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7 erros para evitar durante o estágio

alunos de mãos levantadas

A figura do estagiário nas empresas é cercada por um imenso folclore. Quem nunca ouviu a piada de que ele só cumpre funções como “tirar xerox” ou “trazer o cafezinho”? Ou de que a culpa por qualquer erro cometido pela equipe pode ser atribuída a ele? Essas são só algumas das tiradas humorísticas mais comuns sobre os jovens no ambiente de trabalho.

Mas, para além das brincadeiras, o fato é que o estágio cumpre uma função muito valiosa para a carreira de qualquer pessoa.

Leia também: Confira os programas abertos de estágio e trainee

De acordo com Felipe Maluf, sócio da YCoach, empresa especializada em coaching para jovens, a experiência serve como um importante laboratório para a vida profissional.

“Você vai poder errar, até uma certa medida, por ser estagiário”, diz ele. “Ao mesmo tempo, terá a oportunidade de ver como funciona o mercado de trabalho e como se articulam as relações de poder numa organização”.

Greta Munhoz, gerente da consultoria Companhia de Estágios, diz que um estágio bem aproveitado é aquele em que o estudante tem o máximo de contato possível com diferentes departamentos e projetos de uma empresa.

Quanto maior essa exposição, continua ela, mais fácil será testar sua própria satisfação com sua escolha de curso universitário – e direcionar a sua carreira para a área com a qual você descobriu ter mais afinidade. Desperdiçar o potencial de aprendizado dessa fase é, portanto, um erro grave.

O problema é que, por causa da remuneração e da carga horária reduzidas, alguns estudantes acreditam que o estágio é um vínculo menos importante do que um emprego registrado.

Assim, diz Greta, muitos demonstram falta de compromisso com a empresa. Esquivar-se de um problema com desculpas como “Eu sou só o estagiário” é um tiro no pé. “Você não pode agir como se estivesse fora do barco, a não ser que não queira continuar no barco, isto é, ser efetivado”, afirma a psicóloga.

Quer aproveitar ao máximo a sua experiência de estágio? Veja a seguir os 7 “pecados capitais” a evitar, segundo os especialistas consultados por EXAME.com:

1. Aguardar instruções para tudo

Segundo a psicóloga Greta Munhoz, gerente da consultoria Companhia de Estágios, a acomodação é uma das piores posturas que um estagiário pode adotar no trabalho.

“Ele não pode ficar sempre aguardando ordens, ou achando que a sua função é só operacional”, diz ela. “É importante que ele tome iniciativa às vezes, traga ideias, proponha mudanças, e não apenas responda ao que lhe é solicitado”.

2. Ter medo de fazer perguntas

O receio de parecer inexperiente ou despreparado nunca pode ser maior do que a curiosidade de aprender, diz Felipe Maluf, sócio da YCoach, empresa de coaching para jovens.

É comum o medo de “incomodar” os superiores com questionamentos, mas em geral esse temor é infundado: a curiosidade costuma ser uma qualidade bem-vinda em um estagiário e é esperado que ele tenha dúvidas, justamente por estar chegando agora ao mercado de trabalho.

3. Manter uma relação distante com o gestor

O mesmo acanhamento que impede muitos estagiários de expor suas dúvidas também leva ao empobrecimento da relação travada com seu superior. De acordo com Felipe, o gestor está ali justamente para desenvolver o jovem.

Mesmo que pareça difícil, fazer um exercício de aproximação é fundamental – até porque saber construir um bom relacionamento com o chefe será importante para o resto da sua vida profissional.

4. Esquecer que ainda é um aprendiz

Lembrar que você está numa posição iniciante na empresa também é fundamental para calibrar a sua postura diante da equipe. Segundo Greta, muitos jovens acham que “sabem tudo” sobre suas profissões, justamente por ainda estarem muito próximos dos livros da faculdade.

Mas estar com a matéria fresca na cabeça não lhe dá permissão para ser arrogante. “Por mais confiante que se sinta sobre a teoria, ele precisa lembrar que está no estágio para aprender um pouco sobre a prática”, afirma a gerente da Companhia de Estágios.

5. Não se integrar à equipe

Em função de sua idade e posição hierárquica, não é raro que o estagiário se sinta um “cidadão de segunda classe” em relação aos demais. Essa visão está totalmente equivocada, diz Greta.

O jovem pode e deve participar de reuniões, almoços e até happy hours. O único cuidado necessário, segundo a especialista, é evitar rodas de conversa em que que haja excesso de fofocas, comentários maldosos ou brincadeiras que possam comprometer a sua imagem profissional perante a empresa.

6. Não largar o smartphone

Felipe diz que as gerações mais novas têm desenvolvido um apego com os celulares que se aproxima do vício. “Muitas empresas se queixam de estagiários que não conseguem parar de checar o aparelho durante o trabalho e até deixam de cumprir suas atividades por causa disso”, conta o sócio da YCoach.

Acessar o smartphone no trabalho não é um problema em si, mas a relação com a tecnologia precisa ser saudável. Se não for, a sua experiência de estágio provavelmente sofrerá – assim como as suas chances de efetivação.

7. Preocupar-se apenas com as tarefas em si

Todo estagiário será cobrado pelas suas entregas, mas as funções operacionais não podem ser sua única preocupação. De acordo com Felipe, o estagiário que se preocupa apenas em mostrar excelência técnica em suas tarefas perde a oportunidade de expor também as suas qualidades do ponto de vista comportamental – que são as mais críticas para uma potencial efetivação.

“Vá além das tarefas, mostre talento e comprometimento também na sua atitude diante de problemas e na relação com seus colegas”, diz o especialista. “São essas as variáveis que a empresa levará em conta para decidir se deve apostar ou não em você”.

 

Este artigo foi orinalmente publicado em EXAME.com

Mudança de carreira: de consultoria estratégica ao setor público

Joyce Toyota

Criticar o governo e os órgãos públicos é rotina para muitos. Mas será que essas pessoas já pensaram que poderiam contribuir para melhorar a realidade do setor público do país? Esse foi o caminho escolhido por Joice Toyota, bolsista da Fundação Estudar e uma das criadoras do Vetor Brasil, que recruta e seleciona trainees para trabalhar no governo. Depois de estudar em escola pública, ela resolveu colocar seu talento para transformar a educação (e muitos outros setores) no país.

Formada em Engenharia Elétrica na Escola Politécnica da USP, Joice escolheu a área de exatas pela facilidade em lidar com os números. “Desde muito pequena tinha facilidade em matemática e lógica e também tive um professor que me incentivou a cursar Engenharia. Fiz esse curso muito pela curiosidade por saber como as coisas funcionavam. Conhecia muito pouco o mercado de trabalho quando fiz essa opção”, lembra-se.

Inscreva-se no trainee do Vetor Brasil e faça a diferença que você quer ver no governo

Na universidade teve contato com o universo das empresas juniores e viu que, além dos números, também tinha talento para lidar com pessoas. “Trabalhei e fui presidente da federação estadual de empresas juniores e ajudei a criar a Brasil Junior, entidade nacional. Percebi que gostava muito mais do lado de gerenciar pessoas e projetos do que apenas números e isso foi me chamando a atenção aos poucos”, afirma ela.

No momento em que pegou o seu diploma, já sabia que não queria trabalhar com Engenharia e optou por ajudar a mudar uma realidade que fazia parte de sua história. “Estudei em escola pública no ensino fundamental e via as dificuldades do ensino público no país. Sempre tive vontade de trabalhar com educação para ajudar a transformar isso”, explica.

Assim como acontece com muitos engenheiros formados, Joice acabou passando por duas consultorias, onde foi possível se aproximar do sonho de trabalhar com educação em um projeto no Estado do Amazonas. “A consultoria em que eu estava trabalhando estava fazendo um projeto de educação no Amazonas. Seria confortável, estaria com a estrutura da consultoria e desenvolvendo um projeto nos moldes como eu estava querendo, com educação. Passei um ano e meio morando e trabalhando em Manaus e percebi que eu não sonhava em trabalhar com consultoria, não era aquilo que eu queria”, lembra.

