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Como dois jovens criaram o PagPouco e fizeram brilhar o olho de investidores

pessoa utlizando aplicativo pagpouco no ceular

Preparando-se para um churrasco, o grupo havia visitado quatro supermercados com lista em mãos em busca do mais barato. Ao terminar a ronda, constataram que podiam ter parado no primeiro mesmo. É fácil se identificar com a frustração. A diferença é que os fundadores do PagPouco.com, criado em 2015, decidiram encarar o problema como uma oportunidade de negócio, e desenvolveram uma plataforma própria de comparação de preços. 

Bruno Fernandes, um dos fundadores e hoje CEO da startup, participou no início de 2015 do Laboratório, programa de desenvolvimento de lideranças do Na Prática, e logo em seguida entrou no Núcleo, a comunidade alumni de quem já passou por esses programas. Foi na junção do que aprendeu e viveu nos dois projetos que conseguiu evoluir a ideia do PagPouco, que germinava desde meados de 2014. “A dica que dou para quem quer aproveitar ao máximo os programas do Na Prática é esquecer de tudo e abrir a cabeça”, resume. “O conteúdo é de extrema qualidade e acaba mostrando caminhos certos e errados na nossa jornada, um diferencial enorme num mercado tão duro e concorrido.”

No Laboratório, a proposta envolve transmitir aos participantes um mindset de liderança e estimulá-los a tirar seus projetos do papel. A provocação do programa foi o pontapé necessário para Bruno arregaçar as mangas e fazer o PagPouco acontecer junto a seu sócio Ricardo Forte. Nesse processo, investiram mais de 60 mil reais do próprio bolso. O retorno foi além do esperado: com o site no ar, a meta de conseguir mil usuários nos primeiros cinco meses foi batida em 30 dias.

PagPouco - Empreendedorismo
[acervopessoal]

Para explicar a aposta na ideia, Bruno destaca que um terço do orçamento de uma família é gasto em supermercados e que produtos iguais podem variar até 70% nos preços. Em momentos de crise econômica, a busca por informações do tipo cresce ainda mais. A ‘sacada’ dos empreendedores foi exatamente aproveitar o modelo de comparação de preços que já existia para lojas online, como o site de pesquisa Buscapé, e transpor para o mundo dos supermercados com unidades físicas. A dificuldade também mora aí: os preços de cada produto, em cada supermercado, não estão a um clique de distância. Sem a possibilidade de um algoritmo que realize essa busca automaticamente, hoje os preços são escaneados por um smartphone, utilizando o código de barras de cada embalagem. No início, porém, tudo era feito de forma manual.

O site, por enquanto, funciona com supermercados de Santos e da Zona Sul de São Paulo, mas o objetivo da dupla é ambicioso: expandir nacionalmente o modelo de negócios, já que o mercado em potencial é imenso.

Em janeiro, a equipe foi selecionada para expor na área ‘Startup & Makers’ da Campus Party Brasil, um espaço focado em empreendedorismo dentro da tradicional feira geek. Lá foi possível mergulhar no ecossistema de startups brasileiras e apresentar a ideia a investidores. 

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“Para investidores, simplesmente mostramos até onde chegamos, nossas métricas e a possibilidade muito grande de ganhar mercado e crescer”, conta ele, que está fazendo uma nova ronda em busca de capital. A aceitação dos clientes também validou a ideia. “Por ser gratuito – e sempre será, porque o PagPouco nasceu para ajudar a economizar tempo e dinheiro –, as pessoas enxergam um benefício muito grande.”

Conselhos e liderança “Um conselho em particular que gostei muito e compartilho é o seguinte: o dinheiro mais rápido e próximo de você é o dos seus clientes em potencial e não dos investidores”, lembra. “Acho essencial ouvir com atenção o que pessoas experientes no mercado falam”.

Quando pensa no futuro, Bruno é otimista. “Acredito que estamos vivendo uma oportunidade sem precedentes para o empreendedorismo e tenho certeza que o que for consolidado nesse momento crítico terá um fôlego imenso quando o país voltar a crescer”, conclui.

Conheça o Laboratório, programa de formação de lideranças do Na Prática

Contabilidade: o que faz um contador e quais as possibilidades de atuação?

calculadora cientifica sobre caderno de exercicios

Foi há exatos 90 anos, em 1926, que o Dia do Profissional da Contabilidade tomou forma no Brasil. Desde então, 25 de abril marca uma homenagem para uma categoria cada vez maior. De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), cerca de 500 mil contadores atuam no país hoje. Mas afinal, o que eles fazem?

Susan Hawkins é fundadora e diretora da SHP Financial Training, que prepara profissionais brasileiros na busca por certificados de finanças desde 2014 – e inclusive para o ACCA, importante para quem pensa em trabalhar no exterior.

Economista formada pela Universidade de Oxford, ela trabalhou para gigantes como Bank of England e E&Y, que a trouxe para São Paulo. Hoje enraizada na cidade, Susan descreve um contador como alguém que mantém e revisa registros contáveis e está sempre atento a impostos e regulamentações.

Mas não é só, explica. O contador também usa ferramentas de análise numérica para obter insights que ajudam a elaborar a estratégia geral do negócio – como gerenciar riscos, avaliar que partes da companhia são mais lucrativas e criar relatórios para ajudar na tomada de decisões sobre recursos, por exemplo. “O tempo dos líderes da área de contabilidade acaba dividido entre todas essas funções”, diz.

Formação do contador 

Atuar profissionalmente na área Brasil tem suas exigências. Além da graduação em Contabilidade, é necessário ser aprovado em um exame do CFC, que em seguida registra o indivíduo como contador habilitado em todo o país.

Quem quiser atuar como auditor de empresas com capital aberto na bolsa de valores – alguém que oferece uma opinião independente das diretorias financeiras – precisa ir além e passar por outro teste antes de ganhar o registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI).

Aqueles que quiserem auditar bancos e instituições financeiras devem adquirir uma licença do Banco Central do Brasil (BACEN) e, por fim, quem escolher o ramo dos seguros precisa passar pelo exame da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

Tudo isso transformou a profissão em algo com forte demanda no mercado, que é dominado pelas quatro maiores empresas do tipo no mundo, ou “Big Four”: PwC, EY, Deloitte e KPMG.

