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Heinz na prática: por dentro da área de finanças da empresa

Tomates e ketchup em prato com talheres

As pessoas têm cada vez menos tempo para cuidar da própria comida e preparar boas refeições. E o papel do setor de alimentos, parte da indústria de bens de consumo, é ajudar a resolver esse problema oferecendo alternativas nutritivas e práticas, que se adequem ao curto período que as pessoas têm para comer. “Nós compramos a matéria prima e vendemos uma marca. Nosso valor agregado está aí”, explica Rafael Peixoto, coordenador de planejamento financeiro no Brasil da empresa americana Heinz, maior fabricante de ketchup do mundo – que também produz molhos, conservas, condimentos, refeições congeladas e papinhas.

Nesse contexto, o papel da Heinz é garantir que seus cerca de 5.700 produtos sejam de ótima qualidade e satisfaçam os consumidores da melhor maneira possível. Se existe a demanda por um produto com menos açúcar, por exemplo, ele precisa ser desenvolvido. Mas, além de atentar para a qualidade e a satisfação do cliente, a empresa também precisa ter a garantia de que os insumos estejam dentro de um planejamento financeiro. E é aí que Rafael entra. “Não podemos comprar mais do que cabe no estoque e temos pagar o preço certo para não onerar o custo”, diz ele.

No seu dia a dia, o planejador financeiro também precisa resolver problemas operacionais para garantir que o time de vendas esteja fazendo as previsões adequadas, e o de produção, produzindo o suficiente para atingir essas previsões – tudo dentro do custo de cada departamento. “A área de finanças ajuda a trazer método para as coisas e traduzir a complexidade de um problema de forma estruturada e simples para a tomada de decisões. Ser organizado é importante para conseguir soluções nesse sentido e até antecipar problemas da companhia.”

Leia também: Finanças corporativas, conheça as tendências do mercado

Identificação com a função
Rafael se identifica bastante a função que ocupa hoje, que considera estratégica para a empresa, especialmente por ser um elo de ligação entre suas diversas áreas. “A gente não leva o feijão para casa como o pessoal de vendas, não desenha os produtos como os caras de produção, mas acaba sendo a amálgama disso tudo. Nosso trabalho vai desde traduzir aquilo que cada área está fazendo em números e resultados da empresa, até realimentar o sistema adequadamente, conciliando os gastos da produção com os preços dos produtos”, afirma.

Ele conta que sempre gostou de resolver problemas. “Quando me deparo com uma situação complexa, interpreto como um desafio e faço de tudo para entender o problema e testar soluções”, afirma. Pela afinidade com exatas, escolheu cursar engenharia. E quando começou a trabalhar com finanças, sabia pouco de contabilidade, valuation ou economia. “Precisei estudar por conta própria para conhecer esses temas e a indústria em que escolhi atuar. É muito mais fácil encontrar soluções para problemas financeiros quando você entende o contexto à sua volta.”

Candidate-se a oportunidades na Heinz:

Programa Estágio da Heinz

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

Itaú Unibanco na prática: a experiência de um consultor de negócios

Executivos trabalhando em reunião

“Para trabalhar em banco tem que ter vocação”, brinca Henrique Marise, de 32 anos, consultor de negócios Itaucard, no Itaú Unibanco. Ele tem uma certa razão. Lidar com números todos os dias não é coisa para quem sempre levou nota negativa em matemática na escola. “Essa pessoa pode até conseguir emprego, porque o mercado financeiro é aberto para todo tipo de personalidade – tem de pedagogo até biólogo. Mas ela corre o risco de odiar o próprio trabalho”, diz.

Ele mesmo não imaginava, assim que entrou na faculdade de engenharia, em São Carlos, no interior de São Paulo, que trabalharia em um banco. Tanto que chegou a fazer estágios curtos em outras indústrias. Durante o curso, no entanto, começou a considerar a opção. Henrique se inscreveu em mais de dez processos de trainee depois de formado, em 2006, e foi chamado no Itaú depois de uma longa seleção. Para ele, essa é melhor forma de entrar no mercado. “É uma porta de entrada excelente, porque você acaba conhecendo o funcionamento de um banco como um todo, já que existe uma mudança de área esporádica (job rotation) para quem entra como trainee”, afirma.

Leia também: Sete dicas para quem quer ser trainee em um banco

A experiência como trainee no Itaú Unibanco

Henrique começou no banco na área de projetos, depois foi para análise de risco e crédito. “Essa área que determina qual é o risco que o banco tem ao emprestar dinheiro. É a isso que o juros está atrelado, por isso a taxa varia de acordo com o perfil das pessoas. Alguém que está desempregado tem um risco muito maior, estatisticamente, de não pagar o empréstimo em dia”, explica.

Agora, seu trabalho consiste, basicamente, em encontrar meios de fazer o banco vender seus produtos. “Tenho que saber qual tipo de cartão de crédito as pessoas querem ter, qual tipo de financiamento elas querem fazer, qual seguro pode ser útil para elas”, detalha. Tudo isso tendo como base modelos financeiros e análises de mercado. “É preciso conseguir traduzir todas as informações financeiras que recebemos.”

Para Henrique, outras características valiosas em um profissional dessa área são responsabilidade, disposição e integridade. “O setor financeiro de qualquer negócio, seja da indústria farmacêutica ou de infraestrutura, é o que move a empresa. Sem o aval financeiro, suas decisões estratégicas ficam amarradas”, diz. “Devido à manipulação de números muito altos, quem entra nesse setor também precisa ser analítico e ético”, completa.

Leia também: Conheça o Itaú, banco líder em performance sustentável

A cultura do Itaú Unibanco

Apesar de ser um setor tradicionalmente mais “certinho”, inclusive no que diz respeito ao traje, os bancos estão flexibilizando suas políticas de código de conduta e vestimenta. Quando Henrique entrou no Itaú, na época, Unibanco, tinha que usar terno e gravata todos os dias. Hoje não é mais assim. “As empresas estão percebendo que isso não faz sentido para quem passa o dia inteiro dentro do escritório olhando para a tela de um computador. Ainda mais morando no Brasil, um país tropical”, afirma. Mas tudo tem um limite: bermudas continuam proibidíssimas!

