizada com outros jovens pelo mundo. A questão da importância da diversidade de experiências e do trabalho como propósito de vida – assim como a ascendência de habilidades e profissões totalmente novas – é cada vez mais relevante.

O mercado, por sua vez, já responde a essa transição com novas estratégias de contratação, que levam em conta um currículo diverso como digno de avaliação ao invés de um sinal vermelho.

Conheça os jovens que querem revolucionar a gestão de consultórios

Empreendedorismo - Vitta
[acervopessoal]

O primeiro médico a validar o que viria a ser a startup Vitta, em idos de 2014, conhecia Lucas Lacerda desde o nascimento – literalmente. Como empreendedor, Lucas tinha o objetivo de melhorar a gestão do consultório, algo com que os profissionais de saúde costumam perder muito tempo e sem ter um resultado dos melhores.

“Como paciente, o problema da sala de espera era algo que me incomodava”, lembra Lucas, CEO aos 24 anos. A parte operacional dos consultórios, no entanto, tinha muitos outros aspectos que também poderiam ser melhorados – algo que ele percebeu logo de cara, quando começou a desenvolver sua ideia de negócio.

Atualmente, a empresa oferece três ferramentas para facilitar o dia a dia dos médicos, e que envolvem desde posicionamento na internet e agendamento online de consultas até prontuários eletrônicos e plataformas de controle financeiro. Esse ano, aproveitaram uma nova regulamentação para a categoria, lançaram a primeira solução de pagamentos para profissionais de saúde do Brasil – a Vitta Pagamentos, uma máquina de cartões criada especificamente para os médicos. A agilidade dos empreendedores rendeu frutos: a lista de clientes já supera os mil pelo Brasil.

A mais recente é a Vitta Pagamentos, máquina de cartões especificamente desenhada para a categoria e que tem todas as transações acompanhadas em tempo real pela equipe lançada em fevereiro. A inovação aparece no relatório de cada ato, que inclui dados como CNPJ de cada médico e CPF de cada paciente, e na habilidade de atrelar mais de uma conta para pagamento – especialmente útil em clínicas, onde diversos médicos dividem o mesmo aparelho.

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Todos os produtos podem ser pagos mensal ou anualmente, e a lista de clientes já supera os mil pelo Brasil.

“Falamos com mais de quinhentos médicos para entender suas necessidades e especificidades, de consultórios a clínicas populares e clínicas grandes”, lembra João Alkmim, um dos fundadores e bolsista da Fundação Estudar. “Mapeamos tudo para saber o ramo de ataque e percebemos uma lacuna gigante no mercado.”

O trio de co-fundadores também inclui Fernando Nery e se conhece da Universidade Federal de Uberlândia. Há quase um ano, as 18 pessoas da equipe se dividem entre Minas Gerais e São Paulo. A metade mineira é responsável pelo desenvolvimento de softwares, a cargo do CTO Fernando, e há um monitor nos dois escritórios para manter contato visual.

Hora do pitch

No verão de 2015, João trouxe do Insper, onde estuda Administração, vinte estagiários para fazer uma maratona de sales. Foi quando validaram de vez os produtos da casa, instalaram-se em São Paulo e foram em busca de investimentos.

Entre redes e comunidades – inclusive a da Fundação Estudar –, acabaram conquistando o apoio do fundo de investimentos Arpex, que também emprestou a credibilidade de uma marca estabelecida.

Ele admite que mostrar-se como uma empresa madura pode ser um desafio numa primeira impressão. “Somos jovens mas temos o melhor produto do mercado e quem diz isso são gestores hospitalares”, conta.

Rotina intensa

A equipe de estagiários de verão que ficou inclui Athus Formiga, que aos 20 anos toca o Vitta Pagamentos. Com experiência internacional no banco Morgan Stanley, em Nova York, ele aprendeu na prática que médico é “um bicho diferente” do mercado financeiro. “As especificidades do setor de saúde são muito grandes e é um aprendizado em tempo integral com cada médico”, conta.

Ele ri ao lembrar que falta tempo para dormir, mas diz crer no propósito da empresa: “Se a gente der suporte para o profissional de saúde, o impacto tanto para ele quanto para os pacientes é muito grande, e isso é muito gratificante.”

Leia também: Como as redes e comunidades podem ajudar na sua vida e carreira?

São jornadas de trabalho intensas, de até doze horas, e muitos ainda precisam arranjar tempo para estudar – João, por exemplo, tem 21 anos e se forma só em 2018. “Nosso espírito de empreender é muito forte e a gente até brinca que não é para qualquer um”, diz. “Mas só existimos por conta do time, que tem muita garra.”

