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O engenheiro por trás da Comic Con Experience

Pierre Mantovani

Se chama Comic Con Experience (ou CCXP) o maior evento de entretenimento pop do país. Sua segunda edição acontece entre 03 e 06/12, em São Paulo, e deve reunir 120 mil participantes entre geeks, empresários, cosplayers, editores, rpgistas, quadrinistas, celebridades, jornalistas e toda sorte de matadores e matadoras de zumbi.

O evento é um desdobramento do portal Omelete, um dos mais antigos a cobrir o mundo nerd brasileiro. Em 2010, após 10 anos produzindo conteúdo e vendendo publicidade, o Omelete passou de nível. Pierre Mantovani, 40, um dos sócios fundadores, assumiu como CEO e o grupo começou a construir um ecossistema de empresas ao seu redor.

Pierre é empreendedor serial, gosta tanto de estruturar empresas quanto de tocar baixo. Porém, ainda na adolescência entendeu que precisava fechar seu mês sem pedir dinheiro para a mãe e que, portanto, seu caminho não seria na música. Foi estudar engenharia elétrica, onde aprendeu programação e a lógica das máquinas, conhecimento que Pierre entende ser “o Matrix dos negócios digitais, igual no filme, aqueles numerinhos caindo, que de repente você entende e tudo faz sentido”. E então, ainda na universidade, abriu a Tribal com seus dois melhores amigos.

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Em 1998, a a agência de marketing digital operava no sotão de sua casa e conseguiu o Citibank como cliente. No ano seguinte, foram para a avenida Paulista, mas gastaram demais e em 2000 recuaram para a Via Funchal, numa sala onde Pierre passou os cabos de rede. Quase quebraram e o empresário entendeu que erros de gestão têm consequência reais na vida de quem faz parte da empreitada.

A empresa se reestruturou e cresceu, conseguiu clientes como Telefonica, ONU, Philips e foi vendida em 2008 para a Digitas, à época a maior agência de marketing digital do mundo. Pierre acompanhou a Tribal por mais três anos, saiu no final de 2010 e logo montou uma aceleradora de empresas, a Techrok. Investiu em seis startups, o Omelete foi a única que deu certo de verdade.

A relação, porém, é bem mais antiga. O Omelete nasceu em 2000, incubado dentro da Tribal. Erico Borgo e Marcelo Forlani, que trabalhavam na empresa, são os grandes geeks por trás do projeto. Os dois realizaram mais de uma década de conteúdo para o Omelete, enquanto Pierre acompanhava decisões administrativas e estratégicas.

Em 2010, propôs assumir a gestão como CEO, queria acelerar o ritmo de trabalho para dominar o mercado. “Eles toparam e hoje colhemos os frutos desse trabalho”, disse.

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Comic Con Experience em NY [TheSharedExperience]

Ecossistema Geek Pierre montou três empresas do ano passado pra cá e não pretende parar. “Mas elas não são para vender, estou construindo porque faz sentido essas empresas conectadas. Hoje, fazer o ecossistema é o que me dá prazer”, diz.

Depois do Omelete veio a Loja Mundo Geek, um e-commerce de produtos relacionados aos universos de fantasia. Ali você encontra desde a garrafa térmica do Batman até o sabre de luz de Darth Vader. O sabre de luz, ou lightsaber, é uma arma elegante. Utilizada por jedis e siths, sua empunhadura é uma engenhoca que utiliza a energia de cristais para emitir um feixe de laser, que é a lâmina luminosa da arma. Seu movimento tem som característco e a espada é infinitamente afiada, capaz de cortar qualquer material sem esforço. Isso nos filmes: a versão da Loja é feita de plástico, custa 69,90 reais e faz quase o mesmo barulho.

Pierre entendeu que histórias dão profundidade a objetos: “Por exemplo, olha este tênis aqui”, e pega o cano alto número 29 que sua filha mais nova, Alicia, deixou sobre a mesa da sala. “Isso aqui poderia ser um tenis rosa com coração. Mas não, é um tênis da Minnie, eu sei disso, você sabe quem é a Minnie, a minha filha sabe, ela já vê a relação atrás do objeto.”

Faz parte da cultura geek o hábito de colecionar quadrinhos, bonecos, peças únicas, peças banais e todo tipo de item que aborde os universos fantásticos de interesse. O Omelete é uma referência brasileira na cobertura destas histórias, com público cativo. Pierre, empresário que entendeu a relação entre narrativa e business, uniu público e produto.

Além do portal, da loja e da conferência, o grupo Omelete acaba de investir 2 milhões de reais na Social Comics, startup brasileira que oferece quadrinhos em streaming, seguindo o mesmo modelo de assinatura por conteúdo do Netflix. Possui, ainda, a CCXP Quest, especializada em turismo ao redor do evento, e está para abrir uma loja especializada em League of Legends, um dos maiores jogos multiplayer do mundo.

A CCXP é o momento de convergência de todo o trabalho.

Experiência e ativação Comic Con quer dizer Comic Conference, conferência de quadrinhos. Não é uma marca, é um tipo de evento e existem várias pelo mundo. A mais famosa é a de San Diego, que absorveu a cultura do cinema da vizinha Los Angeles para realizar um evento mais focado em celebridades da televisão e do cinema do que em desenhistas e escritores de quadrinhos. O Omelete já cobria o evento há anos e só em 2013 Érico e Marcelo conseguiram levar Pierre para lá. Funcionou e ele entendeu que aquela festa daria certo no Brasil.

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O evento é superlativo. Sua primeira edição, em 2014, reuniu 100 000 pessoas. No meio dessa gente toda, no stand da Warner, uma réplica do batmóvel dos anos 60 e da Máquina Mistério, a van psicodélica do Scooby-Doo; mais de 300 quadrinistas assinando seus livros; uma guitarra do Batman autografada pela lenda dos quadrinhos Frank Miller; jovens vestindo roupas colantes com perucas coloridas, empunhando armas de plástico e adorando a experiência.

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Comic Con Experience em SP [CCXP]

Para mitigar os riscos de um evento tão grande, Pierre chamou novos sócios: Renan Pizii, da Piziitoys, a maior empresa de colecionáveis da America Latina e Ivan Costa, da Chiaroscuro Studios, um dos maiores agentes de quadrinistas do mundo. O Omelete trouxe a relação que já mantinha com todos os studios – Disney, Warner, Fox – com canais de TV, indústria de quadrinhos e de games, todos anunciantes do site. Assim, o evento nasceu com amplo relacionamento no mercado onde queria atuar.

A CCXP vende espaço para as marcas montarem seus stands, vende ingresso para o público e espaço publicitário para anunciantes. Pierre entende que a inovação no modelo de negócios não está no evento, mas no modelo do grupo: “Um sponsor não leva apenas o evento, mas também o maior site de cultura pop do país para o ano inteiro. A feira são quatro dias para celebrar um ano de trabalho”.

O grande serviço do Omelete é criar soluções de relacionamento com seu público, estimado em 6 milhões de geeks, nerds ou quase isso. Criam estrategias de comunicação e ativação para empresas de entretenimento: “Quem chega buscando o evento, encontra um ecossistema maior. Ele é poderoso, é o modelo replicável para outros mercados. Temos a intenção de internacionalizar esse jeitinho brasileiro de fazer cultura pop”.

Ano passado, o grupo Omelete cresceu 200% e faturou 14 milhões, impulsionado pelo sucesso da CCXP. Este ano, Pierre espera que o evento tenha público 120 000 pessoas, o máximo permitido na Expo São Paulo, local do evento. No ano que vem, o espaço disponível deve aumentar de 56 para 100 mil metros quadrados e o público deve aumentar junto. “O sábado já está vendido há quatro meses, malandro! 40 mil pessoas e esgotado, olha isso!”