De qualquer forma, as mudanças mostram que as empresas estão mais preocupadas com o bem-estar dos funcionários e ouvindo suas reivindicações. “Já que vamos passar oito horas no trabalho, que ele seja um lugar no qual nos sentimos confortáveis.” Algumas áreas, no entanto, não podem ainda dispensar o traje formal. “Não adianta, quem vai lidar com o cliente precisa ir mais formal mesmo. É importante para ele saber que o cara que está lidando com o seu dinheiro transmite seriedade.”

Os horários de entrada e saída também são mais tranquilos hoje em dia. “O banco não quer ver ninguém lá fazendo hora extra à toa. Não existe mais essa cultura”. Outros pontos estão sendo levados em conta. “Se você chega às 8h todos os dias e precisa de 14 horas para cobrir todas as demandas daquele dia, seu gestor consegue ver que ou você está sobrecarregado ou você está sendo pouco produtivo. E isso será avaliado”, comenta.

Para quem está começando

Para quem está começando agora na profissão, Henrique tem uma dica: comece a trabalhar em estágio o quanto antes, e vale inclusive para quem planeja ser empreendedor no futuro. “Essa visão de como funciona uma grande empresa, você só consegue trabalhando lá dentro, mesmo. A faculdade só é capaz de te ajudar até certo ponto. Eu só aprendi sobre interdependência e trabalhar em equipe depois que comecei a lidar com isso na prática.”

Candidate-se: vaga de estágio no Itaú Unibanco

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Quer trabalhar com finanças corporativas? Conheça as tendências do mercado

Várias notas de dólar

Nos últimos 20 anos, o mercado de trabalho sofreu várias alterações por questões econômicas e tecnológicas. A redução e o controle da inflação, a estabilização da moeda e a abertura do mercado brasileiro obrigaram as empresas a tomar uma postura mais competitiva. Tudo isso influenciou positiva ou negativamente a importância de algumas posições no mundo das finanças corporativas.

Dentro das empresas, as áreas de controladoria, análise de custos e avaliação da rentabilidade nas operações, por exemplo, se impuseram como bastante estratégicas.

Tendências em finanças corporativas

Por outro lado, o avanço tecnológico e a informatização de processos acabaram transformando alguns postos em obsoletos, como o de contas a pagar e receber.

Mas, de uma forma geral, o ano de 2014 será positivo para quem quer trabalhar com finanças, e os profissionais mais qualificados não terão dificuldades em se empregar. De acordo com uma pesquisa divulgada em março deste ano pela empresa multinacional de recrutamento Robert Half, apenas a China supera o Brasil na busca por executivos de finanças. O estudo foi feito com 2.535 CFOs de 17 nacionalidades.

Como resultado, descobriram que 63% das empresas pretendem aumentar seu quadro de funcionários do financeiro este ano. Os motivos para tanta contratação são novos projetos (em 81% dos casos), expansão de produtos ou serviços (para 51%) e o crescimento doméstico do negócio (em 41%).

Leia também: Por dentro da área de finanças da Heinz

Segundo Alexandre Atauah, gerente da Divisão de Finanças e Contabilidade da Robert Half, esse cenário faz com que a área de finanças corporativas seja uma das mais movimentadas do ano. Isso porque, com crise ou não, departamentos como o de contabilidade desempenham um papel estratégico em todas as companhias.

“Esses profissionais saíram dos bastidores e tornaram-se ativos na análise de risco. Além disso, a interação com as demais áreas internas também aumentou. O objetivo agora não é só alcançar os melhores custos, mas também obter melhores retornos do negócio”, explica Alexandre.

O trabalho em finanças corporativas

Como o mercado está aquecido para finanças corporativas, a disputa pelos maiores talentos aumenta, e os salários também. Ainda segundo a pesquisa, 61% dos CFOs no Brasil consideram muito desafiador contratar bons profissionais nessa área, quase o dobro da média mundial, de 31%.

Aqui, eles também estão preocupados com não perder seus talentos. Enquanto 27% do resto do mundo têm essa preocupação, 41% dos CFOs brasileiros enfrentam problemas de retenção. Neste cenário, os profissionais mais disputados são formados em engenharia financeira, análise e administração de investimentos, marketing ou consultoria financeira.

Com tanta demanda, o mercado está aberto para profissionais de praticamente todas as áreas. Mas algumas qualidades todos eles devem ter em comum. É preciso, por exemplo, saber trabalhar com percepção de futuro, no campo de planejamento e da prevenção para trazer resultados efetivos para a empresas.

Para ser bem sucedido, é necessário ter foco na redução de custos, racionalização de gastos, melhora das taxas e dos planos financeiros. Além disso, o candidato ideal precisa entender bem a economia brasileira, os produtos e serviços do mercado financeiro e ter noções gerais de softwares de gestão de contas e planilhas. Conhecer a fundo o intrincado sistema tributário nacional é um diferencial.

Leia também: Sete sugestões para quem quer se dar bem em processos seletivos

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

Qual é o perfil esperado de um profissional do mercado financeiro?

Executivo olha para tela com gráficos

Muitos estudantes associam trabalhar com finanças a ganhar muito dinheiro e se aposentar antes dos 40 anos. Na realidade, o enriquecimento fácil não passa de um mito. É preciso ter em mente que entrar para o mercado financeiro não é ganhar na loteria – os benefícios até podem ser altos na comparação com outros setores, mas os salários são atrelados a metas, e a jornada de trabalho é bastante intensa.

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Uma vez lá dentro, há muitas carreiras possíveis. Quem se sente atraído pela adrenalina da bolsa de valores pode trabalhar em corretoras que acompanham o mercado minuto a minuto para saber o melhor momento de comprar e vender ações. Já os interessados em administração de empresas podem buscar bancos de investimento que trabalham com processos de reestruturação de companhias. E todo mundo precisa começar em algum lugar.