Expansão

Embora a crise não afete a demanda por saúde, que se mantém estável, a Vitta ainda enfrenta dificuldades típicas de começo de startups, como atrair capital e convencer seu segmento a fazer as coisas de um jeito diferente – no caso, uma categoria especialmente tradicional a aceitar fazer as coisas pela internet. 

Os benefícios, no entanto, parecem se espalhar rápido e não é raro alguém na Vitta atender o telefone ao invés de fazer a ligação. “Conseguimos construir soluções que ninguém tinha conseguido antes, nem as gigantes do segmento”, explica João.

A equipe pretende expandir a gama de produtos ainda mais no futuro próximo – e atrair cada vez mais talentos. “Estamos sempre buscando gente boa”, conclui Lucas.

‘Ter ideias inovadoras e mostrar liderança faz diferença no processo seletivo’

jovem sorrindo com prédios no fundo

“A gente fala que é sangue roxo”, brinca Pedro Lorenzetti sobre o que motiva os funcionários da Raízen, onde faz estágio há um ano e meio. Aos 23 anos, ele está terminando o curso de Relações Internacionais na PUC-SP e trabalha na consultoria interna de Recursos Humanos da empresa.

Formada pela junção de parte dos negócios da Shell e Cosan, a Raízen é uma multinacional de grande porte do setor de energia com cifras gigantescas – produz, por exemplo, cerca de 2 bilhões de litros de etanol por ano.

O que pode parecer curioso à primeira vista – um estudante de RI em uma gigante do setor de energia – tem origens na infância no interior do estado, onde Pedro cresceu e a empresa atua. “Cresci no meio da cana e sempre quis saber como funcionava uma empresa brasileira desse tamanho”, lembra ele.

No fim de 2014, em busca da primeira experiência profissional, inscreveu-se no programa de estágio da Raízen. Após passar nos testes iniciais, participou de uma dinâmica de grupo e foi fisgado pela cultura da companhia.

“Aplicaram um case de negócios da Raízen mesmo e eu, que já tinha um conhecimento do que era a empresa, acabei indo bem”, lembra. “Foi excelente, porque além de gerar conhecimento é algo que te anima a querer atuar lá dentro e funciona como um fator motivacional.”

Leia também: 5 dicas para melhorar seu desempenho em dinâmicas de grupo

Para quem está em dúvida sobre como se preparar para as etapas de um processo seletivo, saber onde você está é o principal conselho de Pedro. “Prepare-se com informações, conheça, estude a empresa – isso é inevitável em qualquer dinâmica ou entrevista”, diz. “Você precisa estar muito bem informado até mesmo sobre notícias relacionadas ao negócio.”

No caso específico da Raízen, uma das maiores empresas do país em termos de faturamento, ele aproveita para destacar o que aprendeu desde que passou a integrar a equipe e que pode ajudar futuros recrutas. “A empresa procura pessoas com espírito empreendedor e com vontade de fazer diferente, então ter ideias inovadoras e mostrar liderança faz diferença”, resume. “E você é reconhecido por isso.”

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Uma vez lá dentro, a rotina é agitada. Assim que chega, Pedro já encontra telefones tocando, uma série de emails não lidos e pessoas procurando por ele. No dia a dia, prepara apresentações sobre projetos e desenvolve soluções, que ele pode discutir com gerentes, diretores e, vez ou outra, até mesmo o vice-presidente.

“Acabo aprendendo muito sobre o negócio com esse contato diário com as lideranças”, conta ele. Entre os maiores ganhos até agora, Pedro cita ter desenvolvido uma postura mais madura, aprendido a lidar com diferentes perfis de pessoas constantemente – traço que ganha destaque no mundo de RH – e, principalmente, a gerenciar as horas. “Como o tempo é curto e as atividades são constantes, você tem que aprender de uma forma ou de outra”, conclui.

‘Fazer surgir um negócio novo onde ninguém te conhece é um desafio’

plantação

Mineiro de Manhumirim, César Augusto Silva sonhava com a Petrobrás. Formou-se em química na Universidade Federal de Viçosa em 2014, preparando-se ao longo dos anos para os concursos públicos. Acabou esbarrando na realidade difícil da estatal nos últimos anos e precisou mudar de ideia – e de estado – para encontrar uma alternativa. Hoje, toca o Solum Brasilis, laboratório de análise agroquímica de solo em Guarapuava, no Paraná – e que ele mesmo criou.