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Ainda há ingressos disponíveis para a quinta-feira, dia 3, (por 139,98 reais a inteira, e a meia-entrada é válida para estudantes ou para quem doar um livro) e para a sexta-feira, dia 4 (por 199,98, no mesmo esquema). Agora, se você é um nerd hardcore mesmo, pode adquirir a credencial “Full Experience”, por 5.999 reais. É um “super pacote especial”, que dá acesso VIP ao estacionamento e prioridade na entrada do evento (filas enormes são comuns), direito a foto e autógrafo com quatro artistas convidados, kit com caneca, camiseta, bonequinhos exclusivos da CCXP, pôster do evento autografado pelo artista e outros mimos.

É possível, ainda, adquirir uma credencial para o evento paralelo à CCXP, o CCXP Business Summit — evento com painéis, mesas redondas e networking que acontece em paralelo à CCXP, voltado a empreendedores do setor — por 999,99 reais.

Um nerd em vendas Pierre não é um geek hardCore. Gosta dos universos de fantasias, foi bastante influenciado pelo pai, este sim um geek de primeira linha que fica arrepiado quando vê o trailer do novo Star Wars. Pierre, nem tanto.

Geek é um tipo de nerd. Nerd é quem nutre um interesse sobre o qual se debruça, estuda e aprende por conta própria, por prazer. Um nerd investe horas para se aprofundar em um assunto, independentemente do que as outras pessoas achem daquilo. Acumula conhecimento e se torna referência. Existem nerds de música, por exemplo, de matemática e de política. Um geek é um nerd de mundos de fantasia. Pierre é nerd de vender.

Hoje, com a maturidade, sente que administrar o caos está ficando normal: “É meio assustador, mas nunca me senti tão multitarefa quanto hoje. Dedico energia mais assertivamente, sabendo distribuir e contaminar pessoas ao redor”. Ele acredita que esse é um ponto de saber escalar tantos negócios ao mesmo tempo: “Voltamos ao relacionamento intrapessoal”.

Seu limite de trabalho é chegar em casa às 19h30. Depois de 15 anos focado no trabalho e nas empresas, sem muito contato com sua família, Pierre fez uma autoanálise e entendeu que precisa estar em casa, com Alicia (1 ano e 5 meses) e Celina (2 e 7), neste horário. Ele recebeu o Draft em sua casa, enquanto as duas pequerruchas sorridentes brincavam em um pula-pula no quintal. O encontro seria no escritório, mas poucas horas antes, recebi o email “Vamos precisar fazer lá em casa porque vou buscar as meninas na escola, tudo bem?”. Pierre passou metade da entrevista com Alicia no colo, até que ela se estabanou, bateu na mesa e começou a chorar: “Ô, gorducha, doeu? Vem cá, vamos curar agora, vem cá, vou dar beijo”.

Por conta do compromisso que assumiu consigo mesmo, com a família, Pierre não marca jantares de negócio. Se preciso for, convida a pessoa para jantar na casa dele, com a esposa e as crianças. O único furo nessa rotina com as meninas é quarta-feira, dia do ensaio da Bala, banda onde toca contrabaixo em músicas do Deep Purple, Led Zeppelin, AC/DC. Pierre também é nerd do rock e abre sorriso para falar do Music Alley, o espaço dedicado à música que a CCXP deste ano vai estrear. Ele fecharam acordos com Gibson, Fender, Marshall e outras produtoras de instrumentos para criar uma área de experimentação, um estúdio aberto para qualquer um tocar o que quiser. Também haverá palco para pocket show e estúdio de tatuagem.

“Nossa disneylandia só fica maior, malandro”, diz o empreendedor serial com skill de vendas e DNA nerd.

“A gente descobriu que com nosso jeitinho brasileiro vamos fazer a ComicCon mais foda do mundo. Por causa da nossa energia, calor humano e da criatividade para criar experiências e ativações incríveis em eventos. Em alguns anos, vamos ser benchmark em muita coisa para o mundo todo, pode anotar”, diz. Empresários do entretenimento pop e seu público agradecem.

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

Como a Escola Convexo aposta no empreendedorismo social para desenvolver lideranças

No final de outubro, uma cooperativa de mulheres da comunidade Chapéu do Sol, localizada no bairro Belém Novo, na zona rural de Porto Alegre, lançou a primeira leva de azeites aromatizados criados em parceria com um restaurante local, o Mantra, e com estudantes da escola pública Nehyta Ramos, no espaço ConvexoLab, que funciona dentro da unidade escolar.

O produto já conta com uma rede de distribuição que envolve mais de 25 restaurantes. E é só o começo. Outros negócios estão sendo desenvolvidos pela cooperativa, um deles voltado à confecção de colares têxteis e outro para produção de trufas de chocolate. Todos eles contam com apoio e a parceria de comerciantes da região e são fruto do encontro com a Escola Convexo.

Mas, para entender essa história é preciso voltar no tempo. Em 2013, a escola Nehyta Ramos,que funciona na comunidade Chapéu do Sol, participou de um projeto-piloto do que viria a ser a Escola Convexo, um negócio social criado para melhorar os índices de educação e gerar renda em comunidades pobres a partir da lógica do empreendedorismo.

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Na época, a proposta era reativar uma horta escolar, demanda apontada pelos próprios alunos como uma prioridade. De lá até agora, o negócio amadureceu e expandiu sua área de atuação para além do Chapéu do Sol: foram criados mais dois laboratórios da Convexo, o Lab Vila Flores, que funciona na zona central da cidade, e o Lab São Leopoldo, que fica na região metropolitana de Porto Alegre. No total, atendem cerca de 80 alunos.

Problemas em oportunidades A metodologia da Convexo parte da identificação de um problema local, que é visto como uma oportunidade para desenvolver soluções sustentáveis para a comunidade. Foi assim que surgiu a cooperativa de mulheres Chapéu do Sol, por exemplo. Os alunos da Nehyta Ramos, que têm entre 7 e 17 anos, realizaram uma série de entrevistas com suas mães, irmãs, tias e avós, mulheres que em sua maioria são chefes de família, cuidam de crianças pequenas, e sofrem com a falta de vagas nas creches da região.

A partir da elaboração de um censo, ficou claro que a prioridade por ali era a criação de um projeto de geração de renda para essas mulheres. Daí, nasceu a cooperativa. Hoje, do total das vendas dessa cooperativa, 10% vai para a manutenção dos labs da Escola Convexo.

Os estudantes participam de oficinas três vezes na semana, sempre no contraturno escolar. Todo projeto desenvolvido por eles parte de um diagnóstico da realidade local, e a partir daí os professores, ou facilitadores contratados pela Convexo trabalham conteúdos curriculares de Português e Matemática desenvolvendo competências de Comunicação e Lógica. Tudo isso tendo o empreendedorismo como espinha dorsal. “Nosso ciclo educacional tem duração semestral e é composto de quatro movimentos que vão desde o mapeamento das necessidades até a formalização de negócios dentro da comunidade em que estamos inseridos”, conta Bruno Bittencourt, 25, co-fundador da Escola Convexo.