José Berenguer admite que ele também passou por um período de ansiedade no começo da carreira. Hoje presidente do JP Morgan no Brasil, ele dividiu seus conhecimentos em um Bate-Papo com o Na Prática e garante: vontade, dedicação e identificação com os valores da empresa, além de tornarem o processo mais fácil, chamam a atenção.

Desde cedo

Headhunter especializado no mercado financeiro, André Abram está acostumado a ver candidatos do nível de Berenguer, interessados em cargos como diretor, vice-presidente ou presidente. Mas mesmo André tem alguns pré-requisitos na hora de considerar altos executivos, e diz que o que ele pede pode começar a ser desenvolvido agora mesmo.

“Há fortalezas que podem ser desenvolvidas em qualquer idade”, explica. Ter capacidade de fazer as coisas acontecerem e agir como dono do problema são coisas que destacam sua performance num meio muito competitivo, assim como resiliência (leia-se: a capacidade de pedir e aceitar críticas) e uma boa dose de curiosidade. “Se você não está curioso para saber o que está acontecendo com você, com o mercado, com os competidores ou com outras áreas, não chega lá.”

André também recomenda uma vivência completa do mercado financeiro, seja trabalhando em áreas core do mercado financeiro ou privilegiando uma trajetória inicial que envolva diferentes áreas, do backoffice à implementação de tecnologias. “Participar desse tipo de projeto te ajuda a ter uma visão abrangente e te prepara para uma nova fase na carreira”, fala.

Dicas

A seguir, o superintendente de microcrédito do banco Santander, Jeronimo Ramos, e o professor do programa Certificate in Financial Management da escola de negócios Insper, Ricardo Rocha, dão mais algumas dicas aos interessados:

1. Ter inglês fluente: essa dica pode parecer óbvia, mas nenhuma outra área é tão exigente em relação à fluência no idioma como o mercado financeiro. Você sabia que a maioria dos investidores que compra ações de empresas brasileiras é estrangeiro? Pois é. Quando uma empresa brasileira com ações negociadas na bolsa de São Paulo apresenta seus resultados do trimestre ou do ano para o mercado, em teleconferência com investidores, quase sempre o faz em inglês. Para quem trabalha com investimentos, tão importante quanto saber falar é redigir análises de mercado em inglês.

2. Adaptar-se bem a mudanças: o mercado financeiro muda o tempo todo, e quem trabalha com isso deve estar preparado para a montanha-russa. Crises financeiras como a de 2008 pegam todos de surpresa e viram o mundo de cabeça para baixo em questão de horas. A cada nova turbulência no mercado, o sistema impõe regras mais rígidas para bancos e empresas atuarem, e não há muito tempo para se adaptar. Além disso, o avanço da tecnologia e da internet traz novos desafios a cada dia – desde como se proteger contra ataques virtuais, cada vez mais destruidores, até discussões sobre como as pessoas farão seus pagamentos nos próximos dez anos.

3. Aprender a trabalhar com metas: os salários no mercado financeiro têm uma parcela fixa e outra variável, atrelada ao cumprimento de objetivos pré-estabelecidos individuais e da equipe. Se o trabalho e a economia vão bem, dá para faturar alto com bônus anuais de três a dez vezes o salário (em algumas empresas chega a 20 salários). Mas, se vai mal, o bolso aperta – sim, as empresas fazem isso de propósito. Falhar em cumprir sua meta pode te levar ao extremo de perder sua posição.

4. Saber se comunicar: o mercado financeiro parece tentador para algumas pessoas que acreditam que o trabalho se resume a acompanhar números na tela do computador. O raciocínio lógico matemático é de fato uma exigência e deve ser treinado com exercícios, mas também conta pontos saber apresentar resultados e análises. Faz parte da rotina se reunir com clientes ou ir a jantares de negócios, por isso é importante trabalhar a comunicação.

5. Gostar de trabalhar: as jornadas de quem trabalha no mercado financeiro quase sempre ultrapassam as 40 horas semanais. A maioria dos executivos só não olha seus e-mails de trabalho no smartphone quando está dormindo. É preciso ler muito – notícias do mercado e análises –, e, para aguentar o tranco, é importante se interessar de verdade pelo universo das finanças.

Especial Na Prática: Tudo sobre o mercado financeiro

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Santander na prática: a rotina do responsável pela área de microcrédito no Brasil

Prédio corporativo

Com mais de 150 anos de história, o grupo espanhol Santander está entre os maiores bancos do mundo. Emprega 200 mil pessoas e tem mais de 100 milhões de clientes. No Brasil, onde estão desde a década de 1980, os espanhóis se tornaram mais relevantes em 2008, quando compraram o concorrente Banco Real.

Hoje, o Santander é o terceiro maior banco privado do país, com 24 milhões de clientes. Ele se diferencia dos concorrentes porque investiu pesado no segmento de baixa renda – atualmente tem a maior operação de microcrédito entre os bancos privados do Brasil, coordenada pelo superintendente Jeronimo Ramos, ex-Banco Real.

A área de microcrédito

Mas o que é microcrédito? Pense na costureira ou no chaveiro do seu bairro. De vez em quando, eles precisam de dinheiro extra para consertar uma máquina, pintar a loja ou comprar material para trabalhar. Podem então recorrer a agentes de crédito, que são vinculados a bancos.

O Santander se especializou nisso. Concede empréstimos de 500 reais a 15 000 reais com taxas de juros mais baixas que as praticadas no mercado, e oferece prazo de seis a 18 meses para pagar.  Na última década, emprestou mais de 2,3 bilhões de reais para quase 300 000 pequenos comerciantes. Em 80% dos casos, são mulheres chefes de família que moram nas periferias de São Paulo, Rio de Janeiro e cidades do Nordeste.

Leia também: Mercado financeiro, o trabalho de gerar riqueza

O trabalho no Santander

O superintendente Jeronimo Ramos é o líder da equipe de 300 pessoas responsável por microcrédito no Santander. Ele também começou de baixo – seu primeiro trabalho num banco foi como office boy na década de 1970. Quinze anos depois, já com formação em marketing e atuando como gerente, Jeronimo começou a trabalhar com empreendedores de baixa renda.

