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‘É importante ser obcecado por metas e resultados’, diz profissional de marketing digital

Homem jovem de óculos sorri em frente ao laptop

Para entender melhor sobre como é a carreira em marketing digital, nada melhor do que conhecer quem já passou por várias experiências envolvendo a área. Empreendedor por natureza, Vinícius Mont Serrat criou o seu primeiro negócio na internet aos 16 anos. Aos 18 fundou a primeira agência especializada em mídias sociais de Minas Gerais e aos 22 se mudou para São Paulo, onde atuou na gestão e na estratégia de mídias digitais da Coworkers.

Atualmente, com 24 anos voltou a empreender com o objetivo de mudar, pelo menos uma parte, do mundo. Para isso, lidera a Pocket Lab, que atende projetos de desenvolvimento e consultoria de marketing digital, e a DigiPocket com foco na educação de micro e pequenos negócios através da internet.

Formado em Administração, acredita que o curso foi a sua base para entender sobre negócios, finanças e marketing: “Isso é muito importante para você compreender o seu cliente, e assim poder comunicar o produto dele da melhor forma e saber avaliar se está havendo retorno sobre o investimento. O conhecimento técnico é importante, mas mais importante que isso é entender que o marketing digital precisa gerar lucro, pois só assim ele se torna sustentável.”, comenta Vinícius.

Por outro lado, ele diz que é impossível generalizar e apontar qual seria a melhor formação para quem quer trabalhar com marketing digital, já que isso depende muito da área pela qual a pessoa se interessa: “Para a área de Business Intelligence (BI), por exemplo, ter formação acadêmica em Matemática ou Estatística, é um grande diferencial. De qualquer forma, o curso superior é apenas uma base geral, pois os estudos não podem parar nunca. Estar sempre em busca de cursos online e presenciais para atualizações e ganho de conhecimento devem ser sempre uma das prioridades.”

O perfil ideal Entre as competências que um cargo na área de marketing digital exige, Vinícius ressalta algumas características: “É preciso ser multifuncional, proativo e atento a toda e qualquer novidade que surge, o tempo todo. Outra coisa importante é ser obcecado por metas e resultados, porque neste universo cada detalhe pode provocar mudanças enormes”, explica. 

No dia a dia, o principal desafio desse profissional é conseguir acompanhar as transformações da tecnologia e de comportamento das pessoas, que acontecem em uma velocidade extremamente rápida e por vezes, até surreal: “Seguir essas mudanças faz com que você continue andando na frente e colhendo os melhores frutos. Outro desafio importante é ter foco no objetivo, e não desviar a atenção dele, pois isso pode te levar para longe do que foi combinado no início.”

Empreendedorismo x grande agência Logo no início da sua carreira em marketing digital, em 2008, Vinícius montou a sua própria agência especializada, a I9 Social Media, junto com a sócia Mariana Veiga. “A fase inicial da empresa foi de educar um mercado que não conhecia as redes sociais, e muito menos sabia que ela poderia gerar negócios e lucro para suas empresas. Apesar da fase difícil, em pouco tempo os resultados alcançados nos deram visibilidade e credibilidade, e fizeram a empresa decolar e se tornar lucrativa.”

Em busca de novos desafios, em 2012, Vinícius e Mariana decidiram vender a agência e aceitaram o convite de integrar a equipe da Coworkers: “Passamos dois anos trabalhando em um universo com muitas diferenças do que estávamos acostumados, mas com um mesmo interesse, em resultados palpáveis que fizessem valer a pena o investimento realizado. Durante este período, tive a oportunidade de liderar toda a operação da empresa, uma área até então pouco desbravada por mim – monitoramento e métricas -, além de gerenciar projetos e clientes diretamente. Em todos os casos, o intraempreendedorismo foi fundamental para me manter satisfeito profissionalmente, e para amadurecer a empresa onde eu estava”, explica.

Sobre as principais diferenças dessas fases da carreira, ele afirma que a principal é o paradoxal conflito entre o tempo livre e a liberdade: “Quando você é dono do próprio negócio, tem menos tempo livre, porém mais liberdade para fazer seus horários. Por outro lado, quando você trabalha em uma empresa como funcionário, você tem mais tempo livre, mas menos liberdade para fazer seus horários.”

Para Vinícius, apesar das peculiaridades que envolvem a rotina de cada profissional e empresa, uma coisa nunca pode mudar para quem trabalha com marketing digital: o respeito e zelo pelo capital do cliente, independente do seu tamanho. É preciso entender que o principal foco deve ser solucionar o problema de quem te contrata, em busca da meta que foi traçada, seja ela qual for.

Marketing digital no Terceiro Setor É importante ressaltar que um profissional de marketing digital também pode trabalhar em outros setores da sociedade. Para falar sobre isso, Vinícius comenta sobre o período em que trabalhou na Coworkers e participou de um projeto com a Fundação Fenômenos, criada pelo ex jogador de futebol e camisa 9 da seleção brasileira Ronaldinho, que tem como maior objetivo aumentar o IFB (índice de felicidade bruta) do Brasil, viabilizando outras ONGs a cumprirem seus objetivos:  “Organizações do terceiro setor, apesar de não parecer, tem objetivos muito similares aos de outras empresas, ou seja, busca por aumentar seus recursos e engajar mais pessoas. A grande diferença é como elas fazem e transmitem isso para o seu público.  Algo que conta a favor do terceiro setor, é a maior facilidade em contar histórias, e com isso engajar pessoas”.

Para seguir carreira em marketing digital Unir a teoria e a prática é a chave para ser um excelente profissional da área. É preciso estudar muito, acompanhar as novidades do mercado, analisar o que tem dado certo e o que tem dado errado. Acompanhar e saber o que é tendência, o que é realidade e o que já se tornou passado. Ver como as pessoas se comportam em determinados ambientes, como engajar e como liderar grupos: “Estudar tudo isso te garante apenas 50% do que você precisa para ter sucesso. Os outros 50% estão na prática. Ela prova o que realmente dá certo ou não.”, afirma Vinícius.

Por isso, se você quer seguir essa trilha profissional, a dica final é uma só: seja estudando ou praticando, comece a traçar o seu futuro agora.

As lições de quem empreendeu tendo um emprego ao mesmo tempo

Homem faz multitasking com par

Ter um negócio não é uma tarefa fácil. Porém, para alguns empreendedores, essa jornada exige ainda mais disposição – isso porque eles decidiram conciliar a empresa própria com um emprego em tempo integral, ao menos por um tempo.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com os quatro empreendedores da startup Stoodi, que prepara reforços escolares e materiais preparatórios para o Enem, de forma online. Daniel Liebert, Gustavo Uehara, Nilson Rego Jr. e Vinicius Neves conciliaram o emprego fixo com o negócio durante sua criação.

Uehara ficou um ano e meio nessa situação, por exemplo. “Eu começava a trabalhar no design e no desenvolvimento do negócio umas 20h e o horário em que eu acabava dependia do projeto. Às vezes eu acabava à meia-noite, às vezes umas três ou quatro da manhã”, conta.

Liebert conta que o objetivo era testar a ideia antes de se dedicar em tempo integral: “A gente resolveu começar nesse esquema paralelo para reduzir o risco de carreira. Se desse errado, manteríamos os trabalhos. Se desse certo, a gente avaliaria se valeria permanecer no emprego ou não.”

Leia também: Durante a faculdade, é melhor fazer um estágio ou abrir minha primeira startup?

O empreendedor serial Alan Soares conta que fundou um negócio próprio pela vontade de mudar o mundo. Ele e mais um sócio administram a Cinequanon Cultural, agência que trabalha com a criação de projetos para transformações sociais, culturais e econômicas. Quando a empresa foi registrada, em 2012, ele ainda era funcionário de uma empresa de educação para investidores. No fim, acabou virando sócio também do negócio no qual era funcionário.

Já Carmen Lúcia conciliou emprego e negócio próprio para complementar a renda, usando suas habilidades na cozinha. Enquanto trabalhava em um supermercado, Carmen cuidava também da Salgados Carmen. “Eu entrava meio-dia no mercado, mas acordava cinco da manhã para fazer salgado. Sempre tive vontade de abrir um negócio, mas tinha receio. Registrada, você se acomoda”, conta. Após cinco anos de conciliação, Carmen perdeu seu emprego em março deste ano. Viu a oportunidade de tocar a Salgados Carmen de forma integral e, hoje, faz três mil salgados por semana.