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Escola Convexo [Reprodução/Facebook]

Bruno e Onília Araújo, a idealizadora da Convexo, se conheceram em um programa de empreendedorismo da UFRGS. Tanto um quanto outra já eram empreendedores antes de embarcar no novo negócio, mas nenhum deles tinha ligação direta com a área da Educação. Bruno, hoje mestrando em Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade na UFRGS, era sócio de uma agência de marketing, a Klavo, e Onília, estudante de psicologia, é dona de uma empresa de contabilidade, a I.CON Inovação Contábil. Para promover uma real transformação social, eles entenderam que investir na educação seria o ponto-chave.

A história de Onília é prova disso. Filha mais nova de uma família pobre de sete irmãos, ela foi a única a ingressar em uma universidade. Ela conta que o estalo para apostar na ideia da Convexo aconteceu em 2013 quando sua mãe e sua grande companheira ficou gravemente doente e faleceu: “Minha mãe sempre procurou ajudar quem precisava. De repente, me dei conta de que eu já tinha a minha empresa, era bem-sucedida, mas não estava fazendo nada além de cuidar do meu negócio”.

Ela diz que não queria fazer parte de uma ação assistencialista, de uma solução pontual: “Queria abrir caminhos para que as pessoas pudessem trilhar suas próprias histórias de sucesso”.

Desde o início, o objetivo da Convexo era desenvolver uma tecnologia social que tivesse a resolução de problemas da comunidade como base para o aprendizado. E isso só seria viável com o envolvimento de todos: estudantes, professores, famílias e — mais adiante eles veriam — empresas. Por isso, a ideia inicial do modelo de negócio estava centralizada na figura dos mentores, pessoas de realidades e formações diferentes que, a partir de uma contribuição simbólica de 10 reais, se integrariam ao negócio para contribuir com ideias e trocar experiências, inspirando assim os alunos e ajudando a criar novos projetos para a comunidade.

Apesar de terem conseguido trazer para perto um grupo de mentores voluntários — hoje pouco mais de cem pessoas exercem este papel e recebem todo mês um report do que foi desenvolvido em cada uma das aulas com depoimentos dos alunos —, eles perceberam que isso não seria suficiente para manter o negócio.

“Sonhei o modelo ideal em que todas as pessoas interessadas em fazer a diferença se juntariam à Convexo. No primeiro ano, não conseguimos um número suficiente de  mentores. As pessoas não estavam preparadas para o modelo”, conta Onília.

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Foi aí  que ela tomou a decisão de fazer um novo aporte no projeto, valor de100 mil reais, além dos 20 mil iniciais —  usados para a elaboração do plano de negócio e divulgação da Escola, que contou com a presença do educador José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte, em junho de 2013. Era preciso mostrar na prática que a metodologia traria resultados. Foi  assim, em 2014, foi inaugurado o primeiro ConexoLab na escola Nehyta Ramos.

A eficácia do modelo Para Onília e Bruno, se 2014 foi o ano de modelar o negócio e testar a metodologia, 2015 foi o ano do amadurecimento e de ampliar as fontes de renda do negócio. Pela primeira vez, a Escola Convexo foi bater na porta das empresas com o curso “Eu: Ecossistema Único”, que estende a tecnologia social desenvolvida dentro das escolas para as empresas, com o objetivo de desenvolver competências pessoais e de equipe, a partir da troca desses dois mundos.

Foi assim que nasceu o terceiro lab, que funciona em uma escola municipal na cidade de São Leopoldo (RS). Seis executivos da empresa multinacional alemã Gedore, que fica ao lado da escola, participam hoje do curso. Dessa parceria, inclusive, vem a maior parte da receita do projeto.  Para o próximo ano, a ideia é propor um modelo mais sustentável e contínuo, como explica Onília: “Queremos um lab patrocinado em que o contrato preveja que 20% da verba seja destinada a melhorias da escola pública, deixando um legado”.

Já o segundo lab, que começou a funcionar em agosto deste ano no bairro Floresta, zona central de Porto Alegre, conta com outra forma de financiamento. O negócio, que funciona dentro de um espaço cultural, conta com a participação de alunos de escolas públicas e privadas, sendo que esses últimos, cerca de 13 jovens, pagam uma mensalidade de 200 reais por mês.

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Escola Convexo [Reprodução/Facebook]

“Ali é um território com muita discrepância social, uma espécie de Morumbi de Porto Alegre”, afirma Bruno, fazendo um paralelo com o bairro paulistano em que casas de luxo estão bem perto de favelas. “A questão comum a todos é a violência urbana, e por consequência a segurança pública. Por isso, esse foi o problema central identificado pelos alunos para desenvolver o primeiro projeto”, conta ele. Depois de 300 entrevistas realizadas com moradores e comerciantes do Floresta, os estudantes decidiram apostar na revitalizacão de uma praça que fica próxima ao centro cultural. O projeto está em fase de estruturação.

Para Onília, um dos grandes aprendizados até o momento, além do de manter as convicções apesar dos tropeços, é “rodar tudo ao mesmo tempo”. Ela exemplifica o que diz:“Percebemos que só conseguiríamos rodar a espiral fazendo tudo ao mesmo tempo: cursos, cooperativa e atividades nas escolas, tendo o lab como ponto de conexão. Se isolássemos uma inciativa, correríamos o risco de cair no assistencialismo.”

Novas formas de financiamento Além dos cursos empresariais, a Convexo está estruturando um programa de treinamento para professores, o Catálise, a partir da experiência prática que adquiriram nas escolas, em palestras e com a participação em eventos e feiras voltados a esse público. Para rodar a primeira turma do curso em 2016, eles também negociam parcerias com universidades.

A participação em feiras de empreendedorismo é outra forma de expandir a atuação do negócio. No início deste mês, eles estiveram no Salão do Empreendedor do Sebrae para uma oficina junto a estudantes e professores. Como resultado de dois dias de trabalho nasceu o Projeto Espiral, que pretende realizar ações para transformar a realidade social da cidade de Erechim (RS) e região.

O próprio modelo de mentoria deve ser remodelado para o ano que vem. A cota de dez reais paga pelos mentores será revertida em pontos, que poderão ser usados para comprar os produtos fabricados pela cooperativa de mulheres Chapéu do Sol. É uma forma de retroalimentar financeiramente o negócio. “Queremos também um lugar físico para essa cooperativa e já começamos a conversa com o poder público”, diz Onília. E segue rodando tudo ao mesmo tempo.

 

Este artigo foi originalmente publicado no Portal Draft

Entenda a nova tendência social: o investimento de impacto

Planta brota de espaços de concreto

O Portal Draft continua a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é investimento de impacto

O que acham que é

O mesmo que investimento de responsabilidade social. Ou algum tipo de filantropia.

O que realmente é

Investimentos de Impacto (da tradução literal do inglês impact investing) são aqueles  que causam impacto socioambiental além de objetivar lucro. Isso significa que podem abranger atividades de cunho específico socioambiental e também projetos de empresas, fundações, institutos e governos com foco em resultado econômico, mas com possibilidade de gerar um impacto social positivo quantificável.

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“Investimentos de Impacto são investimentos realizados em projetos ou, no caso da Vox Capital, em empresas que possuem a intenção de causar impacto social e/ou ambiental positivo, além de retorno financeiro, diz Daniel Izzo, co-fundador e diretor executivo da Vox Capital, primeiro fundo de investimento de impacto do Brasil, e professor convidado do curso executivo de investimentos de impacto da Said Business School, da Universidade de Oxford. De acordo com a definição da Investopedia, Investimento de Impacto é um subgrupo de Investimento Socialmente Responsável (SRI, na sigla em inglês) mas enquanto o SRI abrange evitar danos, o Investimento de Impacto procura ativamente causar impactos positivos.