Encantado pelo desafio de transformar o negócio de milhares de pequenos comerciantes, que geram emprego e renda na comunidade, nunca mais quis mudar de área. “O microcrédito é o melhor instrumento de inclusão social financeira do mundo”, afirma.

Saiba quais são as atividades que ele coordena:

Recrutar agentes de crédito nas comunidades: mais de 80% dos empreendedores que pedem o microcrédito não têm conta no banco, seja por falta de interesse ou pela carência de agências nas periferias. Por isso, o Santander acaba contratando agentes de crédito que moram nas regiões que atende. Hoje são mais de 200 agentes em 550 cidades pelo país. Faz sentido pela praticidade – a equipe visita clientes todos os dias – e porque ninguém conhece melhor o comércio de uma área do que os próprios moradores. “Para fazer o meu trabalho, tem que gostar de ficar em contato o dia todo com gente”, diz Jeronimo.

Transformar agentes em professores: conceitos usados no varejo – como capital de giro, contas a receber, juros e margem de lucro – são muitas vezes desconhecidos pelos clientes do microcrédito. Jeronimo chegou à conclusão de que não adianta só emprestar dinheiro. O caminho mais seguro contra a inadimplência é ajudar o cliente a melhorar a gestão do negócio, e isso tem tudo a ver com educação financeira. Os agentes ajudam a definir a melhor estratégia para cada negócio.

Encontrar soluções para aumentar o número de clientes: muitos contratos de concessão de microcrédito esbarram na parte da garantia. Boa parte dos potenciais clientes é informal, o que dificulta conseguir um fiador (alguém que assuma a dívida em caso de inadimplência). Foi aí que o banco mudou de estratégia e adotou uma nova garantia, batizada de Grupo Solidário. Três ou quatro microempreendedores se comprometem uns com os outros a pagar parcelas de quem ficar inadimplente. Desde a mudança, o número de contratos mais que dobrou, e a taxa de inadimplência do Grupo Solidário é próxima a zero.

Criar novos produtos: com o tempo, os clientes começaram a pedir crédito para investimentos mais altos, para reformar lojas ou comprar máquinas novas. Os agentes relataram isso aos gerentes que, por sua vez, sentaram com Jeronimo e a área de produto para pensar em soluções. A última, criada no ano passado, foi uma linha de microcrédito que atende clientes que precisam de investimento de médio e longo prazo. O parcelamento chega a 24 meses.

Estudar a abertura de agências na periferia: o Santander foi o primeiro banco a abrir unidades na favela do Alemão, no Rio de Janeiro, e em Paraisópolis, em São Paulo. A agência carioca passou a funcionar em maio de 2010, seis meses antes da ocupação do morro pela polícia para a instalação da UPP. A paulista é de dezembro de 2013. Nos dois casos, Jeronimo já tinha milhares de clientes de microcrédito nas comunidades.

Exportar o microcrédito para outros países: caso de sucesso no Santander, Jeronimo virou uma espécie de embaixador do microcrédito. Pelo menos uma vez por semestre recebe turmas de estudantes estrangeiros interessados em conhecer o programa, que já foi exportado para países como Chile, Argentina e El Salvador.

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Mercado financeiro: o trabalho de gerar riqueza

Analistas do mercado financeiro na mesa de operação, observando painel de bolsas

O mercado financeiro existe para conectar as pessoas que têm dinheiro com as pessoas que precisam de dinheiro. Parece simples, mas a necessidade das pessoas e empresas por esse serviço deu origem a uma indústria gigantesca. Quem faz o trabalho de intermediário são os bancos, e os responsáveis por cuidar da saúde do sistema financeiro são instituições públicas – no Brasil, o Ministério da Fazenda e o Banco Central no Brasil.

O avanço da tecnologia e da internet nas últimas décadas virou muitas indústrias de cabeça para baixo. Não foi diferente com o mercado financeiro. Você sabia que, há apenas 100 anos, o ouro ainda tinha uma função central nessa indústria? E que até a década de 1950 só existia dinheiro de papel no mundo?

Hoje, podemos controlar nossas contas correntes pelo smartphone, o que tem levado os bancos a investir mais em tecnologia e menos na contratação de funcionários para as agências. Além do impacto no mercado de trabalho, a indústria tem sido desafiada a dar respostas cada vez mais complexas, como decidir a validade do bitcoin, primeira moeda virtual que não está ligada a um país e sequer existe em papel.

Leia também: Qual é o perfil esperado de um profissional do mercado financeiro?

No Brasil, um dos principais desafios do mercado financeiro é a bancarização. O que isso significa? Apenas 55% da população têm conta em banco. Estamos bem atrás de Inglaterra, Estados Unidos e Espanha, em que quase todas pessoas são clientes de bancos. Mas nos saímos bem na comparação com países como Índia e México, onde apenas um terço das pessoas são bancarizadas.

Consequência disso é a falta do hábito de poupar. Sete entre dez brasileiros não guardam dinheiro. Isso é ruim não só para a pessoa, que precisa pedir emprestado quando o bolso aperta, mas também para a economia do país. Menos dinheiro nos bancos impacta o sistema como um todo, porque o recurso poderia ser investido de diversas maneiras. Além da tradicional poupança, uma opção de investimento é se tornar sócio de empresas na bolsa de valores – comprando ações. Outra alternativa é investir em fundos que usam os recursos aplicados por pessoas para construir hotéis, shoppings ou moradias. Riqueza gera riqueza.

Para quem se interessa pelo setor, o mercado financeiro é amplo de oportunidades para trabalhar:

Bancos de varejo

Financiam o consumo das pessoas físicas – clientes comuns – e também das pessoas jurídicas – empresas de micro, pequeno e médio porte. Captam depósitos e concedem empréstimos, financiamentos e opções de investimento aos clientes. Entre os maiores no Brasil estão: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal.

