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IE Venture Day: evento gratuito permite que startups apresentem ideia a investidores

executivos sorrindo em palestra

Boa notícia para quem está começando a empreender e busca investimentos (ou conhecimento!) para o seu negócio. Dona do melhor MBA online do mundo segundo o ranking do jornal Financial Times, a espanhola IE Business School traz ao Brasil pela quarta vez seu IE Venture Day, encontro focado no desenvolvimento de startups e seus fundadores. O evento acontece em 8 de abril no auditório do Cubo Coworking, na Vila Olímpia, em São Paulo.

Funciona assim: qualquer startup que tenha entre 6 meses e 3 anos de existência podem participar. Lá, um júri composto por líderes de indústrias, investidores e venture capitalists, entre outros, estará a postos para ouvir os pitches (apresentações objetivas e rápidas!) dessas startups brasileiras, sondando também para buscar ideias nas quais investir. A melhor ideia escolhida por esse júri ganha uma bolsa de estudos para um curso no campus principal da escola, em Madri, incluindo passagem e hospedagem.

Ainda assim, as outras startups ainda podem fazer brilhar o olho de algum investidor presente e arrematar um aporte financeiro em seu negócio! Ao todo, IE Venture Days já arrecadaram mais de 20 milhões de dólares em investimentos para as startups participantes. 

Pitch: três dicas para apresentar sua ideia a investidores

Além disso, o evento também contará com palestras de brasileiros e convidados internacionais, rodadas de negócios e oportunidades para ampliar a rede de networking

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas online. Inscreva-se!

Os surfistas que viraram empreendedores (e continuam surfando)

surfista pegando uma onda

No mundo do surf, tudo gira em torno das ondas. Encontrar a praia com as condições perfeitas é um feito que requer paciência e este ritual inclui checar a previsão do tempo, acessar sites especializados e, aí sim, pegar a estrada. Mas, em tempos de aplicativos tão específicos, a pergunta que pairava entre os amigos surfistas Felipe Baracchini, Felipe Barros e Adriano Vasconcellos era: “Cadê aquele app que vai mostrar onde estão as melhores ondas e virar uma ferramenta social?”.

A resposta não existia e eles assumiram a missão de criá-lo. Assim nasceria a Broou. Felipe Baracchini, 32, é publicitário formado pela ESPM e passou por grandes agências, como Talent e Africa até virar gerente de projetos da revista Almasurf, onde ficou de 2008 a 2013.

“Era o emprego dos sonhos. Fazia uns puta eventos, conhecia muita gente”, diz. Com jeito para organizar turnês, ele chegou a ter uma produtora, a Vamoaí, com a qual fez um show da banda Mundo Livre S/A, em São Paulo. Dessa experiência, além do alívio por ter dado certo, ele também levou um pequeno trauma: “Foi suficiente para eu saber que não queria aquilo”. Pensar no que queria de fato levou Baracchini a apostar na ideia da Broou, e ele seguiu o roteiro clássico do empreendedor ultraconfiante: pediu demissão e vendeu o carro, levantando 20 mil reais para segurar a contas e iniciar a startup.

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Disponível para iOS e Android, a plataforma hoje mostra quais são as praias – ou melhor, picos – com melhores condições para o surfe. O usuário entra, pesquisa o local desejado e tem dados como o tamanho das ondas, a direção da ondulação e do vento em tempo real.

Os primeiros parceiros do projeto eram certos. Felipe Barros, 32, colega da faculdade e dupla de TCC, era outro entusiasta do surf. Depois de seis anos circulando por agências e muita insistência do amigo xará, foi convencido a ir trabalhar como diretor de arte na Almasurf. Dali, deixaria o emprego estável para dedicar-se à Broou, um pouco inspirado por sua esposa, que também é empreendedora. “Foi bom ter um exemplo em casa, mas isso não facilitou as coisas”, ele diz, falando da preocupação com as contas na época.

O grupo de fundadores ainda tinha Adriano Vasconcellos, 42, diretor da revista Hard Core e fanático pelo esporte. Já Adriano Wiermann, 28, seria a adição estratégica na parte científica do negócio que estava em formação. Amigo de infância de Baracchini, formou-se em Oceanografia na Federal do Rio Grande e passou a estudar previsões para o mar. Felipe conta que, a partir daí, eles começaram a ir atrás de gente para entrar no negócio. Fundador da ON Interactive, André Brunetta cuidava da parte de tecnologia. “Aí vieram o Caio Matoso e o Rodrigo Mendes, para cuidar do design e criação”, diz. A certa altura, o time dos sonhos eles já tinham. O que não sabiam é que isso não livraria a Broou dos primeiros caldos (como são chamadas as quedas que quase afogam o surfista).

Parecia certo, mas deu errado É normal, quando se empreende em algo que se ama, subestimar as dificuldades. Daí resultam sustos e frustrações. Foi o que os sócios sentiram ao perceber que a ideia — um aplicativo que mostrasse a previsão das ondas elaborada por surfistas e para surfistas — por si só não se bancava, e que o caminho seria bem mais longo até eles começarem a ganhar salários de acordo com as suas expectativas e experiência.

“A gente não sabia a importância de investimento em mídia. Achamos que de cara o app teria 30 mil downloads”, diz Barros. Fora isso, a empolgação era tanta no início, que qualquer oportunidade que aparecia para expandir o negócio, que sequer estava estabilizado, eles abraçavam. Uma turnê com o músico e surfista Donavon Frankenreiter pelo Brasil? Sim! Uma marca de camisetas, boné personalizado? Claro! Enquanto eles diziam sim para tudo, não paravam para pensar que seu produto, afinal, o aplicativo, sequer estava funcionando do jeito que queriam.