A ideia de trabalhar (e empreender!) na área surgiu em 2011, mas começou a germinar mesmo em fevereiro de 2014. Se Goiás era dominada por latifúndios – e, portanto, poucos clientes – e Minas Gerais tinha um mercado saturado, passou a considerar o Paraná como boa oportunidade, com seus produtores de pequeno, médio e grande porte. 

Quando César visitou um amigo agrônomo com quem tinha discutido a ideia em Guarapuava, sede de uma grande produção agrícola no Sul, viu o potencial da região. “Descobri que só havia um laboratório do tipo, e foi aí que empreender deixou de ser meu plano B para ser o plano A”, resume.

Imersão - Solum Brasilis
[acervopessoal]

Para atingir altos níveis de produção, o solo precisa ter as quantidades certas de nutrientes. É aí que entra a análise realizada pelos laboratórios: para diagnosticar seu estado nutricional, em termos de substâncias como cálcio, magnésio e enxofre. “Com a adoção da chamada agricultura de precisão, que visa aumentar a produção sem expansão da área cultivada, a demanda por esse tipo de serviço irá aumentar em todo o país”, aposta. Essa modalidade de agricultura, que combina técnicas sofisticadas de gerenciamento com tecnologias avançadas, é apontada como tendência no Brasil e exterior. 

Motivação Para entender melhor o que o esperava, César participou em dezembro daquele ano do Imersão Empreendedorismo, programa de decisão e preparação de carreira do Na Prática. “Foi um choque de realidade chegar ao centro financeiro do país e ver de perto empresas em franco desenvolvimento”, lembra ele, que ainda mantém contato com empreendedores que conheceu na época.

Entre aprender sobre como lidar com produtos, clientes e funcionários, impressionou-se em especial com a Acesso, empresa especializada em gestão de processos e que participou do Imersão. “Entretanto, a maior contribuição do programa foi me fazer encontrar a motivação necessária para sair do ‘vou fazer’ para ‘estou fazendo’.”

Especial Na Prática: tudo sobre a carreira empreendedora

Em julho de 2015, com as ferramentas em mãos e já decidido, reformou o espaço do escritório paranaense e foi atrás da papelada, que só foi concluída este ano – como ele faz questão de frisar, a lentidão da burocracia é um dos obstáculos que costumam esperar o empreendedor brasileiro.

Desafios Financiado inicialmente pela família, César está aprendendo na prática o que uma empresa exige, como conquistar os clientes. “Vir para um lugar com uma cultura diferente, onde ninguém te conhece e fazer surgir daí um negócio novo é um desafio”, conta. É o único funcionário, e bate de porta em porta oferecendo seus serviços.

Lidar com a natureza também significa lidar com obstáculos imprevisíveis, como o excesso de chuvas que atualmente atrapalha a colheita de soja, principal cultura paranaense. A marcha lenta, no entanto, deve terminar em breve.

Atualmente, a Solum Brasilis está em fase de testes com alguns clientes em potencial – o que significa receber amostras com valores conhecidos pelo cliente – e, se tudo der certo, terá seus primeiros contratos e um grande número de amostras para trabalhar. E logo que os movimentos de preparo do solo começarem pela cidade, César terá uma visão mais clara do que pode fazer por lá e entrar de vez no mercado.

“Meu sonho é ser a maior empresa do ramo”, diz, sem medo. Entre os muitos planos futuros, que incluem expandir o negócio para outros tipos de análises e setores laboratoriais, ele quer investir em pesquisas e inovação para avançar o desenvolvimento brasileiro. “Quero que de alguma maneira meu desenvolvimento possa causar um impacto além do setor em que atuo”, conclui.

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Conheça o jovem por trás da Revo Foot, novo tipo de prótese 100% brasileira

Há sete anos, em Novo Hamburgo (RS), os estudantes Lucas Strasburg e Eduardo Trierweiler Boff viram ao longe alguém caminhando de maneira estranha. Era um rapaz amputado na altura da canela, que precisava parar e se escorar na muleta para comer. “Aí acendeu uma lâmpada: há tanto avanço na medicina mas ainda não colocamos um paciente andando direito?”, resume Lucas, hoje com 24 anos.

A dupla decidiu criar um novo tipo de prótese como projeto de conclusão do ensino técnico em mecânica da Fundação Liberato. Pesquisaram sobre o setor e descobriram que o Brasil não fabrica próteses de qualidade e que esse mercado é dominado por produtos importados.