Veja, a seguir, as dicas desses empreendedores para quem está conciliando negócio próprio e emprego fixo (ou pretende estar):

1. Avalie se isso é para você

Quando o empreendedor concilia trabalho fixo e negócio próprio, é comum que trabalhe mais do que seus conhecidos e, no curto prazo, fique com menos dinheiro no bolso. Por isso, é preciso saber se você está disposto a optar por uma dupla jornada, segundo todos os empreendimentos entrevistados.

“Saiba que você estará deixando de ir à academia ou ao bar para continuar trabalhando, agora em um negócio que é seu. Seja honesto consigo mesmo na hora de decidir: saiba se você é forte para aguentar as pancadas, que serão várias”, recomenda Soares, da Cinequanon.

“Esteja bem ciente de que trabalhar por conta própria não é tão fácil quanto pensam. Eu trabalho muito mais agora, por exemplo. Mas, mesmo a vida sendo mais corrida, estou mais feliz”, afirma Carmen.

Já Liebert conta um caso da própria Stoodi. “Nesse tempo de jornada dupla, nós gravávamos as aulas em uma escola no final de semana, por exemplo. Estávamos dispostos a pagar o preço de trabalhar em feriados e de madrugada, para fazer isso virar. Aí vai muito de perfil.”

2. Conheça qual o tipo do seu negócio

É possível ser funcionário e dono de uma empresa ao mesmo tempo? Isso depende do objetivo do seu empreendimento, afirma Soares. “Tem negócios que são feitos para serem escalados, enquanto outros são apenas para obter uma renda extra. Se você pensa na segunda opção, você pode se organizar para ajustar os horários.” Porém, se seu objetivo com a empresa for expandir as operações, é quase certo que você deverá abandonar seu emprego no futuro.

Liebert, da Stoodi, recomenda também olhar para o timing do mercado em que sua empresa irá atuar. Isso é fundamental para saber se você pode tocar o negócio com mais calma ou não. “Nós avaliamos que nosso negócio estava em um setor em que sair na frente não era tão importante assim. Conseguimos essa conciliação de empreendimento e emprego por meses, trazendo os sócios para trabalhar só com o Stoodi aos poucos. Porém, quando o empreendedor vai atuar em negócios com timing, é pouco possível fazer o que fizemos”.

3. Tenha organização

Organização é a palavra de ordem na hora de ter uma dupla jornada, decreta Uehara. “Eu tentava me organizar ao máximo. Quando eu trabalhava no Stoodi, esquecia o que fazia no trabalho, e vice-versa. Já era estressante e cansativo por si só, porque é um período longo trabalhando. Se eu pensasse no outro emprego, ainda, não daria certo.”

No caso, a antiga profissão de Uehara o ajudou. Ele trabalhava como Scrum Master, um profissional que segue princípios de agilidade para planejar e gerir projetos. “Estudar bastante essa área é importante, com conceitos como Scrum e Lean Startup. Eu trouxe esses conselhos para organizar minha própria rotina”, conta.

Deixar de ter essa organização pode até fazer com que você perca sua clientela. “Se o freguês pede algo e você diz que não tem como cumprir esse pedido, ou só pode fazer durante o final de semana e vai entregar daqui a muito tempo, ele deixar de procurar na sua empresa”, alerta Carmen. “Ficar conciliando emprego e negócio sem organização é não fazer nenhum direito.”

4. Não deixe de se dedicar ao emprego

A organização do tempo não é importante só para reduzir o estresse do empreendedor, mas também para manter a produtividade durante a dupla jornada. Fazer atividades da sua empresa durante as horas de trabalho como funcionário prejudica a produtividade e é uma desonestidade com seu empregador. “Ele vai acabar sabendo, uma hora ou outra, e uma das suas fontes de renda será comprometida”, ressalta Soares. “Isso é especialmente ruim nesse momento, quando o salário é destinado ao sustento do começo do negócio.”

5. Busque algo pelo qual você seja apaixonado

Manter emprego e empreendimento próprio já é difícil. Mas pior ainda é quando não há interesse real pelo negócio. “Não dá certo investir no negócio só porque você conhece alguém que se deu bem. Trabalhar por conta é bom só se você gosta do que faz, porque pede uma disponibilidade total”, alerta Carmen.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

USP oferece curso online gratuito sobre administração

Homem mexe em tablet em mesa de café

Para aqueles que se interessam pela área empresarial, a Universidade de São Paulo (USP) oferece um curso gratuito pela plataforma Veduca sobre Fundamentos de Administração. O tema principal da formação é gerenciamento de empresas e os 17 módulos podem ser acessados a qualquer momento, no ritmo que o aluno desejar.

Durante as aulas, os alunos serão apresentados a conceitos de administração, planejamento, organização, direção, as funções de um administrador, entre outros. Ainda, os estudantes poderão participar de um fórum online para trocar experiências e tirar dúvidas. Saiba mais aqui!

 

‘Empreender é transformar o improvável em inevitável’, diz fundador da aceleradora 21212

Rafael Dunton

Filho do primeiro funcionário do Sebrae (Evandro Peçanha, atual Diretor de Desenvolvimento no Sebrae RJ), Rafael Duton, 38, da aceleradora 21212, cresceu ouvindo muito sobre empreendedorismo e a importância das pequenas empresas para a economia e o futuro do Brasil. Estudante do São Bento, colégio tradicional tido por muitos como a melhor do Rio de Janeiro, ele começou cedo nesse caminho.

Ainda pré-adolescente começou a vender jogos de computador (MSX e XT/AT286) pela Tijuca, bairro em que morava. Cursou Engenharia da Computação e fez parte do grupo que criou e lançou a Empresa Jr da PUC-RJ. Em 1999, montou uma empresa que tinha a proposta de ser uma espécie de home broker. Mas era tudo ainda muito novo na internet e com a bolha estourando em 2000 a empresa que estava sendo lançada, com uma parceria de um banco internacional, fechou.

Nessa época, a Empresa Jr fazia um projeto de consultoria na Osklen, marca de moda que crescia rapidamente mas ainda era uma empresa de médio porte. Desse projeto, surgiu o convite para ele e outros membros da Empresa Jr trabalharem na Osklen em definitivo fazendo um processo de reestruturação da empresa.

Em 2000, já contratado, Rafael desenvolvia em paralelo uma empresa de software como parte do trabalho de conclusão do curso de Graduação na PUC. A ideia era fazer jogos e produtos para celulares. Acabou sendo muito mais do que isso. Ele deixou a Osklen e em pouco tempo a startup, chamada nTime, conseguiu um investimento anjo. Eles entraram na recém-criada incubadora da PUC-RJ (Gênesis) e dois anos depois levantaram voo.

Em 2003, foram selecionados como Empreendedores Endeavor, pelo crescimento agressivo que tinham e o potencial de se tornarem um grande negócio. A primeira grande fusão ocorreu em 2008, com a Compera, quando captaram investimento do grupo Naspers, que no Brasil até então havia investido apenas na Editora Abril. A empresa mudou de nome para Movile e seguiu sua escalada até se tornar a maior do Brasil em seu segmento (o de desenvolvimento de aplicativos para celular e tablets) depois a maior da América Latina e hoje uma das maiores do mundo. Muitos dos produtos da Movile são líderes em seus mercados, como o Playkids e o ifood.

Seu projeto mais recente é a 21212, que surgiu em 2011 de uma vontade grande de replicar essa história em parceria com outras dezenas de empreendedores espalhados pelo Brasil. Hoje, pode-se dizer que Rafael personifica a evolução e o amadurecimento do empreendedor brasileiro. Em entrevista ao Draft, falou sobre a época em que startup nem se chamava startup, o que melhorou e o que piorou no ecossistema, a conjuntura atual no país, o desafio de levar a 21212 a um novo patamar e o que ele espera do futuro.

Como era empreender no Brasil lá no início dos anos 2000?
Era sem dúvida muito diferente, com alguns prós e contras em relação a hoje. Por um lado era menos “moda” abrir uma startup e com isso a qualidade dos que estavam tentando era claramente maior. Era um universo muito menor, porém muito mais qualificado. O problema é que o mercado não era tão desenvolvido. Tínhamos menos programas de apoio, menos investidores e fundos de investimento, uma menor percepção de que as startups podem ser excelentes parceiras de grandes empresas. Hoje isso é muito mais comum. Mas por outro lado tem muito “oba oba”.