A vontade de abraçar o mundo fica evidente nessa história: a dupla de Felipes tinha o sonho de lançar o app no Havaí, durante o Pipe Masters, o mais icônico campeonato de surf do circuito mundial. Eles planejaram a viagem, usaram suas milhas para as passagens e pediram ajuda de custo com alimentação e hospedam para o primeiro investidor do Broou, Eduardo Cury (primo de Baracchini). Então, embarcaram para uma viagem de 20 dias na ilha de Oahu. Chegando lá, apresentaram o produto para o brasileiro Gabriel Medina (campeão mundial de 2014) e até apareceram ao vivo na transmissão do campeonato.

Leia também: ‘Empreendedores é que vão salvar o Brasil’, diz Jorge Paulo Lemann

Na teoria, o sucesso estava quase garantido, certo? Longe disso, como lembra Baracchini: “Foi guerrilha total. O aplicativo não era o que a gente queria e ainda não sabíamos como ganhar dinheiro. A nossa missão era quase ser Deus: oferecer produtos, conteúdo e serviços para surfistas e amantes do surf. Isso nos ferrou”.

O lançamento oficial do app aconteceu em maio de 2014, mas os problemas se acumulavam. A área de chat, que deveria servir para os usuários marcarem seus bate e voltas (as viagens à praia que não incluem pernoite) não funcionava direito. A versão Android ainda precisava ser desenvolvida. Em paralelo, Adriano conseguiu criar e coordenar um time de cinco oceanógrafos focados em estudar a condição do mar nas praias cadastradas no aplicativo. A equipe andava bem, apesar das dificuldades administrativas da startup. Mas todos sentiriam, no ano seguinte, as consequências de terem feito o lançamento de um produto, e uma empresa, não tão maduros. Em 2015, os sócios se distanciaram, Baracchini acompanhou a fase terminal do câncer do pai, Barros perdeu um financiamento e se mudou para a casa da sogra. Eles ainda não sabiam como ganhariam dinheiro com aquilo. Em resumo, foi um balde de água fria.

Arrumando a casa para recomeçar startup tremeu na base. Mas ninguém desistiu. Cada um voltou a subir na prancha da sua maneira. Adriano embalou um mestrado em Engenharia Costeira, Barros colecionou freelas e voltou ao mercado por alguns meses, e Baracchini procurou um coach para entender de vez o que eles tinham feito de errado. “Contei tudo para ele, começamos a fazer reunião pelo Skype a cada 15 dias e percebi que a minha função no projeto era fazer todo mundo dar seu melhor. Então decidimos dar o devido valor ao mais escalável: criar uma comunidade baseada em previsão de ondas. Daí trilhamos um plano de marketing”, ele lembra. É este plano que, hoje, fica aberto 24 horas por dia na tela de seu computador.

Arrumar a casa foi fundamental para conseguir reconhecimento não só dos surfistas – hoje a Broou conta com oito embaixadores que ajudam a divulgar a marca – como também do ecossistema de empreendedores digitais. Um dos resultados deste movimento é que a Broou foi escolhida como umas das 100 startups mais interessantes para o mercado pelo Movimento 100 Open Startups. Até o fim deste ano, junto com a previsão de break-even, serão injetados 100 mil reais na empresa, o dobro de 2015.

A Broou ainda não fatura e por isso ficou acordado que, a cada mês, os 13 sócios (incluindo a equipe de oceanógrafos) fazem um aporte. Hoje, também, as funções de cada um são mais bem definidas. Além disso, as metas agora são factíveis. “Sem investimento de mídia, o nosso crescimento em número de downloads era de 7% ao mês. Agora esperamos pelo menos 10%”, diz Barros. Para atingir essa taxa, eles também entenderam que era essencial conversar com o usuário. “Quando vamos fazer algumas atualização, falamos com grupos de surfistas e testamos tudo antes. Pode-se dizer que nós renovamos os votos.”

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Novo fôlego, novas parcerias Para confirmar o novo fôlego da startup, uma nova versão do app será lançada em maio, com duas funções novas: Report das Condições do Pico (para o próprio usuário validar as previsões de ondas que encontrou na praia) e um botão para que ele peça o cadastro de um novo pico. “O nosso dado é uma previsão virtual, no fim das contas. Para analisar melhor, precisamos de alguém in loco, para ser o mais confiável possível. Agora o surfista vai poder dar o tamanho e a qualidade das ondas. Aí ele pode escrever como está a água, o crowd etc”, conta Adriano. E como cobrar pelo uso do aplicativo está fora de cogitação, os sócios vão testar anúncios mobile para firmar um modelo de negócio.

As informações colhidas pelo time de forecasters também abriram portas para três parcerias. Com a Red Bull, a revista Hard Core e o canal Off (na TV a cabo, especializado em esportes outdoor). Por enquanto, a Broou oferece conteúdo e um widget de previsão de ondas em troca de contéudo. “Agora que o serviço do widget está consolidado, haverá uma cobrança de mensalidade para cobrir custos operacionais”, diz Barros. A costa brasileira está bem coberta, com 800 praias cadastradas, dizem os fundadores. Mas a atuação do app é global, com usuários em 50 países. Nos Estados Unidos, a ferramenta é alimentada com dados gratuitos da NOAA (National Oceanic & Atmospheric Administration). “A meta é bater 200 mil downloads no primeiro semestre de 2017. A gente quer que essa seja uma ferramenta indispensável para qualquer cara que pega onda”, diz Baracchini. Agora, com as condições mais favoráveis, a Broou dá suas braçadas com mais confiança.

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Plataforma Udacity cresce com cursos online que garantem emprego

Homem mexe em tablet em mesa de café

Em apenas quatro anos, a Udacity, startup norte-americana de educação online, atingiu a marca de 4 milhões de estudantes em todo o mundo e viu seu valor de mercado chegar 1 bilhão de dólares. Com o objetivo de preparar profissionais para o mercado de trabalho, a empresa trabalha em parceria com grandes companhias, desenhando programas para formar futuros colaboradores ou aperfeiçoar os atuais, buscando “fazer a ponte entre a academia e as necessidades da força de trabalho do século 21”.