Ramos de atividade

“Contadores podem usar sua educação formal em muitos negócios e organizações diferentes, como fabricantes, agências governamentais e ONGs”, explica Susan. “Muitos também usam seus conhecimentos e experiências para se tornar executivos e empreendedores.” Ela aproveita para explicar os cinco tipos mais comuns de contabilidade:

Leia também: as possibilidades de carreira para um analista financeiro

Contabilidade financeira: 

O contador está diretamente envolvido com a preparação dos relatórios financeiros de uma organização. O posto costuma incluir responsabilidade sobre a contabilidade geral e supervisão de funcionários.

Contabilidade de gestão: 

O contador analisa custos operacionais, de produção e de projetos especiais. Costuma envolver criação de orçamentos e preparação de relatórios que destacam qualquer tipo de desvio.

Auditoria interna: 

O contador avalia sistemas de informação e controles internos, reúne evidências e encaminha os processos para cumprir objetivos da auditoria e das garantias.

Auditoria externa: 

É o contador independente que examina os relatórios financeiros de corporações e organizações.

Práticas de contabilidade: 

Contador auxilia outros negócios com seus sistemas de contabilidade, relatórios financeiros, informes de imposto de renda, planejamento de impostos e decisões de investimento, entre outros.

Na hora da crise

A importância dos papeis do contador e do auditor cresce exponencialmente quando há um problema a ser consertado ou uma crise financeira. No Brasil, que passa por um momento de contração econômica, esse quadro se mantém. “Em tempos de crise, com riscos e complexidades maiores no ambiente de negócios e um olhar mais atento por parte dos interessados, as responsabilidades fiduciárias continuam sendo prioridade fundamental para criar uma plataforma de crescimento sustentável”, explica Susan.

Leia também: Headhunter explica o que fazer para impressionar recrutadores do mercado financeiro

O foco cada vez maior na criação sustentável de valores e na transparência, exigida tanto pelo mercado quanto pelos consumidores, também está abrindo o leque de oportunidades para além das finanças e dentro de campos como meio-ambiente e impacto social.

“Essas prioridades pedem uma compreensão das finanças em toda a cadeia de valor e a aplicação de princípios financeiros em um contexto de negócios muito mais amplo”, diz Susan. Um profissional completo, que possui conhecimento das ferramentas de finanças e de negócios em diversas áreas, sai na frente nessa transição.

Habilidades em alta

A associação internacional Association of Chartered Certified Accountants (ACCA), que conta com mais de 170 mil membros pelo mundo, listou as dez competências mais relevantes no mercado hoje. Susan explica um pouco sobre cada uma abaixo.

1. Relatório corporativo
Significa saber preparar relatórios de negócios de alta qualidade que ajudam líderes na tomada de decisões.

2. Liderança e gestão
Saber gerenciar recursos e liderar organizações de maneira eficaz e ética, entendendo as necessidades e prioridades dos stakeholders.

3. Estratégia e inovação
Saber avaliar e examinar posições estratégicas e identificar opções criativas para melhorar posições e performances, além de implementar estratégias e processos inovadores que levem a melhorias.

4. Gestão de finanças
Saber implementar decisões de investimentos e finanças de maneira eficaz e que garantam a criação de valor em áreas como avaliação de investimentos, reorganização de negócios e gestão de riscos.

5. Contabilidade de gestão sustentável
Saber examinar, avaliar e implementar contabilidade de gestão e sistemas de gestão de performance para planejar, medir, controlar e monitorar performances de negócios.

6. Leis e impostos
Entender leis e regulamentações relacionadas aos negócios e minimizar obrigações fiscais através de planejamento tributário.

7. Auditoria e garantia
Oferecer auditorias externas de alta qualidade ao avaliar sistemas de informação e controles internos, além de angariar provas e iniciar procedimentos que garantam os objetivos da auditoria.

8. Governança, risco e controle
Garantir governança eficaz e apropriada; avaliar, monitorar e implementar procedimentos para identificar riscos; projetar e implementar sistemas eficazes de auditoria interna.

9. Gestão de relações com stakeholders
Saber engajar as expectativas e necessidades de stakeholders, alinhar a organização de acordo com suas exigências e comunicar as informações relevantes.

10. Profissionalismo e ética
Entender e comportar-se de acordo com princípios éticos fundamentais e pessoais; garantir a implementação de estruturas éticas apropriadas para as empresas.

O dia a dia de estagiário em uma consultoria: ‘Me sinto como uma consultora’

mulher jovem morena sorrindo

Muitas vezes a palavra estágio evoca situações entediantes. Não é o caso de muitas consultorias, que oferecem tarefas e responsabilidades desde o começo. “A única diferença entre um estagiário e um consultor aqui é a carga horária, porque acabamos atuando quase da mesma forma”, conta Stefania Danyi, da EloGroup. “Você é visto como mais um consultor ajudando naquele projeto.”

Prestes a se formar em Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP, Stefania entrou na empresa em maio de 2015. Ficou sabendo da vaga pelos corredores da Poli e conversou com um veterano que trabalha como consultor antes de decidir enviar seu currículo. Aos interessados, vale mencionar que o processo seletivo está com inscrições abertas, e é possível saber mais aqui

Uma das etapas do processo seletivo envolve apresentar um case de negócio aos sócios da consultoria, normalmente alguma questão envolvendo problemas reais de determinada indústria. Seu tema era uma companhia aérea com problemas de produtividade. Quando chegou a hora, ela se preparou: pesquisou sobre setor de aviação, consultou colegas em consultorias sobre qual seria a melhor abordagem e treinou a apresentação com um dos professores da Escola Politécnica.

Especial Na Prática: tudo sobre consultoria estratégica – parte 1

Logo depois da contratação, já tinha suas opiniões levadas em conta no primeiro projeto, no setor de planos de saúde, e foi sendo convidada para fazer cada vez mais coisa. “Fui exposta muito rápido, mas a Elo sempre me deu muito suporte”, diz.

Cotidiano A primeira coisa que Stefania destaca em um ambiente de consultoria são os horários flexíveis. “Em maio passado, por exemplo, avisei que teria provas de final de semestre e todos entenderam”, lembra.

O ambiente informal da empresa também ajuda a manter contato com figuras mais sêniores, incluindo os quatro sócios-fundadores. “Temos muito contato direto, seja por WhatsApp ou por e-mail”, diz.