Hoje existe uma glamorização da figura do empreendedor?
Há pontos positivos em se trazer mais atenção para este mercado que ainda é muito novo por aqui. Mas se a qualidade não se mantiver alta, e isso tem sido bem difícil, vai acabar perdendo credibilidade. E reconquistar credibilidade é muito mais difícil do que conquistá-la. Isso me preocupa. Vi muitos empreendedores que iniciaram projetos buscando justamente esse “glamour”, que literalmente não existe. As chances de obter muito sucesso com um novo empreendimento são muito baixas. A maior parte do tempo nessa fase é uma mistura constante de excitação e angústia.

Que obstáculos você enfrentou como empreendedor e que conselhos daria a quem quer começar?
Passei muitos perrengues para chegar onde estou. Principalmente no início, quando começamos a nTime saindo da faculdade. Hoje, não recomendo abrir uma empresa logo quando você sai da faculdade. É preciso ter alguma experiência no mercado, para ganhar musculatura. Comece trabalhando em um mercado aquecido, seja em uma grande empresa que tenha uma mentalidade mais empreendedora ou em uma startup. Isso vai te ajudar a evitar vários erros, aqueles que podem ser evitados. Não adianta só ler uma listinha de livros de estratégia, tem que vivenciar isso. Depois que dá certo é muito legal, mas o caminho envolve decisões extremamente complexas. Aliás, o principal trabalho do empreendedor é tomar decisões complicadas, com pouca informação e em pouco tempo. Sempre que converso com outros empreendedores faço duas perguntas: Primeiro, você tem assumido regularmente os riscos necessários para fazer seu negócio crescer rápido? Segundo, nas últimas semanas você tomou todas as decisões difíceis que precisavam ser tomadas? Não é glamoroso empreender, muito menos agradável. Quando falta dinheiro e é preciso pegar emprestado, quando é preciso demitir pessoas que estiveram anos com você, quando um produto em que você apostou quase tudo dá totalmente errado. Isso tudo é muito frustrante e não acontece uma vez ou outra, é a toda hora. É preciso saber conviver com essa incerteza por um bom tempo.

Como foi a hora de crescer, captar e receber aportes?
Tivemos algumas decisões muito difíceis quando fundos de investimento começaram a nos procurar. Não precisávamos tanto do dinheiro, mas a tentação era grande. Era a possibilidade de mudar um pouco dessa vida insana dos primeiros anos e de poder ter mais tranquilidade para conduzir o negócio. Felizmente, tivemos ajuda de muitos mentores, a maioria através da Endeavor, que nos levaram a entender que aquela não era a melhor estratégia. Foi difícil e por duas vezes dissemos “não”. Não daria para chegar tão longe sem ter tido todo esse apoio e suporte de mentores, família e amigos, por isso é tão importante e tenho tanta disposição para apoiar novos empreendedores.

Como foi a sua trajetória da Empresa Jr da PUC-RJ até a Movile?
Muitos dos desafios do dia a dia dos negócios que toco até hoje são parecidos com os que vivenciei aos 19 anos na Empresa Jr. Aprendizados intensos e que se mostraram duradouros. A experiência positiva na EJ me motivou a empreender. Era um risco baixo a correr na época. Participei, então, de duas empreitadas que acabaram dando errado e das quais tirei dois grandes aprendizados: o primeiro, que empreender é uma atividade de tempo integral, não apenas o seu tempo profissional mas o pessoal também. O outro é que quanto mais você conhece o mercado em que está criando um novo negócio, maiores as chances de conseguir bons resultados. Fiz minha dissertação do Mestrado em Administração exatamente sobre isso. A minha terceira tentativa foi a que acabou dando certo.

O momento era, de certa forma, parecido com o que vivemos hoje. Não chegava a ser uma crise tão forte, mas havia acabado de acontecer o estouro da “bolha.com”. Achávamos que tínhamos perdido uma grande oportunidade de criar uma empresa de internet e isso nos levou e pensar em outras possibilidades. Uma delas era fazer produtos para celular. Estávamos no ano 2000, não existia o conceito de “app”, os celulares eram mínimos e monocromáticos. Na prática, não fazia qualquer sentido o que estávamos fazendo. Era muito improvável o sucesso de jogos e serviços para celular baseado em SMS. Mas o empreendedorismo é exatamente isso, realizar o improvável. Transformar o improvável em inevitável

Foram quase três anos muito difíceis, pensando em desistir a todo o momento, mas conseguimos segurar até o mercado amadurecer e começar a consumir os produtos que estávamos criando. Esse foi um dos nossos méritos. O outro foi procurar entender o porquê do mercado ter mudado e começado a comprar nosso produto. Podíamos simplesmente aproveitar o momento e curtir aquele sucesso momentâneo da Movile, mas tivemos o discernimento de não nos acomodar e começamos uma busca incansável para entender os motivos daquele sucesso. Quando conseguimos, aí sim, começamos a construir algo que estava já direcionado a ser grande, muito grande.

Vocês sentiram algum tipo de dificuldade por não estarem em São Paulo? Ainda existe uma regionalização em relação ao apoio às startups?
Só vejo o Brasil começando a ter alguma relevância nesse mercado se entendermos que nenhuma região em específico vai ser melhor ou maior que a outra. Nunca vai existir um “Silicon Valley Brasileiro”. Isso é uma viagem completa. Cada região tem uma caraterística e se juntarmos isso de uma forma colaborativa teremos alguma chance. Estamos muito, mas muito atrasados. Deveria haver mais colaboração pra atuarmos como Brasil e não como cidade A ou cidade B.

Quais são os principais problemas do ecossistema de startups no Brasil?
Um estudo feito pelo MIT indicou que os principais fatores que contribuíram para o Silicon Valley ser o que ele é a globalização e a colaboração. Lá, mais da metade dos fundadores de startups são estrangeiros e, somado a isso, existe uma cultura colaborativa muito forte. As startups competem mas trocam informações, aprendizados e acabam crescendo juntas. Isso não existe em nenhum outro lugar do mundo. Deveríamos melhorar isso por aqui.

Temos dificuldades de atrair e manter estrangeiros principalmente por conta de legislações ultrapassadas. Na 21212, entre 2011 e 2013 tivemos mais de 25 estudantes com MBAs de universidades americanas como Harvard, Yale e Stanford. Eles trabalharam como voluntários e muitos queriam continuar se associando às startups, mas não conseguimos manter nenhum porque a lei não permitia. Outro ponto é que nosso ecossistema é ainda muito jovem. A esmagadora maioria das startups é de jovens abaixo dos 30 anos. Não deu tempo ainda de ter volume com gerações anteriores de empreendedores. Isso faz com que naturalmente nosso ecossistema ainda seja muito imaturo, e muitas vezes ingênuo. Mas esse não é nenhum grande problema, dá para mudar com o tempo.

Os caminhos de um empreendedor que sabe lucrar com as redes sociais

Charles Simão

Tirar uma foto com o celular e compartilhá-la pelo Instagram ou conversar nos aplicativos de bate-papo instantâneo usando os emoticons são situações corriqueiras atualmente. As redes sociais transformaram a maneira das pessoas se relacionarem, e muita gente dorme e acorda pensando em formas de ganhar dinheiro com isso.

Um desses empreendedores atentos às mudanças de comportamento trazidas pelas redes sociais é o mineiro Charles Simão, 29 anos, que tem se mostrado um especialista nos negócios com os jovens.

Simão é o sócio-criador da empresa Print4me, uma das pioneiras na produção de capinhas personalizadas para celulares no Brasil (já são mais de 75 mil capinhas vendidas), e agora se aventura com as almofadas de emoticons (aqueles símbolos e desenhos usados nas conversas instantâneas) como sócio da FofoStore, empresa com estimativa de faturamento de dois milhões de reais em 2015.

O olhar atento às necessidades do público jovem diante das redes sociais ele desenvolveu em uma trajetória marcada por muito estudo e experiências profissionais que sabia que seriam úteis para seu objetivo: empreender.

Antes mesmo de entrar para a universidade já pensava em empreender. Foi aprovado no vestibular de Administração na UFMG e trilhou seu caminho no mercado antes de abrir seu próprio negócio.  “Fui para o mercado pegar experiência, sempre optando por estágios e oportunidades que me seriam úteis lá na frente”, explica.

Nesse período, Charles trabalhou em empresa júnior, fez um estágio em Nova York (EUA) em uma empresa de marketing/branding e viajou pelo mundo afora a turismo (conhece mais de 30 países). “Viajar ajuda a quebrar barreiras, você percebe que as pessoas vivem de formas diferentes, fazem negócios de outras maneiras. Você é obrigado a enfrentar o desconhecido”.