Há pouco mais de um ano, a Udacity decidiu investir em cursos pagos e lançou o programa Nanodegree, uma formação compacta, criada junto com grandes empresas do Vale do Silício, nos EUA, como Google, Facebook e AT&T, para formar profissionais de tecnologia com as habilidades que o mercado necessita e exige. O certificado do curso é reconhecido por essas empresas como uma espécie de diploma e um importante diferencial em um processo seletivo.

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Neste mês, a Udacity inovou novamente ao lançar uma nova modalidade do programa, o Nanodegree Plus, que garante ao estudante um emprego em até seis meses após sua formação, ou o dinheiro das mensalidades de volta. A empresa garante que o aluno será contrato por uma das empresas parcerias, terá um estágio remunerado, ou um trabalho na organização (que pode ser freelancer). A garantia é válida somente para estudantes que vivem nos EUA.

“Nós temos visto um enorme crescimento no número de inscrições no Nanodegree desde o lançamento, cerca de 15 meses atrás. Nós também crescemos o número de cursos disponíveis para doze e planejamos quadruplicar em 2016”, conta em entrevista ao Porvir a vice-presidente da área Internacional da Udacity, Clarissa Shen. Atualmente, 11 mil alunos estão inscritos em cursos Nanodegree.

Para o aluno, o Nanodegree significa uma especialização em tecnologia mais rápida e acessível. Os cursos são desenhados para serem concluídos entre seis meses e um ano, e custam 200 dólares. Atualmente, há 12 programas disponíveis, que vão de desenvolvedor de programas para Android, iOS, aplicações para internet e games para celular, a cursos de programação sênior, engenharia de máquinas e empreendedorismo tecnológico (como fazer do seu app um negócio).

Já na versão Plus, a mensalidade custa 99 dólares a mais, e no momento, apenas quatro cursos Nanodegree estão disponíveis, mas o objetivo é que todos tenham uma versão Plus futuramente.

Aprendizagem mão na massa

 A aprendizagem é focada na prática, os alunos aprendem fazendo. Em geral, são desenvolvidos entre cinco a oito projetos durante o curso. Os alunos recebem também uma consultoria para sua carreira, com treinamento para entrevistas, coaching, e dicas sobre como usar o LinkedIn. Tudo para ajudar na colocação no mercado de trabalho.

Para participar de um curso Nanodegree, os pré-requisitos básicos são: ter inglês fluente e profissional (falado e escrito), ser independente nos estudos e motivado a aprender, ter acesso a um computador com uma conexão de banda larga, no qual você vai instalar um editor de código/texto profissional, resolver problemas de forma estratégica e comunicar claramente suas estratégias, estar disposto a colaborar com os colegas, ter acesso a um ambiente onde possa participar de conferências de vídeo e se comunicar com um mentor (coach, para avaliação de projetos e verificações, por exemplo). Não há processo seletivo, basta se inscrever no curso de sua escolha.

“A experiência exigida para cada programa Nanodegree varia. Há Nanodegrees para pessoas com absolutamente nenhuma experiência prévia, que estão se iniciando em tecnologia, e para os desenvolvedores seniores, com uma década ou mais de experiência, que querem elevar suas habilidades”, explica Clarissa.

Leia também: FGV e ESPM oferecem mais de 50 cursos online gratuitos

Há dezenas de milhares de estudantes da América do Sul utilizando o Udacity, segundo Clarissa. O Brasil está entre os 10 países com maior número de matrículas nos cursos livres da empresa e representa um “riquíssimo banco de talentos com milhões de pessoas que podem transformar suas carreiras e alcançar seu pleno potencial econômico com a educação online”, na avaliação da executiva da Udacity.

Segundo Clarissa, a Udacity está em expansão internacional. “Abrimos operações na Índia e firmamos mais parcerias com empregadores de todo o mundo, como a Tata Trusts, AT&T e GitHub”, destaca.

Para investir no formato pago de cursos, em 2014 a empresa captou 35 milhões de dólares de investidores. O fundador da Udacity, Sebastian Thrun, especialista em inteligência artificial pela Universidade de Stanford, ex-chefe da Google X, área de projetos avançados da empresa de pesquisa, disse à época do lançamento para o Wall Street Journal, que a principal questão para o Nanodegree seria a confiança. “Com Harvard e MIT a confiança já existe, mas [com startups de aprendizagem] é uma relação de confiança que precisa ser conquistada.” Em novembro de 2015, a empresa recebeu um novo aporte de investimento, de US$ 105 milhões, e aposta no mercado de trabalho para atrair tal confiança.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Porvir

Como é trabalhar com inovação no mercado financeiro?

jovens trabalhando com post its felizes

Se você acha que inovação só acontece em startups e laboratórios acadêmicos, está atrasado. Hoje, inovar é uma preocupação na pauta de qualquer empresa – das menores às grandes corporações, passando pelos setores mais tradicionais, como o mercado financeiro.

Assim, quem quer trabalhar com inovação – e sonha com post-its e MVP’s – já pode abrir o leque das possibilidades de carreira. Para entender como a inovação acontece em um grande banco, entrevistamos Ellen Kiss, superintendente de inovação da área de Wealth Management & Services do Itaú Unibanco.

Com quase 20 anos de experiência em consultorias de design estratégico e inovação, Ellen construiu a maior parte de sua carreira longe do mercado financeiro. Já atuou com clientes dos mais diversos segmentos, “de biscoitos à aviação”. Há 3 anos, aceitou o convite do Itaú.

Como inovar no mercado financeiro

Começou focada em inovar nas experiências digitais dos clientes, como o site e o aplicativo. Recentemente assumiu a superintendência de inovação em negócios e passou a atuar mais próxima dos produtos de investimento e gestão patrimonial do banco, que envolve áreas como o private bank e asset management.   