Setor público Depois de retornar do Norte do país, Joice recebeu uma proposta de trabalho na Secretaria de Educação do Estado de Goiás. “Conhecia o Secretário de Educação, Thiago Peixoto, e ele me fez uma proposta para trabalhar lá, com um salário bem abaixo do que eu ganhava na consultoria. Aceitei e não me arrependo. Trabalhar no Estado foi uma das decisões mais acertadas na minha carreira. No setor público o seu trabalho impacta muita gente, a responsabilidade é enorme. Tive a oportunidade de fazer parte de uma grande reforma educacional no Estado (entre 2012 a 2014), considerada uma das mais bem-sucedidas do país”, afirma.

Mas esse período no setor público não se estenderia muito, pois Joice foi aprovada para fazer mestrado na concorrida Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, com bolsa da Fundação Estudar. “Aprendi muitas coisas morando fora do país. Estava estudando no Vale do Silício, convivendo diariamente com toda aquela cultura empreendedora e aquilo me empolgava. Percebi que havia uma oportunidade no mercado na qual eu podia trabalhar: de um lado, havia muitas pessoas que queriam trabalhar com impacto social em grande escala e, do outro, havia muitas equipes no setor púbico que precisavam desses profissionais e tinham dificuldades de encontrar. Havia uma lacuna entre esses dois grupos e eu poderia ajudar a aproximá-los com minha experiência profissional”.

Leia também: ‘Minha vontade é impactar muita gente’, diz Marcela Trópia, que planeja ser a vereadora mais nova de Belo Horizonte

Nesse momento, ao lado de José Frederico (que também estudava fora do país), Joice participou da criação da Vetor Brasil, com o objetivo de selecionar jovens talentos e alocá-los em governos, de forma a criar uma experiência única de implementação de políticas públicas e de desenvolvimento profissional e pessoal.

Nessa fase empreendedora, Joice diz estar realizada com o trabalho no Vetor Brasil. “Sou muito mais feliz atualmente. Adorava consultoria, conheci pessoas incríveis e gostava do trabalho. Mas trabalhar com propósito é diferente. Agora, quando saio às duas da manhã de uma reunião, acho o máximo, pois estou resolvendo algo importante e que eu me propus a fazer. Antes não era bem assim. Também trabalho muito com jovens e a energia deles acaba me contagiando”, afirma.

Quem pensa que as mudanças profissionais na vida de Joice são pautadas pelo dinheiro se engana. “Tenho um salário que corresponde a cerca de um quarto do que eu ganharia na consultoria agora. Na verdade, não tenho muita perspectiva de aumentar o meu salário nesse momento. Não faço isso pela questão financeira, mas por tentar criar algo importante, fazer contatos e desenvolver habilidades. Essa é uma decisão que se toma em família. Meu marido topou essa decisão, resolvemos viver de um jeito mais simples e somos felizes dessa forma”.

Para aqueles que possuem medo de arriscar e mudar seus ares profissionais, ela aconselha. “Acho um grande desperdício ver pessoas infelizes no trabalho e, ao mesmo tempo, capacitadas. Procuro sempre ser otimista. Digo para elas: ‘se der errado, você começa novamente, tem um currículo legal e vai ser aceita no mercado. Mas, pelo menos tente. Corra o risco de dar certo, não de dar errado”, finaliza.

Conheça o trabalho na FALCONI, que está com processo seletivo aberto!

A FALCONI, uma das mais respeitadas e maior consultoria de gestão do país, está com inscrições abertas para os programas de estágio e Jovem Consultor. Fundada pelo Professor Vicente Falconi, referência em eficiência e gestão (foi ele que trouxe para o Brasil o conceito da Qualidade Total), a empresa atua há mais de trinta anos nesse mercado, com clientes tanto na área pública como no setor privado.

Os interessados podem se inscrever por aqui até o dia 24 de abril, e começam a trabalhar no segundo semestre deste ano. As oportunidades são para as cidades de São Paulo (apenas no programa Jovem Consultor), Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. 

Para o Jovem Consultor, os inscritos devem ter até dois anos e meio de formados ou estar no último ano da graduação dos seguintes cursos: Administração, Ciências Atuariais, Ciência da Computação, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Ciências Sociais/Políticas, Comércio Exterior, Direito, Gestão de Políticas Públicas, Engenharias, Estatística, Matemática, Sistemas de Informação e Relações Internacionais. Já para o programa de estágio, os interessados devem estar cursando um dos quatro últimos semestres da graduação dos mesmos cursos. Em ambos é necessário que os interessados tenham inglês avançado.

Para falar sobre a oportunidade de atuar nos projetos de uma das consultorias mais desejadas pelos jovens, o portal My Trainee convidou Matheus Accioly, profissional recrutado pela empresa na edição de 2013 do programa. Confira, na entrevista abaixo, o que mais surpreendeu Matheus no programa:

O que te atraiu no programa Jovens Consultores?

Sempre fui motivado por assumir grandes desafios e responsabilidades. Procurava uma oportunidade em uma empresa com um plano de carreira rápido e estruturado, e decidi buscar uma vaga de trainee. No entanto, nunca fui muito interessado em criar raízes em uma única área, com uma mesma rotina de trabalho. Foi então que encontrei o programa Jovens Consultores da FALCONI.

Já conhecia o Prof. Vicente Falconi por meio de suas publicações, mas ainda não conhecia a consultoria que ele havia construído. Procurei saber mais sobre a empresa e o programa e acabei me identificando com a proposta.

Assista ao bate-papo do Na Prática com o Prof. Vicente Falconi

O que mais te surpreendeu depois da aprovação? Quais os diferenciais do programa?

Quando fui aprovado no Jovens Consultores 2013, fiquei surpreso com a estrutura de suporte aos consultores e projetos que a FALCONI possui. O programa oferece treinamentos sobre os conhecimentos e habilidades necessárias para a atuação do consultor. Além disso, ao longo dos projetos todos os profissionais recebem feedbacks periódicos baseados nas competências esperadas pela empresa. O plano de carreira está diretamente associado à meritocracia, um dos principais valores da FALCONI.

Fale um pouco sobre a sua rotina de trabalho na empresa.

Um dos grandes diferenciais do jovem consultor é justamente não possuir uma rotina de trabalho. Cada projeto tem seus objetivos, escopos e atividades específicas. A função de todos os projetos é a mesma: alcançar resultados a partir da implantação do método de gestão. Atuamos diretamente no cliente, em diferentes níveis (estratégico, tático e operacional), identificando oportunidades e auxiliando nas análises e tomada de decisões para a melhoria dos resultados.

Quais as características que você considera fundamentais para aproveitar todas as oportunidades na FALCONI durante o programa?

Para aproveitar o programa, é preciso saber trabalhar em equipe, com diferentes perfis de pessoas, e buscar antecipar necessidades. Ter proatividade. Também precisa ter visão crítica, interesse em assumir responsabilidades, atitude de dono e vontade de aprender.

Leia também: O começo de carreira em consultoria como estagiário

Você é capaz de apontar uma mudança significativa depois de ter participado do programa?

Após pouco mais de um ano e meio, vejo que tenho uma análise crítica mais desenvolvida, maior capacidade de absorção de conhecimento em pouco tempo, facilidade para me adaptar a diferentes ambientes e mais clareza e objetividade na comunicação.

Como foi a sua preparação para o processo seletivo? Qual etapa considerou a mais difícil?

Acredito que os processos seletivos de trainee são formas de recrutar as melhores pessoas, com perfil adequado à empresa. Ao me inscrever no programa fiz uma autoavaliação: Quem sou? O que desejo? Quais os meus valores? Em seguida, busquei mais informações sobre a empresa: Quem é a FALCONI? Como atua? Quais são seus valores?