Outro ponto importante é a interface com clientes, muitos deles em posições de diretoria e superintendência. Útil também para desenvolver mais as habilidades de comunicação, diz ela, e a velocidade do pensamento analítico. “Hoje, tenho mais facilidade em procurar outros meios de entender as coisas e em pensar um pouco fora da caixa”, resume.

Processo seletivo Quando Stefania chegou ao escritório de São Paulo, a Elo ainda estava desenvolvendo seu novo processo de recrutamento, que segue a mesma linha dos oferecidos por consultorias de grande porte – com testes de lógica, entrevistas e cases, por exemplo.

Consulting clubs ajudam na preparação para recrutamento de consultorias

Agora do outro lado da mesa, ela integra a equipe que toca a novidade. A primeira fase, que acontece em 3 cidades: 29/3 em São Carlos, 30/3 em São Paulo e 04/04 em Guaratinguetá, inclui uma palestra e provas.

E aos possíveis recrutas, a hoje veterana Stefania dá duas dicas:

1. Saiba o que faz um bom consultor
“Um bom consultor é alguém que gosta de aprender e de vivenciar novos desafios, que flexível e faz o que gosta”, resume. “Curiosidade e exposição são características essenciais.”

2. Treine para se destacar nos processos
“Treinar alguns testes de lógica e entrevistas é útil, assim como demonstrar o que você pode trazer de novo para a empresa”, fala.

A cultura do Vale do Silício explicada por quem vive lá!

vista do vale do silicio nos estados unidos

A história do Vale do Silício tem muitos começos. Um deles aconteceu em 1957, quando oito jovens cientistas assinaram oito notas de um dólar para firmar um contrato: iriam criar novas tecnologias de acordo com seus ideias e valores, doa a quem doesse. Um deles era Robert Noyce, fundador da Intel, inventor do microchip e pessoa-chave da Era da Informação.

O grupo havia se desentendido com o mentor, William Shockley. Inventor do transistor, ele tinha viajado o país inteiro atrás das mentes mais promissoras para desenvolver novas tecnologias eletrônicas tomando sua criação revolucionária como base.

Foi Shockley quem escolheu o local. Na ponta sul de São Francisco, o Vale de Santa Clara era então famoso pelas árvores frutíferas e pelo aluguel barato para empreendedores, em parte graças à Stanford University, que era dona de muitos terrenos e queria fortalecer o ecossistema empreendedor local. (A mãe de Shockley também morava por ali. Ou seja, mais um pró para ele.)

Hoje, o Vale do Silício – o silício do nome vem dos chips, presentes em tudo de cafeteiras elétricas a aviões – é sinônimo mundial de inovação, autonomia, grandes riscos e grandes recompensas.

É ali que ficam as sedes das empresas mais inovadoras do planeta, como Facebook, Apple, Google, Uber, AirBnb e Tesla, e de onde veio uma mentalidade empreendedora que tomou o mundo e encantou até Barack Obama, que cogitou trabalhar como investidor de venture capital, escolhendo e financiando novas startups, após a presidência.

O ambiente é de fato propício para quem sonha grande.

Atualmente, há 194 “unicórnios” no Vale do Silício, como são conhecidas as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, e a economia é muito movimentada.

Só em 2016, US$ 9 bilhões foram investidos por fundos de venture capital, que escolhem startups com objetivos tão diversos quanto uma plataforma de fotos e vídeos temporários (como o Snapchat) ou pesquisas genéticas para lutar contra o envelhecimento (caso da Calico, que surgiu no Google e recebeu literalmente US$ 1 bilhão em investimentos da empresa).

O ambiente de trabalho no Vale do Silício

Deborah Alves e Marco Pedroso, ambos integrantes da rede Líderes Estudar, que reúne jovens de alto impacto, atualmente trabalham por lá e compartilharam um pouco do dia a dia e da cultura local.

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Deborah é formada em Matemática e Ciências da Computação pela Harvard University e hoje é engenheira de software do Quora, a rede social de perguntas e respostas organizadas e editada pelos usuários, muitos deles experts nos temas.

A empresa foi seu terceiro estágio, e ela decidiu voltar por dois motivos. O primeiro foram as pessoas. “Meus colegas de trabalho são verdadeiros amigos e eu conheço todo mundo da empresa”, conta. O segundo foi estrutura: “o Quora é pequeno o suficiente para que todos os funcionários tenham um impacto gigantesco”.

Sua rotina varia bastante. Além da programação diária – ela cuida do desenvolvimento de apps para iOS –, Deborah troca ideias sobre projetos com todo mundo, de designers a gerentes de produto. A equipe está por dentro do que ocorre na empresa, sejam decisões de curto ou longo prazo, e as opiniões de todos são bem recebidas. “Fora isso, o Quora tem várias vantagens clássicas do Vale do Silício: aulas de ping pong, massagens, todas as refeições de graça, snacks, futebol, jogos de tabuleiro, sinuca, vídeo game…”

Já Marco formou-se em Ciências da Computação pelo MIT. Trabalhou na Rede Globo, na Fundação Lemann e no Hunch, uma startup adquirida pelo eBay, antes de se instalar como engenheiro de software na a9.com, subsidiária da Amazon que desenvolve tecnologias de busca e publicidade.

“A A9 tem a grande escala e a infraestrutura da Amazon ao mesmo tempo que é uma empresa com times pequenos, que têm muita autonomia para operar”, explica. A companhia se tornou opção em uma feira de carreiras na universidade, onde Marco foi atraído pela experiência dos engenheiros. “Para mim, o diferencial foi a preocupação dos gerentes em manter os funcionários trabalhando naquilo que faz cada um se sentir realizado.”

Além de programar, Marco passa bastante tempo trabalhando o design de novas funcionalidades ao lado de gerentes de produtos. “É uma das atividades que mais gosto por aqui por ter uma visão mais macro do nosso negócio”, diz.

Cultura de trabalho

De maneira geral, graças à cultura de experimentação e à competição ferrenha entre as empresas pelos melhores talentos, os funcionários do Vale do Silício são muito bem tratados.

Mas nem tudo são flores, e ele pode exigir algum nível de adaptação. “Há uma certa pressão para passar longas horas no escritório, mas as pessoas geralmente não reclamam”, diz Marco, que aproveita para destacar o ambiente de trabalho diferente, os horários flexíveis e os mimos no escritório.