A seguir, ela explica um pouco mais sobre o seu trabalho: 

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1. Por que um banco precisa inovar?

Diria que inovação é uma necessidade recorrente em empresas de praticamente todos os setores da economia. A revolução tecnológica permitiu que as pessoas estivessem cada vez mais conectadas e que novos modelos de negócio impactassem indústrias já estabelecidas. Para os bancos este assunto se tornou ainda mais importante nos últimos anos devido a dois principais fatores: a expectativa dos clientes, que é significativamente maior, e aos novos entrantes na categoria financeira.

2. Poderia explicar melhor?

Hoje os clientes querem se relacionar e ter um nível de encantamento com bancos da mesma forma como fazem com empresas em outros setores, principalmente as digitais, como Google e Facebook. Ao mesmo tempo, um grande conjunto de empreendedores, percebendo a oportunidade, apresentam-se como novos entrantes na categoria financeira, oferecendo serviços mais atraentes para nichos bem específico da cadeia de valor, como por exemplo os jovens ou os investidores mais arrojados.

3. O que você tem percebido de inovações no mercado financeiro?

A menor barreira de entrada no mercado (devido à tecnologia e à insatisfação dos usuários em algumas etapas específicas da vida financeira) abriu espaço para diversas soluções inovadoras, principalmente nas seguintes áreas:

– meios de pagamento: cartões de débito e crédito com inteligência de dados (investem automaticamente o dinheiro do cliente) e com experiência mais lúdica e intuitiva;

– planejamento: financeiro: aplicativos que se conectam as contas correntes das pessoas e classificam seus gastos, ajudando na sua gestão financeira;

– empréstimos: startups que captam recursos com investidores e fazem empréstimos às empresas ou pessoas com taxas inferiores aos bancos;

– investimentos: aplicativos que sugerem onde e como os usuários devem investir baseado em informações como idade, objetivos e conhecimento do mercado;

– seguros: plataformas que permitem fazer cotação, comparações e contratação online de seguros.

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Processo de inovação no banco [Itaú Unibanco]

O dia a dia no Itaú

4. Como a inovação se relaciona ao seu dia a dia no Itaú?

Atualmente minha atuação no Itaú é focada na inovação em negócios, mais precisamente em investimentos e mercado de capitais. Minha equipe trabalha diretamente com as áreas de negócio no desenvolvimento de soluções que sejam relevantes para o cliente e efetivas para o banco. Nossa estratégia tem três grandes pilares:

– identificação de oportunidades de negócio: mapeamos constantemente as tendências e evoluções do mercado financeiro e comportamento social para trazer possíveis soluções para a organização. Por exemplo: Como o movimento de desintermediação que vem acontecendo em diversas indústrias irá impactar o segmento financeiro? De que forma que o Itaú deve se preparar para estas mudanças?

– desenvolvimento de projetos: em conjunto com as áreas de negócio destacando a visão cliente e gerando soluções mais relevantes e encantadoras. Por exemplo: De que forma as pessoas gerenciam suas finanças? Podemos contribuir para que elas possam economizar mais e investir melhor?

– mobilização e sensibilização sobre inovação: queremos sensibilizar toda a corporação sobre inovação, por meio de eventos, parcerias e conteúdo que incentive e engaje as pessoas com o tema. Posso citar como exemplo o Challenge,  que é um programa de geração de ideias voltado para os colaboradores. 

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Grupo de inovação trabalhando [Itaú Unibanco]

5. Você pode citar alguns exemplos de inovação no Itaú? 

Na área de Canais Digitais, poderia destacar a conceituação do TokPag, aplicativo que possibilita que as pessoas transfiram dinheiro através da agenda de contatos do celular. Na época não sabíamos ao certo qual seria a proposta de valor da solução e conduzimos diversos estudos para entender como as pessoas se comportavam em situações de rateio, seja na conta do restaurante ou na divisão da compra do presente. Os estudos nos levaram a entender que a principal necessidade era a da finalização da transação, pagar o amigo de forma ágil, fácil e conveniente.

Outro projeto foi a conceituação do novo internet banking do banco, para que a experiência no site pudesse ser mais intuitiva e orientada ao modelo mental do cliente. As melhores interações com tecnologia são aquelas que o cliente não precisa se adaptar para utilizá-la. Procuramos entender quais os padrões de uso do canal para os mais diferentes perfis de pessoas de acordo com o seu comportamento digital (alguns são engajados com tecnologia e outros têm receio) e sua familiaridade com o assunto financeiro. Cada perfil demanda uma interação diferente. Procuramos neste projeto acomodar os mais diversos interesses dentro de uma experiência amigável e centrada na jornada do usuário.

Já na área de negócio, conduzimos projetos que buscavam entender comportamentos em relação a vida de investimentos. Por exemplo: Quais as barreiras que as pessoas têm para investir? A partir daí identificamos soluções para que o banco seja um parceiro neste desafio. Uma das soluções conceituadas entre a área de inovação e o negócio foi o conceito das reservas financeiras, que acabou de ser lançado. Neste conceito, o banco ajuda o cliente, através de conteúdo e ferramentas, a preencher suas 3 caixinhas financeiras: a da emergência, da construção de patrimônio e da aposentadoria.

Leia também: Como é o trabalho com tecnologia da informação em um banco de investimentos? Veja entrevista com CIO do BTG Pactual

6. Como é o processo de inovação em um banco como o Itaú? 

A área de inovação trabalha a partir de alguns valores: participação (para todos os projetos são estruturados times com as mais diversas áreas que podem contribuir para as soluções a partir de diversas perspectivas), experimentação (exploramos inúmeras possibilidades ao longo do processo, incluindo interações e feedbacks com os próprios clientes, para a evolução constante das ideias) e da exploração (por meio de parceiras internas e externas e diversas provocações para a organização sobre como podemos melhorar as nossas ofertas, nossos produtos e as experiências que disponibilizamos aos nossos clientes).

