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Saiba mais sobre a Coligação, a confederação brasileira de ligas universitárias

jovens no encontro nacional de ligas universitarias

Entre 5 e 11 de setembro, interessados em atuar na confederação brasileira de ligas universitárias, a Coligação, podem se inscrever e concorrer a 35 vagas na equipe nacional da organização. “São vagas para universitários proativos, que gostam de grandes desafios e oportunidades de atuação nacional”, explica Jessica Messias, presidente da organização.

O processo seletivo, que dura cerca de duas semanas, será dividido em três etapas e terá encontro com um painel e entrevista com a presidência. Entre os pré-requisitos estão ser presidente de uma liga universitária afiliada (ou que queira se afiliar) e ter até dois anos de formado.

Estabelecida em outubro de 2015 no Encontro Nacional de Ligas, a Coligação tem por objetivo estabelecer uma rede nacional para representar o movimento das ligas universitárias no Brasil, ajudando-o a crescer e se desenvolver.

E tem tido um crescimento vertiginoso: em janeiro, tinha 25 ligas afiliadas. Hoje são 258 com mais de 20 temáticas, quatro mil integrantes e presença em 90 universidades brasileiras.

História da Coligação

Em 2014, a então estudante de arquitetura e urbanismo Jéssica Messias estava em busca de novos desafios. “Mesmo com conhecimento de ferramentas, métodos e estratégias adquiridos em organizações, sentia que ainda faltava algo”, lembra.

Decidiu fundar uma liga universitária que unisse seu curso com temas que também lhe interessavam, como engenharia civil, sustentabilidade e tecnologia. Inscreveu sua Liga da Construção no Programa de Incubação de Ligas da Fundação Estudar e, no fim de 2015, ganhou a certificação de Liga Ouro pelo engajamento e alcance de seu trabalho – que abarca estudantes de várias universidades na região de Campinas e pretende se espalhar pelo estado de São Paulo.

Leia também: Ligas universitárias unem conhecimento e prática na faculdade

Recém-formada pela Universidade Paulista de Campinas e prestes a começar uma pós-graduação em Arquitetura Sustentável, Jéssica se encantou com o ambiente das ligas e tornou-se co-fundadora e presidente da Coligação.

“A Coligação é uma organização sem fins lucrativos que tem o propósito de representar, estimular e legitimar o movimento nacional de ligas universitárias por meio de uma rede colaborativa que impulsiona e acompanha suas ações de impacto”, explica Jéssica.

Jéssica Messias
Jéssica Messias [Luis Felipe Moura]

Um dos principais objetivos da Coligação é criar pontes para que as ligas espalhadas pelo Brasil conectem seus saberes e atividades entre si, assim como dar suporte às já existentes com programas de acompanhamento e desenvolvimento. “Ao fornecer capacitação e desenvolvimento, aumentaremos o número de transformadores querendo impactar positivamente o país”, resume ela.

Como funcionam as ligas universitárias

Uma liga universitária é essencialmente uma organização gerida por jovens estudantes para conectar o ambiente acadêmico e o mercado de trabalho em determinada área, possibilitando um mergulho no mundo real logo cedo.

Entre as mais de 400 ligas inscritas na incubadora da Fundação Estudar no ano passado estavam temáticas como saúde, construção civil, direito, mercado financeiro e empreendedorismo, por exemplo.  

“Uma liga pode agir de diversas formas, como através de palestras, workshops, incubação de startups, fomento à pesquisa, grupos de estudos, cursos de capacitação e rodadas de discussão e de negócios”, diz Péricles Borges, co-fundador e diretor de finanças da Coligação.

Para criar uma liga, o universitário – de qualquer nível superior, seja graduação ou doutorado – deve ter conhecimento e afinidade com o tema escolhido e estar disposto a abordá-lo de forma profissional e eficaz. É possível manter-se nos quadros de uma liga universitária por mais dois anos após a conclusão do curso.

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A Coligação sugere que o grupo fundador seja composto por pelo menos quatro pessoas, com propósitos e interesses similares e/ou complementares. “O essencial é o jovem ainda possuir um vínculo com a universidade e estar disposto a aprender na prática muito do que seu mercado de atuação exige”, resume Jéssica.

Pericles
Pericles [Acervo Pessoal] 

Membros voluntários se dividem então entre atividades de gestão e aquelas que conectam mundo profissional e o acadêmico. “Muitas soft skills são lapidadas, como relacionamento interpessoal, empatia, resiliência e trabalho em time”, fala Péricles. “A experiência prática na área de formação do jovem é um aprendizado incalculável trazido pela liga.”

Jéssica concorda. “O mercado de trabalho se manteve aberto para quem se mostra proativo e quer impactar positivamente o Brasil, ainda mais com a crise em que estamos vivendo”, fala ela, que descreve as ligas como uma “pré-aceleração” profissional.

Através de experiências em organizações estudantis como essa, diz ela, é possível aprender recursos profissionais avançados mais rápido e largar na frente depois de se formar. “Meu trabalho com as ligas aumentou minha rede de contatos profissionais e atualmente tenho parcerias com grandes empresas e organizações”, conta.

Interessou-se? Saiba mais sobre o processo seletivo para a equipe nacional da Coligação e inscreva-se!

Pensamento sistêmico: aprenda a enxergar ‘conexões invisíveis’ para tomar melhores decisões

dominos caindo em circulo

Você já reparou que, muitas vezes, ao buscarmos soluções para um problema acabamos “sem querer” resolvendo outros? A explicação é que esses problemas podem estar relacionados, embora nem sempre a gente consiga fazer essas conexões.

O chamado “pensamento sistêmico”, grosso modo, propõe uma visão que encara o mundo como um sistema, composto por sua vez por diversos sistemas menores, onde tudo está interligado. Perceber que as coisas estão interconectadas em um sistema não é uma ideia nova. Muito antes desse conceito começar a aparecer no século XX, religiões e filosofias já adotavam a visão sistêmica das coisas, como é o caso do budismo.

Em sua versão mais atualizada, o pensamento sistêmico começou a tomar forma na década de 1920, com pensamento holístico de Jam Smuts, que propunha abrir mão da visão das coisas como algo singular, mas sempre como partes de algo maior. Estudos de viés mais prático começaram a ser realizados na década de 1950, no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Lá essa ideia começou a ganhar força e ser aplicada a várias áreas do conhecimento, da sustentabilidade à administração de empresas. Os estudos culminaram na publicação do livro A Quinta Disciplina, de Peter Senge, e da obra The limits to growth, que usa o pensamento sistêmico para alertar sobre os efeitos do crescimento populacional na Terra.

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Como funciona? O pensamento sistêmico nos torna conscientes do fato de que todas as coisas fazem parte de um sistema, e, portanto, estão relacionadas e influenciam umas às outras. Isso vale tanto para o corpo humano como para uma cidade ou a empresa em que você trabalha. Grandes problemas que enfrentamos atualmente são interligados e interdependentes de diversas formas que nem imaginamos, e cabe a nós buscar cada vez mais enxergar essas conexões para ter uma compreensão melhor da realidade.

Uma percepção mais sistêmica da realidade, por sua vez, permite que um líder tome decisões mais acertadas e obtenha resultados mais sustentáveis no longo prazo. Quando o líder tem uma visão sistêmica do contexto em que está inserido, também consegue evitar efeitos colaterais indesejáveis de suas atitudes que a princípio não são óbvios.

Nos ecossistemas complexos e globalizados em que as organizações de hoje atuam, tomar decisões é algo cada vez mais incerto.

O problema é que, por natureza, não enxergamos o mundo de forma sistêmica. Nossa tendência é ser reducionista e simplista, visualizando somente visões fracionadas da situação toda – fotos instantâneas, e não o filme completo. Durante muito tempo, nós fomos ensinados a pensar os problemas de maneira fragmentada para entendê-los melhor. Essa estratégia tem suas vantagens porém, sozinha, não dará conta de resolver os desafios de uma grande organização.

O pensamento sistêmico rompe com esse paradigma e nos ajuda a analisar o sistema complexo como um todo. Não adianta uma parte funcionar excepcionalmente bem no seu projeto enquanto a outra atrapalha o rendimento global.