Conheça o Laboratório, programa de formação de lideranças do Na Prática

“A prótese de madeira oferecida gratuitamente pelo SUS é rígida e não permite a transferência de energia do calcanhar para a ponta do pé”, diz Lucas. O objetivo da Revo Foot passou a ser entregar uma prótese nacional, de qualidade similar às estrangeiras feitas de fibra de carbono e acessível para quem precisa.

Para substituir a fibra por algo mais barato, a Revo Foot usa um material plástico injetável. “A biomecânica é similar e isso favorece a localização espacial, porque você consegue sentir todas as fases da marcha: apoio, balanço e equilíbrio.” As ideias inovadoras da dupla, como usar garrafas PET na fabricação dos modelos iniciais, renderam prestígio dentro e fora do país, como prêmios da Braskem e do Massachussetts Institute of Technology (MIT).

Diferenças

Lucas, que hoje toca a Revo Foot sozinho, estuda Engenharia Mecânica na Unisinos e segue incubando o projeto no laboratório da universidade. Entre os estudos e o desenvolvimento do produto – que inclui design, análise de performance e cálculo estrutural –, ele espera que o produto chegue ao mercado até o segundo semestre de 2017.

“Aliar as propriedades mecânicas de um material com a estrutura e a biomecânica de um ser humano caminhando é complexo”, diz ele, que se empolgou de vez quando constatou que o protótipo criado pela dupla aguentava 400 quilos de carga. Atualmente, há um paciente pioneiro que ajuda dando seu feedback.

Empreendedorismo - Revo Foot

Outro plano em curso é o desenvolvimento da estratégia de entrada no mercado. A ideia é oferecer algo entre 30% e 40% mais barato que a concorrência internacional e com crédito facilitado. “Se uma prótese fosse vendida a R$ 2 mil reais e paga em prestações, seria possível tirar grande parte dos pacientes da fila e oferecer um produto de qualidade sem explorá-los”, explica Lucas.

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Não existem informações exatas sobre quantos brasileiros tiveram membros amputados, mas é possível ter noção do tamanho da situação. Em 2011, por exemplo, das 49 mil amputações realizadas pelo SUS, cerca de 94% foram num membro inferior. Estima-se também que, pelo país, 85% de todas as amputações sejam deste tipo.

Burocracia

Um dos obstáculos enfrentados tem sido obter a certificação necessária. Lucas explica que a prótese precisa ser certificada pelos órgãos apropriados, mas como o Brasil sempre importou próteses ortopédicas e aceita as certificações internacionais, está criando as normas necessárias agora – a pedido de Lucas e seus apoiadores, inclusive.

Captar investimento, aliás, é outro ponto delicado. “Há uma febre tremenda em relação aos apps e o investidor quer algo assim porque o desenvolvimento e a monetização são muito mais rápidos”, diz ele. “Para nós na área da indústria, é preciso ter documentações aprovadas, comprar maquinário, fazer moldes, pagar funcionários, encontrar mão de obra qualificada, matéria prima, fornecedor… O investimento é muito mais alto.”

Empreendedorismo - Revo Foot
[acervopessoal]

Não é algo que o impede de tentar. Além de voar para São Paulo duas vezes ao mês, onde quer estabelecer um outro escritório, Lucas fechou parceria com uma empresa médica especializada e planeja um crowdfunding. “Como não estou vendendo o produto ainda, a geração de caixa é zero”, explica. “E como as transações jurídicas levam meses, precisamos de um montante de recursos para adiantar o processo.”

Ao mesmo tempo em que se prepara para deixar o ambiente universitário e entrar de fato no mundo dos negócios, Lucas desenha futuras possibilidade ergométricas, como joelhos e tornozelos, num caderno de esboços. Chegou a rejeitar uma proposta de emprego no Canadá para desenvolver seu sonho no Brasil. “O que mais quero é colocar esse produto no mercado e ter uma renda que é fruto de ajudar as pessoas”, conclui.

Um pequeno guia para ser bem-sucedido no trabalho

how to be a success at everything fast company

A Fast Company, fundada em 1995 por dois ex-editores da prestigiosa revista Harvard Business Review, foi criada para inspirar líderes empresariais a quebrarem os moldes e fazer negócios de uma maneira inovadora e eficaz. A linha editorial, que foca em tecnologia, economia, liderança e design, segue a mesma vinte anos depois.

Prova disso é a versão online da publicação, que inclui a seção “How to be a success at everything”, ou “Como ser bem sucedido em tudo”. Entre dicas de como conseguir respostas para seus e-mails aos hábitos mentais de grandes líderes, há uma série de lições rápidas sobre avanços profissionais, neurociência e autodesenvolvimento, por exemplo.