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Mural usado no processo de inovação [Itaú Unibanco]

7. Quais são os desafios para transformar um banco em um local inovador?

Eu poderia resumir os grandes desafios para inovação na maioria dos bancos em três principais pontos:

– cultura: construir uma cultura organizacional mais colaborativa e orientada a inovação, mais direcionada a satisfação dos clientes e com menos aversão a riscos, para que assim, as soluções identificadas possam ser mais facilmente implementadas;

– silos: quebrar a verticalização que existe na maioria das vezes entre as áreas de negócio, buscando integrar os mais diversos produtos a partir da visão única do cliente (o cliente não se relacionando com uma empresa de crédito, outra de seguros e uma terceira para investimentos, e sim com um único banco, e portanto, esperando o mesmo nível de serviço, experiência e informação de cada uma delas);

– sistema legado: os sistemas dos bancos brasileiros foram construídos há algumas décadas, com tecnologias que hoje não são mais amplamente utilizadas. Atualizar os sistemas de informação para uma arquitetura aberta com capacidade de integração em nuvem, preservando a segurança que é essencial a este segmento, é também um grande desafio.

9 CEOs revelam quais são suas melhores perguntas em entrevistas

edificios arranha ceus vistos de baixo

Em uma matéria recente publicada pelo portal Quartz, CEOs e executivos em cargos altos de liderança contaram quais são suas perguntas mais “matadoras” na hora de avaliar um candidato.

Sem tempo para ler? Clique no play abaixo para ouvir esse conteúdo.

Quando se chega a um nível tão avançado de entrevistas, o território é outro e mesmo o currículo mais incrível do mundo fica em segundo plano. Os executivos explicam que, nessa hora, o que conta é entender a mentalidade de cada um. Será que ele pensa como um líder? Veja como abaixo!

 

Leia também: Guia completo para você conseguir a vaga desejada

 

1. Você prefere ser respeitado ou temido?
Segundo Michael Gregoire, CEO da CA Technologies, a pergunta revela qual é o estilo de liderança de cada um. E as necessidades variam de acordo com cada negócio. Em um ambiente colaborativo, por exemplo, é melhor ser respeitado. Se a empresa vai mal, melhor o bastão que a cenoura, e por aí vai.

2. Por que está aqui hoje?
Gordon Wilson, CEO da Travelport, está em busca de uma resposta simples: falar dos benefícios do trabalho também do ponto de vista da empresa, não só do indivíduo. O que o candidato trará à mesa se for aceito?

3. Qual é seu maior sonho?
A trajetória de Zhang Xin, CEO e fundadora da SOHO China, tem tudo para virar filme. Das economias feitas em uma fábrica de roupas em Hong Kong aos bilhões de dólares resultantes da maior incorporadora chinesa, ela sabe que nenhum sonho é impossível. Por isso, quando questiona possíveis funcionários, busca quem tenha espírito livre – e muita ambição.

4. Pergunto como foram tratados
Rick Goings, CEO da Tupperware –  que integra a iniciativa IMPACT 10x10x10, da campanha HeForShe –, está acostumado a pensar fora da caixa. Por isso, sua pergunta mais incisiva não é para o candidato em si, mas para todos que lidaram com ele, como motoristas, assistentes e recepcionistas. “É assim que você aprende como uma pessoa age”, diz.

 

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5. Qual é sua propriedade favorita no jogo Banco Imobiliário e por quê?
A questão inusitada vem de Ken Moelis, CEO e fundador do banco de investimento Moelis & Co. Voltada para jovens recém-saídos de um MBA, serve para que ele avalie como alguém lida com riscos e recompensas.

6. Conte-me sobre quando você falhou
Essa vem de Roger Crandall, CEO da seguradora MassMutual. A ideia é saber não apenas sobre a humildade e resiliência de um candidato, mas sobre como ele ou ela superam obstáculos e se aprimoram no processo.

7. O que você queria ser quando tinha sete ou oito anos?
Barbara Byrne, vice-presidente do banco de investimentos Barclays, criou o teste do avião. “Eu conseguiria passar um vôo de Nova York a Los Angeles ao seu lado e não ficar terrivelmente entediada?”, pergunta. Daí vem o viés da memória afetiva. “Você consegue se conectar de verdade com a pessoa.”

8. O teste do vinho
Charles Phillips, CEO da Infor, tem uma abordagem curiosa. Ao invés de sentar em uma entrevista formal, leva o candidato para jantar com outros executivos sêniores e lhe entrega a carta de vinhos. O que acontece e como a pessoa se explica – se pede ajuda, se escolhe o mais caro, se convence o grupo que domina o tema – fazem parte do teste, assim como o tratamento do garçom.

9. Faça o que fala
Entrevistas com Atul Kunwar, presidente e CTO da Tech Mahindra, podem deixar alguns tipos mais ansiosos totalmente loucos. Ao invés de fazer perguntas específicas, ele deixa as paixões do candidato guiarem a conversa. Se o currículo diz que a pessoa gosta de cantar, por exemplo, Kunwar pede para ouvir um pouco. Quando dá certo, significa uma pessoa apaixonada por algo e capaz de construir suas próprias habilidades. “E quando chega uma crise, ele não trava”, conclui.

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‘Transformar as empresas é inspirador’, diz analista de private equity

Camilla Mathias

Hoje entusiasmada com seu estágio na área de private equity, a estudante Camilla Matias, bolsista da Fundação Estudar, chegou ao mercado financeiro por um caminho inusitado: através de ações voluntárias e do trabalho no terceiro setor.

Cursando o último período de Engenharia Mecânica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, ela tem os pés firmes nos fundos de investimento, mas sua trajetória até aí envolve uma experiência empreendedora precoce e uma dedicação intensa a atividades de impacto social.