Já formado, foi trainee no setor de marketing comercial de uma gigante do mercado educacional e, por último, passou por uma consultoria. “Na consultoria estratégica você encontra a saída para problemas analisando os números, por isso as decisões são precisas”, conta.

A rotina de trabalho nessa consultoria era frenética, com noites em claro no escritório. Até tentou conciliar isso com a participação em uma empresa, mas não sobrava tempo. “Eu queria mesmo era empreender e havia chegado a hora. Minha saúde já começava a reclamar daquela rotina”, conta.  Pediu demissão e ficou um mês sem pensar em trabalho para colocar as ideias no lugar.

Insônia e ideias Do pedido de demissão na consultoria até a abertura da Print4me foram longos seis meses na busca por uma oportunidade de negócios. Em uma noite de insônia (o dinheiro já estava acabando), passeando pelas fotos do Instagram, encontrou sua solução. “Era o começo do Instagram, todo mundo tirando fotos com os celulares…Pensei comigo: essas fotos vão ter que parar em algum lugar, tenho que oferecer algum produto ligado a essas fotos”.

Ali surgia a Print4me, que inicialmente foi pensada para imprimir fotos de redes sociais e que, posteriormente, encontrou nas capinhas de celulares personalizadas com fotos do Instagram e outras redes sociais seu grande filão de mercado.

Depois de conseguir o investimento necessário, comprou uma impressora de mais de vinte mil reais em um site chinês e negociou com um romeno o script (modelo) do site para as vendas virtuais. “Eu imprimia a capinha, fazia campanhas de marketing, gerenciava o desenvolvedor do TI, embalava a capinha, levava nos correios e fazia o pós-venda. Eu era a empresa na sala da minha casa”, relembra. Logo a marca se disseminou nas redes sociais com uma iniciativa pioneira para a época: artistas contratados que publicavam fotos em seus perfis mostrando suas capinhas. “Ninguém fazia isso na época, nem os artistas sabiam direito quanto cobrar”, diverte-se.

Charles sabe que o sucesso em uma startup logo na primeira tentativa não é comum, mas tem sua explicação. “Se você pegar a primeira planilha da Print4me, eu fui bem preciso. Já entendia como funcionava esse meio virtual”, conta.

O sucesso trouxe lucros, mas também algumas dificuldades. “Como crescemos, fomos aumentando nossos custos de maneira desorganizada e tivemos problemas. Hoje somos uma empresa muito mais enxuta e ciente do nosso produto”, diz.

Se acertou de primeira com a Print4me, Charles também já experimentou algumas tentativas malsucedidas no mercado do empreendedorismo. Entre os insucessos, ele lista uma tentativa de desenvolver uma ferramenta que oferece descontos quando o internauta tenta sair de um site, um aplicativo de caronas intermunicipal e outro que funcionaria como uma espécie de cardápio virtual nos restaurantes.

FofoStore A convite de um amigo, se tornou sócio da empresa que vende almofadas de pelúcia no formato dos emoticons. O negócio vai bem e já está sendo ampliado com quiosques em shoppings. Charles se sente à vontade para trabalhar com o público jovem das redes sociais. “Tanto a Fofo quanto a Print4me têm um público-alvo mais jovem (de 18 a 34 anos), mais ou menos da minha faixa etária. Pelos meus amigos e círculo social, eu consigo entender a necessidade desse público”, afirma.

Sobre a correria de gerenciar vários negócios ao mesmo tempo, dá uma dica preciosa aos empreendedores. “Empreendedor quer conquistar o mundo, mas é preciso ter paciência. Alguns passos são pressupostos para o próximo, então não adianta querer adiantar o processo. Por isso, dá para ter vários negócios simultâneos, já que nem sempre eles estarão na mesma escala. Obviamente, você precisa se organizar e ter uma equipe para te ajudar”, aconselha.

Sobre o futuro, não titubeia. “Pretendo abrir novas empresas. Abrir é o mais legal. As pessoas pensam que tudo já foi inventado, mas se enganam. Se você criar uma subcategoria e prestar um serviço de qualidade, vai dar certo”, conclui.

O que impede as grandes empresas de inovar? Eric Ries explica!

eric ries palestrando feliz

Quando Eris Ries lançou seu livro, The Lean Startup (publicado no Brasil como A Startup Enxuta), a filosofia que ele propôs rapidamente se espalhou entre jovens empreendedores e universitários que sonhavam em abrir uma startup de sucesso.

Com as máximas “Comece pequeno e aprenda rápido” e “Valide tudo com o seu cliente”, o autor se alçou como um guru do empreendedorismo. Ao mesmo tempo, sua metodologia lean startup — traduzida como startup enxuta — virou uma espécie de manual passo-a-passo para desenvolver um produto ou serviço com alto potencial de vendas.

Se, por um lado, os jovens empreendedores são a maioria de seus leitores, Eric também acredita que a metodologia lean startup seria bem-vinda nas grandes empresas. Para ele, qualquer companhia torna-se mais inovadora na medida em que começa a ser mais “enxuta”.

Durante sua primeira visita ao Brasil, para participar do HSM ExpoManagement, evento sobre empreendedorismo e inovação em que o Na Prática esteve presente, ele falou sobre os aspectos culturais e organizacionais que impedem as grandes organizações de inovarem.

A história do lean O conceito de lean startup é baseado em grande parte no lean thinking ou lean manufacturing (manufatura enxuta), que foi uma abordagem de gestão aplicada no sistema de produção da fábrica da Toyota no Japão, nos anos 1950. O termo foi cunhado por acadêmicos norte-americanos, ao estudar como a Toyota tinha ido rapidamente de uma pequena fábrica local de automóveis a um dos líderes globais no setor.

Essa abordagem de gestão era baseada em alguns princípios centrais: minimizar o desperdício, alimentar uma cultura de melhoria contínua, e sempre medir os resultados de seu produto. Essas orientações, que impulsionaram grande parte das inovações na Toyota, foram assimiladas por empresas de diferentes indústrias desde então e serviram de base para a maior parte dos ensinamentos de Eric Ries.

Assim, o pensamento enxuto não é necessariamente avesso às proporções de uma grande empresa. Então, o que impede essas companhias de serem mais lean?

O problema da inovação em grandes empresas “Em grandes empresas, a inovação não é tão frequente porque costuma ser encarada como um processo bastante caro e com altas chances de dar errado. Isso acontece porque elas realizam altos investimentos em ideias que nunca foram testadas”, explica Eric. Para ele, a inovação enxuta segue o seguinte ciclo: construir um produto o mais rápido possível (o que ele chama de MVP), ouvir a opinião dos consumidores e aprimorar o produto com base nessas informações.

No entanto, muitas empresas sentem receio em lançar no mercado um produto que não está 100% pronto. Com isso, a opinião do consumidor permanece uma incógnita durante todo o processo de pesquisa e desenvolvimento. Assim, milhões de dólares são investidos no desenvolvimento de um produto que, no final das contas, não interessava ao consumidor.

A cultura de grandes empresas também costuma ser um obstáculo para a inovação. “Em muitos ambientes hierárquicos, os middle managers (gerentes e coordenadores) são pagos para não serem inovadores”, critica o pesquisador. “Esses profissionais são treinados para padronizar processos e eliminar a variabilidade, mas se você elimina a variabilidade a inovação se torna impossível”, continua. Para ele, as grandes empresas precisam entender que o empreendedorismo é imprevisível por natureza.

“Em uma startup, os erros são uma boa notícia”, diz Eric Ries. Se as grandes empresas querem ser inovadoras, ninguém pode ter medo de dizer que algo deu errado.

Ser lean para inovar O problema analisado por Eric já está no radar de diversos líderes corporativos. Afinal de contas, inovar é uma condição para a sobrevivência no competitivo mercado atual. Não é de hoje que grandes empresas querem se parecer mais com startups. Ao mesmo tempo, as próprias startups em crescimento exponencial lutam para preservarem a essência de seu funcionamento. “Nós somos uma startup bem grande”, já disse o diretor do Google Brasil, reconhecido como uma das empresas mais inovadoras do mundo.

A boa notícia é que uma mudança de mindset pode ajudar a implementar uma cultura de inovação em muitas organizações. As ferramentas e práticas descritas por Eric em A Startup Enxuta tem sido incorporados nos mais variados ambientes e com bons resultados. Além de startups de tamanho considerável como Amazon, Zappos e Facebook, empresas de grande porte como GE e a própria Toyota tem adotado a metodologia para criar e redefinir novos produtos, buscando sempre conseguir feedback de seus consumidores para melhor entender suas necessidades.