Entre a concentração de gente boa e recursos para desenvolver suas ideias, no entanto, ambos apontam a desigualdade e o foco único da região como um ponto fraco. “Às vezes me sinto um vilão vindo pra cá, fazendo o custo de vida subir e afetando a vida das pessoas que cresceram aqui”, diz ele.

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“É meio que uma bolha: 90% das pessoas que conheço por aqui são de tecnologia e é tudo muito caro, principalmente o aluguel”, conta ela. Deborah também se incomoda com a falta de conexão com o mundo exterior. “Muita gente foca em problemas pequenos ou tenta resolver problemas fúteis, que ninguém tem.”

Outro ponto de destaque dela é uma temática recorrente na área: a falta de representatividade feminina. “Não é um problema só do Vale, mas sim de todo um sistema que acaba desencorajando meninas e mulheres a irem pra área de tecnologia”, explica. “Desde pequena sempre vi essa disparidade: nas Olimpíadas de Matemática no colégio, nas aulas de programação na universidade e agora no mercado de trabalho. Isso vai acumulando.”

Ambiente internacional

A região atrai um número enorme de talentos do mundo inteiro. De acordo com o site Silicon Valley Indicators, 37.5% dos funcionários atuais vieram de outros países. México (19%), China (16%) e Filipinas (13%) ocupam os primeiros lugares do ranking da imigração.

Tal diversidade é uma vantagem competitiva local, já que pessoas de diferentes lugares trazem abordagens, pontos de vista e mentalidades diversas à mesa. Equipes compostas de maneira mais diversa são mais ricas e criativas e têm uma maior capacidade de enxergar novos caminhos e tomar riscos para inovar que grupos uniformes, adaptados ao status quo.

No Vale, as pessoas também tem um alto grau de instrução. Mais de 70% dos moradores da região tem ensino superior – e à moda de Steve Jobs ou Bill Gates, 24% deles têm “algum tipo de faculdade”. (Muitos acabam voltando depois para terminar os diplomas – e não machuca que Stanford, uma das melhores universidades do mundo, esteja logo ali.)

“Outro diferencial é que essa região concentra muito early adopters de novos serviços e tecnologias”, conta Marco. “As pessoas estão sempre experimentando coisas novas e é isso empolgante também.”

Leia também: 7 coisas que aprendi no Vale do Silício

Às vezes, diz Deborah, esse clima meio surreal pode ser cansativo. “Você respira tecnologia e a gente sabe o que tá acontecendo na área sempre”, diz. “Moro em Mountain View, que é a mesma cidade da sede da Google e do LinkedIn. O Facebook fica a alguns minutos de distância e, na rua, a maioria das pessoas está vestindo camisetas, casacos ou mochilas de empresas de tecnologia, em restaurantes e no trem só ouço falar disso.”

Apostas em inovações futuras

Os avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, no entanto, ainda atraem os dois. Marco aposta suas fichas em carros autônomos e na realidade aumentada, enquanto Deborah fica encantada com as possibilidades da impressão 3D.

E ela pretende trazer um pouco do que viveu por lá de volta. “O mercado nos EUA é um pouco saturado e há muita empresa tentando resolver problema que não existe”, explica. “O Brasil ainda tem muitos problemas a serem resolvidos e há uma necessidade maior de pessoas boas na área e eu pretendo voltar para contribuir.”

Para presidente do JP Morgan, transição de carreira para o mercado financeiro é possível

jose berenguer presidente do jp morgan no brasil

Quando pensa em sua graduação, José Berenguer é direto: “Foi uma escolha toda errada”. Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e hoje presidente do banco de investimentos JP Morgan Brasil, o executivo caiu no mercado financeiro por acaso, mas se apaixonou depressa.

Hoje, ele é prova de que é possível vir de outras formações acadêmicas (além das tradicionais engenharias e administração) e fazer sucesso no mercado financeiro. Ele será o palestrante da Ene Mercado Financeiro, primeira conferência de carreiras organizada pelo Na Prática com foco específico na área financeira. Lá, vai compartilhar sua trajetória e suas decisões de carreira com jovens que almejam trabalhar no mercado financeiro. O evento é gratuito, e é possível obter mais informações e realizar a inscrição por aqui.   

“Soube no momento que fui para a mesa de operações, aos 18 anos”, lembra. Para seu primeiro estágio, Berenguer buscou o Banco Boavista. Queria usar seu tino para línguas para lidar com contratos internacionais, e acabou convidado para trabalhar como operador de câmbio seis meses depois. “Foi o fim da minha carreira jurídica”, brinca. No vídeo a seguir, ele explica melhor a decisão: 

Inscreva-se! A primeira Conferência Ene dedicada ao Mercado Financeiro acontece em 2/5

O ano era 1985, e havia tantos telefones espalhados que os funcionários às vezes tinham dificuldades em descobrir qual estava tocando. “Anotávamos a posição [da moeda] numa folha de papel vegetal, era totalmente diferente do que é hoje.”

O gosto pela adrenalina fez com que o Berenguer continuasse no posto pelos próximos dez anos. No meio tempo, terminou o curso de Direito, do qual se lembra de vez em quando ao lidar com direito administrativo. Com o apoio de chefes inspiradores e cursos complementares, o executivo foi se interessando por gestão e estratégia e galgando os degraus do mundo financeiro até chegar ao topo de uma das mais tradicionais instituições bancárias do mundo. 

A seguir, ele fala sobre as características que destacam um profissional – de qualquer formação – no mercado financeiro:

Assista ao Bate-Papo completo de José Berenguer com o Na Prática

“Aprendi tudo que sei sobre banco, economia, contabilidade, matemática financeira on the job”, resume. “No meu tempo, você conhecia o chão da fábrica e hoje falta gente com essa formação bancária, que conhece os detalhes.”

Por isso, quando pensa no que destaca um jovem profissional hoje, Berenguer lista “vontade” entre as características fundamentais. Ao lado de dedicação, identificação com a cultura de negócios da empresa e pensamento a longo prazo, é o que faz toda a diferença na hora de encarar novos desafios.