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Camilla tinha 9 anos de idade quando, para ajudar os seus pais, começou a encapar livros durante as férias escolares. Foi sua primeira experiência empreendedora, e manteve esse negócio de férias por dez anos, junto com sua irmã. “Éramos até famosas na cidade”, ela conta.

“Essa parte de ser responsável financeiramente veio de muito cedo”, explica. Ao que tudo indica, a habilidade de atingir bons resultados financeiros também: nos dois meses em que não tinham aulas, ela e a irmã faturavam em em média dez mil reais com o negócio de encapamento.

Camilla frequentou o ensino fundamental e médio em uma escola particular de Fortaleza com bolsa de estudos, devido ao desempenho em olimpíadas acadêmicas de computação, matemática e física, tanto nacionais como internacionais. Quando se formou, a boa performance nas olimpíadas acabou a motivando a seguir carreira na área de exatas.

Foi assim que Camilla ingressou no curso de engenharia do ITA, um dos vestibulares mais concorridos do país, e mudou-se para o estado de São Paulo. “Minha ideia era ficar muito rica e ajudar as pessoas”, ela brinca ao responder o que se passava em sua cabeça na época. Em Fortaleza, já era bastante envolvida com atividades sociais. Foi, inclusive, uma das idealizadoras de um projeto social que existe na capital até hoje, chamado Alegria.

Já no primeiro ano da faculdade, associou-se ao CASD Vestibulares, uma ONG com mais de 100 voluntários e um orçamento anual que na época passava perto de 200 mil reais, e que Camilla conseguiu dobrar através dos novos projetos que coordenou.

“Cuidar de um negócio desse tamanho e desse alcance quando você ainda está na faculdade é uma experiência muito produtiva”, conta Camilla, que acabou ocupando a diretoria e depois a presidência da organização. “Lá me deram muita responsabilidade, e era ainda mais forte porque era uma responsabilidade com outras pessoas”, ela comenta, fazendo uma comparação a experiência proporcionada por empresas juniores – para ela, algo totalmente diferente.

No CASD, um cursinho preparatório para alunos de baixa renda, além do cargo máximo de gestão, ela trabalhou como professora e com recursos humanos, “lidando o tempo todo com gente”.

Camilla com os alunos do CASD [acervo pessoal]

Como a educação tinha tido um papel transformador na sua vida, ela queria proporcionar essa mesma experiência para outras pessoas. “Minha vida era muito educação e ações sociais, mas eu não sabia direito com o que eu queria trabalhar”, conta.

Foi no CASD que ela teve um de seus primeiros contatos com mercado financeiro, numa época em que a área ainda não figurava entre suas primeiras opções de carreira.

O cursinho popular participou junto com outras ONGs de um edital do Instituto Carlyle Brasil, braço de responsabilidade social do Carlyle Group, uma das maiores firmas de private equity do mundo. O CASD acabou sendo escolhido para receber um aporte financeiro do instituto, nos moldes de um investimento de private equity, porém com cunho filantrópico (o Carlyle não toma participação nas ONGs que apoia, como acontece quando investe em empresas, e tampouco aplica as mesmas pretenções de retorno financeiro).

Leia também: Entenda a indústria de private equity no Brasil

Os trâmites da operação chamaram a atenção de Camilla para essa área do mercado financeiro. À frente da organização, ela pode acompanhar de perto todo o processo de investimento e implementação de melhorias no cursinho.

“De repente para mim aquilo se encaixou. A questão é que o mercado financeiro é muito dinâmico, algo que eu sentia falta no ambiente de burocracias que é essa interface entre o setor público e as ONGs que eu vinha fazendo. Você toma decisões rápidas e que realmente impactam na economia”, explica Camilla. Para ela, a vontade de impactar as pessoas – algo que sempre a motivou – continua presente na sua carreira em finanças.

“Transformar as empresas é inspirador, olhar como elas eram e ver no que elas se transformam depois da nossa saída”, conta sobre sua atuação em private equity, área do mercado financeiro que investe em empresas com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento e posteriormente vendê-las com lucro.

Camilla realizou um estágio de um ano no Pátria Investimentos, entre os maiores fundos de private equity do Brasil, e que também possui outros produtos financeiros. Hoje ela migrou para um outro fundo, com uma equipe menor e foco na América Latina, mas continua no mesmo segmento.

“É mais do que retorno sobre um investimento. Eu sinto realmente que estou agregando valor. Quando você faz um trabalho correto, você cria na empresa investida um ambiente para as pessoas crescerem, gera emprego, movimenta a economia. Para mim, isso é um grande impacto”, ela esclarece, adiantando que também pretende continuar se dedicando a ações sociais.

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Mudança de carreira: do mercado financeiro a uma revolução no terceiro setor

Daniela Barone Soares

Ela disse um sonoro não ao abonadíssimo mercado financeiro de Londres para começar do zero no incerto mundo das ONGs. Daniela Barone Soares, 40 anos, havia decidido que não correria mais atrás do primeiro milhão, do segundo… A virada aconteceu em 2004, exigiu a troca de apartamento e o corte de alguns mimos e fricotes, mas lhe caiu muito bem. Essa mineira de Belo Horizonte – aluna AAA do curso de economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pós-graduada na meca dos administradores, a escola de negócios de Harvard com bolsa da Fundação Estudar – é um dos nomes mais respeitados do terceiro setor na Inglaterra.

Já foi chamada de “anjo dos negócios” pelo jornal The Guardian e, em 2009, entrou para o ranking das 100 personalidades “que fazem o Reino Unido mais feliz”, do jornal The Independent. Foi dessa maneira que a revista Claudia apresentou Daniela em uma matéria de destaque em 2010. Aquele foi um período de muita visibilidade da carreira de Daniela, que naquele momento recebia o reconhecimento pela mudança radical de carreira feita anos antes.