Três ferramentas para gerar novas ideias

Post its coloridos colados na parede

Todos sabemos que as crises trazem transformações nas prioridades dos consumidores, no uso de tecnologias e na competitividade do mercado. E é exatamente por isto que semear oportunidades de inovação futura em momentos difíceis fará com que você reforce seus diferenciais competitivos e saia da crise ainda mais forte.

Pensando nisto, o portal Endeavor construiu uma lista de ferramentas que podem te ajudar no processo de inovação e/ou na avaliação de novas oportunidades de negócios, no que diz respeito a geração de novas ideias:

Leia também: Saiba como inovar em uma grande empresa

1. Funil de ideias

Muitas pessoas pensam em abrir um negócio ou começar um novo projeto, mas não sabem como chegar a uma ideia inovadora. A ferramenta Funil de Ideias te ajuda através de duas abordagens: a primeira parte da vivência do empreendedor e a segunda de uma observação de mercado.

Serve para: gerar ideias e selecionar uma para iniciar o negócio.
Indicada para: quem quer montar um negócio, mas ainda não sabe no que investir.

2. Scamper: técnica de geração de ideias

Especialistas salientam a importância da inovação para o crescimento das empresas, mas muitos empreendedores ainda sentem dificuldade na hora de estimular a criatividade. Este é o seu caso? O objetivo aqui é que, com a ferramenta, seja possível criar novas versões de um produto ou serviço, ou até mesmo gerar uma ideia totalmente diferente, que pode mudar os rumos da empresa.

Serve para: guiar o empreendedor na realização de uma sessão de brainstorming com seus funcionários a respeito de novos produtos e serviços.
É útil porque: torna possível direcionar e organizar a discussão de um grupo de pessoas para um resultado produtivo.

3. Mapa Mental Para Empreendedores

Descubra como esta ferramenta te ajuda na rotina diária, na identificação de oportunidades e no planejamento do negócio. A ferramenta Mapa Mental para Empreendedores se utiliza de uma informação central que vai trazendo uma série de outras, de forma a organizar o pensamento.

Serve para: organizar pensamentos e ideias de forma ordenada, relacionada, argumentada e, principalmente, visual.
É útil porque: empreendedores e seus colaboradores podem organizar, apresentar e discutir seus pensamentos e ideias a respeito de assuntos relacionados à empresa.

Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

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Afinal de contas, o que é uma aceleradora?

Mulher conversa com jovens em espaço de reunião

O Portal Draft continua a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é aceleradora

O que acham que é: O mesmo que Incubadora.

O que realmente é: Aceleradoras são empresas cujo objetivo principal é apoiar e investir no desenvolvimento e rápido crescimento de startups, ajudando-as a obter novas rodadas de investimento ou a atingir seu ponto de equilíbrio (break even), fase em que elas conseguem pagar suas próprias contas com as receitas do negócio. “Além dos serviços de apoio e benefícios oferecidos, a aceleradora investe também um pequeno valor financeiro, o chamado survival money e, em contrapartida, torna-se sócia da startup até o desinvestimento, que é quando sua participação é vendida para investidores ou empresas”, diz Pedro Waengertner, professor e coordenador de marketing digital na ESPM, presidente da ABRAII (Associação Brasileira de Empresas Aceleradoras de Inovação e Investimento) e co-fundador da Aceleratech, uma das principais aceleradoras do país.

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Pedro Teixeira, sócio e diretor da Tropos Lab, empresa que mais acelerou startups no Brasil ano passado diz que aceleradoras são instituições responsáveis por ajudar o desenvolvimento de novas empresas oferecendo benefícios como investimento, conteúdos e acesso a rede de contatos. “Em geral as aceleradoras são ‘pagas’ com um percentual da empresa acelerada, que varia de local para local. Nos EUA, por exemplo, esse percentual poucas vezes chega a mais de 5 ou 10%. No Brasil, tem variado entre 5 e 20%”, diz. Teixeira também afirma que hoje há uma subdivisão do processo de aceleração, chamado de pré-aceleração.

Ela inclui os estágios de desenvolvimento da empresa que vão da ideia até a primeira versão do produto. A partir daí, do produto até a escala das vendas, é que acontece a aceleração propriamente dita. “Mas essa divisão é mais teórica do que aplicada, já que na prática as aceleradoras costumam aceitar projetos em estágios iniciais de desenvolvimento quando entendem que ele tem um potencial de crescimento grande”, diz.

Em julho deste ano, a ABRAII publicou, via Startupi, um levantamento feito com quinze aceleradoras associadas da casa que demonstra seu impacto no ecossistema empreendedor brasileiro. Alguns dos números: 266 empresas passaram pelos programas de aceleração brasileiros nos últimos três anos, as aceleradoras investiram 11 milhões de reais nesses negócios, investidores e fundos de capital investiram mais 77 milhões de reais nessas startups, 592 empreendedores participaram desses programas de aceleração, 923 postos de trabalhos foram gerados, 75% das startups aceleradas têm produtos lançados no mercado e já faturam, juntas, as 266 empresas faturaram 36 milhões em 2014.

É importante distinguir aceleradoras de incubadoras, uma confusão bastante comum no meio. Estas últimas são instituições geralmente ligadas a universidades com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de novos negócios, mas com tempo maior de permanência das startups, em geral de um a três anos (lembrando que nas aceleradoras esse tempo varia de três meses a um ano).

Quem inventou: O inglês Paul Graham é considerado por muitos o inventor por ter fundado Y Combinator, em 2005. Programador, escritor e investidor, Graham é certamente o responsável pela disseminação da ideia em larga escala. Criou, em 1995, ao lado de Robert Morris, o Viaweb, primeiro software a funcionar como uma empresa de serviços.

Comprado pelo Yahoo em 1998, o Viaweb se transformou em Yahoo Store. Em 2001, Graham começou a publicar ensaios em seu site paulgraham.com que ultrapassou 12 milhões de page views. Há dez anos, junto com Jessica Livingston, Robert Morris e Trevor Blackwell, fundou a Y Combinator. Desde então, a Y Combinator acelerou mais de 800 startups dentre as quais Dropbox, Airbnb, Stripe e Reddit.

Leia também: O que faz um mentor de startup (e como conseguir um)?

Quando foi inventado: Segundo Pedro Waengertner, as aceleradoras foram criadas nos Estados Unidos, no final da década de 90, mas ganharam força a partir de 2005, quando grandes nomes começaram a operar. Ele cita, ao lado da Y Combinator, a Techstars. “Ambas já possuem centenas de empresas em seus portfólios. Como é um modelo novo, o desafio das aceleradoras é continuar mostrando seu valor no mundo inteiro. Felizmente, os números são animadores”, diz. Pedro Teixeira fala que há cada vez mais aceleradoras despontando no mundo e, que no Brasil, as primeiras aceleradoras de renome começaram a surgir por volta de 2011 mas ganharam mais força no final de 2012.

“Foi quando surgiu o Startup Brasil, que é um programa federal de apoio ao desenvolvimento de aceleradoras e startups. Já nos últimos anos, vêm surgindo as primeiras aceleradoras corporativas no Brasil, ligadas a empresas como a InovaBra, do Bradesco, e a Abril Plug&Play do grupo Abril”, fala. Nos Estados Unidos, a Nike é um exemplo de empresa que investe em programas de Aceleração, com o Nike+ Fuel Lab, lançado no ano passado. Não é a primeira experiência do tipo na Nike, que começou com o Nike+ Accelerator, que em 2013 deu 20 mil dólares e a oportunidade, para dez startups, de desenvolver, durante três meses, apps e produtos da plataforma Nike+, em Portland.

Para que serve: Para apoiar o desenvolvimento de startups. Dentro de uma aceleradora, as jovens empresas recebem mentoria, apoio financeiro, um local para trabalhar e acesso a redes de contato a que dificilmente teriam acesso, como investidores e grandes empresas. “Cada aceleradora coloca seus atributos mais fortes no processo de aceleração. A Ginga por exemplo, é muito forte em levar conteúdo de apoio a startups, a Aceleratech possui vários investidores em sua rede de mentores, a Wayra Brasil estabelece conexões com os Estados Unidos e facilita a internacionalização da empresa”, conta Teixeira. Ele diz também que o grau de mortalidade de startups dentro de aceleradoras é bem menor do que fora delas.