5 dicas para melhorar seu desempenho em dinâmicas de grupo

jovens aguardam sentados com curriculo na mao

Um processo seletivo pode ter diversas etapas, e uma delas é a dinâmica de grupo. Os recrutadores aproveitam momentos como esse para analisar o comportamento dos possíveis novos funcionários, que costumam ser divididos em grupos menores antes da parte prática começar – e que pode ser a construção de um case sobre um problema real da empresa, por exemplo. A ideia é observar como entrevistados se sairiam em um contexto profissional e como se encaixariam no cotidiano da empresa.

Vera Lana, presidente do Grupo Veralana, é especialista em recursos humanos. Ontem (17/3) ela participou da Semana da Carreira Jovem, onde falou sobre o assunto. Para explicar o que ela e seus colegas buscam nessas horas, recorre à metáfora. “Estamos batendo uma fotografia de vocês”, resume. “Todo mundo está em busca do melhor ângulo.”

A seguir, ela dá cinco dicas de como sair bem na foto:

1. Invista no autoconhecimento

Chegue preparado. Saiba suas fortalezas e fraquezas, quem você é e por que está ali – tudo isso só é possível depois de muita reflexão ativa sobre autoconhecimento. O Autoconhecimento Na Prática, programa de autodesenvolvimento do Na Prática, é uma opção para quem quer ajuda nessa jornada.

Além disso, vale treinar sua apresentação com antecedência, o que também é uma boa chance de refletir sobre si mesmo. “As pessoas chegam extremamente tensas, então aconselho que treinem a apresentação na frente do espelho”, diz Vera. Quem você é, o que fez, como age no dia a dia e quais são suas experiências profissionais – esse discurso deve estar claro e na ponta da língua. 

2. Faça o dever de casa

“É o conhecimento de si mesmo e da empresa que nos dá autoridade”, resume Vera. Além do processo de autoconhecimento, é importante pesquisar tudo sobre a empresa. Verifique sua missão, seus valores, seu setor de atuação e vá o mais fundo que puder. Se é uma vaga específica que está em jogo, descubra tudo que puder sobre a posição. Saber o cenário político-econômico em que aquela companhia está inserida pode ser outra vantagem na hora da dinâmica e ajudar no desenvolvimento das ideias.

Através dessa pesquisa, também fica mais fácil entender se seu perfil e suas habilidades são compatíveis com a empresa, e se ela é realmente o lugar certo para você. “Vai ser uma boa combinação? É uma troca, então pense no que a empresa pode te acrescentar do lado dela.” 

3. Interaja com o grupo

Geralmente, o grupo recebe um case, um texto ou um problema para solucionar em equipe. É assim que os avaliadores conseguem observar as pessoas em ação. E logo no começo, como as pessoas se organizam já é um ponto de atenção. “Você respeita a fala do colega ou já interrompe? Se posiciona? É arrogante? Reservado?”, questiona Vera.

A preocupação com agir da melhor maneira possível deve durar a dinâmica inteira, não importa o obstáculo. “Às vezes temos ‘pimentinhas’, como trocas surpresas de projetos, e tem gente que pira”, explica. “Aí vemos a flexibilidade daquela pessoa.”

E atenção especial para a finalização do projeto, que pode incluir uma apresentação do produto final. “Observamos se você teve a persistência, não deixou o grupo desanimar, teve sentimento de dono, se pede ajuda ou se defendeu o projeto para um gestor”, exemplifica.

Leia também: O maior desafio da seleção de trainee, segundo 11 aprovados

4. Procure ser espontâneo

De nada adianta seguir um script, conseguir a vaga e ver-se num ambiente com colegas que acharam que você era outra pessoa durante o processo seletivo. “A gente quer a essência da pessoa”, diz Vera. Por isso, destaque suas verdadeiras competências e fortalezas durante o processo.

Evite também pensar no fato de que está sendo avaliado, pois isso pode desviar sua atenção do que é realmente importante: sua performance. “Preocupar-se com as expressões faciais do avaliador e com o que ele está anotando é se sabotar, o foco tem que estar na sua performance e no seu relacionamento com o grupo”, diz.

5. Seja sincero, sempre

Mentir (sobre o que você sabe, o que você já fez ou qualquer outra coisa) é o pior caminho, mesmo quando feito de maneira informal. “É muito importante que você consiga entregar no dia a dia aquilo que você promete”, explica Vera. Da mesma forma, fingir ser algo que você não é apenas para ter o famoso “fit” com a empresa é uma péssima ideia, e que sempre acaba rendendo efeitos negativos para sua carreira no longo prazo.

Mas, e se você for 100% sincero e não tiver o perfil esperado? Segundo Vera, muitas pessoas extremamente talentosas não são chamadas de primeira porque não têm o perfil para a vaga ou projeto para o qual se está recrutando. No entanto, quando o desempenho na dinâmica de grupo é bom, ficam no radar do recrutador. Vera explica que é muito comum voltar a acionar essas pessoas para novas vagas – dessa vez com o perfil alinhado – ou mesmo recomendá-las para outras empresas. 

Por fim, tenha bom senso

Muitas dúvidas que chegam à recrutadora dizem respeito a uma questão polêmica: como se vestir para uma dinâmica de grupo? Para Vera, o ideal é escolher roupas que façam sentido com seu contexto – não necessariamente terno e gravata, mas nunca bermuda – e que sejam práticas e não atrapalhem sua performance caso a dinâmica aconteça no chão e não numa mesa, por exemplo. Usar uma saia pode ser uma ideia ruim, não por questões de imagem ou percepção, mas porque você pode não se sentir a vontade nessas atividades práticas. Além disso, é importante que você se sinta seguro e confortável com a roupa. Vera cita casos de decotes e calças largas em que a atenção do entrevistado estava tão ligada nos possíveis problemas das roupas que as performances sofreram. “Seu foco ali deve ser o trabalho”, conclui. Ou seja, facilite para si mesmo essa tarefa.

A palestra de Vera fez parte da 1ª Semana Nacional de Carreira Jovem, um evento gratuito e online com a participação de diversos profissionais, como recrutadores, coaches e especialistas em recursos humanos, dando dicas sobre currículos, processos seletivos, provas e entrevistas.

Como inovar em grandes empresas? Assista ao vídeo com Ellen Kiss, do Itaú

ellen kiss do itau com livros ao fundo

Atual superintendente de inovação da área de Wealth Management & Services no Itaú Unibanco, Ellen Kiss tem no currículo mais de vinte anos de experiência profissional em gigantes como Unilever, Procter&Gamble e Kraft Foods.