Sobre esse assunto, o prestigiado filósofo Edgard Morin (que criou o conceito de pensamento complexo, bastante próximo ao que prega o pensamento sistêmico) ministra o curso ‘O futuro da decisão: como conhecer e agir na complexidade’ na plataforma Coursera, oferecido gratuitamente pela ESSEC Business School – o material, no entanto, ainda está disponível somente em francês.  

Existem muitos métodos e práticas que podem te ajudar a pensar de forma mais complexa. Por exemplo: evitar agir sobre um problema de forma isolada, mas lidar com ele dentro do contexto de outros problemas relacionados; estabelecer relações de causa e efeito de forma cíclica em vez de linear; evitar pensar apenas em resultados imediatos, a qualquer custo, mas buscar ter uma visão sustentável e de longo prazo; ter em mente que o todo é sempre mais importante do que as partes individualmente; conversar constantemente com outras áreas da empresa, para entender o que elas fazem e ter uma visão total do negócio. O recurso do job rotation, presente em quase todos os programas de trainee, é uma forma de incentivar esse pensamento nos futuros líderes da empresa. Para o empreendedor, vale também pesquisar mais a fundo todo o seu mercado e os mercados relacionados. 

O mais interessante disso tudo é que algo que é considerado um problema aqui, pode ser a solução ali (o lixo produzido em uma empresa pode ser separado e se tornar matéria-prima para a reciclagem, por exemplo). Vale insistir que, para isso acontecer em nível empresarial, é importante manter um bom nível de comunicação com todas as áreas que fazem parte do mesmo sistema.

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A seguir, veja algumas perguntas que vão te ajudar a refletir se você pensa de maneira sistêmica:

1. Ao analisar os seus problemas, você o faz dentro de um contexto ou isoladamente?

2. Você busca solucionar vários problemas de uma vez só?

3. Suas atitudes muitas vezes acabam atrapalhando mais do que ajudando, apesar das boas intenções?

4. Você presta atenção nos problemas de outras pessoas ou só se preocupa com os seus?

5. Quando está com um problema, você o compartilha com alguém ou guarda para si mesmo?

Thiago Braz: ‘Sem metas, os sonhos não têm alicerce’

Thiago Braz alteta brasileiro saltando com vara

A postagem mais recente de Thiago Braz em sua página oficial data de 3 de agosto, às vésperas dos Jogos Olímpicos. O texto acompanha uma foto de um salto com vara, esporte que o jovem de 23 anos pratica há quase uma década. ”Que todos possam fazer parte deste voo nas Olimpíadas”, escreveu. Mal sabia ele que, doze dias depois, o voo coletivo seria recompensado com sua primeira medalha de ouro.

Inseguro até então, Thiago era uma aposta que estava demorando para se concretizar. Treinava bem e saltava alto, mas travava em público. Ainda em 2015, durante os Jogos Panamericanos de Toronto, não ganhou nada. No campeonato mundial da modalidade, naquele mesmo ano, ficou em 19º lugar.

No Rio, estava decidido a ser diferente. Criou uma preparação mental para controlar os nervos e, mesmo com os atrasos, chuva e vento forte no dia da prova final, manteve a calma. “Aprendi a ter fé e confiar que tudo vai dar certo”, falou. “Trabalho dessa forma: fico quietinho na minha.” O apoio incansável da plateia, que antes ele temia ver como mais uma pressão, também se tornou uma arma a seu favor.

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Antes de saltar, os atletas devem dizer ao júri quão alto pretendem pular para que o sarrafo seja ajustado. Pouco antes do salto que lhe rendeu o ouro – o competidor tem direito a três chances em cada altura –, Thiago decidiu pular a altura de 5,98 metros e encarar logo os 6,03 metros. Superou o obstáculo de primeira, impecável.

Como seu recorde anterior era onze centímetros menor, a troca foi um tanto inesperada até para ele. Profundamente religioso, dedicou sua inspiração ao divino. “Eu sentia Deus comigo naquele momento”, afirmou. “Antes de saltar, senti que estava um ambiente totalmente diferente. Era maravilhoso. E aí parti.”

Ele estava atuando tão bem no momento que, quando decidiu arriscar, já era dono da prata. “Comecei a acordar para a prova e perceber que poderia brigar por uma outra cor de medalha”, explicou.

Thiago Braz - Johannes EISELE : AFP
[Johannes EISEL/ AFP]

Para conseguir completar as provas, Thiago fez uso do que considera seu ponto forte: o foco. “Tento não pensar em nada, só em completar meu salto, sem medo e sem distração nenhuma”, falou, ainda enrolado na bandeira brasileira, logo após o pódio.

A imagem de sua comemoração após o último salto, ainda no ar, viralizou imediatamente. Assistindo o feito, até o jovem se impressiona, como se fosse outra pessoa na tela. “Foi altíssimo!”, riu. “Que salto bonito.”

História Na última edição dos Jogos Olímpicos, em 2012, Thiago ainda estava se aprimorando. Enquanto seus colegas subiam ao pódio em Londres, ele, aos 18 anos, se tornava campeão mundial júnior do salto com vara.

Tinha começado a treinar com um tio, ex-atleta, quatro anos antes. “Eu pensava: ‘Vou pegar a vara e fazer o quê? Correr e me pendurar de ponta-cabeça?’”, lembrou. “Levei duas semanas para acertar o primeiro salto.”

Fluente em inglês e italiano, Thiago mora na Itália desde 2014. Mudou-se a convite do treinador Vitaly Petrov, ucraniano que também tutelou recordistas mundiais como Serguei Bubka e Yelena Isinbayeva e tornou-se uma figura paterna para o brasileiro.

Tomar a decisão não foi fácil. O atleta havia quebrado o punho pouco antes e enfrentava as dúvidas dos colegas. Será que conseguiria saltar novamente? Valia a pena deixar o país? No final, a vontade de se desenvolver falou mais alto.

“Vitaly nasceu para transformar a vida das pessoas e isso aconteceu com Thiago, que cresceu muito como homem”, disse sua esposa Ana Paula de Oliveira, também saltadora de vara. A confiança do atleta no treinador – ponto em comum com o canoísta Isaquias Queiroz, outro medalhista olímpico – também fez diferença. “Pelo fato de ter sido rejeitado, é difícil ele se abrir. Mas quando ele confia, se apega mesmo”, continuou ela.

A rejeição em questão foi um dos assuntos mais comentados pela imprensa. Aos dois anos, Thiago foi abandonado pelos pais na casa dos avós. Passou dias com a mochila nas costas, esperando o retorno da mãe ao portão.

Leia também: ‘Desistir nunca, persistir sempre’ é o lema do atleta Isaquias Queiroz

Hoje, dedica suas vitórias e valores a quem lhe criou. “Todas as qualidades que tenho hoje vieram dos ensinamentos dos meus avós”, afirmou. A matriarca, que apoia sua carreira desde cedo e assistiu à final no estádio, brinca que só aceita vitórias.

As muitas superações na trajetória do atleta não vieram por acaso, mas por esforço e trabalho duro. “Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerce. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Tenha sempre um centro”, escreveu.

Seu sonho – a medalha de ouro – estava em franco desenvolvimento há anos. E para fazer acontecer, Thiago não mediu esforços. Em 2009, apresentou-se num email para Elson Miranda, marido e treinador da brasileira Fabiana Murer, outro ícone do salto com vara, lhe pedindo uma chance. Conseguiu. Dois anos depois, já declarava que queria estar entre os oito melhores saltadores no Rio de Janeiro. Conseguiu – com honras.

Com a conquista concluída, Thiago pretende tirar férias rápidas antes de voltar ao trabalho. Já pensa no futuro. Quer superar o recorde de 6,14m de Serguei Bubka, estabelecido em 1994 – e competir ao lado da esposa em 2020, em Tóquio.

Conferência Na Prática Jurídica: escritórios de advocacia buscam talentos em conferência de carreiras do Na Prática

Jovens participam de conferência de carreiras Ene

Boa notícia para estudantes e formados em Direito que querem alavancar a carreira. Ainda este ano, a Fundação Estudar e o Na Prática promoverão a segunda edição da sua conferência de carreiras direcionada para a área jurídica. O evento, chamado Conferência Na Prática Jurídica, é gratuito e acontecerá no dia 17 de outubro, em São Paulo. As inscrições seguem até o dia 11 de setembro e podem ser realizadas por aqui.

quero-participar

O evento será inteiramente focado na área jurídica a fim de conectar os jovens com diferentes escritórios de advocacia e empresas, além de apresentá-los aos diferentes mercados e funções do setor.