Bancos de investimento

Emprestam dinheiro para empresas. Também assessoram e financiam operações de compra, fusão e reestruturação de companhias. Podem administrar fundos de investimento e auxiliar empresas a abrir capital (negociar ações) na bolsa de valores. Entre os maiores estão: Goldman Sachs, JPMorgan, Credit Suisse, BTG Pactual e Itaú BBA.

Gestoras de recursos

Buscam as melhores oportunidades de investimentos para os seus clientes – sejam eles empresas ou pessoas. Esses investimentos podem ser em ações na bolsa de valores, no setor imobiliário, em infraestrutura, agropecuária etc. Entre as gestoras, existem aquelas especializadas em asset management, por exemplo. Algumas das maiores são: XP Gestão de Recursos, Gávea Investimentos, Itaú Unibanco, Bradesco e BTG Pactual.

Gestoras de fundos “private equity”

Compram fatias de empresas com o dinheiro dos investidores. Ficam de cinco a dez anos como sócias dessas companhias e lucram (ou saem no prejuízo) quando passam o negócio para frente, a partir da abertura de capital na bolsa de valores ou da venda da participação na empresa. O desafio de quem trabalha com isso é entrar na administração da empresa e alavancar seus resultados para obter melhores ganhos ao fim da sociedade. Entre as maiores do Brasil estão: BTG Pactual, GP Investimentos, Carlyle, Gávea Investimentos e Pátria.

Seguradoras

Criam e vendem seguros para empresas e pessoas. Os principais são: seguros de vida, de saúde, de imóveis, empresariais, de automóveis e de transporte de carga. Também podem trabalhar com consórcios de imóveis e automóveis, previdência e planos de capitalização. Entre as maiores empresas do Brasil estão: Bradesco Saúde, Itauseg, Porto Seguro Seguros, Bradesco Seguros e Previdência, e Mapfre Seguros.

Corretoras de valores mobiliários

Captam os recursos dos clientes para aplicar no mercado de ações. A função do corretor é acompanhar o mercado para saber o melhor momento de comprar e vender ações. Algumas das maiores corretoras são: Coinvalores, Ativa, Souza Barros, Concórdia e Fator.

Leia também: A rotina do responsável pela área de microcrédito do Santander no Brasil

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Boticário na prática: o dia de um gerente de marketing de categoria

Mulher escolhe produtos em loja de cosméticos

O Boticário é a companhia que mais cresce em vendas no segmento de perfumaria e cosméticos no país, além de ser uma das marcas mais adoradas pelos brasileiros. A empresa tem mais de 3.600 lojas espalhadas pelo Brasil, cinco vezes mais que a rede de fast food McDonald’s. O sucesso d’O Boticário é ainda mais notável porque o mercado de beleza nacional foi o que mais cresceu no mundo na última década, e hoje já é o terceiro mais importante globalmente. Ou seja, a concorrência para a empresa não é pequena.

Mas por que dá tão certo? Além de produtos de qualidade, uma estratégia de marketing muito bem planejada é essencial. Um dos responsáveis por isso é o paranaense Ricardo Gritsch, 35 anos, gerente de marketing de categoria d’O Boticário, que completa neste ano dez anos de trabalho na área de marketing da empresa.

Formado em administração, ele fez dois MBAs – Marketing e Gestão Estratégica – e um curso de formação de executivos na respeitada escola de negócios americana Kellogg School of Management. N’O Boticário, o paranaense trabalhou com perfumaria, maquiagem e, desde o ano passado, está à frente do marketing de cuidados pessoais da empresa, que tem as marcas próprias Nativa SPA, Active, Cuide-se Bem e Golden Plus.

Leia também: Marketing e vendas, o cliente em primeiro lugar

“O profissional de marketing é um sonhador. Nunca está satisfeito e quer sempre entregar novidade para o cliente. Mas 80% do trabalho é cálculo, planilha, reunião. Só 20% é inspiração”, afirma Gritsch. Saiba como é um dia de trabalho dele na sede da empresa, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR).

O trabalho do gerente de marketing

9h
A interação do marketing com outras áreas da empresa é grande. Quando ele precisa definir promoções para os consumidores, uma de suas atividades, ele senta com a área jurídica para elaborar os regulamentos – são milhares de inscritos. Foi o caso da promoção recente “Desejo de Banho”, que deu passagens aéreas e estadia luxuosa em hotel para clientes da marca Nativa SPA nas cataratas de Foz do Iguaçu, no Paraná.

10h
Os técnicos da empresa chegam a uma nova fórmula para cremes que mantém a hidratação por mais tempo. Gritsch vai conversar com os colegas para discutir que produtos podem ser mudados ou criados a partir da descoberta.

11h
Gritsch prepara um material de suporte que será entregue a gerentes de lojas de todo o Brasil sobre os benefícios da nova linha da marca Nativa SPA, que chegará às lojas em algumas semanas. Isso ajudará no treinamento das vendedoras e a impulsionar as vendas.

14h
O gerente debate com a equipe de finanças se uma novidade que quer colocar no mercado é viável economicamente e o que pode ser feito para aumentar sua rentabilidade. Para a reunião, leva uma série de planilhas com cálculos que fez. Atualmente, o marketing d’O Boticário trabalha em produtos que chegarão às gôndolas no segundo semestre de 2015.

16h30
Gritsch recentemente viajou à cidade americana de Nova York para buscar por novas tendências de consumo, ingredientes e atendimento. Ele viaja cerca de dez vezes por ano para diferentes cidades do Brasil e do mundo para pesquisar novidades. Quando retorna, reúne a equipe que lidera, formada por 20 pessoas, para apresentar o que viu de interessante e discutir as últimas ideias que o time trouxe.

17h30
Ele usa o fim do expediente para soltar a imaginação e pensar em como pode adaptar as descobertas da última viagem à estratégia de negócios das marcas que atende.

19h
Já no tempo livre, o gerente vai visitar um shopping da região para entender o que os frequentadores estão comprando e o que há de novidade nos concorrentes. É claro que também dá uma passada na loja d’O Boticário para conversar com as vendedoras sobre dúvidas, críticas e sugestões dos clientes.