O site da GIIN (Global Impact Investing Network) diz que o Investimento de Impacto desafia a  visão antiga,  de que as questões sociais e ambientais devem ser tratadas apenas por doações filantrópicas e que os investimentos do mercado devem concentrar-se exclusivamente na obtenção de retornos financeiros: “O mercado de Investimento de Impacto oferece diversas e viáveis oportunidades para os investidores para desenvolver soluções sociais e ambientais através de investimentos que também produzem retornos financeiros”.

Quem inventou

Izzo diz que o conceito investimento para benefícios sociais não é novo, ele sempre existiu. “Mas o setor de Investimento de Impacto, com esse nome e reconhecido como uma iniciativa conjunta de diversos atores, surgiu de forma mais organizada com o lançamento do relatório Impact Investments: An Emergent Asset Class, do J.P. Morgan e da Rockfeller Foundation em parceria com a GIIN”, afirma.

Quando foi inventado

Em novembro 2010, data do lançamento do relatório “Impact Investments: An Emergent Asset Class”.

Para que serve

De acordo com Izzo, esses investimentos são uma nova maneira de se fazer negócios com uma camada adicional de responsabilidade à gestão da empresa: o impacto positivo. “Não se trata de filantropia ou de iniciativas desconectadas com o negócio. São empresas que efetivamente estão desenvolvendo negócios (em seu core business) que impactam positivamente a sociedade, resolvendo problemas reais que enfrentamos, tanto sociais quanto ambientais”, diz.

Leia também: Veja as oportunidades para quem quer empreender com impacto social

Quem usa

Empreendedores, investidores, grandes empresas e institutos empresariais. Segundo William Eid Junior, professor e coordenador do Centro de Estudos em Finanças (GVCEF) da FGV – EAESP, em geral, o caminho são fundos de investimentos. “Mas também há instituições com áreas específicas, como o banco Itaú, por exemplo, que tem a área de sustentabilidade muito desenvolvida e banco Santander, com o Universidades, para citar dois”, afirma.

Efeitos colaterais

“Achar que toda empresa que possui impacto é um investimento de impacto. Isso é um erro, pois toda atividade humana gera algum tipo de impacto. Só pode ser considerado um investimento de impacto aquele que é gerido em busca da maximização deste. E não aquele que causa impacto como um efeito colateral”, diz Izzo.

Quem é contra

Nenhum dos dois entrevistados acredita que haja quem seja abertamente contra Investimentos de Impacto. “Idealmente, ninguém com senso de responsabilidade ambiental ou social é contra. Só uma pessoa ou organização com interesses escusos poderia ser contra”, diz Eid Júnior. Izzo concorda, mas faz uma ponderação. “Podemos citar dois possíveis ‘inimigos indiretos’ dos investimentos de impacto: a burocracia, que dificulta a criação e o desenvolvimento de novas empresas no Brasil, e os cartéis e grupos de interesse, que criam leis e bloqueios para o surgimento de soluções inovadoras que possam trazer mudanças profundas para setores ineficientes, mas ainda dominados por grandes grupos”, afirma o diretor da Vox Capital.

Para saber mais

Assista ao vídeo Impact Capital Is The New Asset Class, painel que aconteceu no Forbes 400 Summit On Philanthropy com Marc Andreessen da Andreessen Horowitz, Jim Breye dda Accel Partners, Marc Benioff, CEO da Salesforce.com e Cheryl Dorsey da Echoing Green; leia, na Forbes, o texto Is Social Impact Investing The Next Venture Capital? publicado em setembro do ano passado; assista ao vídeo “Turn your money into real change” na página do Social Impact Investment. No site há também uma série de reports sobre o assunto; leia, na Bloomberg, BlackRock Targets Idealistic Millennials With Do-Good Investing sobre como dois millennials vislumbraram um nicho em Investimento de Impacto.

 

Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

‘As oportunidades existem, mas somos nós que devemos buscá-las’

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Nascida em São Paulo, em uma família de classe média, Camila Beterelli Giuliano pode dizer que já ganhou o mundo. A estudante de engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) que sonhava em passar em uma universidade pública hoje já soma experiências acadêmicas e profissionais em diversos países antes mesmo de se formar. Lidou com desafios que foram da gestão como presidente de uma empresa júnior ao trabalho de pesquisa em um laboratório de Harvard.

Ela também é membro do Núcleo, a comunidade alumni dos programas presenciais do Na Prática. A seguir, deixa o seu relato sobre buscar ativamente as oportunidades que surgem durante a graduação e continuar sempre sonhando grande:

Quer fazer parte do Núcleo e ter a chance de compartilhar sua história no Na Prática? Saiba mais aqui!

Quão grande são seus sonhos? Hoje eu vou escrever sobre o tamanho dos meus.

Cresci em São Paulo, com quatro irmãos em uma família de classe média, de descendência italiana. Nunca tivemos dinheiro para estudar nos melhores colégios, e acabei fazendo o ensino médio em uma escola pública. O sonho, nesse momento, era entrar em uma universidade pública.

Trabalhei durante o último semestre do colegial para poder pagar o cursinho no ano seguinte. Estudei enlouquecidamente durante aquele ano, mas o resultado veio. Passei em terceiro lugar em Química na USP e em décimo primeiro em Engenharia Biotecnológica na Unesp em Assis (SP), onde morei por seis anos. Optei pela Engenharia Biotecnológica porque era união perfeita entre as duas áreas que me dividiam: Exatas e Biológicas.

Fui a primeira da família a mudar de cidade para estudar. “Te criei para o mundo”, dizia minha mãe. Ela estava certa.

Na universidade, um universo se abriu a minha frente. De tudo que vivi lá, a experiência na empresa júnior foi a mais marcante. Em seis meses já era vice-presidente, e com mais seis meses, fui eleita presidente. Liderar quarenta pessoas me ensinou muito sobre trabalho em equipe e priorização. Minha gestão acabou sendo tão marcante, que até hoje os professores e diretores da faculdade lembram dela com carinho. Pela primeira vez senti na pele a importância de um legado.

No final da minha gestão, em 2011, eu descobri o Ciências sem Fronteiras. Lembro até hoje daquele sábado de manhã, dia 8 de outubro de 2011, quando eu vi o edital do programa e liguei para minha mãe pra dizer que eu tinha achado alguma coisa que parecia boa demais para ser verdade. Único problema: o edital fechava no dia 12. Eu tinha pouquíssimos dias para juntar um monte de documentos, escrever duas redações em inglês justificando o porquê eu merecia ir e preencher um formulário online complicado e extenso.

E além de tudo, precisava fazer o TOEFL, que era uma prova super cara e que, se eu não conseguisse a nota mínima, o sonho tinha acabado. Lembro de ter saído naquele dia mesmo atrás de escolas de inglês que me ajudassem a estudar, mas tudo era demorado demais. Comprei um guia online de preparação e comecei a estudar por conta própria.

No fim das contas, apesar de toda a loucura daquelas duas semanas, novamente o resultado veio: tirei uma nota bem acima da necessária no TOEFL, consegui enviar todos os documentos no prazo e fui alocada na Boston University, em Boston, nos Estados Unidos. Embarquei em janeiro de 2012.

Meu ano nos Estados Unidos foi algo fora da realidade. Na Boston University busquei fazer coisas que não teria oportunidade de fazer aqui no Brasil, e isso me levou a experiências incríveis. Nomes como MIT e Harvard, por exemplo, que pareciam inatingíveis e distantes, estavam geograficamente tão perto de mim. Por que não tentar algo?