Formada em Comunicação na Universidade Mackenzie, ela obteve seu mestrado em Comunicação e Práticas de Consumo na ESPM, onde hoje é professora de Design Thinking na pós-graduação. Entre uma reunião e outra, ainda acha tempo para estudar Liderança Criativa na Berlin School of Creative Leadership e atuar na direção da Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign).

A busca constante por atualização foi o que a tornou referência quando se trata de design estratégico, experiência do usuário, design de serviços e inovação. São assuntos cada vez mais importantes, conforme as expectativas dos consumidores crescem. “Nunca vivemos um momento de tanta transformação, e as grandes empresas tiveram que acelerar seus processos de inovação como consequência disso”, diz.

Leia também: Ellen Kiss conta como é trabalhar com inovação no mercado financeiro

Desafios de inovar “Todo mundo quer ser a Apple do seu segmento”, brinca. Mas gerar as mudanças necessárias muitas vezes esbarra em desafios internos. “O desafio não é só o discurso de inovação, mas sim construir uma cultura de inovação dentro de uma organização com 90 mil funcionários.”

Para Ellen, os três principais entraves são a cultura (é preciso construir um ambiente mais colaborativo e com menos aversão a riscos), as divisões (integrar produtos diversos em uma visão única é o ideal) e os sistemas de tecnologia (é preciso atualizar, dando atenção especial à integração em nuvem).

Startups e grandes empresas Uma ideia que nasceu no século 21 será, naturalmente, muito mais moderna que aquela de 1950. “Brinco que inovar em startup é muito mais fácil porque ela já nasce na nuvem”, diz. Para que uma grande empresa consiga se beneficiar plenamente de ferramentas como análise de dados e sistemas modernos, é necessário não apenas vontade de transformar o modelo anterior, mas abrir espaço e priorizar a transformação. “É preciso montar áreas, trazer equipes e estruturar processos de trabalhos para que as pessoas possam inovar”, fala.

Intraempreendedorismo O termo, cada vez mais popular, simboliza o funcionário que emprega suas habilidades para melhorar a empresa em que trabalha. Alguém que transforma o sistema de dentro, seja amadurecendo um projeto próprio que mude o status quo ou atuando em pequenas soluções – com a vantagem de uma infraestrutura gigante, tanto humana quanto material, à sua disposição.

“As grandes empresas só vão se preparar para esse novo contexto de mercado se conseguirem transformar seus colaboradores em intraempreendedores para que eles possam, no dia a dia, serem inovadores e criativos o suficiente para fazer com que a empresa possa se atualizar”, resume Ellen.

Entre as habilidades valorizadas em um intraempreendedor estão proatividade, disposição a tomar riscos, curiosidade intelectual e mentalidade questionadora.

Carreira em Y: essa é a melhor opção para você?

homens executivos em encontro

Após anos de trabalho árduo numa empresa, qualquer profissional sonha em finalmente ocupar a cadeira do chefe e liderar uma equipe, certo? A resposta seria mais simples se todas as pessoas tivessem perfil para cargos de gestão. Não é o caso: há profissionais que simplesmente não foram feitos para ocupar esse espaço.

É o caso de excelentes técnicos – que merecem crescer em status e remuneração dentro da empresa – mas não sabem ou não querem liderar.

Eles não são poucos. Um recente levantamento do site Career Builder com cerca de 3,6 mil profissionais norte-americanos de todas as idades revelou que somente 34% deles almejam posições de chefia. Para recompensar e reter profissionais desse tipo, algumas empresas oferecem um modelo de ascensão profissional alternativo, conhecido como carreira em Y.

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Carreira em Y O funcionário pode escolher duas trajetórias de crescimento: ou ele segue o caminho tradicional e se torna gestor, ou opta por se tornar um especialista técnico – um cargo tão sênior quanto os outros e com salário por vezes até maior do que o dos líderes.

De acordo com Ernesto Haberkorn, fundador da TOTVS e diretor da TI Educacional, a segunda opção é ideal para pessoas com perfil introspectivo, detalhista e estudioso, que preferem a dimensão “mão na massa” das suas profissões.

Profissionais com essa característica podem se sentir tão desmotivados e infelizes num cargo gerencial que muitas vezes acabam abandonando seus empregos, explica Haberkorn. Daí o interesse das empresas em oferecer essa possibilidade: é o segredo para não deixar os bons técnicos irem embora.

E na crise? Em desenvolvimento no Brasil desde a década de 1970, o modelo de carreira em Y pode ser especialmente interessante para profissionais e empresas em meio à crise econômica que abate o país. De acordo com Haberkorn, o péssimo momento da economia exige investimento alto em inovação – uma área em que os especialistas técnicos valem ouro. Retê-los e valorizá-los é, portanto, um investimento estratégico para ganhar eficiência.

O mesmo argumento é mencionado por Claudia Ajbeszyc, gerente de recursos humanos da Locaweb, empresa que adota o modelo de carreira em Y desde 2012.

“Neste momento, mais do que nunca, precisamos contar com profissionais altamente especializados para cortar custos, otimizar processos e aumentar a nossa produtividade”, explica ela.

Para Nicole Lunardi, gerente de RH da agência Cadastra, que também adota esse modelo de ascensão profissional, a crise econômica tem ainda outro impacto: as empresas demitem antes quem ocupa cargos de gestão.

“Os primeiros a serem desligados são os que têm altos salários e desempenham funções generalistas, como a de liderança”, diz Nicole. “Além disso, as empresas têm aberto mais vagas para especialistas, cujo trabalho é mais mensurável, com foco na entrega e alinhado à dimensão prática do negócio”.

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Um pouco de tudo Ainda assim, o profissional que opta pela vertente técnica da carreira em Y pode acumular funções para dar conta da complexidade das exigências trazidas pelo momento.

Thiago Rodrigues, que escolheu se tornar um especialista na All In, empresa ligada à Locaweb, diz que em sua rotina não cuida exclusivamente das tarefas técnicas.

“É preciso ser multidisciplinar, o que não permite se concentrar em apenas um dos dois lados da carreira”, explica ele. “Mesmo decidindo seguir como técnico, por exemplo, é preciso estar preparado para assumir um papel de gestor num momento crítico”.