A Conferência Na Prática Jurídica

A Conferência Na Prática Jurídica contará com a presença de organizações dos mais variados segmentos, como direito consultivo (mercado de capitais, M&A, reestruturação e insolvência), concorrencial, contencioso (civil, administrativo e trabalhista), tributário e jurídico de empresas.

O evento também proporcionará um dia inteiro de conexão com cerca de 30 escritórios e companhias, sendo que Tozzini Freire, Souza Cescon, ASBZ Advogados, BMA, Vella Pugliese, Ambev, Itaú e BTG já estão entre os confirmados.

Serão selecionados 350 jovens de alto potencial, que poderão participar de sessões de speed coaching com especialistas, conferir painéis com profissionais sobre as diferentes áreas de atuação em Direito, ouvir bate-papos com líderes inspiradores e, principalmente, interagir face a face com recrutadores e executivos dos escritórios e empresas – que estarão na Conferência para buscar jovens talentos.

Ainda assim, para Vinícius Estrela, responsável pelo evento, o objetivo da conferência vai além da própria contratação: “Em tudo que fazemos na Fundação Estudar, colocamos o jovem em primeiro lugar. O que queremos é ajudá-lo a entender quais as trilhas de carreira que ele pode seguir e o que faz mais sentido para a vida dele”.

Outro diferencial da conferência em relação a feiras de carreira tradicionais é o mapeamento do perfil dos jovens e das empresas. “Antes do dia do evento, os participantes realizam diversos testes de valores e estilo de trabalho”, explica Vinícius.

Esses testes esclarecem questões importantes na hora da decisão profissional: O que eu valorizo no âmbito de trabalho? Qual o melhor ambiente para mim? Com base nas respostas, todo participante da Ene Jurídico recebe uma indicação dos lugares em que faria sentido trabalhar.

Ene
Conferência Conferência Na Prática em 2014 [Fundação Estudar]

Dentre os selecionados, 50 deles participarão ainda do pitch de talentos, um momento do evento no qual cada um ‘vende seu peixe’ durante dois minutos para as organizações, que avaliarão o potencial desses jovens e poderão convidar aqueles que mais se destacarem para eventuais conversas sobre oportunidades.

O evento também oferece a possibilidade de networking por meio do aplicativo de celular, garantindo que os participantes enviem suas próprias dúvidas sobre carreira durante os painéis. As organizações também utilizarão o app para localizar potenciais candidatos e marcar entrevistas.

Conferência Na Prática Jurídica – Conferência de Carreiras do Na Prática
Data: 17 de outubro de 2016
Horário: das 7h30 às 17h30
Local: Hotel Maksoud Plaza
Endereço: Alameda Campinas, 150 – Bela Vista – São Paulo
Inscrições: até 11 de setembro pelo site

quero-participar

Mahamudra Brasil: como o ex-modelo Cesar Curti inovou no mundo das atividades físicas

cesar curti fundador mahamudra brasil

Mahamudra. A palavra foi importada do sânscrito para se referir à verdadeira essência dos ensinamentos de Buda (ou algo como ‘hiperconsciência’ e ‘equilíbrio’), mas hoje é muito mais provável que, se mencionada, traga a mente o projeto fundado em 2013 pelo ex-modelo Cesar Curti e outros amigos. A associação, claro, não é acidental.

Combinação de práticas esportivas com reflexão espiritual, a Mahamudra inspirou-se em valores milenares das religiões indianas para depois conjugá-los a práticas de atletas de alta performance, como foco, disciplina e ambição. Propondo ainda o equilíbrio em todos os aspectos da vida, mantém um discurso que tem demonstrado grande apelo com a Geração Y.

O que começou com uma aula aberta no Parque Ibirapuera para turmas que não chegavam a 50 participantes, hoje conta com mais de 1500 alunos em seis cidades brasileiras. Ainda assim, maior que o número de alunos é o a curiosidade que vem despertando nos mais diversos círculos – o que rendeu ao Mahamudra a alcunha de “hit esportivo” do momento. Grande parte de toda a repercussão que o grupo vem ganhando pode ser creditada à presença massiva de seus cofundadores nas redes sociais, principalmente no Instagram. A estratégia, executada a risca, tem ajudado a disseminar tanto a filosofia como a marca Mahamudra.

aula mahamudra em brasilia
Aula Mahamudra em Brasília [reprodução] 

Leia também: As técnicas de atletas de alto desempenho que podem te ajudar na carreira

Hoje, quem busca a hashtag #mahamudra no Instagram encontra mais de 27 mil publicações de diversos usuários, enquanto #mahamudraBrasil retorna outras 71 mil postagens. Amanhã, a partir das 6h da manhã – horário em que iniciam os primeiros treinos – esse número já vai começar a subir. Os principais porta vozes do grupo também ganharam projeção meteórica no aplicativo: Jonas Sulzbach, cofundador da Mahamudra, tem 1,3 milhões de seguidores que acompanham diariamente a sua rotina enquanto coach do grupo; Erasmo Viana, outro confundador, soma outros 811 mil seguidores à conta final; Cesar Curti, entrevistado para esta matéria, 91,5 mil.

Além do status de “tendência”, no entanto, há um lado até então pouco explorado do projeto: a história do ex-modelo, formado em Administração, que viajou o mundo e desenvolveu uma metodologia própria de desenvolvimento humano – aplicando diversas lições de empreendedorismo e autoconhecimento no caminho. A seguir, veja a entrevista do Na Prática com Cesar Curti:

1. Como surgiu a ideia de empreender a Mahamudra Brasil?

Foi a insatisfação com as carreiras tradicionais o ponto de partida para que Cesar buscasse sua motivação em outros lugares, a partir de uma experiência do autoconhecimento e exposição a novas culturas. O método, hoje, reflete a síntese das suas experiências, alternando exercícios aeróbicos, acrobacias, crossfit, artes marciais, ioga e até mesmo meditação.

2. Como foi a criação do projeto e os primeiros desafios?

Como acontece com todo projeto, o início não é fácil. Empreendedores sabem disso desde sempre, mas ainda assim podem enfrentar dificuldades na hora de recuperar a energia e demonstrar resiliência. Para Cesar, a resposta para encontrar essa motivação é simples: ser apaixonado pelo que faz.

3. Como a preocupação com alta performance pode ajudar na vida das pessoas?

Disciplina, metas, foco, evolução contínua… Os termos fazem parte do dia a dia de qualquer atleta profissional, mas também podem ser aplicados na carreira e até mesmo na vida pessoal para se obter melhor resultados. O estímulo, na Mahamudra, é para que os participantes saiam da sua zona de conforto e percebam a sua real capacidade de atingir objetivos ambiciosos – e sonhar cada vez maior.

De acordo com o treinador, o público é variado e qualquer pessoa pode praticar. Os treinos são divididos em quatro níveis (iniciante, intermediário, avançado e elite), e acontecem sempre ao ar livre. Durante grande parte de sua existência, o grupo já contou com uma lista de espera de aproximadamente 400 alunos, mas hoje é possível verificar as vagas na página do Facebook ou no site oficial

O que as fontes usadas no seu currículo dizem sobre você

analise de caracteristicas das fontes

Design, ensinava Steve Jobs, não é aparência de uma coisa; é como ela funciona. Currículos não são iPhones, mas nem por isso escapam à máxima do gênio da Apple: seu papel diante de um recrutador depende fortemente de seu visual.

Você é um profissional sóbrio ou irreverente? Moderno ou tradicionalista? A estética do seu CV contribuirá muito para essa resposta.

Segundo o designer Gustavo Pizzo, as fontes usadas no texto são uma parte importante da mensagem não-verbal contida no documento. A escolha deve ser “calibrada” de acordo com o cargo ou a área pretendida pelo candidato.

Também há uma questão importante atrelada à legibilidade do texto. “Algumas fontes são fáceis de enxergar na tela do computador, outras ficam melhor no papel impresso”, comenta Pizzo. Da clássica Arial à execrada Comic Sans, reunimos 10 exemplos de fontes populares e suas respectivas peculiaridades para o contexto dos currículos. Veja a seguir:

1. Arial

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A Arial é uma cópia aproximada da Helvetica, uma fonte idolatrada pelos designers e presente em muitas mídias do dia a dia – até nas placas do metrô de São Paulo.