Quem usa: Empresas que buscam o crescimento. “É importante que o modelo de negócio escolhido pela startup seja repetível e escalável, ou seja, que a receita possa crescer sem um aumento proporcional dos custos”, afirma Waengertner. Teixeira diz que há, hoje, uma concentração de empresas de tecnologia da informação (TI) nos programas de aceleração. “Algumas aceleradoras, inclusive, só aceitam negócios digitais, pelo seu alto potencial de ser repetível e escalável e pela rapidez de desenvolvimento dos seus produtos”, diz.

Efeitos colaterais: Pedro Teixeira conta de alguns programas de aceleração que não pegam percentual das empresas e, dessa forma, têm involuntariamente incentivado o crescimento do número de “turistas”. “‘Turistas’ são startups que passam por três ou quatro programas de aceleração diferentes, às vezes em cidades ou mesmo países diferentes, mais preocupadas em passar no processo seletivo da próxima aceleradora do que com o próprio negócio”, diz. Pedro Waengertner aponta um efeito colateral positivo: “Um dos grandes focos da aceleradora é trabalhar a cabeça do empreendedor, ajudando-o a pensar grande e a transformar a sua pequena empresa em um grande negócio. O grande efeito colateral é a mudança de mindset”.

Quem é contra: Nenhum dos dois entrevistados acredita que haja quem seja contra as Aceleradoras. “Por ser um modelo novo no Brasil e no mundo, é normal que existam dúvidas em relação a como o modelo funciona e qual o tipo de empresa visada”, diz Waengertner. Teixeira diz que pode haver discordâncias sobre o modelo de negócios de uma aceleradora. “As aceleradoras recebem como pagamento um percentual das empresas que aceleram, e portanto ganham quando a empresa é vendida. Esse processo pode demorar alguns anos e a aceleradora precisa manter suas atividades durante esse período. Esse modelo foi muito questionado até que a primeira grande aceleradora (Y combinator) conseguiu suas primeiras grandes saídas (vendas de empresas)”, diz.

Ele conta que no Brasil, as aceleradoras ainda estão no estágio de investir nas empresas e não houve ainda saídas relevantes esperadas, o que seria normal e justificaria que muitas Aceleradoras se sustentem por meio de investidores no primeiro ano. “Empresas como o Startup Farm e o Tropos Lab tem tentado fugir desse modelo, utilizando saídas como patrocínios de edições de aceleração e comercialização de cursos para sustentar o processo de aceleração”, diz.

Para saber mais: Baixe, na página da ABRAII, o e-book (grátis) Programa de Aceleração de Empresas, que traz o passo a passo para a escolha de uma aceleradora; leia, na Inc. Magazine, uma entrevista com Paul Graham (de setembro de 2013) em que ele fala sobre startups, Silicon Valley e, claro, a Y Combinator, assista ao vídeo The Portland Startup Scene que fala sobre acelaradoras em parceria com grandes marcas e de como a Nike+Accelerator está tornando tanto a TechStars como a Nike mais poderosas; leia, no TechCrunch, o texto Accelerators Are The New Business School (de julho deste ano). É uma crítica a aceleradoras e startups; leia, no Draft, as histórias das Aceleradoras Baita, Yunus Negócios Sociais Brasil, WIGroup, Artemisia, além das já citadas (e linkadas) Aceleratech e Tropos Lab; leia também a história de Rafael Duton, criador da aceleradora 21212 , de Felipe Matos, da Startup Farm e de Vitor Andrade, da Startup Brasil.

 

Este artigo foi originalmente publicado no DRAFT

Como manter a produtividade no ambiente informal de uma startup?

Homem dá palestra sobre produtividade

Uma visita a uma startup pode surpreender quem está acostumado com ambiente e rotina de trabalho de uma grande empresa, banco ou consultoria. O lugar costuma ser descolado, cheio de jovens vestidos de maneira casual e que trabalham em horários pouco convencionais. Mas, apesar dessa descrição atrativa, essas empresas convivem com uma pressão enorme por resultados e carga horária intensa. Diante desse cenário, a desorganização acaba sendo inimiga da produtividade.

É comum encontrar nas startups mesas de sinuca e ping-pong, vídeo-games e outros atrativos para relaxar durante a jornada de trabalho. As paredes coloridas ficam repletas de post-its com as tarefas do dia, os computadores e as estações de trabalho são customizados com as preferências de cada usuário. Muitas startups privilegiam ambientes abertos, sem divisórias, refletindo a horizontalidade da empresa. No fim do expediente, é possível até tomar uma cervejinha durante o happy hour na cozinha com os colegas de trabalho.

“Um ambiente agradável é bacana para todos, estimula a criatividade e deixa as pessoas mais confortáveis para trabalhar. Essas opções de lazer ajudam a desestressar nos intervalos e aproximam a equipe. Até mesmo a maneira de se vestir, mais à vontade, pode refletir na produtividade dos empregados”, afirma o especialista em produtividade e gestão do tempo, Christian Barbosa.

Christian é empreendedor e sabe bem como funciona uma startup. Tanto é que fundou a sua: a Goboxi, empresa que desenvolveu um software que ajuda no gerenciamento de emails e atividades diárias. A Goboxi funciona em um coworking no Vale do Silício, na cidade de San Francisco (EUA). O ambiente lá, onde estão reunidas algumas das principais startups do planeta, não é dos mais propícios para a produtividade, segundo o especialista.

“Os coworkings podem se tornar uma verdadeira bagunça se algumas regras não forem estipuladas e obedecidas. Conversa paralela e muito barulho atrapalham as pessoas no desempenho de atividades básicas, como ler um texto na internet. No coworking da Goboxi até proibiram as pessoas de usar o Skype por conta do barulho”, relata.

Ainda assim, algumas atitudes podem ajudar para que o ambiente descontraído das startups ande lado a lado com a produtividade dos profissionais. “Fone de ouvido é uma alternativa, mas o empregado não pode ficar o dia todo com ele e desligado do resto do ambiente. Várias dessas empresas possuem salas mais reservadas. Essas salinhas são ideias para momentos de concentração e fazem o trabalho render. Por mais multitarefa que a pessoa seja, a produtividade acaba afetada em um ambiente bagunçado”, aconselha o especialista.

Atenção aos sinais Avaliar a produtividade de um funcionário de uma startup nem sempre é tarefa simples, assim como identificar os fatores que estão interferindo no rendimento. Nessa análise, o ambiente de trabalho agitado pode contribuir negativamente. “É possível que o próprio funcionário perceba que sua produtividade está baixa. Basta analisar o volume de tarefas concluídas em um mesmo espaço de tempo”, conta.

Uma boa dica para acompanhar se você está trabalhando demais e produzindo pouco é o planejamento semanal. “Trabalhar com planejamentos semanais facilita na organização das tarefas e verificação do cumprimento delas. Alguns projetos precisam de mais do que 24 horas para acontecer e a mesma pessoa pode estar cuidando de vários simultaneamente. Por isso, ao fim da semana, avalie o que conseguiu realizar e a carga horária despendida para tal. Isso possibilita analisar se você está conseguindo acompanhar o ritmo da empresa”, recomenda Barbosa, que lembra que trabalhar além do horário comercial é uma realidade para muitas startups.

Para quem não está mantendo a produtividade que gostaria, uma saída é insistir no planejamento. Em outras palavras, reserve 5 ou 10 minutos, de manhã ou a noite, para ajustar suas agendas, tarefas e rever suas metas e objetivos. Tarefas que levam pouco tempo podem ser feitas assim que chegarem. Já as demandas que levarão mais tempo para ser executadas devem ser alocadas em sua agenda durante esse planejamento.

Também pode ser útil buscar ferramentas para aumentar a produtividade. A internet está cheia delas. São técnicas como Pomodoro, que prega momentos de imersão profunda alternados com pausas frequentes, ou até mesmo o Essencialismo, que propõe uma priorização das atividades essenciais e com mais impacto. Também existem aplicativos como Podio e Trello, que ajudam no gerenciamento de projetos, e a agenda do Google, para administrar sua rotina. O importante é pesquisar maneiras de se tornar mais produtivo, e testar qual funciona melhor para você.

Marketing esportivo: ‘Entregar a melhor experiência aos atletas é o foco’

Participante do Iron Man corre de bicicleta em Fortaleza

Nadar 3,8 km, pedalar 180 km e correr 42 km de uma só vez. Esse é o desafio proposto pelo Ironman. Criado em 1978 por um oficial da marinha americana para por fim a discussão de qual tipo de atleta era mais resistente fisicamente – nadadores, ciclistas ou corredores –, o triathlon de longa distância que combina as três modalidades foi feito pela primeira vez no Havaí. Mais de 20 anos depois e já com fama internacional, a marca Ironman chegou ao Brasil, em 2000, sob a responsabilidade da Latin Sports, organização focada em marketing esportivo.