Para Cristiane Farias, estrategista na área de atendimento da agência Cadastra, quem opta por crescer em Y escolhe apenas uma ênfase, e não a tônica completa do seu trabalho na empresa. “Apesar de ser especialista, ainda me deparo com demandas e funções ligadas a um perfil mais generalista”, diz ela.

Uma versão híbrida de carreira tem até nome: modelo em W. A proposta é que o profissional seja técnico e gestor ao mesmo tempo, atuando como especialista, mas assumindo o papel de líder de algumas equipes em projetos específicos. A modalidade tem sido adotada por empresas tão distintas quanto a Embraco e o Hospital Sírio-Libanês.

Segundo Haberkorn, tanto o modelo em Y quanto em W são especialmente interessantes em meio à crise. Afinal, diz ele, este é o momento em que a busca por eficiência exige o aproveitamento máximo dos diversos tipos de talento.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

‘Minha vontade é impactar muita gente’, diz Marcela Trópia, que planeja ser a vereadora mais nova de Belo Horizonte

marcela tropia bolsista da fundacao estudar
[acervopessoal]

Em 2016, aos 21 anos, Marcela Trópia planeja ser eleita a vereadora mais jovem da capital mineira. Para ela, no entanto, a idade é secundária: seu interesse pela gestão pública já é antigo. “Sempre gostei de projetos e de criar novas oportunidades para os alunos”, diz, lembrando-se dos tempos de grêmio escolar.

Atualmente cursa o último ano de Administração Pública na Fundação João Pinheiro, uma escola técnica de governo voltada para a formação de profissionais da área. Com renome internacional, a escola figura como melhor curso de Administração Pública do país em diversos rankings. Com um processo seletivo bastante concorrido, também possui uma característica única no ensino superior brasileiro: seus alunos, após concluírem o curso, são nomeados para uma posição inicial de carreira no Poder Executivo de Minas Gerais. 

Marcela, que é bolsista da Fundação Estudar, está nos estágios iniciais do que será sua primeira campanha política. Não é novata no assunto, visto que ajudou outros candidatos no ciclo passado, mas está se acostumando aos desafios únicos da área.

“É difícil motivar as pessoas, que são voluntárias porque não temos dinheiro nesse momento, e ter ideias que caibam dentro desses esforços”, conta a pré-candidata. “E também há a gestão de tempo, é uma correria danada.” (Vale lembrar que muito do que é uma campanha eleitoral, incluindo arrecadação e movimentação financeira, só pode começar de fato no segundo semestre.)

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A mensagem em si ela garante que já tem bem desenhada. Envolve a importância da política local, do empoderamento feminino – dos 41 vereadores em Belo Horizonte, apenas uma é mulher – e de maneiras diferentes de fazer política, como criar um aplicativo para monitorar a atuação de um representante e acompanhar seus votos.

Marcela Trópia - Gestão pública
[acervopessoal]

“Minha vontade de impactar muita gente é muito grande, então estou me colocando à disposição para fazer política de um jeito diferente”, explica. “Quando me perguntam quais são minhas bandeiras, eu pergunto: Quais são as suas? Eu estou aqui pra ser demandada e não para impor, então vamos conversar.”

Experiências profissionais

Além de cuidar da pré-campanha, Marcela atualmente estagia na Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais. A tarefa principal é ajudar a redesenhar os processos de recursos humanos do Estado, que datam de 1980.

Antes disso, trabalhou na gestão anterior do governo estadual e na consultoria FALCONI. Marcela queria experimentar algo diferente na faculdade e foi aconselhada pelo irmão e por um amigo consultor na empresa, ex-bolsista da Fundação Estudar. Passou um ano trabalhando em um projeto de grande porte de uma empreiteira e saiu impressionada com a eficácia das ferramentas.

Marcela Trópia - Gestão pública
[acervopessoal]

“Durante nosso treinamento em Excel e soluções de consultoria, fiquei revoltada porque não aprendíamos aquilo na faculdade”, ri. “Quando eu tinha qualquer dúvida, os consultores me ensinavam cinco maneiras de resolver aquilo, aprendi muito.”

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Levou da experiência novos conhecimentos de gestão e de ferramentas, como indicadores e planos de ação, que aplica inclusive na pré-campanha. Saiu, no entanto, com a certeza de que a paixão era mesmo pela gestão pública: “Quando há pessoas boas participando, as coisas acontecem. É muito bacana trabalhar mudando a vida dos outros.”

A carreira política

E se política é a arte de governar, um bom político deve desenvolver sempre que possível sua capacidade de diálogo. Nas sessões de coaching que faz para se preparar para as eleições – Marcela é uma de 16 candidatos escolhidos pela rede RAPS para um programa-piloto de desenvolvimento de lideranças políticas –, ela reflete sobre as características como essa.

“A grande missão de um líder é saber onde quer chegar e como motivar as pessoas a acreditarem que aquilo é realmente importante para o grupo”, resume. “E tem que saber escutar: em toda reunião que você for fazer, seja o último a falar.”

Além do auxílio da coach, ela destaca as redes que criou na Fundação Estudar.

Marcela Trópia - Gestão pública
[acervopessoal]

Foi em encontros como esses que Marcela se viu inspirada a ir além e vislumbrou sua candidatura. “Vi que eu podia ser candidata, fazer coisas no meu bairro, ser mais ativa, que eu podia fazer mais”, explica. “A rede me ajudou muito a entender que meu propósito maior é melhorar a vida das pessoas.”

Quando pensa em como engajar jovens na gestão pública, Marcela sugere que participem em qualquer nível de política local: de conselhos municipais às audiências públicas, passando pelos diretórios centrais de estudantes, redes de solidariedade ou ocupação de espaços públicos. Sonha com indivíduos cada vez mais ativos e que transformem suas cidades da maneira que quiserem, seja proativamente acionando a prefeitura para consertar um buraco na rua ou cuidando, em grupo, de uma horta comunitária.

Para conseguir a cadeira na Câmara, que será decidida em outubro, a mineira precisa angariar pelo menos quatro mil votos por Belo Horizonte. Está confiante. “Brinco que minha meta é subir no palco da reunião anual da Fundação Estudar em 2017”, diz. “Já que subi da última vez para dizer que seria candidata, agora quero mostrar que fui eleita.”