Acredito que todas as etapas têm seus níveis de dificuldade e habilidades diferentes que devem ser demonstradas, como capacidade de trabalho em equipe, conhecimento sobre si mesmo, etc.

Quais as suas dicas aos potenciais candidatos que pretendem fazer parte do time de jovens consultores da FALCONI?

A primeira dica é que conheçam a si mesmos. Durante o processo, a empresa buscará saber quem vocês são e isso não deve deixá-los nervosos. Em seguida, procurem mais informações sobre a FALCONI, principalmente sobre seus valores. A base da companhia, durante o dia a dia de trabalho, são os valores. Por fim, seja sincero. Cada empresa busca um perfil diferente de trainee. Não tente ser aquele perfil que você acha que a empresa está procurando. Seja você mesmo.

Os programas de Estágio e Jovens Consultores recebem inscrições até o dia 24 de abril, por aqui. 31

Como é feito o marketing em negócios sociais?

grafico de marketing

“Na Faculdade, aprendemos muito sobre estratégia, mercado, eficiência, mas sempre com foco em consumo. Por que não aplicamos isso a organizações sociais que precisam ser mais conhecidas?”. Esse era um questionamento que Talita André se fazia enquanto cursava   Marketing na USP. Sem se identificar com carreiras tradicionais na área, ela se perguntava como poderia aplicar conhecimentos em business, planejamento, modelos de negócios a um trabalho que tivesse algum retorno positivo para a sociedade.

Envolvida com projetos de economia solidária e com a organização estudantil AIESEC, ela se encontrou ao entrar, ainda como estagiária, na Artemisia,  organização sem fins lucrativos pioneira na disseminação de negócios de impacto social no Brasil. “Descobri que tinha um nome para o que eu queria: negócios sociais.” Sofreu, porém, resistência  na faculdade. “Meus professores não entenderam, não consegui sequer fazer meu TCC sobre o assunto, porque até então era um tema pouco falado no Brasil”.

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Hoje, o cenário é diferente. “Não falta mais oportunidade para quem quer trabalhar com impacto social. Fala-se muito mais sobre o poder de transformação de negócios que são empresas mas geram retornos positivos para a sociedade”, observa. Tendo atuado por seis anos na Artemisia, atualmente ela presta consultoria em comunicação, branding e marketing     e considera que a comunicação para empresas de impacto social tem um desafio extra: é preciso ter cuidado para não se perder apenas no “marketing de causa”, que é mais usado quando empresas querem ter sua marca associada a uma causa. Ela explica: “O fim não é o marketing neste caso, não é a venda, e sim como usá-lo para transformar um produto, catalisar mudanças e mudar a cabeça das pessoas”.  Confira algumas das dicas que ela dá para quem se interessa pelo assunto:

1. Conheça seu produto para definir sua estratégia

A mesma estratégia de comunicação que traz resultados significativos para um produto pode ser ineficiente para outro. Em alguns casos, a divulgação funciona bem através de mobilização da rede; em outros, guerrilha ou redes sociais. “Trabalhei com produtos que tinham um core muito fácil e eram espalhados pelas próprias pessoas que se engajavam, mas que não tinham nenhum apelo para a imprensa”, exemplifica ela.

2. Tenha clareza sobre seu discurso

O departamento de Marketing deve estar envolvido em todas as entregas de produto – para consumidor, parceiros, investidores e público interno. “É preciso ter consistência no seu posicionamento para que a imagem passada aos seus diversos públicos seja uniforme e não gere confusão”, conclui.

3. Entenda o objetivo da assessoria de imprensa

“Foque a estratégia de imprensa onde seu público está”, aconselha ela. Há uma tendência para as assessorias de imprensa oferecerem pautas sobre negócios sociais apenas a cadernos especializados em terceiro setor – o que, segundo ela, seria vender conteúdo para quem já é adepto da causa. Isso não torna a organização ou o setor mais conhecidos. Ela propõe que o foco seja direcionado a áreas onde a empresa precisa aumentar sua visibilidade e reconhecimento e entender como chamar atenção ali. “Geralmente, o público de economia e negócios é pragmático, com muita expectativa de gestão produtiva e um pé atrás com o terceiro setor. Nestas editorias, não funciona fazer pautas institucionais, que têm pouco apelo, e sim focar em cases que, além de histórias, tragam números e resultados”, analisa.

4. Conteúdo é rei

Em tempos em que quase nenhuma decisão é tomada sem antes consultar o Google, é fundamental fortalecer a presença no meio digital. A empresa precisa estar facilmente disponível para quem busca ativamente informação online. Talita acredita que isso vai muito além de um site básico com informações institucionais: “é importante oferecer conteúdo exclusivo e atualizado – o que melhora seu resultado em sites de busca e cria vínculos com os leitores”, completa.

Empreendedorismo maker: encontro em São Paulo dissemina a “robótica para todos”

lampadas coloridas acesas

Um mundo em que todos saibam utilizar a robótica para solucionar problemas do dia a dia. A ambição é um dos idealismos por trás da cultura maker, movimento global que incentiva a atitude ‘mão na massa’ e promove a ideia de que todos podem (e devem!) criar e construir coisas. Com o Arduino, esse cenário fica muito mais próximo da realidade.

Trata-se de uma plataforma – grosso modo, uma placa, como a da imagem abaixo – que permite permite a automação de projetos eletrônicos e robóticos tanto por profissionais como por amadores, sejam eles artistas, estudantes ou entusiastas. Juntos, os usuários do Arduino somam uma comunidade global de milhares de usuários e que, no dia 2 de abril, vão se reunir em diversas cidades do mundo para trocar experiências e projetos baseados na plataforma. Trata-se do Arduino Day 2016; no Brasil, o evento acontecerá em São Paulo, no espaço Cubo.

O evento contará com a presença de Manoel Lemos, do Fazedores, entre diversas outras referências no assunto. As inscrições podem ser realizadas por aqui

A placa No fundo, a plataforma de prototipagem eletrônica resume-se a uma placa, mas que pode ser associada a outros dispositivos, dependendo do objetivo do criador. Iniciado na Itália, em 2005, o projeto surgiu com propósito educacional e voltado para aplicação em escolas. Não demorou muito para a tecnologia ganhar o mundo. A popularidade da plaquinha, inclusive, rendeu um documentário em 2010.

led cube arduino day sao paulo
[reprodução]

Algumas características do Arduino ajudam a explicar esse sucesso: a tecnologia é de baixo custo, flexível, fácil de usar e possui código aberto. Para construir o software do LED Cube acima, por exemplo, uma dupla de norugueses levou menos de cinco dias.

As possibilidades de aplicação da tecnologia, no entanto, vão bem além. Um dos principais usos está relacionado à automação de casas – desde identificar a aproximação de uma pessoa e acionar as luzes quando ela chegar, até graduar a abertura das janelas de um escritório de acordo com a intensidade da luz do sol e temperatura ambiente. Se você se empolgou com o assunto, não deixe de participar do Arduino Day:

Arduino Day SP 2016
02 de Abril de 2016
8h às 18h
CUBO
Rua Casa do Ator, 919
Vila Olímpia, São Paulo, SP
Ingressos aqui

 

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touro de wall street

Quando nomes de peso como Citibank, Barclays e BlackRock usam o mesmo serviço – para não falar de universidades como Yale e Cambridge –, vale prestar atenção na oportunidade.

É assim que os principais cursos online voltados para o mercado financeiro se posicionam: como uma chance de avançar na carreira, ou construir uma totalmente nova, por um preço acessível.