Confira algumas selecionadas pelo Na Prática abaixo, e veja o material completo aqui. Boa leitura!

Dois itens que deveriam estar na sua agenda em reuniões

1. Reserve os primeiros cinco minutos para bate-papos informais. Isso evita que eles aconteçam no meio da reunião, por exemplo.

2. Faça uma análise rápida do que deu certo e o que não deu nos minutos finais. Este feedback instantâneo faz toda a diferença nas reuniões seguintes.

Como salvar um dia desperdiçado

1. Marque sete minutos num cronômetro no fim do dia.

2. Ponha cinco objetivos curtos no papel nesse meio tempo.

3. No dia seguinte, priorize concluí-los acima de tudo – nem abra sua caixa de emails antes!

4. Siga criando micro-ações como essas diariamente.

Cinco maneiras de lidar com quem resiste a mudanças na empresa

1. Não leve para o lado pessoal.

2. Realmente escute a outra pessoa e demonstre que escutou.

3. Seja compreensivo.

4. Mantenha sua posição, mas pacientemente.

5. Faça um plano de ação que cubra todas as possibilidades, incluindo a saída da pessoa da equipe. Deixe claro para ela quais são os valores e comportamentos fundamentais que você espera e explique a motivação por trás de cada um daqueles passos. A ideia é ser sincero e direto.

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Prêmio Empreendedor Social, da Folha de SP, está com inscrições abertas

pessoa escrevendo com lapiseira

Em parceria com a Fundação Schwab, o jornal A Folha de São Paulo está com inscrições abertas para a 12ª edição do Prêmio Empreendedor Social e para a 8ª edição do Prêmio Empreendedor Social de Futuro.

Os interessados devem ser empreendedores com mais de 18 anos, que morem no Brasil e tenham iniciativas de impacto socioambiental com potencial para serem replicadas e influenciarem políticas públicas. Também é necessário que os projetos já tenham pelo menos três anos, no caso do prêmio principal. No caso da segunda modalidade, que inclui startups, a iniciativa precisa ter no mínimo um ano.

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Entre as recompensas estão bolsas de estudos em três instituições – Fundação Dom Cabral, ESPM e a Harvard University –, consultoria jurídica, auxílio de aceleradoras e participação em fóruns dentro e fora do país. Os vencedores também são avaliados por uma equipe do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, e podem vir a integrar uma rede internacional com mais de 300 outras organizações.

Quem levou o primeiro lugar em 2015 foi o cientista político Sergio Andrade, criador da Agenda Pública. A organização busca aprimorar a gestão pública e ajuda governos locais a criarem planos de ação para lidar com grandes empreendimentos, que trazem consigo novos investimentos e também novas demandas.

Ao todo, mais de 60 iniciativas já foram impactadas e muitas outras estamparam os cadernos especiais do jornal. As inscrições podem ser feitas até 1º de maio, por aqui.

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Como é trabalhar na gestão pública, segundo quatro jovens

estátua de gestão pública
[photoarts/BentoViana]

O mito de que a máquina pública está sempre emperrada é algo que iniciativas como o programa de trainees Vetor Brasil, que conecta jovens talentosos com postos em órgãos governamentais, estão constantemente desconstruindo. A verdade é que se seu sonho é ter um impacto social grande, ajuda se seu local de escolha tiver um alcance igualmente vasto. E não há nada maior no país, nesse caso, que o governo em si.

Um outro mito, e que se esconde dentro do primeiro, é que a gestão pública não tem gente talentosa ou com vontade de mudar as coisas. Elas não só existem como existem aos montes, e é uma das coisas que saltam aos olhos dos participantes do Vetor, que está com inscrições abertas até 9/4. Em apenas alguns meses de programa, que os espalha pelo país, os trainees já citam o profissionalismo e a motivação dos colegas como pontos positivos.

Rotina O economista João Moraes Abreu, que trabalha na SP Negócios, parte da administração indireta da Prefeitura de São Paulo, sabia que encontraria pessoas de alto calibre. “No entanto, mesmo minhas expectativas positivas foram superadas”, resume ele, que participa de reuniões quase diárias com diretores e presidente do órgão e às vezes até com o próprio prefeito.