Foi assim que consegui meu estágio em um laboratório de Harvard. Eu descobri essa oportunidade no dia 24 de fevereiro, e ela fechava, óbvio, no dia 28. Eu tinha que escrever duas redações do porquê eu queria fazer parte do programa, preencher um formulário e mandar meu histórico juramentado. Correria de novo, mas consegui fazer tudo a tempo, e em abril, recebi a proposta de trabalhar com plantas carnívoras nesse laboratório de biofísica.

A ideia do meu mentor era que eu desenvolvesse um software para construir imagens 3D a partir de imagens de microscopia holográfica da planta carnívora. O estágio era para durar dez semanas, e eu passei a primeira e parte da segunda todinha tentando aprender a coisa mais básica na linguagem que eu deveria usar para programar. Fiz de tudo, mas programação nunca tinha sido meu forte.

Ao invés de desistir ou quebrar a cabeça para sempre, resolvi abrir o jogo com o meu mentor e propus uma nova dinâmica para nosso projeto: ele ficaria responsável pela programação, algo que dominava há mais de vinte anos, e eu expandiria o lado biológico do projeto, já que minha formação me deu o conhecimento necessário para isso. Ele topou. O projeto deu tão certo que eu fiquei lá por seis meses. Nós publicamos um artigo e temos um segundo em rascunho.

Bom, sabe aquela história de ter sido criada pro mundo? Pois minha estadia nos Estados Unidos só aguçou esse meu lado. Seis meses do meu retorno ao Brasil, eu consegui uma bolsa do Santander Universidades para estudar sustentabilidade na Peking University, na China. Passei três semanas entre Shanghai e Pequim em uma das experiências culturais mais incríveis da minha vida.

De volta ao Brasil, estava prestes a entrar no último semestre do curso, que é livre para fazer estágio e monografia – ou seja, não temos mais aulas. Me inscrevi em diversos programas, e surgiram três excelentes oportunidades: estudar na Holanda, estagiar em um laboratório do Canadá e estagiar no Google Brasil. Só que eu teria que escolher uma delas.

Não era uma decisão fácil. Conversei com a minha família, com amigos, pessoas que trabalhavam no Google e outras que moravam na Holanda ou no Canadá. Isso ajudou muito a fazer uma escolha mais embasada. Decidi ir para a Holanda pois queria explorar a área de inovação, na qual eles são destaque. Lá, prolonguei minha estadia e consegui um estágio no coração de inovação da Philips, para realizar análises estatísticas em uma pesquisa curiosa sobre como as características da barba influenciam a performance do barbear.

De volta ao Brasil, me inscrevi no trainee da IBM e aqui estou, cada vez mais me surpreendo positivamente com a cultura da empresa e a visibilidade do programa de trainee. Para se ter uma ideia, comecei há pouco mais de dois meses e já tive reuniões com o presidente da IBM Brasil e da América Latina. Isso para quem, há alguns anos, tinha como maior sonho de entrar em uma faculdade pública.

Na verdade, o que eu gostaria de dizer com tudo isso, com a minha história, é que a gente sempre consegue dar um passo além do que achamos possível. A gente sempre consegue subir um degrau a mais do que tínhamos determinado antes. Nesse processo, a Fundação Estudar sempre me colocou em contato com as pessoas mais incríveis que eu já conheci e sempre me mostrou que eu posso sim chegar aonde eu quero, eu só preciso me preparar.

No final das contas, não são as circunstâncias que determinam até onde vamos, somos nós mesmos. Nós somos os responsáveis por buscar as oportunidades, porque elas existem.

 

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O Núcleo é a maior comunidade de jovens transformadores do Brasil, formada por ex-participantes dos programas presenciais do Na Prática. Os membros do Núcleo também têm essa coluna quinzenal no portal Na Prática, espaço exclusivo para contar suas histórias e inspirar mais jovens brasileiros! Saiba mais aqui.

Os bastidores de uma campanha de marketing

homem escreve sobre gestão na lousa

Tornar as marcas queridas e reconhecidas pelo público-alvo é sempre um grande desafio para as agências de publicidade e departamentos de marketing das empresas. Em um mundo com tantas opções, ser a primeira escolha de um consumidor ou ser lembrada como um exemplo de sucesso no mercado é um desafio e tanto. E é aí que as campanhas de marketing entram.

Elas são planejadas e desenvolvidas para fazer com que uma empresa alcance diferentes objetivos, como aumentar a exposição da marca, conquistar uma fatia maior do mercado, aumentar as vendas de determinado produto ou se tornar referência para o seu público em um assunto, por exemplo. As metas podem ser diversas e são determinadas de acordo com os objetivos globais da empresa em questão.

A campanha de marketing envolve uma série de ações, que devem estar alinhadas com a meta final. Em geral, ela envolve as seguintes etapas: definição do objetivo, definição do público-alvo, definição das mídias que serão utilizadas, definição do briefing, criação e acompanhamento do planejamento, monitoramento dos resultados e feedbacks do público, e mensuração final dos resultados.

Muito mais do que seguir os passos operacionais, os responsáveis pela criação de uma campanha de marketing devem ter muita sensibilidade para entender o consumidor e conseguir captar o que ele quer ou precisa ouvir. Tudo sem adivinhações ou mágicas, mas com base em análises comportamentais e de dados.

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Com MBA em Marketing pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e experiência com o planejamento estratégico de campanhas de grandes marcas como Postos Petrobras, Casa & Vídeo, Sensodyne e BNDES, Marcia Amorim, diretora de Planejamento da Mullen Lowe, acredita que essa percepção do público é fundamental: “É preciso saber que antes de ser um consumidor ele é uma pessoa. E é essa pessoa, suas demandas e desejos, que precisamos entender para chegar a um insight e a uma melhor proposta de comunicação para a marca. A pesquisa e o entendimento do consumidor sempre tem que ser o começo de tudo. Sem isso, não faz sentido”, ressalta.

Conexão para transmitir a mensagem certa Grandes campanhas de marketing envolvem o trabalho de muitas pessoas e diferentes áreas. Todas elas devem estar completamente alinhadas com a mensagem final da campanha e os objetivos a serem alcançados. É só assim que conseguem falar a mesma língua para se comunicarem de forma clara com o consumidor: “Hoje, com tantos pontos de contato e tantas possibilidades não podemos pensar em uma estratégia de forma desconectada”, comenta.

MARCIA AMORIM
Marcia Amorim, da agência Mullen Lowe [Acervo Pessoal]

Entre os profissionais envolvidos, podemos destacar os que trabalham em agências publicitárias nos departamentos de planejamento, atendimento, criação e mídia, além dos especialistas em marketing das empresas.   

Também é preciso muita conexão no trabalho feito no mundo online e no off-line, para que ambos comuniquem a mesma coisa: “Acredito que as marcas que tem seu propósito, personalidade e estratégia bem definidas passam pouco por esse dilema. Mas, para isso, a marca precisa saber bem quem ela é”.

Se isso estiver claro, a única diferença entre estar no digital ou não serão as especificidades das próprias plataformas: “Por isso o trabalho do Planejamento é tão importante. Ele deixa tudo redondo para que a marca aja com coerência independente do meio onde está”.

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Como diretora dessa área, Marcia conta que o seu maior desafio é manter o entendimento total de cada campanha e briefing sem deixar isso se tornar uma coisa chata: “Profundidade e inspiração devem estar presentes em todos os jobs. Sem o primeiro a gente acaba fazendo trabalhos inocentes e sem o segundo a gente fica chato”. Já a sua maior felicidade é poder ver o trabalho na rua, relembrando tudo o que precisou ser feito para que a campanha saísse: “Esse momento sempre faz meu olho brilhar”.