Conheça os empreendedores por trás do premiado aplicativo Hand Talk

fundadores do aplicativo social hand talk

Em idos de 2008, ano em que surgiu o primeiro iPhone, Ronaldo Tenório engavetou uma boa ideia. Veio na primeira aula do curso de Comunicação Social na Faculdade Maurício de Nassau, em Maceió, que ele havia escolhido para substituir uma graduação em Ciência da Computação, e envolvia criar uma plataforma de tradução simultânea para Libras, a língua brasileira de sinais.

“Fiz o projeto, apresentei e acharam meio louco”, lembra. “Um dia eu consigo, pensei, mas não sabia quando nem como.” Quatro anos depois, já como app, surgia o Hand Talk.

Criar algo de impacto era importante para Ronaldo, hoje CEO da startup aos 31 anos. Ele não tem ninguém com deficiência na família, mas ficava tocado com a ideia de uma comunidade de 10 milhões de ‘estrangeiros’ vivendo em seu próprio país. “Surdos têm muita dificuldade de comunicação com ouvintes e 70% deles não conhecem o português perfeitamente”, explica.

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O alagoano co-fundou a Hand  Talk com outros dois sócios, o desenvolvedor Carlos Wanderlan e o arquiteto Tadeu Luz, especialista em efeitos especiais e criador do Hugo, o personagem em 3D que faz os sinais. A ferramenta gratuita é tanto dicionário quanto tradutor móvel e converte textos e áudios para Libras.

Desde sua criação, o aplicativo vem colecionando medalhas, como o prêmio de melhor app social do mundo segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Prêmio Empreendedor Social de Futuro da Folha de São Paulo e uma vaga na disputada aceleradora do Google, a Launchpad Accelerator.

Em 2016, ano em que a companhia viu um crescimento de 100% em relação a 2015, Ronaldo foi o único latino americano na lista dos 35 jovens mais inovadores do mundo do Massachussetts Institute of Technology (MIT).

Atualmente, a equipe soma 10 pessoas e contabiliza mais de 1 milhão de downloads.

Hand Talk - Empreendedorismo Social [Foto: AgênciaNaLata]

A história por trás do Hand Talk

Após ganharem uma competição de startups em Alagoas em 2012, a empreitada deixou de ser um projeto noturno paralelo e, aos poucos, o trio de fundadores foi se desligando de seus outros empregos para se dedicar integralmente à iniciativa.

“Antes do prêmio eu tinha minhas dúvidas, mas ele foi essencial”, lembra. “Esse primeiro investimento criou em nós a responsabilidade de tornar aquilo real: tínhamos uma pedra preciosa nas mãos e só faltava lapidar.”

Quando começaram a delinear os planos e validar a ideia com surdos e seus familiares, o grupo percebeu que montante de trabalho era muito maior do que imaginava. “Se nem a maior empresa de tecnologia do mundo estava fazendo isso com o Google Translate…”, ri.

Sempre estiveram atentos, no entanto, ao enorme potencial de impacto. O Hand Talk se encaixa no segmento de tecnologia assistiva, em que ficam as tecnologias que contribuem para oferecer ou ampliar as habilidades de pessoas com deficiência. Nesse caso, auxiliar com uma solução prática, fácil e gratuita os milhões de brasileiros que não escutam.

Um primeiro grande desafio foi alinhar uma língua visual ao software de tradução: gestos, expressões faciais e corporais são indissociáveis da comunicação eficaz em Libras. Outro foi a expectativa crescente da comunidade de surdos, que percebeu depressa que aquilo podia mudar a forma com que se relacionavam uns com os outros.

Além dos percalços habituais de programação e desenvolvimento de uma interface complexa, ainda havia a pressão para que o Hand Talk aparecesse logo e realmente cumprisse sua promessa.

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O primeiro ponto foi a escolha do Hugo, o intérprete visual. “Queríamos uma figura simpática, que ia passar o dia todo no bolso das pessoas”, resume Ronaldo. A partir daí, começaram a incluir o vocabulário, com três mil sinais iniciais. Hoje, o software se aprimora de maneira parecida com o Google Translate, usando como base as mais de 100 milhões de traduções que já foram feitas.

Em 2013, o Hand Talk foi selecionado para participar do programa de aceleração da Artemísia. Fizeram as malas em Alagoas e viajaram pelo país, entrando em contato com mentores e empreendedores e afinando o conceito de seu negócio social.

Quando o app finalmente chegou ao mercado, naquele mesmo ano, se tornou um sucesso de primeira. Com o tempo, acabou ganhando também uma função educativa, a Hugo Ensina, que ensina Libras aos ouvintes.

Ronaldo conta com gosto dos depoimentos diários de agradecimento: “Foi uma inovação disruptiva para eles, da simples ação de pedir uma água até algo envolvendo educação na sala de aula”.

Expansão internacional

Sempre gratuito para o usuário individual, faturamento da Hand Talk vem de trabalhos corporativos e para o setor público, como plugins de tradução que já são utilizados em mais de cinco mil sites e custam R$ 49 por mês – entre os clientes, há Avon, Natura, Magazine Luiza e o Comitê Olímpico Brasileiro – e a criação de totens acessíveis com a figura do Hugo, que hoje podem ser encontrados tanto em shopping centers brasileiros quanto em postos do Poupatempo no estado de São Paulo.

“Temos sorte de estar em um mercado em ascensão, tanto tecnologicamente quanto em relação às leis de acessibilidade”, fala o cofundador. “Essas empresas passam a falar com um público que queria se comunicar, que consome e que não tinha uma ferramenta para isso.”

Hand Talk - Empreendedorismo Social

E se a demanda por um produto inovador existe no Brasil, pode existir em outros lugares também. Como qualquer idioma, a língua de sinais não é universal – são cerca de 200 –, e há pelo mundo 360 milhões de surdos que poderiam se beneficiar de uma tecnologia como essa.

Leia também: Conheça Felipe Cunha, o administrador que trocou os bancos pelo mundo dos negócios sociais

Após conversas com partes interessadas de diversos outros países, a Hand Talk decidiu investir nos EUA, que conta com uma comunidade de quase 30 milhões de surdos e onde se pratica a American Sign Language (ASL). Agora, o grupo planeja uma nova rodada de investimentos para trabalhar a questão da internacionalização.

“O que me deixa mais feliz é que fomos lá e fizemos algo que achavam difícil, construímos um legado e uma solução global”, resume Ronaldo, que quer que outros empreendedores tirem suas ideias improváveis do armário. “Queremos servir de inspiração para que as pessoas criem algo relevante, porque a diferença entre ter a ideia e faze-la acontecer é grande.”

Como as redes e comunidades podem ajudar na sua vida e carreira?

ilustracao de pessoas conectadas em rede

É fato que cercar-se de pessoas inspiradoras é, por si só, algo inspirador. A confiança, o sonho e a expertise dos outros podem fazer surgir uma ideia na sua própria cabeça e aprimorar as ideias que você já tinha – um benefício que é sempre recíproco, formando um ciclo virtuoso. “Busque se cercar de gente boa”, já aconselhava o empresário Jorge Paulo Lemann para aqueles que querem agir grande.

Quando pensamos nos grupos de que participamos, muitos palavras vêm a cabeça para definir o nosso envolvimento com cada um deles. Fabiano Salgado, responsável pela área de relacionamentos e redes da Fundação Estudar, explica que há uma diferença, por exemplo, entre rede e comunidade. A primeira é formada por conexões de diversas naturezas e existe independente de qualquer pessoa dentro delas… Pense nos ex-alunos do seu colégio, por exemplo.

Já a segunda é quando uma parte dessa rede interage e se conecta entre si, seja por um propósito em comum ou um objetivo similar. É o que acontece com a comunidade dos ex-participantes dos programas do Na Prática que, integrados pelo Núcleo, realizam reuniões frequentes, trocam indicações e apoiam de maneira estruturada o desenvolvimento uns dos outros. 