Como escolher quando e onde fazer o seu intercâmbio?

alunos felizes em campus universitario com diversidade etnica

A dúvida mais frequente para quem está planejando realizar um intercâmbio durante a faculdade é: “Para onde eu vou?”. Mais difícil que responder a essa pergunta, porém, é saber exatamente qual é o momento ideal para viver esta experiência. Com tantas opções de programas de estudo e trabalho, vale a pena gastar um tempo da preparação avaliando as alternativas disponíveis.

“A primeira decisão é saber o que quer”, sugere Thaïs Burmesister, consultora de educação internacional. Se o objetivo do intercâmbio ainda não estiver claro, cabe começar por fazer uma auto avaliação sincera:  “Tudo depende da disponibilidade do aluno. O que ele está buscando? Qual é sua situação financeira? Qual o seu nível de inglês? E seu desempenho acadêmico?”. Para Taïs, essas são as primeiras e mais importantes questões a se fazer.

A partir destas decisões, munir-se de informação é o segundo passo. Assim, é preciso pesquisar e entender:

1. Quais são os tipos de programa?

2. Quais destinos se encaixam melhor às suas expectativas?

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Escolhendo o programa Um bom começo para quem já está cursando universidade no país é tentar se informar de convênios e parcerias firmados entre a própria faculdade com outras no exterior. “Convênios são boas opções para aproveitar os créditos e diminuir o tempo de curso”.

Caso não existam convênios, ou o estudante não tiver sido aprovado para as vagas disponíveis, é possível “tentar por fora”, explica Thaïs, por meio de agências de intercâmbio ou entrando em contato diretamente com as universidades. Nos sites de cada instituição é possível conferir as opções de programas para alunos estrangeiros e as instruções para se inscrever.

Ter um bom desempenho acadêmico é fundamental. Quanto melhor o histórico escolar, maiores as chances de o candidato ser aceito pela universidade que almeja e maior o leque de opções que terá, independente de estar se candidatando pela universidade ou “por fora”. “É muito importante ter um bom desempenho, para ser mais competitivo”, argumenta a consultora.

Alternativas que não dependem de investimentos tão altos e podem sair mais em conta são cursos de curta duração, como Summer School, que duram de um a três meses. Geralmente voltados à prática do idioma local, é uma boa opção para quem ainda precisa adquirir fluência.

Mais que aperfeiçoamento da língua, porém, esses cursos também podem ser interessantes para desenvolver outras habilidades que complementem a área de estudos. Um estudante de engenharia, por exemplo, pode decidir fazer um curso técnico em administração pelo período de 3 ou 6 meses.

Escolhendo o Destino “Em geral, eu não falo vai para esse ou aquele lugar”, responde de pronto Taïs, para aqueles que esperam uma solução fácil para as dúvidas mais difíceis.

Para ela, mais importante é avaliar se determinada universidade pode oferecer aquilo que o estudante busca, independentemente de sua posição geográfica. Algumas universidades dão mais vazão à criatividade, por exemplo, enquanto outras priorizam programas de estágio em determinados setores. Há de se considerar ainda as opções de atividades extracurriculares que cada uma oferece, como esportes, trabalho voluntário e estágios. Tudo depende do interesse de cada um.

A conselheira também sugere não se inscrever para o programa de apenas uma instituição. “É bom escolher algumas opções. Não precisa ser um leque muito grande, mas o processo nunca é 100% garantido”.

Saiba como pesquisar Para Thaïs, os sites das universidades, embora sejam “user friendly”, são muito densos. É preciso olhar com cautela: eles não apenas informam o que cada lugar tem a oferecer, como dão as orientações necessárias para se candidatar.

Parte do trabalho de Thaïs é justamente auxiliar jovens nessa busca, ensinando, por exemplo, termos chaves que facilitam a pesquisa – como “undergraduate” (referente à graduação, no Brasil), “visiting student” e “guest stuent” (tipos de programa de curta duração).

A partir daí, é mais fácil saber se a universidade oferece o tipo de programa mais conveniente ao aluno, considerando a duração, valores, opções de bolsas, atividades e enfoques acadêmicos. Também é possível saber se o candidato tem as notas necessárias para participar do processo seletivo.

Se o estudante tem interesse em conhecer a Alemanha, por exemplo, mas o curso escolhido exige um nível de fluência que ele não possui, a opção pode ser eliminada do “cardápio”. Outra instituição no mesmo país pode aceitar alunos que sejam fluentes em inglês, tornando essa alternativa muito mais viável.

Outra dica valiosa é fazer a boa e velha lista de prós e contras. “Eu sugiro ao aluno se organizar, fazer uma planilha com todas as suas opções, incluindo as datas de exames, requisitos para inscrição, etc”. Assim, fica mais simples visualizar quais são suas prioridades e não perder nenhum prazo, finaliza ela.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Estudar Fora, o portal de estudos no exterior da Fundação Estudar

IE Venture Day: evento gratuito permite que startups apresentem ideia a investidores

executivos sorrindo em palestra

Boa notícia para quem está começando a empreender e busca investimentos (ou conhecimento!) para o seu negócio. Dona do melhor MBA online do mundo segundo o ranking do jornal Financial Times, a espanhola IE Business School traz ao Brasil pela quarta vez seu IE Venture Day, encontro focado no desenvolvimento de startups e seus fundadores. O evento acontece em 8 de abril no auditório do Cubo Coworking, na Vila Olímpia, em São Paulo.

Funciona assim: qualquer startup que tenha entre 6 meses e 3 anos de existência podem participar. Lá, um júri composto por líderes de indústrias, investidores e venture capitalists, entre outros, estará a postos para ouvir os pitches (apresentações objetivas e rápidas!) dessas startups brasileiras, sondando também para buscar ideias nas quais investir. A melhor ideia escolhida por esse júri ganha uma bolsa de estudos para um curso no campus principal da escola, em Madri, incluindo passagem e hospedagem.

Ainda assim, as outras startups ainda podem fazer brilhar o olho de algum investidor presente e arrematar um aporte financeiro em seu negócio! Ao todo, IE Venture Days já arrecadaram mais de 20 milhões de dólares em investimentos para as startups participantes. 

Pitch: três dicas para apresentar sua ideia a investidores

Além disso, o evento também contará com palestras de brasileiros e convidados internacionais, rodadas de negócios e oportunidades para ampliar a rede de networking

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas online. Inscreva-se!

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