Da concepção ao sucesso Na hora da criação de uma campanha de marketing é fundamental que o que já foi feito pela marca e pela categoria, além de inspirações de outras marcas – mesmo se forem de outros mercados – sejam levadas em conta para que o planejamento e desenvolvimento sejam mais assertivos: “Também é preciso pensar em quais são os insights humanos que podem nos trazer um bom caminho de diálogo com o consumidor”, fala Marcia.

Classificar uma campanha de marketing como “um sucesso” ou “aquela que não deu certo” depende do cumprimento dos seus objetivos. Cada empresa terá as suas métricas de acordo com o que deseja alcançar, por exemplo, mudar a percepção do público em relação à marca ou acrescentar tributos que não eram percebidos anteriormente: “Além disso, a melhor medida do sucesso é quando as pessoas se apropriam de uma campanha, quando ela entra no cotidiano, no dia a dia e nas brincadeiras”, finaliza.

Descubra como o autoconhecimento pode te ajudar nas entrevistas de emprego

jovens participam de reunião

Quantas vezes você já ficou inseguro durante uma entrevista de emprego ou numa dinâmica de grupo pensando em como se apresentar? Ou acabou hesitando no momento em que o recrutador pediu para você falar sobre ‘você mesmo’? Para fazer um discurso convincente e impressionar quem está te entrevistando, o melhor caminho é o autoconhecimento.

Quando são abordadas questões como “Quais são os seus pontos fortes e fracos?” ou “O que é importante para você na carreira?”, a maioria dos candidatos sempre acaba escorregando e fala sobre características genéricas. Esse é o melhor momento para você dar uma resposta completa, se destacar e conquistar a vaga.

Para te ajudar, o Na Prática desenvolveu um teste online de autoconhecimento onde é possível analisar o seu estilo de trabalho e que tipo de ambiente profissional você valoriza. Ficou curioso? Faça o teste agora mesmo clicando aqui.

 

Pátria Investimentos: o dinamismo do trabalho em uma gestora de investimentos

homem sorri com cidade ao fundo

Ao entrar na faculdade de engenharia civil-aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em São José dos Campos, Elias Lima era muito tímido — bicho do mato, como ele mesmo diz. Sabendo que isso poderia se tornar um entrave para o seu futuro no mercado de trabalho, buscou meios de lidar com a introspecção. Fui trabalhar na Aiesec, organização estudantil de intercâmbio voluntário e profissional, onde encontrei estímulo no relacionamento com clientes e colegas de trabalho”, conta.

Rapidamente ele se tornou diretor de vendas, e levou em frente o plano de dobrar os resultados anteriores de sua área. Foi assim que percebeu que a superação de objetivos era uma grande motivação de trabalho para ele.

Leia também:Chegando ao final da faculdade, pensou que queria ir pro mercado financeiro — “para ganhar dinheiro”, brinca. No entanto, sua primeira oportunidade de trabalho foi um estágio de um ano e meio na Monsanto, indústria de agricultura e biotecnologia. Nesta época, estudou matemática financeira e contabilidade por conta própria, porque sentia que era algo que faltava nas suas competências de engenheiro. Depois disso, surgiu a oportunidade de trabalhar no Pátria Investimentos, empresa pioneira na gestão de ativos de private equity no mercado brasileiro.

“Eu entrei empolgado, com vontade de me tornar sócio em dez anos”, conta o engenheiro de 24 anos. Por lá, não são raros os sócios com menos de trinta anos.  

A área que chamou sua atenção inicialmente foi real estate, que lida com investimentos no setor imobiliário. Seis meses depois de trabalhar na área, foi para uma equipe responsável por captar recursos para investir em shoppings no interior do Brasil. “Acredito que as coisas têm que acontecer muito rápido para nossa geração e foi assim lá dentro”, ele comemora. Hoje, ele considera que o mais importante é fazer algo de que se goste e estar num lugar em que se admire as pessoas.

Leia também: Entenda a indústria de priavte equity e venture capital no Brasil

O trabalho no Pátria Investimentos

No Pátria não há uma rotina certinha. Isso porque o trabalho acaba sendo fragmentado em muitas fases dentro de projetos. Funciona assim: a gestora estuda um setor institucionalmente (como consumo, educação, saúde), decide se quer investir nele para então começar a comprar empresas que se adequem a essa ideia. “Nesse momento tem toda uma pesquisa que precisa ser feita para conhecer o negócio, até se fazer uma oferta para a companhia que pretendemos comprar”, explica Elias. Mas a principal vantagem oferecida, ele explica, não é relativa a valores, e sim a ideias para as empresas. “A negociação é baseada em argumentos como: se vocês se associarem a nós, podemos desenvolvê-los e torná-los de ‘tal’ tamanho”, afirma.

O Pátria faz gestão de investimentos alternativos e assessoria corporativa, buscando quem já é bom mas carece de capital para crescer. “Somos o passo largo de quem precisa caminhar grande”, resume o engenheiro. Isso é feito a partir da gestão de recursos de investidores institucionais (empresas) e pessoas físicas em diversos veículos de ativos alternativos.

Em seus investimentos, implementar uma gestão qualificada é outro ponto de atenção para a gestora. Assim, é comum que ao investir em uma empresa o CFO (Chief Financial Officer, maior liderança na empresa no campo de finanças) torne-se alguém qualificado pelo Pátria Investimentos. “Como a governança é nossa, implementamos controles, contabilidade e processos internos nas empresas investidas. Somos sócios majoritários da empresa”, explica. 

Por outro lado, o presidente e os donos originais da empresa se mantêm cuidando do negócio durante todo o processo de investimento. Isso porque o Pátria Investimentos acredita que o empreendedor é fundamental para que a organização continue dando certo, afinal ele conhece a dinâmica da empresa e as pessoas.

“O empreendedor tem muito a ganhar, quando está disponível para isso”, comenta Elia sobre a possibilidade de receber aporte financeiro de uma gestora. No entanto, como no Brasil há muitas empresas familiares, é comum que propostas feitas pelo Pátria não sejam aceitas, diante da preocupação dos sócios de perder parte do controle dos negócios.

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Etapa final

A saída do investidor da empresa investida — momento final do processo de investimento, quando a empresa é vendida e a gestora obtém seu lucro — é um momento delicado e tratado com atenção, pois não se quer que o negócio perca valor. Então o CFO pode acabar até ficando na companhia, pois o objetivo é que o empreendimento continue bem sem o Pátria. Entre começo e o fim de cada investimento, o processo leva de 4 a 7 anos. Mas isso depende de quanto se consegue desenvolver a empresa neste período e do mercado para o desinvestimento. “O melhor é não demorar muito para vender. Porém, em menos de quatro anos acreditamos que não é possível haver mudança efetiva”, afirma Elias.

Para quem vai para dentro de uma empresa investida, como Elias, o trabalho funciona assim: ele estuda uma tese de investimento junto ao seu diretor no Pátria Investimentos. Juntos, eles conhecem a empresa, negociam, fecham acordo e então ficam responsáveis por fazer essa oportunidade de negócio criada ficar de pé. O analista, normalmente, vai trabalhar dentro da empresa investida, mas volta antes para o time de investimentos do Pátria, para que possa ter experiência de um novo ciclo de investimento. As equipes para cada projeto são pequenas, com duas ou três pessoas, e são contratados mais profissionais quando necessário, além de se poder contar com os funcionários da própria empresa investida.

Microsoft abre curso de preparação para carreira em tecnologia

código de programação

A Microsoft abriu, nessa semana, as inscrições para um curso online sobre tecnologia. A formação faz parte do programa Student to Business e visa melhorar a oferta de mão de obra qualificada no mercado brasileiro.