Embora a primeira também seja primordial para a inspiração e o avanço, é dentro deste segundo recorte que acontece a mágica. As próprias comunidades, vale lembrar, sempre podem crescer recorrendo à rede original em que surgiram. E o impacto nos participantes é sempre multiplicado a partir dessas novas conexões. 

conexoes
[reprodução]

Foi, por exemplo, a partir das comunidades de que participava que a mineira Marcela Trópia desenvolveu a autoconfiança para se lançar como candidata a vereadora aos 21 anos. No caso, ela se refere ao grupo de participantes do programa Imersão Empreendedorismo e, depois, do grupo de bolsistas da Fundação EstudarEstudante da Fundação João Pinheiro, ela conta que costuma recorrer a essas comunidades para apresentar suas ideias de projetos e pedir opiniões justamente porque muitos sonham grande como ela e trazem à mesa experiências muito diferentes. “Foi um marco na minha vida e dá uma sacudida positiva”, diz.

Renan Ferreirinha Carneiro, outro bolsista da Fundação Estudar e aluno de graduação na Universidade de Harvard, concorda: “Ter uma comunidade altamente qualificada e disposta a te ajudar no que for preciso não tem preço”. Ele lembra que, na comunidade dos bolsistas, conseguiu patrocínios e investidores para projetos e que as agendas de contatos são compartilhadas de maneira generosa. “Cada vez mais, percebo que gente boa atrai gente boa e, juntas, elas fazem coisas grandes acontecerem.” Para ele fazer parte da comunidade dos bolsistas da Fundação Estudar tem o mesmo valor que integrar a seleta rede dos alunos de Harvard, frequentemente considerada a melhor universidade do mundo – e que, por consequência, pretende ter entre seus alunos as melhores cabeças. 

Conheça o Programa de Bolsas da Fundação Estudar e inscreva-se!

Em um encontro recente da comunidade Estudar, a bolsista Joice Toyota mencionou também os benefícios de fazer parte de outro grupo: os ex-alunos de Stanford. Segundo ela, é muito fácil ter acesso a ex-alunos simplesmente enviando um email do endereço eletrônico associado à Stanford – mesmo que eles, hoje, sejam executivos de agenda apertadíssima. Dessa forma, a universidade (que se tornou o motor do principal polo de inovação tecnológica do mundo, o Vale do Silício) forma uma rede informal que têm ajudado negócios inovadores a saírem do papel ao redor de todo o mundo. 

“Essa rede que se forma é o que faz a nossa universidade especial”, diz o professor de Stanford Jonathan Levav, em entrevista ao Estadão.  “Os alunos são realmente comprometidos e percebem que, ao serem aceitos, estão entrando em uma comunidade”, continua.  A universidade também seleciona pessoas com interesses variados – de médicos a astronautas – para que os alunos troquem experiências e cresçam juntos.

Fabiano Salgado Nucleo Redes Fundacao Estudar
Fabiano Salgado [NaPrática]

Extrair o máximo de benefício das redes e fazê-las evoluir para comunidades é a motivação por trás de diversas iniciativas, algumas bastante antigas e outras muito recentes. Pense, por exemplo, nas comunidades alumni organizadas pelas grandes faculdades ou pelas tradicionais consultorias; no conceito de negócios por trás do LinkedIn ou do Facebook; e na próprio surgimento em 2015 do Núcleo, a comunidade alumni dos programas presenciais do Na Prática.

O Núcleo hoje conta com mais de 700 pessoas ativas em 11 estados brasileiros espalhadas por todas as regiões do país. “Uma vez no programa, parece que acende uma chama e você pensa: e agora? Preciso fazer coisas grandes”, explica Fabiano. “A comunidade do Núcleo é formada por quem também está com essa chama acesa e o maior benefício é entender que tem gente o tempo todo te estimulando a ser um jovem de alto impacto.” 

Um propósito em comum entre todos esses membros é uma vontade de querer gerar transformações através dos desenvolvimentos das próprias carreiras. A aposta é na formação contínua dos membros: liderança, mercado e propósito são temas recorrentes das experiências e capacitações que ocorrem na comunidade. 

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Pertencimento Fabiano explica que mobilizar e engajar as pessoas é chave para manter a boa qualidade de uma comunidade.  “O que deixa uma comunidade viva é o engajamento, que tem muito a ver com o sentimento de pertencimento”, diz.

É possível conseguir isso através de ritos ou símbolos, como hashtags ou tarefas coletivas, e de estímulos constantes, que criem um ambiente atraente para a troca de ideias. Também é importante ter alguém que atue como facilitador, que faça a ponte entre as pessoas e ajude-as a entender como absorver e contribuir o que está disponível.

Por fim, é importante lembrar que uma comunidade é uma via de duas mãos. “Eu não só contribuo com a comunidade como ela contribui comigo, seja com meus projetos ou com meu desenvolvimento”, diz Fabiano. “Preciso ver que estou me desenvolvendo para me sentir parte dela.”

Assista também ao vídeo a seguir, em que Ryoichi Penna, da Fundação Estudar, dá dicas de como melhorar o networking e a formação de redes:  

Conheça a história da astrofísica brasileira premiada pela Unesco

Thaisa Bergmann astrofisica brasileira premiada pela unesco

Uma descoberta científica vem sempre acompanhada de ansiedade, que deve ser domada a todo custo. É preciso guardar o grito dentro do si, às vezes por meses, até que tudo tenha sido checado e rechecado. É um mundo de exatidões, que não mistura empolgação com dados. Basta lembrar dos neutrinos recordistas que, no fim, não eram mais rápidos que a luz coisa nenhuma – um cabo é que estava mal conectado.

A astrofísica Thaisa Bergmann experimentou essa mistura de emoções em 1991. Ela observava uma galáxia quando notou um sinal estranho nos dados: gás girando em altíssima velocidade. Era a assinatura de um buraco negro supermassivo, com a massa de bilhões de sois. Seu orientador pediu que ela refizesse tudo. Estava certa.

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Conseguir observar um buraco negro no ato da captura de matéria é difícil, e a brasileira Thaisa foi a primeira pessoa a observar um supermassivo em atividade em uma galáxia considerada inativa. A descoberta foi recebida mundialmente como um avanço. “Quando me dei conta do que era, fiquei dias emocionada”, conta. “Descobri um evento que acontece há cada 10 mil anos numa escala humana de tempo.”

Em 2015, para coroar uma carreira renomada, vieram louros também de fora das ciências. Thaisa ganhou um dos cinco prêmios anuais L’Oréal-UNESCO For Women in Science, que conta com cerimônia na Université Paris-Sorbonne, pôsteres espalhados pela avenida Champs Elysées e bolsa de US$ 100 mil. “Por onde passávamos, enxergávamos nossas caras”, ri.

A importância do prêmio, para ela, foi além da visibilidade. “Ficamos muito felizes em sermos reconhecidas também pela população e pelas famílias, que às vezes não entendem o que toma tanto nosso tempo”, conta. “Essa parte foi bem importante para mim, porque eles viram que o que eu fazia era importante.”

Raízes do interesse Thaisa sempre gostou de ciências, mas chegou a cursar um semestre de arquitetura antes de se dar conta que não era aquilo. Logo estava nas aulas de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), onde trabalha e dá aulas até hoje, no comando do Grupo de Pesquisas em Astrofísica.

A paixão pela astrofísica em particular veio pouco depois, em uma iniciação científica. “Meu professor me deu leituras, começamos a fazer um pequeno trabalho na área de astronomia e fui gostando cada vez mais”, lembra.

O empurrão final veio da orientadora Miriani Griselda Pastoriza, famosa astrônoma brasileira. “Ela amava galáxias com núcleos ativos, que têm alguma característica peculiar no centro”, diz. “Fiquei fascinada pelo tópico.”