22h
Antes de dormir, testa pelo menos três produtos que ajudou a criar, como shampoos, sabonetes, óleos e cremes para o corpo. Produtos dos concorrentes, nem pensar.

Pode parecer uma rotina pesada, mas não para quem é apaixonado pelo que faz. Um bom profissional de marketing fica totalmente envolvido com a profissão porque busca inspirações o tempo todo, mesmo quando está de folga!

Leia também: Cinco competências essenciais em um profissional de marketing

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Marketing e vendas: o cliente em primeiro lugar

Jovens usam ferramenta design thinking em reunião de trabalho

De nada adianta uma empresa ter o presidente mais visionário ou a fábrica mais eficiente se ela não tem uma boa estratégia para vender seus produtos. Quem cuida disso nas companhias são as áreas de marketing e de vendas. Sabe quando um comercial de cheeseburger com batata frita deixa você com água na boca? Ou quando você vai passear no shopping e compra por impulso um relógio na promoção? Esse é o resultado de estratégias criadas pelos profissionais de marketing e vendas. Isso parece simples, mas estas são funções bastante complexas, que envolvem conhecimento de mercado e uma boa dose de ousadia.

Leia também: O dia de um gerente de marketing de categoria do Boticário

Por muito tempo, o papel de uma empresa era fabricar e vender. Mas, no início do século passado, quando uma infinidade de companhias surgiu no mercado, descobriu-se que se saía melhor quem dava mais atenção ao consumidor. Depois, foi possível perceber que clientes satisfeitos falavam bem da empresa para os amigos, e eles também se tornavam futuros compradores. Essa influência também acontecia com os clientes insatisfeitos, mas de modo inverso: eles falavam mal do produto para os amigos, que perdiam o interesse na compra. Mas como identificar e satisfazer as necessidades dos consumidores? A ciência conhecida como marketing, que está cada vez mais associada à área de vendas, surgiu exatamente para responder a esta pergunta.

O que fazem as equipes de marketing e vendas

São os profissionais de marketing e vendas que cuidam do relacionamento entre cliente e empresa em todos os momentos. Em uma empresa fabricante de tênis de corrida, por exemplo, ele pensaria a estratégia de cada uma das etapas, da criação à divulgação e venda de um novo produto. Funciona assim:

1. Criação
O gosto dos consumidores muda o tempo todo – por isso, a equipe de marketing deve estar em contato constante com eles para perceber esses sinais e reportar à empresa. Para criar um novo produto, cabe ao profissional acompanhar o que é tendência de consumo dentro e fora do país, como cores da moda ou novas tecnologias de amortecimento. Assim, ele pode ajudar a equipe técnica na hora de criar novos modelos, que devem estar alinhados ao gosto dos clientes – mas sem perder a identidade da marca.

2. Divulgação
Com o produto pronto, chega a hora de cuidar da divulgação. É o profissional de marketing que senta com a agência de publicidade para pensar nas campanhas publicitárias. Ele também mune de informações os vendedores das lojas para ajudar nas vendas. No Brasil, a divulgação é especialmente desafiadora porque somos um país com diversas culturas. Isso também deve ser levado em consideração pelos profissionais da área.

3. Vendas
Se a comercialização do produto está atingindo as metas, são as equipes de marketing e de vendas que fazem a ponte com o restante da empresa para sugerir a manutenção da estratégia. Caso algo esteja errado, também são esses profissionais que podem sugerir uma alteração drástica no modo como o produto é apresentado ao consumidor, inclusive sua visibilidade nos pontos de venda.

4. Pós-venda
O time também é responsável pela estratégia de atendimento pós-venda, como entender e indicar os melhores canais para que os consumidores possam tirar dúvidas, trocar produtos ou sugerir melhorias.  É o chamado marketing de experiência, tendência na última década. Entre as ferramentas para manter contato com os consumidores, no caso de uma fabricante de tênis de corrida, está a promoção de eventos, provas de atletismo, e a criação de conteúdo específico – como um guia com dicas de saúde para quem pratica esportes. Ultimamente, as redes sociais têm ajudado bastante as empresas a se aproximar dos clientes de um modo até então nunca visto.

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Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

Sete dicas para quem sonha em trabalhar em bens de consumo

Jovem é entrevistado por RH de empresa, formado por duas mulheres e um homem

Cada setor tem as suas particularidades, e uma característica marcante da indústria de bens de consumo é o foco no produto. Porém, para quem quer trabalhar em empresas do setor, é preciso ter em mente que igualmente importantes são os anseios e a satisfação do cliente.

“Os departamentos de recursos humanos das empresas de bens de consumo estão percebendo que não basta um candidato ter estudado numa excelente universidade, ter conhecimentos técnicos apurados, um MBA no currículo e inglês fluente se ele não consegue se colocar no lugar do cliente e antecipar os desejos deles”, diz Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto de pesquisa Data Popular.

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Nesse contexto, as empresas devem optar por flexibilizar os critérios técnicos em seus processos seletivos e focar em outras habilidades do candidato. Confira algumas dicas de especialistas para você se preparar e entrar nessa indústria:

Falar inglês bem

Muitas das empresas de bens de consumo no Brasil são multinacionais ou mantêm relações com outros países. O profissional que pretende fazer carreira em empresas desse tipo e gerenciar alguma área, precisa, necessariamente, falar inglês. Muitas pesquisas de produtos são publicadas apenas em inglês. É preciso, também, conhecer os termos técnicos nesse idioma.

Mostrar-se flexível

A indústria de bens de consumo é muito vasta e, dentro de uma única empresa, há inúmeras possibilidades de atuação. Por isso, os profissionais que decidem trabalhar nela devem se mostrar estar dispostos a mudar de área ou de produto. Alguém que queira ocupar a função de marketing de uma companhia de bens de consumo de higiene, beleza e produtos de limpeza, por exemplo, deve estar disposto a trabalhar com outros produtos da empresa.

Pensar como o cliente

O profissional dessa indústria deve entender e oferecer ao consumidor de cada camada socioeconômica os produtos e serviços apropriados para a sua realidade, sempre antecipando os seus desejos. “Por isso, é tão importante que eles consigam pensar como o nosso cliente”, explica Alessandra Ginante, diretora de recursos humanos da Avon.