Além de ser gratuito, o curso abre vagas em duas áreas: desenvolvimento de sistemas (que envolve lógica de programação) e infraestrutura de TI, que trabalha com a configuração de servidores e serviços na nuvem, entre outras funções.

A formação conta também com um certificado ao final das aulas. Para participar, os interessados devem estar matriculados no ensino médio, técnico, superior ou na pós-graduação. Saiba mais e inscreva-se aqui até 15 de dezembro!

Médicos podem se dedicar ao empreendedorismo e à administração?

homem ao celular digitando no computador

O empreendedorismo não discrimina áreas do conhecimento. Portanto, não só é possível, como deve ser incentivado nas carreiras ligadas à saúde!

Porém, tanto os médicos quanto dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e demais profissões de saúde permanecem extremamente conectados à prática assistencial e têm em seus currículos acadêmicos pouca ou nenhuma formação relacionada ao empreendedorismo e à administração.

Empreendedorismo ampliado

Se, por um lado, cuidar dos pacientes, realizar atendimentos e procedimentos é — e continuará sendo — o foco principal dessas profissões, é preciso sair um pouco da zona de conforto e pensar o quanto pode ser interessante e motivador empreender dentro da área da saúde.

Vale lembrar que empreendedorismo não envolve só estratégia de novos negócios, mas também o planejamento e execução de projetos mesmo dentro da graduação (com a participação em ligas acadêmicas, projetos sociais, projetos educacionais, cursos, congressos) ou após formado (por meio de clínicas e consultórios, laboratórios, desenvolvimento de produtos e serviços inovadores).

Tudo isso representa uma grande oportunidade para desenvolvimento de competências como liderança, criatividade, inovação, capacidade de trabalho em equipe, planejamento, e muitas outras.

Quando combinamos esses conhecimentos de administração e gestão com o conhecimento técnico do médico ou do profissional de saúde, é possível ganhar uma visão mais ampla sobre os serviços de saúde.

É ainda comum, tanto em pequenas clínicas como em grandes grupos hospitalares, os gestores serem técnicos sem formação específica em administração. No entanto, isso vem mudando. Existe uma forte tendência de se profissionalizar a gestão dessas empresas, sem se perder todo o know-how técnico que os profissionais de saúde carregam. Assim, suge a figura do médico especialista em administração em saúde (inclusive com formação nos moldes de residência médica) e outros profissionais com um conhecimento polivalente.

Leia também: Saúde é umas das áreas promissoras para o empreendedorismo social

Por quê empreender na saúde?

Esta área do conhecimento abriga um dos principais setores produtivos da economia nacional e movimenta no Brasil cerca de 9% do produto interno bruto, sendo que cerca de 54% deste gasto é investimento privado (famílias e empresas). Desta forma, oportunidades estão distribuídas na produção (medicamentos, dispositivos, equipamentos), no comércio (varejo físico e on-line, atacado) ou nos serviços (clínicas, hospitais, consultórios, educação).

Num cenário profissional cada vez mais competitivo, por conta do aumento do número de formados nas mais diversas áreas — principalmente o aumento recente e acentuado das escolas de medicina — o empreender se torna mais que uma ferramenta auxiliar, passando a ser um instrumento de sobrevivência no mercado de trabalho.

Novas tecnologias

As novas fronteiras tecnológicas para a medicina e para saúde têm permitido o surgimento de estratégias inovadoras para as empresas. De modo geral, atualmente, o espaço de oportunidades está passando por uma revolução nesse campo!

Essa é uma linha de empreendedorismo que deve ser levada em conta por todos os interessados, algo que foge um pouco do modelo tradicional de consultórios e clínicas. Todo dia aparece soluções cada vez mais inteligentes para os desafios enfrentados pela medicina.

Alguns exemplos de inovações na saúde ligadas à tecnologia:

Impressões 3D: órgãos, próteses e modelos em 3D para uso cirúrgico

Telemedicina e telessaúde: softwares e plataformas, principalmente na “nuvem”, para ensino à distancia, atendimento e consultas, prontuário on-line, transmissão de laudos e exames de imagem.

Dispositivos acoplados ao corpo: relógios, pulseiras, colares, cintos e até mesmo brincos têm contribuído para medição de pressão cardíaca e temperatura do corpo, monitoramento de atividades neurais e sono.

Produção on-demand: plataformas de solicitação e gestão de medicamentos personalizados (compras, estoque, auditorias) focadas em redução de custos e otimização do uso, produção de insumos feitos sob medida.

Aplicativos assistenciais e educativos: desenvolvimento de aplicações para dispositivos móveis para marcação e agendamento de consultas, lembretes de uso de medicações e orientações médicas, aplicativos educativos e ferramentas para uso técnico (prescrições, guias de medicações).

Realidade virtual e realidade aumentada: ferramentas de apoiado às práticas clínicas que prometem ser uma das grandes tendências de inovação na saúde.

Sem dúvidas, as oportunidades estão surgindo rapidamente. Recentemente conversamos pessoalmente com Henri Deshays, líder da Startx, aceleradora de startups da universidade de Stanford, e descobrimos que o setor de saúde está em voga entre os tubarões do Vale do Silício. Na aceleradora da universidade já passaram 25 empresas, foram geradas 14 patentes e mais de 100 publicações nesse setor. Nos EUA, inclusive, já existem aceleradoras de negócios que estão interessadas apenas no campo de inovação na saúde.

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Tudo indica que esse é o período e ambiente mais propício ao empreendedorismo na história do setor, sobretudo no Brasil! Acesso à tecnologia, tendências, estrutura em redes, linhas de desenvolvimento de negócios em tempo quase que real estão transformando o espaço de empreendedorismo na saúde.

O problema é o efeito da percolação, termo utilizado entre os teóricos da inovação que diz que, se você não agir, é provável que outro desvende a sua querida descoberta no seu lugar. Em outras palavras: corra porque o tempo é o agora!

Ubiraci Mercês, fundador da Editora Sanar e do e-Sanar, é autor do livro Finanças para Médicos: Deixe o dinheiro dar plantão por você.

Caio Nunes, médico formado pela Universidade Federal da Bahia e radiologista pela Universidade de São Paulo, é autor do livro Como escolher a sua residência Médica

Seis aprendizados e lições de Eric Ries sobre empreendedorismo

eric ries palestrando

Autor do bestseller A Startup Enxuta (The Lean Startup), o empreendedor Eric Ries é o tipo de orador que atrai uma legião de jovens empreendores para onde quer que vá compartilhar suas ideias. Com a máxima de “Comece pequeno e aprenda rápido”, a sua filosofia lean virou febre entre todos que querem abrir a próxima grande empresa, e dá um passo a passo para a inovação sustentável. Em sua primeira visita ao Brasil, para participar da HSM ExpoManagement, o empreendedor compartilhou algumas reflexões de seus mais de vinte anos de carreira no empreendedorismo. Confira a seguir:  

Faça as perguntas certas A pergunta por trás de uma startup de sucesso não é “Isso pode ser feito?”, e sim “Isso deve ser feito?”. São questionamentos válidos para qualquer empreendedor que julga ter uma grande ideia: Como o meu produto muda a vida das pessoas? Alguém estaria disposto a comprá-lo? Essa é a filosofia que embasa as principais lições de seu livro.