Iniciação científica: um caminho para formar lideranças inovadoras

Observando discos Atualmente, uma galáxia é classificada como ativa quando o buraco negro supermassivo em seu centro está captando matéria – e as publicações de Thaisa ajudaram a criar essa definição. Tal captura gera o que físicos chamam de efeitos de feedback, que permitem as observações. (Um buraco negro em si, vale lembrar, nunca foi visto.)

[A galáxia NGC 1672 / Hubble]
[A galáxia NGC 1672 / Hubble]

A forte radiação que parece sair do centro dele na verdade vem da estrutura que o envolve, chamada de disco de acreção. Antes de cair lá dentro, o que acontece aos poucos, a matéria gira de maneira similiar à água escoando pelo ralo.

É aqui que Thaisa realmente se especializou. “Do próprio disco saem jatos de partículas, devido ao intenso campo magnético”, explica. “Mesmo nas partes mais externas há ventos, como os ventos solares, e um gás muito quente que se levanta e evapora – tudo isso empurra o gás e acabamos enxergando essa atividade.”

Hoje, com cerca de 5 mil menções, ela integra o grupo dos cientistas brasileiros mais citados do mundo, mas diz nem ter notado a ascensão. “Foi uma grata surpresa”, resume.

Liderança feminina A cada seis meses, a professora e seus alunos elaboram projetos e entregam propostas de observação à universidade. Se forem aceitas, ganham alguns meses para observar as estrelas – mas não do jeito que se imagina.

“No começo da minha carreira, eu ia até o observatório, deixavam o telescópio na minha mão e eu passava a noite lá”, lembra ela, que trazia os dados em fitas magnéticas. “Agora, a gente baixa os dados da internet. As coisas vão mudando.”

[Em amarelo, uma galáxia que tem um buraco negro supermassivo no centro / Spitzer]
[Em amarelo, uma galáxia que tem um buraco negro supermassivo no centro / Spitzer]

E se hoje é raro que ela olhe pela ocular para o céu, a sofisticação tecnológica compensa o romantismo decrescente. “Num telescópio como o Gemini, com seis horas eu já tenho uma resposta científica”, diz.

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Além do Gemini, Thaisa tem acesso ao Hubble, ao Chandra e ao Spitzer, todos da NASA e que oferecem tipos de dados diversos. “São instrumentos que usamos para medir as coisas, como a luz que se dispersa em diferentes comprimentos de onda e então estudamos cada cor”, exemplifica.

Questionada sobre a representatividade feminina na ciência – de acordo com a Unesco, apenas 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres –, ela é direta: todas as mulheres têm condições de serem boas cientistas.

“Mulheres enxergam assuntos de uma maneira um pouco diferente dos homens e isso adiciona”, conclui. “Ter um conhecimento amplo de tudo deveria ser o objetivo de todas as áreas de conhecimento.”

Assista também ao vídeo a seguir, no qual a empresária Claudia Sender, presidente da TAM, fala sobre liderança feminina e dá dicas para as mulheres que querem chegar ao topo:

Como entrar trainee e virar diretor? Veja 8 histórias

daniel cordeiro ambev jovem

Você está enganado se pensa que o desafio de um trainee termina quando ele vence a concorrência e consegue ser aprovado num disputado processo seletivo.

Ao longo de sua trajetória, ele passará por inúmeras provas de resistência e jogo de cintura – das quais depende sua permanência e também sua ascensão na empresa que o acolheu. EXAME.com reuniu com exclusividade as histórias de 8 executivos brasileiros que começaram como trainees e hoje são diretores e vice-presidentes de empresas como Ambev, L’Oréal, 3M, Whirpool, Citi e Itaú Unibanco.

Os relatos trazem lições valiosas sobre como se destacar e crescer na companhia após o término do programa de trainee. Navegue pelas imagens para conhecê-los.

Caio Ibrahim David
VP executivo do Itaú Unibanco

Quando ingressou na empresa como trainee?
Em 1987, na área de finanças. Na época, ainda estava no 2º ano da faculdade de engenharia e precisou conciliar a grade de disciplinas do curso, que era integral, com o trabalho.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Um ano depois de entrar na empresa como trainee, Caio foi promovido a analista júnior. Ao final da graduação, já era analista pleno. Nos anos seguintes, ele buscou complementar sua formação acadêmica. Fez pós-graduação em economia e finanças e um mestrado em controladoria, ambos na USP (Universidade de São Paulo), além de um MBA na New York University. O investimento em qualificação foi a chave para desenvolver sua carreira no banco e chegar até a posição atual.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Vice-presidente executivo do Itaú Unibanco aos 48 anos de idade, Caio diz que sua carreira é fruto do investimento constante da empresa no desenvolvimento de seus talentos.

Embora não enxergue uma única “fórmula” para o sucesso, ele destaca algumas posturas essenciais para qualquer trainee que sonha em crescer dentro da empresa em que ingressou. “É necessário gostar muito do que se faz, identificar-se com os valores éticos e com a cultura da empresa e vislumbrar oportunidades de se diferenciar, sempre com disposição para fazer o seu melhor”, afirma o executivo.

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Júlia Sève
Diretora da divisão cosmética ativa da L’Oréal Brasil

Quando ingressou na empresa como trainee?
Júlia entrou na L’Oréal em 2002, pelo programa de trainee sênior da empresa. Nessa fase, trabalhou tanto na divisão de luxo quanto na área dedicada ao grande público. “Minha experiência como trainee foi muito importante para conhecer de fato como a L’Oréal funciona, seus valores e processos”, afirma a diretora. “Carrego até hoje os aprendizados que acumulei nesse período”.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
O processo de crescimento de Júlia na empresa foi longo – e cheio de trabalho. “Foram 13 anos em que tive que encarar muitos desafios, assumir novas marcas, trabalhar fora do Brasil, implementar novos modelos e gerir muitas pessoas”, conta a executiva. De promoção em promoção, ela acabou se tornando diretora geral da divisão cosmética ativa da L’Oréal no Brasil, que responde pelas marcas La Roche-Posay, SkinCeuticals e Vichy.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Para Júlia, o trainee tem uma oportunidade única: a de mergulhar de cabeça numa marca. Se, nesse processo, ele descobre que se identifica verdadeiramente com a empresa, deve batalhar para permanecer nela. “Trabalhei bastante para mostrar o quanto eu gostaria de continuar a minha carreira na L’Oreál”, afirma a executiva.

A ascensão profissional dentro da organização pode demorar, mas vale a pena, segundo ela. “Quando você se compromete e começa a sonhar com aquele resultado, não tem por que voltar atrás”, diz.

 

Pedro Lorenzini
VP de mercados do Citi Brasil

Quando ingressou na empresa como trainee?
O executivo participou do programa de trainee oferecido pelo banco entre os anos de 1988 e 1989. Segundo ele, o processo de preparação dos aprovados era bastante completo e intenso, o que lhe ajudou a preencher as lacunas que ainda trazia de sua formação acadêmica então recém-terminada.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Enquanto ainda era trainee, Pedro passou por diversos núcleos do Citi. Trabalhou na área de back-office, finanças e controladoria, middle-office, estruturação e venda de produtos de tesouraria, mesas de gestão de liquidez e risco proprietário. Finalmente, aterrissou na área de “Markets and Securities Services”, da qual se tornou vice-presidente.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
De acordo com Pedro, apesar do investimento oferecido pelas empresas em programas de trainee, a continuidade da ascensão profissional depende muito do empenho e da dedicação pessoal de cada um. “Ser aceito num programa de trainee é uma grande vitória, mas é só o início do caminho”, diz ele. “A carreira corporativa sempre sofre um afunilamento, então em algum momento haverá uma nova ‘etapa de seleção’ e só quem tiver investido em seu próprio desenvolvimento terá chances de ascender”.