Tradicional, sóbria e fácil de ler, ela tem uma desvantagem importante, segundo Pizzo. “É básica demais, saturada”, explica. “É uma fonte adequada, correta, mas não diferencia nenhum candidato”. Além disso, em textos longos, a fonte pode se tornar cansativa. Uma saída para isso, diz o designer, é aumentar um pouco o espaçamento entre as linhas.

2. Calibri

2

Criada para acompanhar a chegada de monitores de computador mais modernos, a fonte tem visibilidade ótima em telas de LED e LCD. “A Calibri é ótima para currículos em formato digital, especialmente para textos corridos”, afirma Pizzo. “Também tem a vantagem de ser sóbria, mas não tão saturada e quadrada quanto a Arial, por exemplo”.

3. Times New Roman

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Criada nos anos 1930 para o jornal britânico “The Times”, a fonte tem uma estética associada ao mundo dos jornais impressos. “Ela é ótima para currículos impressos, com letra pequena, mas tem uma legibilidade péssima para o meio digital”, diz Pizzo. Se a sua intenção é mandar o arquivo para o recrutador pela internet, portanto, é melhor desistir da fonte.

Como a Arial, a Times é vítima de sua própria popularidade: ninguém mais aguenta vê-la. Mas há alternativas menos saturadas, como a Cambria, a próxima fonte desta lista.

4. Cambria

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Da mesma forma como a Calibri é uma boa substituta para a Arial, a Cambria pode ser uma alternativa interessante à Times New Roman. Isso porque, além de funcionar bem no papel impresso, ela também proporciona uma boa leitura em telas de computador.

Como é menos usada, ela também conta pontos em originalidade. “Ela tem a sobriedade da Times, sem ser tão cansativa”, explica Pizzo.

Modelo de currículo com foto para baixar e preencher

5. Comic Sans

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Motivo de ódio e chacota, a Comic Sans foi criada para o mundo dos quadrinhos. Mas seu uso acabou escapando aos gibis: de cardápios de restaurante a comunicados no elevador do prédio, a fonte é usada em todos os possíveis contextos.

“Os designers têm pavor dela, e ficou engraçado dizer como ela é horrível pelo uso inadequado que acabou adquirindo ao longo do tempo”, explica Gustavo. Para currículos, a negativa do designer é enfática. “A mensagem é brincalhona, infantil”, diz. “Até se você fosse um palhaço profissional, existiriam outras fontes mais interessantes para o seu currículo”.

6. Impact

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Criada nos anos 1960, a Impact adquiriu um status cultural imprevisto a partir dos anos 2000: virou a fonte oficial dos memes de internet. A associação com as imagens engraçadinhas das redes sociais é motivo mais que suficiente para ela passar longe dos currículos, diz Pizzo. “Ela traz inevitavelmente um tom cômico, irônico, nada profissional”, explica.

7. Monotype Corsiva

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Inspirada na letra cursiva, a fonte fica bem em materiais impressos – e só. Segundo Gustavo, ela não deve ser usada de forma alguma em currículos digitais. Além de ser difícil de ler em telas, a Monotype Corsiva tem outra particularidade que pode comprometer seu uso: sua aparência elaborada, quase kitsch, tem tudo a ver com convites de casamento e formaturas.

“No máximo, pode ser usada por profissionais mais tradicionais em títulos e assinaturas”, diz o designer. Mesmo nesses casos, é importante usá-la com parcimônia.

8. Courier New

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A fonte é outro “patinho feio” entre os designers. Pelo seu ar antiquado, típico dos textos de máquinas de escrever, ela é pesada, grosseira e cansativa para a leitura, na visão de Gustavo.

A Courier New também traz uma associação com o mundo da informática, por ser tipicamente usada em código de programação de computadores. “É um visual que pode causar estranhamento no contexto de um currículo”, afirma o designer.

9. Book Antiqua

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O nome da fonte não deixa dúvidas: ela pertence ao universo dos livros. Graças ao seu estilo clássico, ela pode ser uma boa opção para profissionais de áreas tradicionais, como Direito.

Apesar disso, a Book Antiqua tem algumas limitações. “Ela fica bem melhor no papel, já que foi projetada para uma mídia impressa”, explica Pizzo. Para aumentar a legibilidade na tela, você pode aumentar ligeiramente o tamanho das letras e o espaçamento entre as linhas.

10. Garamond

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Como a Book Antiqua, a fonte deve suas origens à impressão dos livros. Sua ancestral mais remota, projetada pelo francês Claude Garamond, apareceu numa obra publicada no ano de 1530. A fonte dá um ar sério e tradicionalista a currículos, com a vantagem de ter uma legibilidade melhor em telas de computador do que a Book Antiqua.

“A Garamond é sóbria, elegante e muito usada por designers”, diz Pizzo. “Ela está saturada no mundo dos livros, mas em outros contextos pode ser uma ótima opção”.

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Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

 

As lições que um tenista trouxe das quadras para a vida profissional

alain michel jovem de duke jogando tenis

Em idos de 2005, o tenista Alain Michel acordou mal. Tinha intoxicação alimentar. O problema é que era dia de quartas de final do principal torneio juvenil de tênis do país, conhecido como Brasileirão, e fazia 30 graus em Brasília.

“Eu mal conseguia sair da cama e enfrentaria o número 5 do ranking nacional num jogo dificílimo”, lembra. O treinador, encontrando-o  daquele jeito, pediu que ele aparecesse em quadra para uma formalidade e fizesse apenas uma jogada. (Não aparecer, o chamado WO, significa perder muitos pontos no ranking nacional.)

O adversário também sabia o que estava acontecendo. “Ele esperava que eu desistisse logo no começo da partida, mas fui teimoso. Não conseguiria entregar algo que batalhei tanto para conseguir de mão beijada”, diz Alain. O que se seguiu foi uma demonstração de perseverança, a qualidade que ele mais destaca quando se trata do que trouxe das quadras para a vida. 

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Jogou por três horas e passou mal oito vezes sob o sol forte. “Os espectadores estavam chocados com o que estava acontecendo”, fala. “Para surpresa de todos, venci meus limites e conquistei uma das vitórias mais relevantes da minha carreira. Não tanto pelo jogo em si, mas por deixar claro para mim mesmo o tipo de competidor que sou.”

Lições Praticante desde os sete anos, Alain ainda joga quando pode. “Meus pais se conheceram jogando tênis no Clube Suíço, em São Paulo, então posso dizer que faz parte da minha vida mesmo antes de nascer”, ri.

Jogou por anos, muitos deles competitivamente. Participou de torneios mundiais e profissionais e integrou o ranking nacional juvenil até se mudar para os EUA, onde estudou economia na Universidade Duke.

Alain Michel - O que um tenista trouxe das quadras para o mundo profissional
[acervopessoal]

Bolsista da Fundação Estudar, ele também integrou o time da universidade por quatro anos. Equilibrar as demandas intensas de um atleta universitário no exterior – que inclui quatro horas de treino diário – e as obrigações acadêmicas exigiu muita disciplina, outro traço que ele desenvolveu em quadra.

Também o ajudou de outras maneiras. “Praticar um esporte majoritariamente individual exige que o atleta desenvolva uma capacidade ímpar de tomar decisões rápidas, lidar com pressão e administrar suas emoções sozinho”, explica. “Acredito que esses pequenos detalhes me ajudaram muito a me desenvolver como pessoa.”

De volta ao Brasil, Alain fundou uma nova empresa, que conta com grandes empresários brasileiros como investidores e ainda está em fase de implementação (e mistério). Em tempos olímpicos, ele também reflete sobre a tristeza inevitável da derrota.

“A principal lição que trouxe das quadras para a vida é que erros e derrotas são nossos aliados para o desenvolvimento”, diz. “É importante pararmos e pensarmos neles, pois indicam para onde devemos direcionar nossos esforços para melhorar e seguir evoluindo.”

Leia também: “Desistir nunca, persistir sempre” é lema do atleta Isaquias Queiroz

‘Desistir nunca, persistir sempre’ é lema do atleta Isaquias Queiroz

atleta isaquias queiroz com medalha de prata

Em Ubaitaba, no interior da Bahia, a febre é a canoagem velocidade. Numa quadra de escola, um telão instalado pela prefeitura era palco de festas e fogos de artifício toda vez que o medalhista olímpico Isaquias Queiroz – que nasceu ali em 1994 – aparecia remando na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Foi lá que em 20 de agosto de 2017, durante a final de modalidade nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, ele conquistou a medalha de prata ao lado de Erlon de Souza. A dupla, que liderou a competição até os 750m em um percurso total de um quilômetro, ficou atrás apenas dos experientes atletas alemães.