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Mudança de carreira

Daniela teve uma carreira muito bem-sucedida no mercado financeiro antes de entrar no terceiro setor, onde há mais de dez anos lidera a ONG Impetus. A organização arrecada doações para entidades filantrópicas e ensina a elas gerenciamento, administração e formas de obter financiamentos, uma área de trabalho recente, baseada no know-how do mercado financeiro.

A convite da ImpulsoBeta, Daniela aceitou compartilhar um pouco de sua jornada profissional e inspirar pessoas em movimentos ousados de carreira em busca de seus sonhos. Fiquem com a Daniela:

O que você planejava para a carreira na época da faculdade?

Na época, eu sabia que queria fazer a diferença, mas não sabia ainda como. Tinha pensado em seguir carreira política, brevemente, mas na área social não via muitas alternativas que tivessem o meu perfil. Fui trabalhar no setor financeiro, combinando meu interesse na área com a visão de que a experiência no setor abriria portas futuramente.

Com menos de 30 anos você já era vice-presidente do BancBoston Capital. Como foi esse momento da sua carreira, estando na liderança tão cedo?

O BancBoston Capital na Inglaterra tinha uma estrutura super flat, a hierarquia era muito pouca. Era um escritório pequeno, cobrindo toda a Europa, então era muito empreendedor. Eu focava mais nos países Ibéricos e Itália — desde construir relacionamentos para co-investimento até efetuá-los e integrar o conselho. Era uma mistura de estratégia, análise, finanças e empreendedorismo, pois estávamos apenas começando a fazer investimentos em private equity nas empresas desses países.

Acho que em private equity, em geral, é necessário bastante thick skin (pele grossa). Time pequeno, muita viagem, o tempo todo, trabalho bem intenso, num ambiente quase exclusivamente masculino. E bom humor unido a competência é essencial.

Em que momento você começou a decidiu mudar seus rumos profissionais?

Eu gostei da minha experiência de private equity e venture capital. Mas encontrei algo que faz muito mais sentido pra mim. Na verdade, sempre fiz voluntariado, geralmente diretamente com as pessoas carentes. Quando estava trabalhando em private equity, tive a oportunidade de ajudar uma CEO de uma ONG a fazer um plano de negócios, a estruturar a organização, a pensar mais estrategicamente. Esse foi meu grande ‘insight’: ver que as habilidades que adquiri no meu MBA e na carreira em private equity e venture capital, onde se tem uma visão mais abrangente de negócios, eram muito relevantes para o terceiro setor. Então veio a determinação de combinar essas habilidades de negócios, gerenciamento e empreendedorismo com algo onde eu pudesse fazer uma diferença social maior e mais significativa.

Leia também: O que foi falado sobre liderança feminina no Fórum Econômico Mundial?

E como foi a adaptação para o terceiro setor?

A adaptação foi fácil e difícil. Fácil pois foi imensamente gratificante. Difícil pois no ano seguinte recebi menos de salario do que tinha pago de imposto no ano anterior. Fácil porque realmente escolhi uma posição onde minhas habilidades eram incrivelmente úteis e em demanda. Difícil porque tinha muito o que aprender em relação ao setor, à dinâmicas do setor e o constante malabarismo de fazer ‘mais com menos’, pois recursos são sempre escassos em relação ao problema social que se quer resolver.

Quais são para você suas principais realizações profissionais e pessoais?

Estou há quase 10 anos no comando da Impetus. Nesse período, a organização passou de uma startup de duas pessoas full-time para uma organização de excelente reputação e reconhecimento na Inglaterra, dez vezes maior em receita, com 45 funcionários e tendo investido e escalonado mais de 50 instituições, alcançando mais de 250 mil pessoas no ano passado. Ter dado forma a essa organização incrível foi um grande privilegio.

Pessoalmente, construí uma carreira onde tenho participação ativa em todos os três setores da economia e adoro isso. No terceiro setor como CEO da Impetus, no setor corporativo como Diretora Não-Executiva dos Conselhos de Administracao da Evora S.A. holding no Brasil e da Halma Plc na Inglaterra, e no setor publico como co-fundadora do Education Endowment Foundation, um fundo de £140m (R$ 630 milhões) do Departamento da Educção da Inglaterra, alem de participação ativa em duas grandes iniciativas do Primeiro Ministro David Cameron: Big Society Capital (o primeiro banco de investimentos sociais no mundo) e, mais recentemente, o G8 Social Impact Investment Taskforce, onde participei como chair de uma das iniciativas, sendo homenageada pelo Chanceller, George Osbourne.

Que dicas você dariam para mulheres que estão passando por uma transição de carreira?

Bem, depende muito da carreira e da trajetória de cada um. Em geral, pela minha experiencia, eu diria:

♦ Busque se autoconhecer, veja profundamente o que motiva você.

♦ Traduza suas motivações em pré-requisitos para o que você busca.

♦ Converse com muita gente que já fez este percurso que você quer fazer e veja o que se aplica a você.

♦ Se tiver oportunidade, experimente! Teste o campo onde quer atuar, sem compromissos de longo prazo (engaje-se em projetos, voluntariado, etc). Teste suas hipóteses na prática.

♦ Ainda que seu primeiro emprego na nova área não seja o que você sonhou, persista. Sua determinação e amor ao que faz criarão oportunidades dentro ou fora dessa primeira posição.

E para mulheres que aspiram chegar a uma posição de alta liderança, qual o conselho?

A história de cada pessoa é diferente, então não existem caminhos predefinidos. Importante em qualquer caminho é o autoconhecimento e autoaprimoramento. Saber como contribuir em cada situação, saber onde investir seu tempo e habilidades, saber o que se quer e aonde se quer chegar. Definir, por si própria, o que sucesso significa – e avaliar-se de acordo, honestamente. Entender profundamente o que motiva e energiza você e então ir atrás de uma carreira coerente com isso. Para mim, liderança natural é aquela que combina paixão com competência e disciplina na implementação..