Ser criativo

Inovação é muito importante nessa indústria, pois a concorrência é grande. Por isso, o profissional que deseja trabalhar na área de desenvolvimento de produtos deve ser criativo e gostar de experimentar. Quem for para a área de marketing também precisa ter esse espírito. Com a globalização, a competição é internacional.

Estar conectado

As empresas estão empenhadas em se conectar com seus consumidores. Antes, essa conexão passava, necessariamente, pelas redes varejistas. Agora, cada empresa tem também a sua base de fãs nas redes sociais. Gerir essas páginas institucionais e cuidar da relação direta com o consumidor é um dos desafios dos profissionais de mídias digitais dessa indústria. Aos outros profissionais do setor, cabe a sensatez de fazer bom uso da página pessoal. Postar elogios ao concorrente, por exemplo, pode motivar uma advertência ou até demissão.

Cuidar da sua imagem nas redes

Manter seu perfil em redes sociais voltadas ao mercado de trabalho, como o LinkedIn, é interessante para quem está procurando emprego. “Buscamos muitos profissionais por meio dessas redes sociais”, comenta Alessandra. É importante ter uma foto no perfil também, já que perfis com imagem são sete vezes mais visitados que aqueles sem imagem nenhuma. Essa foto, no entanto, deve conter algumas especificações. Óculos escuros, regatas e roupa de banho estão banidos para quem procura emprego em ambientes mais sisudos. “A foto ideal é aquela que o candidato não teria vergonha de mostrar aos colegas e chefe no escritório”, diz Milton Beck, diretor de vendas do LinkedIn.

Planejar fazer um MBA

Um curso de aperfeiçoamento é o caminho mais rápido para evoluir na carreira, especialmente na área de marketing. Mas não vale para todos os momentos da carreira. Para Peter von Loesecke, presidente da feira MBA Tour, o MBA só é indicado para profissionais com pelo menos cinco anos de experiência no mercado. “Esses cursos devem ser feitos por quem já tem experiências para trocar”, comenta Peter.

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Bens de consumo: o foco no produto

Tapetes coloridos enrolados em loja de decoração

O shampoo com o qual você lavou seu cabelo hoje pela manhã, a cerveja que tomou com os amigos no fim de semana, as roupas que você está vestindo agora, a cadeira em que está sentado, lendo esta matéria. Todos esses produtos têm algo em comum: eles foram produzidos pela indústria de bens de consumo.

Este é um setor bastante amplo, comumente dividido em três subsetores, de acordo com o nível de engenharia requerido para sua produção, a forma como é manufaturado e seu formato final: durável, semi-durável ou não durável.

Os produtos duráveis são aqueles que podem ser utilizados várias vezes pelo consumidor, por longos períodos, como televisão, carro e máquina de lavar roupas, por exemplo.

Já os semi-duráveis são usados por um período de tempo um pouco menor, como roupas e sapatos.

Por fim, os não duráveis são aqueles que devem ser consumidos dentro de um prazo de validade relativamente curto, como sorvetes e refrigerantes.

Como o mercado de bens de consumo é tão pulverizado, uma das prioridades das empresas dessa indústria é a inovação – e não somente em design e construção de produtos. Também é preciso inovar no marketing, no modelo operacional, em soluções de logística.

As empresas precisam chegar aos canais de distribuição, colaborando com os varejistas e também desenvolvendo relacionamento com os consumidores. Um profissional que entender essas necessidades e apresentar soluções criativas para elas tem espaço para crescer nesse setor.

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A indústria de bens de consumo no Brasil

Profissionais do setor precisam estar sempre antenados com o comportamento do consumidor, que muda como consequência de confiança na economia nacional, tendências e decisões políticas, entre outros fatores.

Ou seja, dinamismo e flexibilidade são palavras-chave para quem atua com bens de consumo.

No Brasil, por exemplo, que há três anos via grandes aumentos no setor, a crise econômica e política transformou o panorama, que segue bastante instável.

Em junho, o Índice de Confiança do Consumidor, medido pela Fundação Getulio Vargas, recuou quase seis pontos em um mês na esteira de novas investigações e dificuldade de recuperação do mercado de trabalho.

Nada disso não significa que ninguém consome mais nada, mas que se consome menos e de um jeito diferente.

Segundo a consultoria McKinsey, o consumidor brasileiro é leal a marcas apenas se seu orçamento permitir. Como ele prefere utilizar seu dinheiro ao máximo, se uma marca ou loja preferida estiver cara, por exemplo, ele não vê problema em trocar se puder comprar mais.

De acordo com uma pesquisa feita em junho de 2016, 35% dos brasileiros buscam seus produtos favoritos em lojas com preços mais baixos, 21% trocaram de marca e 19% compram menos dos itens que gostam.

A mesma consultoria, numa pesquisa de tendências para 2030, explica que cinco forças dominantes devem mudar a indústria: novos tipos de consumidores (como uma maior população idosa e um número maior de mulheres trabalhando), novas dinâmicas geopolíticas (que têm consequências econômicas), novos padrões de consumo (como foco em saúde ou demanda por personalização e compartilhamento), avanços tecnológicos e mudanças estruturais (como modelos de venda direta).

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São insights como esses que informam as estratégias de grandes empresas do setor, como aquelas de alimentos e bebidas – necessidades fundamentais do dia a dia –, o que exige criatividade e inovação em departamentos como marketing, vendas e operações.

Pense na Ambev, uma companhia muito desejada por jovens profissionais e dona de um dos processos seletivos mais concorridos do país.

Além de criar novas embalagens para seus produtos que mais vendem, como Skol e Brahma, para atrair os olhos do consumidor, tem apostado em otimização de sistemas para economizar água e na aquisição de novas marcas para ampliar as ocasiões de consumo.

Como trabalhar na indústria de bens de consumo

Em tempos de crise como o atual, as grandes companhias – além da Ambev, o top 10 do setor brasileiro inclui Cargill, Bunge, JBS, BRF, JBS Foods, CRBS, Unilever Brasil, Spal e Aurora Alimentos – buscam ativamente nichos de crescimento e um pé firme no mercado.