No dia 16, quando veio sua primeira medalha da Rio 2016 (prata, na categoria individual de 1000 metros), o Brasil havia despertado para um novo ídolo e pôs-se, como Ubaitaba, a assisti-lo avidamente: nos próximos dias, ele ainda conquistaria o bronze na categoria de 200 metros. Com a prata deste sábado, fez história ao se tornar o primeiro atleta brasileiro a conquistar três pódios numa mesma edição olímpica.

No entanto, por trás da excelência demonstrada na competição e que levou euforia aos torcedores brasileiros, existe uma história marcada por valores fortes e sonhos ambiciosos.

Trajetória de Isaquias Queiroz

Do tupi “cidade da canoa”, Ubaitaba é banhada pelo Rio das Contas e, desde pequenos, os locais aprendem a remar para atravessar as águas. Isaquias não era diferente e, ainda cedo, aos 11 anos, começou a treinar a técnica visando melhoria contínua e aprimoração competitiva, por meio do programa Segundo Tempo, hoje descontinuado no município. 

“Sou grato pelo projeto social em que comecei e que me revelou”, disse. “O esporte pode mudar a vida das pessoas. Que o governo veja isso e que meu resultado e de outros possa abrir os olhos da sociedade.”

Decidiu se profissionalizar como atleta em 2009 e, dois anos depois, saiu de casa rumo ao Rio de Janeiro. Passou por diversas cidades até que, em 2014, tornou-se parte da seleção permanente, que hoje treina em Lagoa Santa, Minas Gerais.

E foi para o treinador do time masculino, o espanhol Jesús Morlan, que ele dedicou sua primeira vitória olímpica – e a primeira da história do Brasil na canoagem – no Rio de Janeiro. 

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“Em 2012, eu tinha sumido do mapa da canoagem”, explicou, referindo-se às dificuldades que encontrou para se adaptar à vida no Rio.

A indisciplina acabou lhe custando uma vaga na equipe que participou do Pan-Americano de Guadalajara, e tampouco foi aos Jogos Olímpicos de 2012. Foi nessa época que começou a ser treinado por Morlán.

A diferença fez com que Isaquias sonhasse, mais uma vez, com os maiores louros do esporte.”Podem falar que eu tenho talento, isso e aquilo, mas sem um bom cara para lapidar o diamante você não chega ao ponto certo para ser reconhecido e, sem ele, eu não teria ganhado essa medalha.” 

O reconhecimento da equipe é característica marcante no atleta. “Não é só mérito meu, é da minha equipe toda, que está de parabéns”, fez questão de declarar à imprensa no término da prova de hoje.

Outro incentivo, brinca ele, foi a chance de ter três meses de férias, um para cada medalha. “Eu tive a iniciativa de ganhar três medalhas e falei para o meu treinador. Quando ganhei duas, ele disse: ‘Você já tinha até novembro de férias, falta mais uma para ter até janeiro'”, riu.

isaquias reproducao
A dupla campeã olímpica Isaquias e Erlon [reprodução]

Superação

O esporte, que se tornou olímpico em 1936, em Berlim, é cheio de meandros. Não há costume de marcar recordes de velocidade, por exemplo, já que fatores como vento e profundidade das águas diferem muito e, não raro, milissegundos são a diferença entre a derrota e a vitória.

Nas Olimpíadas do Rio, Isaquias competiu em três de seis modalidades na canoa. Subiu ao pódio em todas, conquistando o resultado histórico para o país. 

“Quando você tem chance de medalha, você imagina tudo”, disse ele, em maio. “Quero gravar meu nome no Brasil.” Sua ambição não era à toa, mas calcada em anos de trabalho, esforço, disciplina de treinos e constante superação.

Isaquias já era uma aposta entre especialistas e vinha acumulando medalhas internacionais há algum tempo. Trouxe inclusive dois ouros e uma prata dos Jogos Panamericanos de Toronto, em 2015. A surpresa foi o número de vitórias no Rio: ele era favorito na modalidade em dupla, com o também baiano Erlon de Souza, e acabou subindo ao pódio em todas as provas que participou.

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Foi assim, menos de uma semana após colocar a canoagem no mapa, que Isaquias fez muita gente levantar no sábado de manhã para torcer pelo atleta e por sua mãe, presença marcante na arquibancada. As imagens de seus abraços após as corridas, assim como as comemorações de Isaquias dentro da água, conquistaram o país. 

O lema do canoísta é simples, mas pungente. “Desistir nunca, persistir sempre”, declarou. “Essa medalha é para todos os brasileiros que nunca desistiram dos seus sonhos.”

Sonho grande

Como é comum entre esportistas, o caminho até ali teve dificuldades. Na juventude, Isaquias passou por acidentes sérios e chegou a perdeu um rim ao cair de uma árvore, aos 10 anos. 

No ano seguinte, começou a praticar a canoagem. “As pessoas achavam que não daria certo, que seria uma deficiência. Mas acabei mostrando para o Brasil – para o mundo – que não tem nada de problema”, falou.

A falta do rim virou tanto apelido na turma quanto motivação extra para se provar na água. “Nunca deixei ninguém ganhar de mim para depois falar: ‘Eu perdi porque só tenho um rim’. Gosto de competir de igual pra igual. O ruim é quando uma pessoa perde para mim e diz: ‘Nossa, perdi para um cara que só tem um rim!’”

Para se preparar para as provas olímpicas, enfrentou uma rotina intensa: para cada semana de folga, eram oito de atividade. Pouco mudou depois que chegou Rio, mesmo tendo subido ao pódio.

Após comemorar sua primeiro vitória, tirou centenas de selfies com os novos fãs e logo sumiu de vista. Precisava trabalhar. “Eu saio do pódio e treino no mesmo dia, tem que manter o ritmo”, explicou. “Como seria bom ir pra Bahia descansar, não é?”

Na página do Comitê Olímpico Brasileiro, atualizada antes dos jogos começarem, o canoísta escreveu que seus objetivos profissionais envolviam incentivar a canoagem brasileira e ser medalhista olímpico. 

“Agora sabem o que é canoagem e não somos o patinho feio do Brasil”, disse ele, que foi recebido por uma multidão em Ubaitaba e desfilou pelas ruas da cidade num carro de bombeiros.

Sua vontade agora é aprimorar-se todos os dias para chegar em Tóquio, sede dos próximos Jogos Olímpicos, em busca do ouro. “Já tenho prata e bronze. Falta o ouro para completar o pódio.”

A boa fase continua: no Campeonato Sul-Americano de Canoagem Velocidade e Paracanoagem, que ocorreu em abril de 2017, Isaquias levou cinco ouros. No mês seguinte, faturou a medalha de prata na Copa do Mundo da categoria.

Claramente, esse é só o começo.

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“Não passar no vestibular me ensinou muito”

palestra de resultados digitais

Formado em Engenharia de Controle e Automação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Luis Franchini Casaretto trabalha há seis anos na Resultados Digitais, startup de marketing digital que contratou o desenvolvedor como seu primeiro funcionário. A seguir, ele escreve sobre as decisões de carreira que o levaram ao mundo das startups:

Não passar no vestibular para Engenharia de Controle e Automação em 2005 me ensinou muito. Era o único curso que me interessava e foi o único vestibular que prestei naquele ano. Na época, eu senti como se tivesse perdido o ano seguinte em cursinho pré-vestibular. Foram dois semi-extensivos torturantes. Até as piadas dos professores eram iguais entre um semestre e outro…

Mas o tombo foi bem-vindo. Aprendi a me dedicar. Entendi que objetivos grandes exigem sacrifícios.

Diminuí muito as saídas com os amigos e aposentei o video-game. A namorada (hoje minha esposa), via cerca de 1 hora por dia. Com a ajuda de colegas igualmente dedicados, estudei muito e me preparei. Colhi os resultados, atingi o objetivo e disso tirei uma grande lição: “Você tem a capacidade de alcançar tudo o que desejar”.

Olhando para trás fica fácil ver o motivo de não ter alcançado outras coisas. Simplesmente não havia me dedicado o suficiente. Analisando minha trajetória até então, faz bastante sentido o ditado popular “Quem quer acha um meio, quem não quer, uma desculpa”. 