De lá para cá a prova aconteceu em todos os anos e ganhou mais etapas no país. Na sua primeira edição o Ironman Florianópolis largou com 250 atletas. A procura aumentava a cada ano até que em 2008 a competição atingiu o seu limite máximo de inscrições, com atletas ocupando as 2000 vagas disponíveis. Atualmente o evento movimenta aproximadamente 20 milhões só na edição de Florianópolis e tem todas as vagas preenchidas em poucas horas.

Por trás do sucesso da marca no Brasil está Carlos Galvão, Diretor Executivo da Latin Sports, responsável final pelas cinco provas da franquia Ironman no Brasil. Formado em administração de empresas, ele é especialista em Administração Esportiva, pela FGV-SP e em Sports, Entertainment & Events Marketing pela Universidade de Nova Iorque (NYU).

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Para explicar o bom posicionamento da marca no Brasil, Carlos é categórico ao apontar os três fatores que fizeram a diferença: crença no projeto, comprometimento com a entrega e atenção dada aos clientes. “Temos um canal de comunicação muito aberto com os atletas e a comunidade do Triathlon, e é assim que buscamos melhorias. É justamente neste momento que acreditamos envolver o marketing de forma mais assertiva, tendo ouvidos capazes de ouvir e inteligência no processamento e aplicação de mudanças.”

 Comunicação e divulgação Segundo Carlos, o estopim da divulgação do Ironman é o momento em que local e data da prova são confirmados. Neste momento, o dia de abertura das inscrições é definido e comunicado por vários canais acessados pelos os atletas: “No Brasil, conseguimos falar diretamente com o público utilizando nossa base CRM e parceiros, tais como federações e portais esportivos. No exterior, nosso principal meio é o portal Ironman.com, que divulga o calendário mundial e é muito consultado por triatletas que optam por fazer uma prova fora de seu país”, comenta.

Leia também: Os bastidores de uma campanha de marketing

A vantagem de trabalhar com uma marca deste tipo é que ela comunica com um público muito específico, o que permite que a estratégia de marketing seja bem segmentada. Para dar conta de toda a demanda, a equipe da área é composta por um gestor e um coordenador, que trabalham em conjunto com a equipe de criação, formada por quatro pessoas, no desenvolvimento das ações.

As provas que acontecem em todos os continentes do planeta, exigem que a World Triathlon Corporation (WTC), detentora da marca Ironman, realize um forte alinhamento global para que garantir que a experiência de tornar triatletas em Ironman siga o mesmo posicionamento: “Para esta tarefa, o relacionamento entre Latin Sports e WTC leva não só em conta o alinhamento em termos de branding, como também questões técnicas. Em nossa visão, este contato constante é muito importante para garantir o espírito Ironman em todas as provas do mundo, cabendo a cada região “temperar” o evento com a sua cultura”, explica.

O dia a dia de quem trabalha com marketing esportivo Gestão de carreiras, captação de patrocínios, organização de eventos, gestão de marca… Operacionalmente, um profissional do marketing esportivo pode trabalhar em diferentes frentes, porém, deixando as peculiaridades de cada uma de lado, o dia a dia é sempre desafiador e dinâmico.

Leia também: Como a internet mudou a carreira em marketing?

No caso da Latin Sports, a empresa trabalha com corridas de rua, entre as quais destacam-se o Circuito Nacional Track & Field Run Series e as Maratonas da Caixa, além do triathlon: “Isso nos permite ter contato com uma rotina esportiva peculiar. Nestas modalidades, nosso público permeia entre atletas amadores e elite sendo que, basicamente, qualquer pessoa é um potencial atleta no nosso ponto de vista. Isso nos faz ter uma abordagem diferenciada sobre o esporte. Em nossa comunicação semeamos a ideia da saúde e do bem-estar acessível a qualquer indivíduo disposto a entrar neste estilo de vida”.

Para quem quer seguir carreira na área, Carlos diz que uma boa oportunidade para começar a vivenciá-la é buscando trabalhos voluntários, para conhecer pessoas que já estão no mercado e também vivenciar o que podem encontrar pela frente. Essas oportunidades de voluntariado podem ser encontradas em eventos grandes como as Olimpíadas, mas também em eventos menores, de esportes menos divulgados pela mídia, mas que fazem parte da realidade do marketing esportivo no Brasil: “Fazer isso é uma excelente forma de vivenciar o produto final deste segmento e entender melhor as áreas que são abrangidas por ele. Sem dúvida, esse reconhecimento de território ajudará a clarear a visão sobre o que é o marketing esportivo em nosso país”, finaliza.

A vida por trás de uma agência de publicidade

Daniel Brito

Presente em mais de 80 países, com mais de 120 escritórios e 8000 colaboradores, a FCB é uma das gigantes no mundo publicitário. Seja em níveis globais ou nacionais, a agência de publicidade assina campanhas de clientes como Nivea, HP, Coca-Cola, Sony e Levi’s. Desde 2013, o carioca Daniel Brito está à frente do setor de Criação da FCB Brasil, no escritório localizado no Rio de Janeiro.

Formado em Publicidade e com MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele vem acumulando prêmios durante a carreira. Entre os principais estão: Clio Awards, FIAP, London Festival e o famoso Leão de Cannes.

Trabalhar em uma agência publicitária significa lidar com diferentes demandas no dia a dia. Para que o cliente sempre esteja satisfeito é preciso muita organização e trabalho em equipe: “Criamos estratégias de comunicação, campanhas publicitárias, estratégias de marketing, desenvolvemos produtos, auxiliamos na percepção do mercado, monitoramos o comportamento do consumidor e tentamos antecipar tendências. Nisso tudo, cada departamento tem a sua responsabilidade”, conta Daniel.

Produção Finalização Atendimento Na Pratica
Equipe de Produção, Finalização e Atendimento [FCB]

No Brasil, as agências costumam ser dividas em 4 áreas: planejamento, atendimento, criação e mídia.

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Planejamento:

Faz um trabalho de pesquisa e de mapeamento, de análise de concorrência e de oportunidade, tentando encontrá-las. Além disso, também entrega para a Criação possíveis caminhos estratégicos, conceituais e de mercado a serem seguidos.

Criação:

Cria filmes, anúncios, slogans e também pode se encarregar da produção do material.

Atendimento:

Faz a interface com o cliente para organização da demanda, envia briefings – conjunto de informações e direcionamentos para a execução de um trabalho – para a Criação e deve garantir que o que foi desenvolvido está adequado.

Mídia:

É responsável pelo planejamento e compra de mídia, ou seja, do espaço para veiculação de comerciais ou anúncios, por exemplo. Também faz análise do público alvo e da audiência.

Uma grande sincronia entre todas as áreas é fundamental para otimizar o que precisa ser feito. Para isso é preciso que exista um processo interno gerencial claro e objetivo, além de muita colaboração: “Você vai aprendendo aos poucos a função de cada profissional e se adaptando. Este modelo tradicional está passando por algumas mudanças, e fora do Brasil, por exemplo, não existe mais departamento de mídia. O convívio no dia a dia é um fluxo de informações e demandas. Existem reuniões periódicas de avaliação e acerto de caminho até que se crie uma proposta comercial fechada e estratégica para o cliente”, comenta.  

Sala de Reunião na pratica
Sala de reunião da agência [FCB]

Informação e relacionamento

Para Daniel, a publicidade deve ter como princípios fundamentais informar e se relacionar com o consumidor: “Todo mundo tem o direito de saber o que está sendo vendido. A função informativa da publicidade deve facilitar a vida das pessoas. Também é preciso que exista diálogo aberto, que os profissionais entendam quais são as demandas e conversem com os consumidores”.

Além disso, ele ressalta o papel da publicidade na criação das marcas, principalmente depois da Revolução Industrial, quando uma série de novas dinâmicas comerciais humanas passou a ser adotada: “Cada produto vai se posicionar por meio de valores intrínsecos, ligados ao que está sendo vendido, e dos intangíveis, que são emocionais. Criar uma marca é estabelecer uma conexão com o consumidor por meio de elementos artísticos e argumentos relevantes”.