Entre os pontos de destaque do ambiente, ele cita a equipe altamente qualificada, o número reduzido de integrantes (cerca de 30) e a preocupação com a satisfação profissional de cada um dos membros da equipe. Em conjunto, tais fatores facilitam a inovação constante e lhe dão espaço e exposição total aos projetos em curso. “São tantas as oportunidades de melhorar o que já existe e criar novas e melhores formas de gestão que mesmo um time reduzido pode fazer muita diferença”, diz.

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A economista Flavia Passos Cardillo, alocada na Secretaria de Educação do Ceará, ecoa a surpresa com o número de gente boa. “O maior aprendizado foi perceber que tem muita gente com vontade de fazer a mudança e que nosso papel é fundamental para dar um gás motivacional, tanto com a capacidade técnica que muitas vezes é necessária quanto com a garra e a vontade de fazer acontecer”, diz.

Vetor Brasil - Gestão pública
[FláviaCardillo/acervopessoal]

Ela passa os dias articulando seu projeto, que envolve implementar escolas em tempo integral na rede estadual e pode impactar milhares de jovens, além de realizar análises e estudos técnicos que embasarão estratégias de curto, médio e longo prazo – outra coisa que existe, sim, no setor público.

“Meu nível de exposição a figuras de liderança é alto porque este é um projeto prioritário do governo, que envolve diretamente grandes tomadores de decisão”, conta. Entre eles estão o Secretário de Educação do estado e o Chefe de Gabinete, além de coordenadores da própria secretaria e uma “possibilidade riquíssima” de articulação.

Currículos diversos Formada em Ciências Biológicas e hoje na Secretaria de Governo de São Paulo, Aline Feistler explica que sua experiência acadêmica tem se mostrado útil no trabalho. “As contribuições positivas incluem ouvir e valorizar a opinião das demais pessoas envolvidas nos projetos, trabalhar de forma estruturada e ter disponibilidade para correr atrás de soluções quando algo não está caminhando tão bem”, diz.

O interesse pela gestão pública surgiu quando ela era mestranda em sustentabilidade, na Suécia. Hoje acompanha projetos em áreas diversas, como meio ambiente, segurança no trânsito e racionalização de gastos. E pôs em prática seus conhecimentos científicos em iniciativas como o Programa Nascentes, que tem entre os objetivos a recuperação de matas ciliares do estado, “essenciais para o cuidado com os recursos hídricos”.

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Numa rotina que envolve a articulação entre secretarias com projetos estratégicos em comum e auxílio na hora de desenvolver e executar projetos internos, ela aprendeu a respeitar mais o tempo de outros e a diversidade de pensamento. “É um grande campo de aprendizado”, resume.

A história de Marcus Ganter, engenheiro por formação, é similar. “Aprendi a resolver problemas e a desenvolver um raciocínio lógico estruturado e pensamento analítico que são fundamentais para qualquer política pública”, diz sobre seus estudos no ITA.

Encarregado de analisar projetos e escrever os documentos que compõe licitações na Secretaria de Planejamento do Paraná, ele diz que a experiência tem complementado as competências adquiridas na graduação.

Além de entender melhor como funcionam as relações e negociações  dentro da esfera pública – conhecimento transferível para qualquer outra área, destaca –, expandiu sua visão de mundo. No setor público lidamos com todos os tipos de pessoas, várias entidades, variados negócios e oportunidades de investimento”, explica. “E lidamos com culturas diferentes, pois cada secretaria ou grupo técnico tem características próprias.”

Para quem gosta de desafios – e resultados –, experimentar a gestão pública acaba sendo uma ótima pedida. “Na Secretaria de Educação estou mais próxima do meu propósito, que é igualar o acesso e oportunidades para a maioria desses jovens hoje em escolas públicas”, finaliza Flavia. “Em pouco tempo, tive uma oportunidade gigante nas mãos de enxergar o impacto que posso ter.”

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Como as competições universitárias podem melhorar a sua formação profissional

pessoas sentadas criando robos

Marcus Verrius Flaccus foi um ótimo professor na antiga Roma. Ele se tornou conhecido, no século I antes de Cristo, por introduzir a competição intelectual entre os alunos. Os melhores ganhavam livros antigos, belos ou raros.

Impressionado com o método de Flaccus, o imperador Augusto confiou a ele a educação de seus netos, Caio César e Lúcio César. Graças à experiência romana, educação e competição têm uma relação íntima que dura até hoje. Flaccus reconheceria facilmente ecos de seu trabalho nas atuais olimpíadas de matemática.