Muitas pessoas se desapontam com a faculdade ou com o curso escolhido. Não foi o meu caso. Tanto que tenho vontade de repetir muitas matérias. Foi, por acaso, que logo no começo da faculdade recebi um dos melhores conselhos que tive nesse período… Um vizinho de porta, colega de Engenharia e já nos seus últimos anos me recomendou mostrar iniciativa. E que a maneira de fazer isso era procurando atividades de estágio desde o primeiro semestre.

Segui o conselho a risca.

Leia também: “Não é sua formação que importa, e sim o seu propósito de vida”

Nas primeiras semanas já havia conseguido uma oportunidade em um laboratório de motores. O estágio em si não foi muito útil. Estava bem distante do que viria a aprender na graduação e sequer tinha atividades programadas. Não importava. Eu apertaria parafusos se precisasse.

A vontade e dedicação foram percebidas por um professor que também viu o bom desempenho acadêmico e isso me rendeu meu primeiro estágio de iniciação científica no próximo semestre. Esse sim, oficial e com desafios reais!

O estágio me levou para o próximo e este na sequência à minha primeira experiência no mundo profissional. A empresa era de desenvolvimento de software para dispositivos móveis (celulares).

Um mundo totalmente diferente do acadêmico. Ali eu trabalhava com as últimas tecnologias e processos ágeis, os ciclos eram medidos em semanas e não meses e o contato com o cliente era frequente. Foi ali que conheci algumas das pessoas mais influentes na minha carreira e aprendi a importância de um time forte e coeso.

A empresa acabou fechando. Porém, algum tempo depois os envolvidos se reorganizaram e fundaram a Resultados DigitaisTive a felicidade de receber a oferta para o “primeiro assento no foguete“, ou seja, sou o funcionário #1 da RD. Nem pensei a respeito, era tudo o que queria. Uma experiência em uma startup antes mesmo de sair da faculdade.

É até difícil falar o quanto aprendi nestes últimos anos aqui. O aprendizado foi (e continua sendo) enorme em vários eixos. Trabalhar em uma startup, principalmente na fase inicial é uma experiência única. Não existem job titles, existem apenas hipóteses a serem provadas e uma equipe focada em avançar o mais rápido possível para encontrar um modelo de negócio repetitível e escalável.

Durante este período, descobri que há um traço comum entre os profissionais de sucesso e gosto de usar a palavra resiliência para resumir.

Resilência é vencer a si mesmo. É baixar a cabeça e estudar para passar no curso que você quer independente do quanto jogar video-game seja mais divertido. Resiliência é vencer, mesmo escutando 100 nãos em um processo de captação de investimentos. Resiliência é cumprir o que se acorda consigo mesmo, e independente de qualquer obstáculo.

Um filme que traduz esse valor de uma forma profunda e emocionante é ‘À Procura da Felicidade’ com Will Smith. Até hoje me recordo de uma passagem em que o Will Smith no filme diz para seu filho: “If you wan’t something, go get it. Period.”

Por último, quando começar a buscar por oportunidades, recomendo fortemente que você veja o ebook  Como é o trabalho em uma startup? para conhecer as oportunidades e benefícios únicos que só esse tipo de carreira oferece!

 

 

 

As táticas de atletas de alto desempenho que podem te ajudar na carreira

atletas em corrida

Ao sucesso não se chega por meio de atalhos e qualquer prova da Olímpiada corrobora essa tese. O esporte, aliás, é um grande professor neste quesito. “Treinar, superar limites, competir, aprender com as vitórias e derrotas faz parte do dia a dia de um campeão”, diz o coach André Franco. As atitudes que levam um atleta ao pódio levam um profissional ao topo de qualquer carreira. Confira quais são elas, segundo coaches e especialistas:

1. Sonho

“Todo atleta tem ao menos um grande sonho. A partir disso, uma história de realizações e conquistas é construída”, diz Franco.

Qualquer semelhança com o destaque no mundo dos negócios não é mera coincidência. O livro Sonho Grande, que apresenta a trajetória de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira (fundadores da Fundação Estudar) ilustra bem o papel do propósito no sucesso.

Vencedores não deixam que limites de seus recursos deem o contorno de seus sonhos, segundo o especialista. “Quando sonham não pensam em suas limitações financeiras, culturais ou habilidades disponíveis no momento”, diz.

Se Flávio Augusto da Silva, fundador da Wise Up! tivesse se deixado abater pelos seus problemas, no início de carreira, certamente não estaria hoje entre os bilionários.

Você precisa saber qual é a sua meta para focar e investir todos os esforços em busca da sua realização”, diz Janaina Manfredini, coach da Effecta Coaching.

2. Estratégia

“Uma série de fatores pesam para uma vitória”, diz o médico, escritor e palestrante Roberto Shinyashiki. E esses aspectos são levados em conta na hora de desenhar a estratégia, ou seja, o planejamento para atingir os objetivos de carreira.

Para um atleta é preciso determinar as competições em que se inscrever e a rotina de treinamentos, entre outros aspectos, que funcionarão como seu plano de carreira.

“Na vida gastamos muito tempo, energia e dinheiro em atividades que geram pouco ou nenhum resultado que seja relevante para atingir nossos sonhos”, diz Franco. Pessoas de sucesso se concentram em atividades que estão alinhadas aos seus objetivos finais, segundo o coach.

Ele indica aos profissionais que anotem as etapas realizadas no início, meio e fim do objetivo. Determinar como, por quem e quando cada tarefa será realizada e prestar atenção em tudo que evidencie que o rumo tomado é o certo também são algumas dicas de André Franco.

3. Competência

Reconhecer o impacto no desempenho da carência ou do déficit de uma habilidade é próprio dos atletas vencedores. “O atleta vencedor sabe que dom e talento não são suficientes para garantir as vitórias, e que é necessário treinar muito para desenvolver suas competências e obter cada conquista”, diz Franco.

A competência da ginasta Simone Biles, medalhista de ouro no individual geral da Olímpiada, é um dos aspectos que mais chamam a atenção nas suas apresentações. Sua técnica considerada perfeita para aceleração, salto e aterrissagem são parte do show que ela deu ao disputar a final da competição.

Quais as habilidades necessárias para que você atinja seu objetivo profissional? Quais sacrifícios está disposto a fazer para chegar lá?

Leia também: Determinação de atleta para o sucesso no mundo dos negócios

4. Ação

“De nada adianta termos grandes sonhos, uma excelente estratégia e competência necessária se não colocarmos em prática nossas ideias”, diz Franco.

Os vencedores, diz ele, treinam como se estivessem competindo e mantêm uma consistência impressionante para conseguir aquilo que planejaram. As palavras chaves são disciplina e consistência.

“Em muitos esportes de alto rendimento, os índices de aproveitamento nas jogadas determinam o resultado e vence o indivíduo ou equipe que errar menos frente às oportunidades”, diz Franco. Muitas vezes são detalhes que separam a vitória da derrota.

O importante, segundo o especialista, é pensar em ganhos e benefícios de realizar o objetivo e avaliar as perdas possíveis ao não entrar em ação. Aprender com os resultados já obtidos e buscar melhoria contínua vão garantir cada vez mais ações eficazes.

5. Emoção

Preparação emocional é tão importante quanto a técnica para atletas e demais profissionais. “Assumir riscos, lidar com o medo, pressões e manter o controle de suas ações é o grande desafio dos campeões”, diz Franco. E de qualquer pessoa.

Gerir as emoções é uma habilidade que a cada dia ganha mais importância no trabalho. Para chefes é ainda mais crítica para o bom desempenho. Por quê? Porque que a influência na tomada de decisão é grande, perder a cabeça é fatal para estratégia.

Visualizar e se preparar para diferentes cenários, tanto positivos quanto negativos, ajuda ninguém menos do que o maior campeão de todos os tempos da natação. Antes de competir, Michael Phelps já tem vários planos de ação definidos na sua cabeça e os coloca em ação à medida que as coisas vão acontecendo.

Aprender com erros e fracassos também é um aspecto essencial, segundo atletas e executivos de sucesso. São essas experiências que proporcionam os ajustes de rota necessários para atingir o objetivo definido.