Por isso, disputam os melhores talentos mais do que nunca em suas concorridas seleções profissionais, em que costumam se destacar formados em Engenharia de alimentos ou produtos, embora a formação não seja determinante.

Para se destacar entre tantos outros candidatos, há diversas coisas que você pode fazer. Investir no inglês, por exemplo, é fundamental, já que muitas das companhias são multinacionais, têm relações internacionais frequentes ou fazem uso de termos técnicos no idioma cotidianamente.

Flexibilidade para atuar em diferentes áreas, seja na área de gente ou de vendas, e conhecer a fundo os negócios do ponto de vista de diferentes consumidores também são pontos importantes.

Ao estudar pesquisas sobre o comportamento do consumidor brasileiro – há muito material disponível online – e interagir com ele através de redes sociais e outros canais, você conseguirá entender como cada camada socioeconômica consome e assim pensar em como atrair ou antecipar os desejos dos clientes.

E para se destacar de verdade, é fundamental conhecer o processo inteiro.

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‘Chinese Wall’: o que significa o termo, tão usado no mercado financeiro

reuniao em escritorio

Desde que a Muralha da China foi concluída, no século XV (ela demorou 2 mil anos para ficar pronta!), não foi superada por nenhuma outra estrutura militar de defesa. A construção, que já chegou a ter mais de 20 mil quilômetros, continua invicta como a maior barreira já criada pelo homem. Provavelmente é essa a razão pela qual o mercado financeiro emprestou o termo para se referir às suas próprias barreiras de proteção.

No caso do chinese wall administrativo, o objetivo obviamente não é proteger um território contra invasores, mas sim impedir a circulação de informações que possam gerar conflito de interesses. Em outras palavras, é uma barreira que garante que, dentro de uma mesma empresa, as áreas que têm informações privilegiadas sobre o mercado (prestando assessoria corporativa em caso de fusões e aquisições, por exemplo) não tenham contato com quem de fato opera nele.

Assista ao bate-papo com André Esteves, presidente do BTG Pactual

Como funciona

Imagine que um banco esteja coordenando a fusão de duas empresas que são suas clientes. Para isso, as empresas confiam à instituição informações financeiras e estratégicas confidenciais. A área responsável pela operação claramente sabe de coisas que o resto do mercado não sabe.

Sem o chinese wall, essa informação chegaria ao Departamento de Asset Management (responsável pela gestão de investimentos de empresas), que poderia usá-la para privilegiar seus clientes e garantir um lucro maior para o próprio banco. Essa conduta, além de antiética, configura crime em grande parte dos países (desde 1997, também no Brasil). O uso indevido de informações não-públicas para conseguir vantagem no mercado é chamado de insider trading.

Seria ingênuo simplesmente pedir que os asset managers não aplicassem esse conhecimento em suas decisões. Afinal de contas, também é função deles apostar nas melhores oportunidades para seus clientes. Aí é que está o conflito de interesses! Portanto, deve existir uma barreira para que certas informações não circulem entre setores responsáveis por negociações e gestão de investimentos de recursos de terceiros e aqueles que têm acesso a informações sigilosas.

Essa barreira pode ser virtual, por meio de sistemas de computador guardados com senhas para restringir o acesso a documentos confidenciais, ou mesmo física, garantindo que as áreas conflitantes fiquem localizadas em andares ou mesmo em prédios diferentes.

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Imprensa financeira

A metáfora do chinese wall também usada para se referir a práticas de proteção em outros setores relacionados ao mercado financeiro. Na imprensa financeira, o cuidado com informações sigilosas também é bastante cobrado. Em 2013, uma das principais agências de informação do mundo, a Bloomberg, foi acusada de espionar clientes de um serviço de dados financeiros provido pelo próprio banco.

Jornalistas e funcionários acessavam os históricos de leituras de seus clientes, entendendo que notícias haviam sido visualizadas – informação privilegiada que poderia revelar dados sobre a estratégia dessas empresas. Quando essa prática veio a público, a Bloomberg foi alvo de diversas críticas e inevitavelmente perdeu a credibilidade de seus clientes.

A bolha da Internet
[bloomberg]
Outros casos de mal uso de informações no mercado financeiro vieram à tona após a chamada bolha da internet, em 2000, quando descobriu-se que bancos estavam promovendo ações de empresas que eram suas clientes e inflacionando os preços, caso claro de um muro que desmoronou.

Alguns processos se arrastaram por anos nos tribunais. Um deles se resolveu só em 2014, quando a agência reguladora americana multou o Citigroup em US$ 15 milhões por não supervisionar adequadamente seus analistas. Entre as condutas inadequadas estavam jantares em que analistas discutiam com clientes outras opções de ações, diferentes das publicadas. (O banco decidiu fazer um acordo com o governo, sem explicações públicas.)

Também suscitou debate a falta de uma ‘Chinese wall’ em IPOs, ou ofertas públicas primárias. Andrew Ross Sorkin, colunista financeiro do jornal The New York Times, chamou atenção para um caso de 2011, quando um grande banco tornou-se underwriter do IPO de uma empresa. (O underwriter é a instituição financeira que media a oferta de ações inicial.) Separadamente, no entanto, seu ramo de fundos mútuos já a tinha em seus negócios. A aposta não deu certo, as ações não subiram e o investimento se mostrou um fracasso milionário.

Na teoria, escreveu Sorkin, a parede entre diferentes tipos de negócio existe. Na prática, banqueiros admitem que podem haver tentações – e quem não lê a linha fina de um contrato pode ficar sem saber.

“Para ser justo, em todos os casos que vi bancos como Morgan Stanley e Goldman anunciaram apropriadamente os potencial conflitos ao público”, disse, referenciando seções contratuais em que os bancos admitem que a empresa faz parte da cartela de investimentos. “Ainda assim, mesmo com essa certa distância entre os investimentos, as perguntam surgem entre os investidores.”

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