Daniel diz que também é importante lembrar que não existe mais a separação do universo digital e do off-line. As ideias têm que ter a capacidade de atravessar todos esses meios: “Lógico que pelo custo de grandes campanhas e do investimento em redes sociais, surgem agências que vendem expertise somente no universo digital. Mas isso acontece muito mais pelo tamanho do cliente, verba de marketing e objetivo do que pela necessidade das coisas serem separadas. Hoje em dia está tudo dentro do mesmo balaio”, fala.

“Olhar através do mundo do consumidor”

 Segundo Daniel, esse é o principal desafio na vida de um publicitário, que precisa atender contas e universos diferentes, mergulhar e aprender sobre cada um deles. É preciso ter jogo de cintura para um dia estar lidando com a gestão de crise da Petrobrás, que é um símbolo do desenvolvimento econômico, no outro criar uma campanha para o Club Social, uma marca irreverente que tem como público alvo jovens de 18 a 24 anos e no seguinte entender o universo da dona de casa para apresentar um novo produto de limpeza: “Isso é para quem gosta da natureza humana, é um eterno desafio de venda, onde sempre queremos que a campanha atinja os objetivos comerciais que foram planejados pelo marketing. A mensagem deve ser compreendida, gostada, compartilhada e memorável para se tornar um objeto da cultura popular como aconteceu com a campanha da NBS feita para o Bom Negócio, com o bordão “sabe de nada inocente”. Isso é o auge do mérito publicitário!”, conta.

Leia também: “É importante ser obcecado por metas e resultados”, diz profissional de marketing digital

A cultura organizacional

Existem as sérias, as divertidas, as que buscam equilíbrio entre o pessoal e o profissional, as de muita ralação… A cultura organizacional de cada agência de publicidade é única. Se for para generalizar, Daniel diz que as características mais comuns de um ambiente publicitário são um grau alto de stress, muita exigência e a necessidade do profissional ser resiliente: “É preciso ter capacidade de ouvir e conviver com o não, com a frustração e estar sempre motivado”, fala.

Falando especificamente sobre a FCB, Daniel diz que a agência de publicidade tem um posicionamento bem claro: “A proposta do grupo não é só a de criar campanhas de comunicação, mas sim, torná-las um elemento de mudança de comportamento. Queremos influenciar o consumidor, criar novas culturas, fazer com que ele tome uma atitude e encare determinado aspecto de uma nova maneira a partir de uma campanha. Por aqui, a palavra mágica é behavior change”.

Por estar presente em todos os continentes do mundo, o contato com diferentes culturas também é uma das marcas da FCB. O intercâmbio e a troca de experiência entre os profissionais espalhados entre os escritórios é realidade: “Eu, por exemplo, tive a oportunidade de passar uma temporada trabalhando na FCB em Chigaco na criação da visão global de um produto, contribuindo com as percepções latinas. Nesse processo temos pessoas do mundo inteiro contribuindo com a sua visão”, conta.

Flexibilidade de horários?

Daniel diz que a carga horária do mercado publicitário é a do mundo executivo. Ele trabalha entre 12h e 14h por dia e comenta que a flexibilidade de horários existe quase sempre como um fator que não pode ser controlado: “Como você administra a vida de um criativo? Se estou em casa posso ter uma grande ideia, dirigindo o meu carro também. O trabalho acaba invadindo a vida. Se estou sentado lendo o jornal, pode ser considerado um não trabalho? Trabalhamos com a associação de fatos, com comportamentos e às vezes é até preciso se desligar para produzir melhor”, diz.

Sobre o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, Daniel diz que é necessário encontrar a medida certa no dia a dia para saber até aonde a equipe pode ser puxada e a partir de qual momento isso se torna nocivo: “Também precisamos lembrar que a tecnologia não respeita mais o espaço do lazer. Você pode sair mais cedo do trabalho e receber um e-mail no celular”. A cada dia, encontrar esse equilíbrio tem se mostrado um os maiores desafios, não só do mundo publicitário, mas de todo o universo corporativo.

Quanto tempo de estudo é preciso para ser fluente em inglês?

Professor dá aula de inglês

Quanto tempo é necessário até atingir a fluência em inglês? Essa é uma dúvida muito comum – cuja resposta, infelizmente, não é simples. Não basta apenas dizer um número determinado de Guided Learning Hours(GLH), ou seja, número de horas de aula que alunos têm sob a orientação de um professor.

Existem outros fatores que alteram o tempo necessário para chegar a esse objetivo, tais como:

1. Nível atual do aluno, ou seja, o seu ponto de partida.
2. Carga horária semanal de aulas.
3. Estudo extraclasse para consolidação do que é visto nas aulas.
4. Ritmo de aprendizagem do aluno, se tem facilidade ou não para aprender um idioma estrangeiro.
5. Metodologia, pois algumas delas trabalham com tradução e isso dificulta mais.
6. Qualidade das aulas (professor e materiais).
7. Número de colegas. Quanto maior a quantidade de alunos, menor será a prática oral observada individualmente pelo professor.

Uma escola que promete levar o aluno ao nível avançado precisa oferecer um curso completo com aproximadamente 800 horas (GLH).

Algumas pessoas dizem que já estão estudando há 2 anos e não atingiram fluência. Mas quantas horas realmente foram dedicadas ao inglês nesse período? Basta fazer as contas. Se o aluno fizer 2 horas semanais e não faltar a nenhuma aula, por exemplo, ele terá tido 192 horas de GLHs.

Para definir o nível de proficiência de uma pessoa é fundamental usar uma régua oficial como o Common European Framework of Reference (CEFR). Veja a seguir:

A1 – Iniciante (até 80-100 horas)

Pode entender e usar expressões familiares do dia a dia, bem como frases básicas direcionadas a satisfazer necessidades concretas. Pode se apresentar e responder a perguntas sobre detalhes de sua vida pessoal, biografia simples, como: onde vive, pessoas que conhece ou coisas que possui. Pode, eventualmente, interagir de maneira simples com nativos desde que eles falem pausadamente, de maneira clara, e que estejam dispostos a ajudar.

A2 – Básico (até 180-200 horas)

Pode entender frases e expressões relacionadas a suas áreas familiares, como informações pessoais e familiares básicas, compras, geografia local, emprego. Pode se comunicar de maneira simples em situações familiares que requeiram troca de informações curtas e precisas. Pode descrever de maneira superficial aspectos sobre seus conhecimentos, ambiente onde vive e necessidades imediatas.

B1 – Intermediário  (até 350-400 horas)

Pode entender os pontos principais sobre assuntos do dia a dia, como: trabalho, escola e lazer. Pode lidar com situações cotidianas de turismo no país onde a língua é falada. Pode produzir textos simples sobre áreas familiares e de interesse. Pode ainda descrever experiências, eventos, sonhos, desejos e ambições. Além disso, pode ainda opinar de maneira limitada sobre planos e discussões.

B2 – Usuário Independente (até 550-600 horas)

É capaz de entender ideias principais de textos complexos que tratem de temas tanto concretos como abstratos, inclusive textos de caráter técnico se forem de sua área de atuação. Pode interagir com falantes nativos com um grau suficiente de fluência e naturalidade de forma que a comunicação ocorra sem esforço por parte de nenhum dos interlocutores. Pode produzir textos claros e detalhados sobre temas diversos, assim como defender um ponto de vista sobre temas gerais, indicando vantagens e desvantagens das várias opções.

C1 – Proficiência eficaz (até 750-800 horas)

É capaz de compreender uma ampla variedade de textos extensos e com certo nível de exigência, assim como reconhecer sentidos e ideias implícitas. Sabe expressar-se de forma fluente e espontânea sem fazer muito esforço para encontrar uma palavra ou expressão adequada. Pode fazer uso efetivo do idioma para fins sociais, acadêmicos e profissionais. pode produzir textos claros, bem estruturados e detalhados sobre temas de certa complexidade, mostrando uso correto dos mecanismos de organização, articulação e coesão do texto. Capaz de entender por completo um filme sem legendas.

c2 – Domínio pleno (até 1.000-1.200)

É capaz de compreender com facilidade praticamente tudo que ouve e lê. Sabe reconstruir a informação e os argumentos procedentes de diversas fontes, seja em língua falada ou escrita, e apresentá-los de maneira coerente e resumida. Pode expressar-se espontaneamente com grande fluência e com um grau de precisão que lhe permita diferenciar pequenas nuances de significado, inclusive em situações de maior complexidade.

Os livros didáticos usam essa nomenclatura há alguns anos. Também é melhor usá-la para definir o seu nível de inglês no CV.

 

Este texto foi originalmente publicado em Exame.com

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