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Este artigo foi originalmente publicado em Exame.com

‘Nossas Cidades’: como um projeto da sociedade civil pode transformar políticas públicas

Alessandra Orofino cofundadora do Meu Rio

Em 2007, o Rio de Janeiro oficializou sua candidatura para ser sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. O projeto enviado ao Comitê Olímpico Internacional – os pré-requisitos do COI são famosos pela minúcia e preenchem milhares de páginas – previa obras de transporte público e infraestrutura em quatro regiões, que seriam um legado para a população após o evento.

A beleza natural, o bom momento econômico brasileiro e o fato de que a cidade seria a primeira anfitriã da América do Sul foram alguns dos motivos que levaram o Rio a ganhar de gigantes como Chicago, Madri e Tóquio.

Em 2008, empolgada com a chance de melhorar sua terra natal, Alessandra Orofino cofundou a Meu Rio com um amigo, Miguel Lago. Ela estava na cidade em um ano sabático, enquanto se preparava para estudar na Universidade Columbia, em Nova York.

“Vimos que o Rio mudaria muito rápido e havia uma era de ouro começando, com investimentos federais e estaduais”, lembra. “Mas como acontece com todo processo de mudança urbana, não se tem necessariamente o cidadão no centro do processo. Se ele não tiver oportunidade de entrar na disputa, os resultados acabam orientados por outros interesses mais bem articulados.”

A ideia tornou-se levar o cidadão para a arena de decisões de políticas públicas, e os jovens decidiram criar uma plataforma que ajudasse a fortalecer a cidadania e a expressão da vontade popular.

Ao criar uma rede em que pessoas pudessem se juntar e que oferecesse instrumentos de ação e compreensão sobre o processo político, os cidadãos poderiam se mobilizar de maneira mais eficaz. Era algo novo, numa época em que redes sociais e petições online ainda não eram tão difundidas.

A dupla ficou quase um ano trabalhando sem investimentos. Após o período de testes, com uma visão mais clara e um modelo sustentável e alinhado, começaram a buscar capital.

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“Quando começamos, mapeamos os contatos na nossa rede e fomos passando o chapéu”, ri ela. “A primeira rodada foi menor. Nós mostramos resultados e a segunda rodada melhorou. Nunca usamos editais ou pedimos nada para os governos.”

As sugestões de temas, que podem ser enviadas por qualquer membro da comunidade, são revistas por uma equipe de cinco pessoas. Entre os critérios utilizados estão alinhamento com a visão de cidade da organização (democrática, justa, aberta) e urgência (é um projeto sendo votado naquela semana, por exemplo?).

Meu Rio
[divulgação]

Em seguida, as demandas são levadas aos “supervoluntários” e membros mais ativos da comunidade, quando possível dentro de suas áreas de preferência e expertise, como saúde ou transporte. Aprovadas, passam a ser alavancadas internamente e voltam à rede como campanhas de mobilização.

O projeto cresceu – há 200 mil membros cadastrados só no Rio – e deu tão certo que se espalhou. Em 2011, surgiu a rede Nossas Cidades, que inclui também Minha Blumenau, Minha Campinas, Minha Curitiba, Minha Ouro Preto, Meu Recife, Minha Sampa, Minha Garopaba e Minha Porto Alegre. Versões em Belém, João Pessoa e Oiapoque estão em vias de aprovação.

História O interesse de Alessandra por gestão pública começou no Canadá, quando ela tinha 13 anos. Sua mãe foi convidada para dar aulas na Universidade McGill, em Montreal.

Alessandra aprendeu francês lá, na parte francófona do país, e quis continuar estudando no idioma. De volta ao Rio, matriculou-se numa escola francesa. Ao se formar, conta, estudar na França pareceu algo natural.

“Eu queria muito estudar ciências políticas, porque tinha visto muitas diferenças na provisão de serviços públicos entre os países”, fala. “Eu queria saber por que a nossa é tão deficitária e como podemos melhorar.”

Com bolsa do governo francês, começou os estudos no famoso instituto Sciences Po, em Paris. O currículo, no entanto, era muito voltado para a gestão pública francesa e desanimou a brasileira. Terminou o primeiro ano e voltou ao Brasil nas férias de verão, indecisa.

No meio tempo, adquirir experiência lhe pareceu a melhor decisão. Estagiou no Instituto Promundo, atuando em campanhas contra a violência contra a mulher e contra a criança, e viajou para a Índia, onde trabalhou numa ONG parceira pelo fim da desigualdade de gênero.

Foi em Nova Déli que a ideia de estudar em Columbia, também muito forte em ciências políticas, tomou forma. “Eu estava conversando com uma professora minha de Paris, que na verdade dava aula em Nova York, e ela disse que eu deveria aplicar”, lembra. “Como a relação institucional é forte entre as duas instituições e eu tinha boas notas, poderia pedir equivalência.”

Na Índia mesmo, Alessandra se preparou para as provas específicas para aprovação em universidades americanas, como os SATs e o teste de inglês TOEFL. Fez todas na embaixada americana da cidade e enviou sua application. Passou.

Com a aprovação, vieram outros problemas. Além dos custos de vida serem bastante altos na cidade, ainda havia o preço da universidade, cerca de US$ 60 mil por ano. (Na França, a Sciences Po era gratuita.)

Para dar um jeito, a carioca adiou a matrícula em um ano e voltou ao Rio para trabalhar. “Juntei cada centavo”, diz. Atuou numa consultoria e traduziu de tudo, fosse português, inglês, francês, espanhol ou italiano. Ao mesmo tempo em que colocava a Meu Rio de pé, tornou-se bolsista da Fundação Estudar, que pagou parte dos custos.

Crescimento Uma vez em Nova York, Alessandra ainda tinha uma conta para fechar. Acabou conquistando um trabalho tipo dois-em-um, que lhe ajudou nos custos de ensino e lhe ensinou como funcionava uma ONG ao mesmo tempo.

“Cheguei lá com seis meses de dinheiro e corri atrás de um estágio autorizado que, ao invés de me pagar um salário, pagaria parte da minha tuition”, explica. Encontrou a pequena Purpose, onde foi a quarta contratada.

A ONG, uma consultoria estratégica que tem hoje mais de 100 funcionários, atua como incubadora de movimentos sociais voltados para a mobilização de pessoas – justamente como a Meu Rio.

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Em quatro anos de casa, Alessandra foi de estagiária à mais jovem diretora de estratégia. No dia a dia, avaliava o impacto que uma iniciativa queria ter e desenhava as possibilidades. Que tipos de políticas públicas ajudariam a alcançar aquele objetivo? Em que lugares? Qual seria a melhor abordagem?

Foi uma escola. “A Purpose acabou surgindo”, explica. “Às vezes só temos que estar abertos e abraçar o que vem.”

De casa Formada, voltou ao Rio em 2014 e dedica-se ao Nossas Cidades, que tem 33 funcionários, como diretora executiva.

“Vivemos de doações, que vem basicamente dos membros que participam e veem valor nessa proposta”, diz ela sobre o modelo de negócios, que inclui desenvolvimento de plataformas e gastos com a equipe que pesquisa os temas e mobiliza a rede. “Já tivemos duas mil pessoas doando pequenas quantias.”

Alessandra é a responsável pelo relacionamento com grandes doadores e representa a organização em palestras e eventos. Também está constantemente identificando metodologias de mobilização e aprimorando as ferramentas da organização – e ainda supervisiona a parte de operações da instituição, que inclui a gestão de pessoas e financeira.

A rotina é puxada, mas ela não liga. “A ideia inicial fez jus ao que nós imaginávamos”, diz. “Diziam que o jovem só quer ir pra praia, mas não é verdade! Somos dessa geração e sabemos que o jovem quer mudar a cidade. Em 2013, uma chave virou e demonstrou que estávamos certos: as pessoas querem, sim, falar de política.”

Munidos de informação e desenvolvendo demandas específicas – ao pensar numa clínica de família no bairro e não só na saúde como um todo, por exemplo –, os brasileiros são capazes de criar mobilizações fortes e organizadas, que trazem resultados. “É um ecossistema amplo, que superou as expectativas de todos.”

Realidade Oito anos depois, as Olimpíadas enfim chegaram ao Rio de Janeiro. Pragmáticos, os cariocas já pensam num legado diferente, que envolva a mitigação de problemas e prestação de contas. É a chamada ressaca olímpica.