Nos últimos anos, outro tipo de disputa educativa ganhou enorme espaço. São competições universitárias de cursos de engenharia, ciências e tecnologia. Elas exigem que os alunos construam equipamentos em equipe, a fim de vencer algum desafio. Nos Estados Unidos e na Europa, o modelo de competições é muito comum e há um calendário anual recheado delas. No Brasil, aos poucos, as competições se multiplicam e chamam a atenção dos estudantes. Atualmente, passam de 30.

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Algumas delas já são tradicionais. É o caso do arremesso de ovo na Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG). Em abril, a prova chegará à décima edição (desafio: arremessar um ovo cru o mais longe possível, sem que ele se quebre na aterrissagem). Ou a construção de pontes de espaguete, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Em novembro, ela chegou ao oitavo ano (desafio: construir uma estrutura de espaguete cru que resista ao maior peso possível).

A elas, unem-se novidades, como a competição de pontes de palitos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG), nascida no ano passado (desafio: s construir uma estrutura de palito, epóxi e cola branca que resista ao maior peso possível), e a corrida de carrinhos elétricos da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (desafio: construir modelos de carros elétricos velozes, dirigidos por controle remoto, que enviem dados de desempenho ao controlador).

Parece tudo muito divertido. Mas o que, exatamente, um concurso de arremesso de ovo propicia aos alunos e à sociedade que, paga pelo funcionamento de universidades públicas?

“Essas competições tornam o ensino interessante, desafiador, divertido e mostram os cantos mais escondidos do campo estudado, aonde os alunos normalmente não iriam”, diz Tom Verhoeff, professor de ciência da computação na Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda. Verhoeff é um entusiasta desse recurso de ensino e lançou em 2011 o artigo científico Beyond the competitive aspect of the IOI: it is all about caring for talent (em tradução livre, Além da competição na Olimpíada Internacional de Informática: o que importa é nutrir o talento).

No Brasil, o professor Ricardo Capúcio, do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da UFV, é um fã e adepto desse tipo de experiência desde 2003. Capúcio usa as competições de arremesso de ovo para mostrar o lado prático de uma disciplina de projeto de máquinas. Passaram por ela cerca de 400 estudantes. Em suas aulas, ovos já foram arremessados com estilingues, catapultas, foguetes de ar comprimido e bombinhas (proibidas recentemente, por questão de segurança). Como proteções para a aterrissagem, foram usadas combinações variadas de plásticos, colas, isopor e camadas de ar. O atual recorde de arremesso de ovo de seu curso é 102 metros.

“Fui motivo de chacota de outros professores. Diziam que isso não era engenharia”, diz Capúcio. “Mas as competições servem para que meus alunos constatem a existência de várias soluções para o mesmo problema.” Os estudantes também logo percebem o valor da brincadeira. “Começamos a disciplina com uma folha de papel em branco e terminamos construindo uma máquina completa”, diz Gustavo Veloso, mestrando em engenharia agrícola e vencedor da competição em 2010. Ele alcançou a glória ao lançar um ovo cru a 74 metros de distância. A carga chegou intacta ao solo.

Capúcio se inspirou numa competição semelhante, com alunos que largavam ovos do alto de uma torre, observada em 2002 durante seu doutorado na Inglaterra. Esse tem sido o roteiro mais comum das competições – professores fazem pós-graduação no exterior e voltam com uma ideia na bagagem. O holandês Verhoeff diz que isso se repete mundo afora. Um organizador entusiasmado é o mais importante ingrediente para o sucesso desse tipo de projeto. Esse personagem costuma ser um professor. Mas outros tipos de patrono das competições começam a aparecer.

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Quando era aluno, Felipe Quevedo, engenheiro civil formado pela UFRGS, participou da disputa de pontes de macarrão organizada pelo professor Luis Segovia (o docente se inspirara numa disputa semelhante, da Universidade de Okanagan, no Canadá). Depois de se formar, Quevedo continuou a tratar o assunto a sério. Conseguiu que a empresa onde trabalha como projetista estrutural, a Estádio 3 Engenharia, patrocinasse a competição de pontes de macarrão em sua antiga escola.

Já passaram pela disciplina mais de 1.800 alunos, entre estudantes de arquitetura, engenharia civil, elétrica, química e de alimentos.

As pontes de espaguete cru são submetidas a testes de peso. O recorde da competição, estabelecido em 2011, é de 234 quilos. Segundo Quevedo, a empresa tem interesse na formação dos alunos e acredita que a disputa ajudará a torná-los profissionais melhores. “Durante as competições, os alunos exercitam a capacidade de trabalho em grupo, comunicação, justificativa dos projetos e administração de prazos e recursos – tudo igual a um trabalho real de um engenheiro que lida com cliente e chefes”, diz o professor Segovia.