O diretor do Citi recomenda aos jovens trainees que estejam abertos e se dediquem a aprender tudo que lhes for oferecido como experiência ou tarefa. Além disso, diz Pedro, é sempre bom lembrar que muito tempo da sua vida será dedicado à sua carreira – é importante, portanto, gostar verdadeiramente do que você faz.

 

Rodrigo Daud
Diretor comercial de polimetálicos da Votorantim

Quando ingressou na empresa como trainee?
Formado em engenharia mecânica, Rodrigo trabalhava como estagiário na Votorantim em 1999, quando surgiu a oportunidade de participar do processo de seleção para trainee. Sua entrada na Votorantim Metais como trainee ocorreu um ano depois, em 2000.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Ao longo dos últimos 16 anos, Rodrigo passou por diversos cargos dentro da empresa. Seu primeiro grande desafio de liderança apareceu quando foi promovido a gerente geral comercial da área de zinco, função estratégica para a Votorantim e de grande exposição global. “Essa experiência me preparou para assumir, em 2011, o cargo de presidente da U.S. Zinc, empresa da Votorantim baseada nos Estados Unidos”, conta. Em 2016, retornou ao Brasil para assumir a diretoria comercial de polimetálicos da companhia.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Para o executivo, um trainee deve entender quais são os desafios para os quais precisa se preparar e tomar a iniciativa de se movimentar naquela direção, sem esperar que a organização traga algo pronto. “Antes de ser promovido, imagine-se na posição que você está almejando e identifique os possíveis pontos que devem ser desenvolvidos para quando o desafio realmente chegar”, orienta.

Ele ainda destaca que tudo começa pela escolha da empresa em que o jovem procura trabalhar. “Procure se informar bastante sobre o negócio da companhia, seus valores e sua cultura para saber se você realmente se identifica com ela”, diz Rodrigo. O executivo também recomenda ao trainee manter sempre uma postura humilde e apreciar a diversidade de opiniões, perfis e culturas numa organização.

 

Camila Durlacher
Diretora de P&D da 3M do Brasil

Quando ingressou na empresa como trainee?
Camila entrou na 3M como trainee na área de pesquisa e desenvolvimento em 2000. Nos 18 meses do programa, participou de projetos em diferentes núcleos da empresa, como marketing e manufatura, o que lhe rendeu aprendizados sobre a forma de funcionamento da empresa e também a oportunidade de construir um valioso networking interno.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
A princípio, Camila trabalhou com desenvolvimento de produtos de saúde e segurança ocupacional. Em seguida, tornou-se coordenadora de propriedade intelectual, assunto pelo qual se apaixonou quando ainda era trainee. Foi promovida a gerente técnica nos Estados Unidos e, alguns anos mais tarde, foi alçada à posição de diretora técnica da empresa na Argentina. Finalmente chegou o convite para voltar ao Brasil e assumir a diretoria de pesquisa e desenvolvimento.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
A executiva atribui sua história de sucesso à humildade para reconhecer os pontos em que precisava se desenvolver mais, além da flexibilidade para se ajustar a novas condições, ambientes e pessoas. Para jovens que sonham com uma trajetória semelhante, seu conselho é muito trabalho e dedicação, especialmente nas fases iniciais da carreira.

“A sorte favorece as mentes preparadas”, diz Camila. “Nunca deixe de se desafiar e se desenvolver sempre, para estar pronto para quando surgirem as oportunidades”.

Leia também: Confira os programas abertos de estágio e trainee

 

Daniel Cordeiro
Diretor de cervejas especiais da Ambev

Quando ingressou na empresa como trainee?
Daniel participou do programa de trainee da Ambev em 2008. Durante um ano, ele passou por treinamentos em todas as áreas da empresa.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Logo após o primeiro ano como trainee, ele foi alocado na área comercial como supervisor de vendas e coordenador de eventos. Na Copa do Mundo de 2010, trabalhou como assistente de marketing para a marca Brahma, assumindo também um posto na área de mídias. Nos três anos seguintes, assumiu as Marcas Antarctica Sub Zero, Bohemia e Brahma. Em 2015 foi convidado a liderar a área de cervejas especiais no Brasil, cargo em que está até o momento.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?
Daniel é a favor de sonhos ambiciosos. Para seu sucesso profissional, diz ele, sempre foi importante apostar em ideias ousadas e brigar por elas. “O trainee não pode perder a vontade de conquistar, de transformar”, afirma.

Ele também recomenda que o jovem tenha uma postura construtiva, questionadora e dedicada. “Saiba ouvir, peça feedbacks e sempre deixe a mente aberta a novas ideias”, resume.

 

Fernando Araújo
Diretor de finanças da GE Grid Solutions para a América Latina

Quando ingressou na empresa como trainee?
Fernando começou sua carreira na GE em 2005, como analista financeiro. Em 2006, participou do processo seletivo de trainees da empresa e foi aprovado para trabalhar no departamento de finanças.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
Após o programa de trainee, Fernando ingressou em um programa de aceleração de carreiras da empresa, o CAS (Corporate Audit Staff). Essa etapa durou 5 anos e meio, e incluiu passagens por quase todos os negócios industriais da GE. Em 2013, passou a ocupar o cargo de executivo de auditoria para a América Latina. Nos dois anos seguintes, atuou como líder de planejamento financeiro e estratégico para a GE na América Latina. Em janeiro de 2016, aos 35 anos, foi nomeado diretor financeiro para o negócio de “grid solutions” para a América Latina.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?

Fernando acredita que seu crescimento na GE dependeu fortemente de sua vontade de fazer o seu melhor todos os dias e valorizar as pessoas ao seu redor.

Seu conselho para os trainees é conhecer os seus próprios limites e não se abalar com suas eventuais falhas, porque elas fazem parte do crescimento de qualquer profissional. “É importante ser persistente e procurar dar sempre o máximo de si”, diz o diretor.

 

Ricardo Ubrig
Diretor de vendas da Whirlpool para a América Latina

Quando ingressou na empresa como trainee?
Graduado em administração pública pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Ricardo entrou para a turma de trainees da Whirpool em 2006.

Como foi o processo até chegar à diretoria?
O executivo foi efetivado em 2007, no cargo de supervisor de vendas na área de purificadores de água. “Quando era trainee, eu havia desenvolvido meu projeto nessa área, então foi muito natural permanecer nela”, conta. Depois da passagem pelo núcleo de água, Ricardo passou 6 anos alternando entre marketing e vendas em quatro posições diferentes. Em 2013, foi promovido a diretor de marketing e, em 2015, foi alçado ao cargo de diretor de vendas da companhia.

O que diria aos jovens que sonham com a mesma trajetória?

“O programa de trainee mudou minha vida, principalmente pela intensidade do treinamento, que nunca tive igual na vida”, conta Ricardo. “Passei por experiências que foram essenciais para saber tomar determinadas decisões hoje em dia”.

Para o diretor da Whirpool, muitos jovens estão preocupados demais em conseguir uma promoção rápida – e se esquecem de investir no desenvolvimento genuíno de suas carreiras. Ele diz que é melhor tirar o foco dos cargos e dos tempos de promoção, e concentrar suas energias na escolha de uma empresa alinhada aos seus valores. “A partir daí você deve se preocupar em entregar mais e melhor, independentemente da velocidade com que os seus pares estão subindo”, afirma. “A carreira é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros”.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

 

Infográfico interativo mostra a realidade das mulheres no mundo do trabalho

tres mulheres executivas com diversidade etnica

Em um recente relatório, entitulado The Future of Jobs, o Fórum Econômico descreve suas previsões sobre como será o mercado de trabalho nos próximos anos, levando em conta os principais componentes sociais, tecnológicos e econômicos que atuam sobre o mercado global. O documento chama atenção para a urgência das questões de diversidade e igualdade de gênero na força de trabalho, e critica o ritmo lento dos avanços nessa área.