“As pessoas removidas já foram removidas, mas para onde? Como mudamos as injustiças que surgiram pelo caminho?”, exemplifica Alessandra. “Vamos manter as mudanças positivas e encarar as negativas, sem negar a cidadania a ninguém.”

Mesmo com o evento ainda em curso, as demandas já se solidificam. “A atuação da Meu Rio é contínua”, resume Rodrigo Arnaiz, diretor da organização. “E algumas pautas centrais, como mobilidade urbana, sustentabilidade, educação e segurança pública, acabam tendo mais destaque durante os grandes eventos.”

A equipe da Meu Rio
[divulgação]

Entre as atuais campanhas da Meu Rio estão a convocação de agentes de apoio à educação especial, trazida por mães de alunos com deficiência – o concurso público da prefeitura foi feito, mas os novos agentes nunca foram chamados – e a mudança de nome da estação São Conrado de metrô.

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A mobilização é demanda dos moradores da Rocinha, que querem que o ponto, construído para os Jogos e vizinho à comunidade, se chame São Conrado-Rocinha. “É uma questão de afirmação e orgulho territorial”, diz Rodrigo.

Há também a campanha de apoio à CPI Olímpica, para investigar contratos entre empreiteiras e prefeitura. Após pressão popular e uma avalanche de emails lideradas pelo Meu Rio, que começou em março, cidadãos conseguiram o número mínimo de assinaturas de vereadores para instalar a CPI.

Quando o presidente da Câmara municipal resolveu segurar o pedido, a rede pressionou novamente com um “telefonaço” para seu gabinete e intervenções urbanas, que atraíram a mídia. Após duas sessões – na segunda, os membros da Meu Rio foram impedidos de entrar pelo presidente da CPI –, um vereador contrário ao inquérito conseguiu uma liminar para impedi-lo. O processo está parado desde maio, mas a mobilização continua.

“Percebemos que todas as ações feitas para impedir a CPI motivaram mais as pessoas, que perceberam que existem interesses duvidosos por trás desse esforço de abafar as investigações”, diz Rodrigo. “E é importante lembrar que essa é apenas a segunda CPI que vai contra os interesses do prefeito e da base governista na Câmara que consegue ser instalada desde 2012.”

Para Alessandra, o processo inteiro é um ciclo virtuoso: cada campanha fortalece sua crença de que este é o caminho certo. “Nem parei para pensar se fazia essa escolha profissional. Tivemos a ideia e, quando vimos, estávamos fazendo”, fala. “É apaixonante fazer o que você ama e ver que milhares de outras pessoas também se interessam.”

Como deixar o emprego em uma cultura que te diz para “nunca desistir”?

reflexo de jovens

Olivia Barrow é, em muitos aspectos, uma millennial quintessencial. Decidiu deixar o emprego fixo para viver como freelancer, mantém-se profissionalmente ativa na internet (se diz “blogueira por acidente”) e está à procura de um vínculo empregatício que a satisfaça.

Ao mesmo tempo, é consumida por dúvidas, assim como a maioria dos colegas na mesma situação. Como um currículo cheio de mudanças é visto no mercado? Será que mudar de carreira vale a pena? O que fazer se este for o caminho errado? (Existe caminho, a essa altura do campeonato?)

Em um post recente, publicado no LinkedIn, ela fala sobre a experiência de deixar um emprego garantido e buscar uma mudança na carreira como autônoma. O texto repercutiu e já tem mais de mil comentários com dicas, conselhos e palavras de encorajamento da comunidade. “Se podemos fazer os sonhos dos outros darem certo, por que não os nossos?”, questiona um usuário. Confira o ensaio de Olivia abaixo, traduzido pelo Na Prática:

“Você está oficialmente desempregada agora, certo? Parabéns!” Foi o que me disse uma amiga no sábado, dois dias depois do meu último dia em minha primeira empresa, após quatro anos.

Recebi muitos parabéns desde que me demite, tanto de pessoas que sabiam que eu estava infeliz quanto de quem estava alheio. “Obrigada”, eu respondia, sem muita certeza do que falar. Sem certeza de que os parabéns eram sinceros – a outra pessoa realmente aprecia o que foi necessário para sair de um trabalho bem pago e procurar minha felicidade, sem algo fixo alinhado no meio tempo? Será que estava secretamente com inveja? Ou é um reflexo do tipo ‘a pessoa faz grande mudança profissional → dê os parabéns.

Ou será que sabem algo que eu não sei? Do meu ponto de vista, eu poderia ter cometido um grande erro.

Pessoalmente, não tenho certeza que mereço ser parabenizada.

Foi corajoso? Ou foi covarde? De um lado, demitir-se parecesse uma derrota. “Eu não desisto”, eu disse aos 15 anos para minha mãe, com meus braços cruzados no peito e lábios tremendo, quase chorando enquanto enfrentava os testes (tão dramáticos!) de física avançada.

“Não desista”, disse o cara com uma regata da Nike, um ultramaratonista que me ultrapassou correndo na ciclovia. “Nunca desistam”, disseram as mulheres no inspirador e empoderador evento Women of Influence em Milwaukee, no mês passado. Mas, com o mesmo fôlego, elas gritam: “Sigam seus sonhos!”.

E se seguir um sonho significar desistir de outro? A mensagem de “mantenha o curso” me bombardeia de todos os cantos. E os pivôs estratégicos? Há uma diferença entre recuar para reagrupar e fugir dos desafios?

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Alguns amigos fazem uma pergunta de follow-up: “Você está assustada?”

SIM. Na verdade, estou aterrorizada. Estou saindo da trilha. Estou deixando um emprego que me garante credibilidade instantânea com o apoio de uma instituição comunitária. Quando você diz que é reporter do Milwaukee Business Journal, as pessoas se ajustam para dar espaço ao seu ego e fazem um respeitoso aceno com a cabeça. Vamos supor que você seja freelancer. Esse aceno muda imperceptivelmente para o lado, conforme o respeito vira dúvida.

É provavelmente assim que alguém que ganha a vida como artista deve se sentir. Meus parabéns, artistas, e minhas infinitas desculpas por todas as vezes que meu aceno tinha um quê de dúvida.

Uma grande surpresa foi a reação de meus mentores sênior. Sem exceções, todos me dão apoio. E isso vem da geração que valoriza a resistência, a lealdade, passar por tudo para chegar ao objetivo final, uma aposentadoria confortável. São eles que criticam os millennials por sonharem com encontrar satisfação instantânea no primeiro emprego.

E mesmo assim, quando conto que estou pensando em mudar de carreira, me demitir para me tornar freelancer e me dedicar a descobrir minha verdadeira paixão, eles dizem: vai em frente.

Mas as dúvidas ainda estão na minha cabeça:  Não se demita. Você não vai conseguir sobreviver por conta própria. Faça o que é mais esperto. Você não está se esforçando o suficiente.

Quando era pequena, nunca sonhei em ser jornalista. Sonhava em ser uma autora. Comecei meia dúzia de livros e passei semanas sonhando acordada com relacionamentos complexos e reviravoltas nas histórias. Ao longo do caminho, a realidade apareceu – crianças de cinco anos poderiam ter escrito essas histórias – e eu deixei esse sonho de lado.

Decidi tentar jornalismo porque, nas minhas palavras aos 17 anos, “no jornalismo, alguém te diz o que escrever”. Mal sabia eu. Mais tarde, eu diria aos outros que estava presa no jornalismo pelas pessoas que eu encontrava e pelo fato de que eu podia fazer perguntas como “qual é sua maior insegurança?” cinco minutos depois.

No ano passado, enquanto continuava trabalhando como jornalista, comecei a me identificar como escritora pela primeira vez – principalmente por causa do sucesso que tive escrevendo no LinkedIn.

Simultaneamente, também foi a primeira vez desde a faculdade que realmente considerei ganhar a vida fazendo outra coisa que não escrevendo, conforme percebi que não precisava ganhar a vida escrevendo para que pudesse continuar escrevendo.

Mas agora é de verdade. Olivia Barrow, escritora de aluguel.

É um grande passo rumo ao desconhecido, longe da segurança de um salário. Pode ser um passo insensato. É provavelmente insensato. Posso fugir do auto-emprego em alguns meses e correr de volta para o abraço de um empregador.

As boas novas são que a única pessoa que preciso consultar agora sou eu. As más novas são que a única pessoa que preciso consultar agora sou eu, e eu sou minha pior crítica. Aqui vai.

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