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Renata Moraes é empreendedora e fundadora da ImpulsoBeta, uma plataforma que busca impulsionar carreiras de mulheres. Antes de empreender, trabalhou na Revista Veja, no Grupo Máquina e na Fundação Estudar. Colunista do Na Prática, formou-se em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e é aluna de MBA no Instituto Superior de Pesquisa (Insper-SP).

Mercado Financeiro de A a Z: veja lista dos principais termos que você precisa saber

livro aberto sobre a mesa

Vez ou outra, os jargões de uma indústria soam impossivelmente exóticos – mas isso não passa de impressão inicial.

Para cada termo do mercado financeiro, há um conceito fundamental por trás que ajuda os profissionais da área a se entenderem dentro e fora do país.

Tomando emprestado os dicionários de finanças da BM&FBovespa e do Banco do Brasil, o NaPrática.org separou alguns dos termos básicos da indústria para você.

Quer trabalhar no setor financeiro? Conheça o Carreira Na Prática Mercado Financeiro e entenda esse mercado!

Como é a carreira acadêmica no Brasil? Conheça a história de um jovem pesquisador

jovem cientista antonio anax falando no microfone

Quem nasce na pequena Doutor Severiano, no Rio Grande do Norte, é severianense – e pelo menos um deles sempre quis ser cientista. Antônio Anax investiu muito esforço repetindo em casa experimentos dos livros de ciências e convencendo professores a usarem as instalações da escola. Aos 24 anos, é doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo e tem certeza que quer passar cada vez mais tempo na bancada do laboratório, seguindo carreira acadêmica.

A escolha pela Farmácia veio de suas duas paixões, química e biologia. Ainda no ensino médio, Antônio pesquisou o currículo do curso e gostou da multidisciplinaridade. Prestou ENEM cedo e se mudou para São Paulo aos 16 anos, quando começou sua graduação na Universidade Anhembi Morumbi.

Adaptou-se ao dia a dia da maior cidade do Brasil e participou de monitorias, projetos sociais e eventos científicos. Sempre ativo, estagiou em diversas áreas antes de encontrar o que parecia certo.

“Descobri que o que mais me fascinava eram as perguntas sem respostas, o desafio de tentar respondê-las e ainda a oportunidade de transmitir conhecimento”, explica. A chave era a carreira acadêmica, e ele deixou um estágio na indústria para trabalhar de graça.

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Iniciante na carreira acadêmica

Antônio bateu, literalmente, às portas dos laboratórios da USP. Acabou aceito pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas, que lhe ofereceu a chance de fazer iniciação científica. “Foi o que me permitiu efetivamente vivenciar o mundo acadêmico e e ter certeza de que era o que eu queria.”

[acervopessoal]
[acervopessoal]
Apesar de inicialmente não remunerado, o trabalho no Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas conquistou Antônio totalmente.

Habituou-se ao horário e rotina flexíveis, à liberdade criativa e criou seu próprio projeto de pesquisa. De quebra, conseguiu ingressar diretamente no Doutorado, em 2012 – mesmo ano em que foi eleito o melhor aluno do estado pelo Conselho Regional de Farmácia de São Paulo.

Experiência na Inglaterra

Em 2014, Antônio foi convidado por uma professora visitante a continuar sua pesquisa na Universidade de Cambridge, por um período curto de tempo. “Cambridge é uma cidade que respira ciência e foi o berço de grandes nomes da história do mundo, como Charles Darwin”, diz.

“O simples fato de caminhar pela rua era muito prazeroso, porque envolvia tomar um pint no pub onde James Watson e Francis Crick anunciaram a descoberta do DNA ou sentar na grama olhando para a famosa macieira que dizem ser protagonista da publicação da 1ª lei de Newton”, lembra.

[acervopessoal]
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Mas nem tudo foram flores: a burocracia brasileira atravessou o mar e atrapalhou a pesquisa, atrasando a entrega de amostras biológicas e o cronograma da experiência.

O processo lembrou Antônio das dificuldades que cientistas enfrentam por aqui –  reagentes são mais caros e levam mais tempo para chegar, por exemplo –, mas não diminuiu seu entusiasmo.

Hoje, recebe bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e acredita na ideia que, com o amor pelo trabalho, o sucesso (inclusive financeiro) é uma consequência.

“É claro que, enquanto estudantes, as bolsas não são comparáveis ao que eu receberia na indústria”, fala. Mas a alegria que sente no cotidiano, assim como outros benefícios da profissão, são mais do que satisfatórios. “Minha mensagem certamente não é novidade, tampouco se aplica só a quem gosta de ciência: se te faz feliz, essa é a escolha.”

Os pais, que ainda moram em Doutor Severiano, sentem cada vez mais orgulho do filho estudioso. “Apesar de saber que eles enxergam o meu trabalho com olhos muito leigos, é recompensador ver como eles comemoram cada uma das minhas conquistas, como os olhos deles brilham quando compartilham isso com os outros”, diz.

Planos futuros

Antônio vê diversas maneiras de melhorar o ambiente acadêmico no Brasil, como tornar a administração mais eficaz e investir em pesquisadores fulltime, mas mantém-se feliz na bancada e agora se dedica a estudar o que acontece com os rins de pacientes diabéticos.

Apesar de não ter plano no papel, não tem dúvidas sobre o que precisa fazer para realizar o que quer. “Sonho em ser um professor lembrado pelo mérito do meu trabalho e pela qualidade daquilo que ensinei, e um pesquisador cujo trabalho traga um retorno claro e importante para a sociedade”, resume.

E nem tem medo da crise, que afeta um campo tão dependente de financiamento governamental como o dele. “É de se esperar que agora propostas de trabalho mais criativas, e talvez mais ousadas, levem vantagem para conseguir apoio financeiro, assim como os pesquisadores com currículos melhores”, diz. “Vejo essa crise como uma motivação para melhorarmos ainda mais a qualidade da ciência que fazemos.”

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