Para os alunos, esses são todos benefícios palpáveis. Essas experiências tendem também a melhorar quem ensina, desde que o professor que orienta a disputa se disponha a lidar com variáveis mais selvagens que aquelas bem domadas na lousa e nas páginas dos livros. Fora da sala de aula, os imprevistos dominam. Nem sempre é simples transformar a teoria em prática ou conciliar o que ocorre na prática com os ensinamentos teóricos.

O professor Demetrio Zachariadis orienta os alunos da equipe Poli Milhagem, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Eles disputam a Maratona Universitária de Eficiência Energética, cuja edição mais recente ocorreu em julho (desafio: construir carrinhos capazes de carregar uma pessoa e percorrer a maior distância possível, à velocidade média de 25 quilômetros por hora, com o menor consumo de combustível).

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Entre os grandes ensinamentos desse tipo de competição, Zachariadis destaca a capacidade de lidar com os imprevistos. “Isso só se aprende na prática”, diz. “Tenho orgulho de oferecer uma estrutura teórica muito forte. Os projetos permitem ao aluno exercitar de formas novas o que eles aprendem.” Em 2012, o carrinho da Poli percorreu 160 quilômetros com 1 litro de gasolina. Um resultado impressionante, mas ainda distante do vencedor, do Colégio Técnico de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que percorreu 280 quilômetros. A Poli Milhagem trabalha para surpreender em 2013. Eles pretendem reduzir o atrito dos pneus com o solo e melhorar a lubrificação do motor.

Nada disso significa que as competições possam ser adotadas de forma apressada. Elas são úteis, mas, em excesso, podem atrapalhar a educação, diz Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da USP. Segundo ele, o desafio é incluir as competições no aprendizado, sem deixar arestas. “Se a disputa for o elemento central, pode deixar um clima ruim e desanimar os estudantes”, afirma. Vencer é sempre bom. Mas, para os professores, os alunos e a sociedade, que paga a conta, o que importa mesmo é formar profissionais melhores e com ideias mais arejadas.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

4 competências-chave para se tornar um grande líder

jovem com gorro escrevendo na lousa

Como headhunter da célebre firma suíça Egon Zenhder, André Abram já viu sua cota de grandes lideranças. Afinal, desde 2008 sua missão inclui encontrar os melhores executivos disponíveis para cargos de diretoria e acima no Brasil (os chamados C-Level).

Mas não só de MBAs no exterior vive um líder, tanto dentro quanto fora do mercado financeiro, área em que André se especializou. E para quem está no começo da carreira, sua mensagem é clara: é hora de ter pouco orgulho e muita entrega.

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Afinal, é nesse momento que se formam as bases fundamentais de uma trajetória profissional – e é bom que sejam firmes. Para ele, é possível preparar o terreno para uma carreira de sucesso assumindo desde cedo quatro grandes desafios de autodesenvolvimento. Ele garante que vale a pena!

1. Curiosidade
“A melhor maneira de desenvolver curiosidade é tentar se provar errado.” Não tenha medo de se envolver profundamente com um tema e nem de pedir feedbacks críticos. Humildade e vontade de aprender (às vezes tudo de novo) são determinantes na hora de assumir uma posição de ponta.

2. Determinação
“Um bom exercício para isso é pegando um ‘osso’”, resume. Qual estágio? Aquele que vai te fazer suar a camisa. Qual empresa? Aquela que vai te fazer acordar meia hora mais cedo para pensar no melhor caminho. “Nessa época da vida, achar um desconforto é fundamental.”

3. Engajamento
Para André, há um elemento grande de influência em qualquer trabalho, e ele aposta que tal habilidade será cada vez mais buscada. “O jornalista vende uma proposta de entrevista para um entrevistado e eu vendo meu projeto para um cliente”, exemplifica. Para desenvolvê-la, treine falar em público, debata, exponha-se e aprenda a trazer os outros para o seu lado. “Coloque-se em situações que você tem que convencer outros de alguma coisa.”

4. Insight
Traduzir temas complexos de forma simples é uma habilidade muito valiosa. “É algo que possível de desenvolver ao não se ter receio de lidar com assuntos com alto grau de complexidade, como supply chain”, fala. Para simplificar sua leitura de mundo, encontre projetos que exijam muita abstração e poder de síntese (de preferência multidisciplinares) e esforce-se para explicá-los – de novo e de novo.

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