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Como é a carreira acadêmica no Brasil? Conheça a história de um jovem pesquisador

jovem cientista antonio anax falando no microfone

Quem nasce na pequena Doutor Severiano, no Rio Grande do Norte, é severianense – e pelo menos um deles sempre quis ser cientista. Antônio Anax investiu muito esforço repetindo em casa experimentos dos livros de ciências e convencendo professores a usarem as instalações da escola. Aos 24 anos, é doutorando da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo e tem certeza que quer passar cada vez mais tempo na bancada do laboratório, seguindo carreira acadêmica.

A escolha pela Farmácia veio de suas duas paixões, química e biologia. Ainda no ensino médio, Antônio pesquisou o currículo do curso e gostou da multidisciplinaridade. Prestou ENEM cedo e se mudou para São Paulo aos 16 anos, quando começou sua graduação na Universidade Anhembi Morumbi.

Adaptou-se ao dia a dia da maior cidade do Brasil e participou de monitorias, projetos sociais e eventos científicos. Sempre ativo, estagiou em diversas áreas antes de encontrar o que parecia certo.

“Descobri que o que mais me fascinava eram as perguntas sem respostas, o desafio de tentar respondê-las e ainda a oportunidade de transmitir conhecimento”, explica. A chave era a carreira acadêmica, e ele deixou um estágio na indústria para trabalhar de graça.

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Iniciante na carreira acadêmica

Antônio bateu, literalmente, às portas dos laboratórios da USP. Acabou aceito pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas, que lhe ofereceu a chance de fazer iniciação científica. “Foi o que me permitiu efetivamente vivenciar o mundo acadêmico e e ter certeza de que era o que eu queria.”

[acervopessoal]
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Apesar de inicialmente não remunerado, o trabalho no Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas conquistou Antônio totalmente.

Habituou-se ao horário e rotina flexíveis, à liberdade criativa e criou seu próprio projeto de pesquisa. De quebra, conseguiu ingressar diretamente no Doutorado, em 2012 – mesmo ano em que foi eleito o melhor aluno do estado pelo Conselho Regional de Farmácia de São Paulo.

Experiência na Inglaterra

Em 2014, Antônio foi convidado por uma professora visitante a continuar sua pesquisa na Universidade de Cambridge, por um período curto de tempo. “Cambridge é uma cidade que respira ciência e foi o berço de grandes nomes da história do mundo, como Charles Darwin”, diz.

“O simples fato de caminhar pela rua era muito prazeroso, porque envolvia tomar um pint no pub onde James Watson e Francis Crick anunciaram a descoberta do DNA ou sentar na grama olhando para a famosa macieira que dizem ser protagonista da publicação da 1ª lei de Newton”, lembra.

[acervopessoal]
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Mas nem tudo foram flores: a burocracia brasileira atravessou o mar e atrapalhou a pesquisa, atrasando a entrega de amostras biológicas e o cronograma da experiência.

O processo lembrou Antônio das dificuldades que cientistas enfrentam por aqui –  reagentes são mais caros e levam mais tempo para chegar, por exemplo –, mas não diminuiu seu entusiasmo.

Hoje, recebe bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e acredita na ideia que, com o amor pelo trabalho, o sucesso (inclusive financeiro) é uma consequência.

“É claro que, enquanto estudantes, as bolsas não são comparáveis ao que eu receberia na indústria”, fala. Mas a alegria que sente no cotidiano, assim como outros benefícios da profissão, são mais do que satisfatórios. “Minha mensagem certamente não é novidade, tampouco se aplica só a quem gosta de ciência: se te faz feliz, essa é a escolha.”

Os pais, que ainda moram em Doutor Severiano, sentem cada vez mais orgulho do filho estudioso. “Apesar de saber que eles enxergam o meu trabalho com olhos muito leigos, é recompensador ver como eles comemoram cada uma das minhas conquistas, como os olhos deles brilham quando compartilham isso com os outros”, diz.

Planos futuros

Antônio vê diversas maneiras de melhorar o ambiente acadêmico no Brasil, como tornar a administração mais eficaz e investir em pesquisadores fulltime, mas mantém-se feliz na bancada e agora se dedica a estudar o que acontece com os rins de pacientes diabéticos.

Apesar de não ter plano no papel, não tem dúvidas sobre o que precisa fazer para realizar o que quer. “Sonho em ser um professor lembrado pelo mérito do meu trabalho e pela qualidade daquilo que ensinei, e um pesquisador cujo trabalho traga um retorno claro e importante para a sociedade”, resume.

E nem tem medo da crise, que afeta um campo tão dependente de financiamento governamental como o dele. “É de se esperar que agora propostas de trabalho mais criativas, e talvez mais ousadas, levem vantagem para conseguir apoio financeiro, assim como os pesquisadores com currículos melhores”, diz. “Vejo essa crise como uma motivação para melhorarmos ainda mais a qualidade da ciência que fazemos.”

 

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