“É tempo para uma mudança fundamental em relação à questão do talento e da diversidade, seja de gênero, idade, étnica ou orientação sexual”, escrevem os autores. Na última década, apenas 3% do gender gap econômico global foi fechado. As chances de uma mulher conseguir uma posição de liderança ainda são muito menores que as dos homens (28%) e apenas 9% dos CEOs do mundo são do sexo feminino.

Mulheres ainda são minoria em tais campos por diversas razões e, se um cuidado extra não for aplicado pelas empresas na hora de pensar sobre o futuro, há um risco de dificultar ainda mais o sonho de eliminar o hiato profissional entre homens e mulheres. No gráfico a seguir, é possível ter uma visão mais aprofundada sobre a representatividade das mulheres nas diversas indústrias e níveis de carreira: 

O relatório estima que homens perderão cerca de 4 milhões de empregos e ganharão outro 1,4 milhão. Quase um novo posto para cada três perdidos. No caso das mulheres, já subrepresentadas, a expectativa é de um novo emprego para cada cinco eliminados.

Os autores do documento finalizam pedindo atenção especial ao tema e sugere uma série de medidas, de mecanismos de responsabilidade empresarial a programas de tratamento e mentoria. E um ponto valioso da conclusão é lembrar que a responsabilidade não termina no escritório. Uma empresa tem a oportunidade de impactar sua cadeia de valores e tornar-se uma influência externa que garanta neutralidade, inspira meninas e jovens e desenvolva parcerias com a sociedade civil, entre outras possibilidades. São ações que podem fazer toda a diferença, agora e no futuro.

O que o Fórum Econômico Mundial tem a dizer sobre o futuro do trabalho

viadutos em metropole caos urbano

Nada menos que a quarta Revolução Industrial. É assim que o Fórum Econômico Mundial descreve o futuro próximo em seu novo relatório, The Future of Jobs, enquanto apresenta os principais componentes sociais, tecnológicos e econômicos que atuam sobre o mercado global e como a força de trabalho atual influenciará essa transição.

É um olhar imediato, que analisa o impacto esperado entre 2015 e 2020 e as respostas preparadas por chefes de recursos humanos e diretores de estratégia de grandes empresas. Logo no início, o grupo avisa: é tempo de ajuste de indústrias, transformações fundamentais e ritmo sem precedentes de mudanças.

Tecnologicamente, avanços em genética, inteligência artificial, robótica, energia, nanotecnologia e Internet das Coisas estão no centro das mudanças. Uma enorme população jovem em países emergentes, assim como uma força de trabalho em envelhecimento em países desenvolvidos e desigualdade crescente também estão no jogo.

Oportunidades ilimitadas ou substituições em massa são os dois extremos da balança e a mensagem final do relatório é otimista, mas cautelosa. Se bem administrada, a atual transição pode ser a oportunidade que faltava para transformar de vez o trabalho em um canal através do qual indivíduos poderão se realizar e usar seus potenciais ao máximo. “São nossas ações hoje que definirão o que vai acontecer”, conclui.

Habilidades do futuro Para descrever melhor o que está por vir, o relatório apresenta uma nova medida: a estabilidade de habilidades. A partir de agora, trabalhadores de todas as áreas terão a missão de manter suas habilidades atualizadas (reskilling) e aprimoradas (upskilling).

Será um fator crítico para evitar o crescimento do desemprego e da desigualdade, e é importantíssimo que empregadores incentivem a educação contínua e o aprendizado proativo desde agora para não correrem o risco de perder a geração atual (dois terços dos entrevistados para o relatório disseram, inclusive, que investir em reskilling de funcionários atuais já é uma estratégia em curso). 

O mundo tem se transformado de tal maneira, lembram os autores, que algumas das especialidades mais buscadas hoje sequer existiam há dez anos. É uma tendência que deve crescer. De acordo com o estudo, 65% das crianças hoje no primário terão tipos completamente novos de emprego quando começarem a trabalhar.

E trabalharão de um jeito diferente, como manda a era digital. Trabalho remoto, flexível ou sob demanda, assim como espaços de co-working, equipes virtuais e plataformas de talento online são alguns dos exemplos usados para mostrar as novas fronteiras entre trabalho e vida pessoal, ainda em formação.

Novos papeis O relatório destaca três postos com crescimento praticamente garantido no mercado do futuro.

1. Analistas de dados
Em todas as indústrias e países, haverá demanda por quem conseguir transformar o dilúvio de dados (que deve crescer ainda mais) em insights e informações úteis. Decisões baseadas em dados serão cada vez mais vitais em qualquer lugar.

2. Agentes de vendas especializados
Praticamente todas as indústrias precisarão ter a habilidade de comercializar e explicar seus produtos para outros negócios, governos e clientes. Isso porque muita coisa será novidade – e muitos clientes serão tipos inéditos até então.

3. Novos tipos de gerentes
Guiar empresas por grandes transformações de maneira eficaz é difícil. Quando o caso é de disrupção, então, o desafio é ainda maior. Ambos vão acontecer cada vez mais, e quem for bom no cargo terá muitas ofertas.

O que é difícil para todos, mas muito importante, é enxergar de maneira realista o gap entre as habilidades atuais e futuras para fecha-lo o mais rápido possível.

A ideia principal é que pouco adianta ensinar aos jovens desempregados de hoje técnicas que serão obsoletas em poucos anos. “Em alguns casos, este tipo de esforço deve ter mais sucesso se governos ignorarem as demandas de trabalho atuais e passadas e basearem seus modelos em expectativas futuras”, dizem os autores.

Não importa a indústria ou nação em questão. Compreender corretamente o cenário e preparar seus trabalhadores para o futuro será algo crítico em todos os níveis: empresas, formuladores de políticas públicas, organizações sindicais ou indivíduos.

Vetores das grandes mudanças em curso, como Big Data, podem eles mesmos se tornar ferramentas úteis para o processo – e provar de novo que a interpretação de dados é uma das habilidades mais valiosas do século 21.

Diversidade é chave O relatório sugere diversas opções de estratégia na hora da adaptação. Entre elas está revolucionar a função dos Recursos Humanos, que será cada vez mais importante, e a aposta na diversidade.

“É tempo para uma mudança fundamental em relação à questão do talento e da diversidade, seja de gênero, idade, étnica ou orientação sexual”, escrevem os autores. Nessa área, o uso de dados pode ser útil para identificar de maneira objetiva as potencialidades de cada um e eliminar os preconceitos inconscientes que ainda existem na hora da contratação.

Igualdade de gêneros Com a demanda cada vez maior por trabalhadores da família STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em inglês), a questão do gênero ganha contornos ainda mais urgentes.

Na última década, apenas 3% do gender gap econômico global foi fechado. As chances de uma mulher conseguir uma posição de liderança ainda são muito menores que as dos homens (28%) e apenas 9% dos CEOs do mundo são do sexo feminino.

Mulheres ainda são minoria em tais campos por diversas razões e, se um cuidado extra não for aplicado pelas empresas na hora de pensar sobre o futuro, há um risco de dificultar ainda mais o sonho de eliminar o hiato profissional entre homens e mulheres.

O relatório estima que homens perderão cerca de 4 milhões de empregos e ganharão outro 1,4 milhão. Quase um novo posto para cada três perdidos. No caso das mulheres, já subrepresentadas, a expectativa é de um novo emprego para cada cinco eliminados.

O relatório termina pedindo atenção especial ao tema e sugere uma série de medidas, de mecanismos de responsabilidade empresarial a programas de tratamento e mentoria.

E um ponto valioso da conclusão é lembrar que a responsabilidade não termina no escritório. Uma empresa tem a oportunidade de impactar sua cadeia de valores e tornar-se uma influência externa que garanta neutralidade, inspira meninas e jovens e desenvolva parcerias com a sociedade civil, entre outras possibilidades. São ações que podem fazer toda a diferença, agora e no futuro.

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