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Startup é sempre um teste Uma das principais críticas de Eric aos empreendedores do Vale do Silício diz respeito a maneira como eles elaboram seus planos de negócio. O erro estaria em atribuir uma expectativa exata de lucros astronômicos após cinco ou seis anos, o que na maioria das vezes é bastante irrealista. “Cada investimento feito em uma startup é um experimento, para ver se as pessoas de fato querem aquele serviço”, ele explica. Em sua opinião, a expectativa de retorno financeiro deveria ser um dado secundária nos planos de negócios. Em seu lugar, merecia destaque um outro número, muito mais relevante: a quantidade de clientes que estão participando da validação do produto. “O mais importante é mostrar para um investidor que existem clientes dispostos a testar o seu produto, e que você está aprendendo com eles e melhorando”, resume. 

Leia também: Lean Startup – entenda a metodologia utilizada pela Amazon, Facebook e Zappos

Por que tantas startups morrem? “As empresas fracassam porque não conhecem quem de fato é o seu cliente”, ele explica. “Os empreendedores costumam embasar um plano de negócios ambicioso em suposições que não são verdadeiras, ou pesquisas que não refletem a realidade, e por isso falham”, completa. Quando mais cedo você entrar no mercado e buscar contato com o seu cliente, maiores são as chances de você sobreviver ao “Vale da Morte” — apelido dado aos primeiros anos de uma startup, quando a grande maioria delas fecham. 

Empreendedorismo é gestão “O objetivo de uma startup não é só criar um produto, mas também uma insitituição que dure”, conta Eric. Para ele, é preciso abandonar essa ideia de que a stratup é formada por dois caras em uma garagem. O problema é que, diante do cenário de incerteza que é próprio de uma empresa que está começando, as técnicas de gestão tradicional não funcionam. “Não é o tipo de coisa que você aprende em um MBA”, ele alerta. Assim, ideias como metas ambiciosas e métricas tradicionais não são tão importantes quanto a preocupação com um aprendizado constante e intenso.

Reveja sua estratégia sempre O segredo do sucesso de muitas startups é saber mudar de estratégia sem mudar de visão. “Existe uma estratégia diferente que me faria chegar a minha visão? Esse questionamento define a própria natureza do empreendedor”, diz. Sua recomendação é que, no começo de qualquer negócio, ocorram reuniões periódicas (ele sugere um intervalo de seis semanas) para avaliar se a estratégia está sendo bem-sucedida em levar a empresa rumo a visão de seus fundadores. “A maioria dos empreendedores é apegado demais à estratégia inicial, e só vai mudar de rumo quando já está a beira da falência”, ele critica.

Não vale a opinião, mas a ação do cliente Um dos pilares da metodologia lean é a validação do produto. Em outras palavras, crie um protótipo simples e rápido de seu produto, chamado de MVP (Minimum Viable Product), e em seguida o apresente para possíveis consumidores. A reação desses consumidores é que vai orientar o seu aprendizado e as adaptações do produto a partir daí. O problema, segundo Eric, é que essa validação muitas vezes não recebe a atenção que deveria. “Pedir a opinião dos clientes não é cientifico. Científico é saber como eles vão se comportar diante do seu produto”, ele explica, citando o exemplo de alguns jovens empreendedores que vinham desenvolvendo um software de gestão para hospitais. Ao apresentar o MVP desse software para alguns médicos, todos parabenizaram a equipe da startup e deram diseeram gostar da ideia. Porém, quando perguntavam se os médicos poderiam assinar uma carta pedindo à diretoria do hospital que comprasse o software, muitos desconversavam – essa é a reação real e válida do cliente, e não o elogio que ele vez.

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Para Yves Morieux, cooperação é a habilidade profissional do futuro

yves morieux palestrando

“Com a cooperação, você consegue fazer o todo valer mais do que a somatória das partes”, resume o francês Yves Morieux, um dos maiores entusiastas de empresas mais simples e equipes mais integradas. Ele veio ao Brasil para o evento HSM ExpoManagement, em que o Na Prática esteve presente.

Na tradicional consultoria BCG (Boston Consulting Group), Yves lidera uma equipe que se dedica integralmente a estudar a evolução da produtividade nas empresas. A conclusão de suas pesquisas, no entanto, não é das mais animadoras: ao longo dos últimos anos, a produtividade dos trabalhadores vem caindo ou está praticamente estagnada na maioria dos países — apesar do desenvolvimento técnológico, remuneração variável e diversos outros artifícios do mundo corporativo moderno.

Nas maiores economias europeias, a produtividade costumava crescer 5% ao ano na década de 1950, 1960 e começo dos anos 1970. De 1973 a 1983: 3% ao ano. De 1983 a 1995: 2% ao ano. Desde 1995: menos de 1% ao ano. Mesmo na Alemanha, uma das economias mais resilientes do globo, os número não são animadores: 0.8% a partir dos anos 1990. Para o pesquisador, esse é um grande problema, já que o aumento da produtividade está intimamente ligado ao desenvolvimento da economia e aumento de padrão de vida das pessoas.

Leia também: ‘A vida é muito curta para trabalhar em uma empresa chata’, diz CEO da ABInbev

Crise no trabalho Yves defende que vivemos hoje uma crise no trabalho — e não faltam números para corroborar seu diagnóstico. “Nos Estados Unidos, há uma queda constante no nível de satisfação no ambiente de trabalho”, ele explica. Em todo o país, o número de funcionários de uma empresa considerados engajados (aqueles que fazem algo a mais, estão motivados e empenhados) varia apenas entre 11% e 30%, dependendo do setor. Ao mesmo tempo, foi necessário criar uma nova categoria de comportamento — o desengajamento ativo — para descrever os funcionários que deliberadamente não contribuem para os resultados da empresa, e estimulam os demais a adotar a mesma atitude. Eles já são 20% dos trabalhadores norte-americanos.

A razão disso? As estratégias empresarias que deram conta de orientar o mundo corporativo durante décadas se tornaram ineficazes diante das relações de trabalho e consumo atuais, muito mais complexas do que antigamente. Ele explica: durante muito tempo, uma estratégia simples era capaz de explicar a maior parte das empresas — ou você se diferencia pelo melhor preço ou pelo melhor produto. Com o passar do tempo, os consumidores começaram a ficar mais exigentes e o mercado mais competitivo, forçando a mesma empresa a buscar simultaneamente tanto o melhor preço como o melhor produto. Atualmente, além de preço e qualidade, a empresa precisa lidar com muito mais variáveis no produto final que entrega: confiabilidade, agilidade, responsabilidade corporativa, sustentabilidade, entre outros.

O resultado é que, para lidar com essa complexidade, as empresas acreditaram que precisariam ser mais complexas. “Tentam resolver esses problemas com mais requerimentos, estruturas, processos, sistemas, indicadores de desempenho, comitês, sedes, centros, incentivos, comitês, middle-offices….”, comenta Yves, apontando que esse não é o melhor caminho.

A conclusão de seus estudos aponta que produtividade e satisfação no ambiente de trabalho estão intimamente relacionadas: uma é consequência da outra, em uma espécie de ciclo que precisa ser mantido em equilíbrio. Transformar as empresas em um mar de processos e burocracias faz com que os trabalhadores fiquem menos satisfeitos e menos produtivos.

Cooperação A solução, para ele, está em empresas menos hierarquizadas, e sim mais simples e integradas. Em outras palavras, ambientes que valorizem e explorem a cooperação. “A vantagem competitiva de hoje está em saber gerenciar a nova complexidade dos negócios sem se tornar uma empresa complicada, explorando ao máximo o potencial de seus colaboradores.” O raciocínio é simples: para dar conta de um novo indicador, como sustentabilidade, a empresa não precisa criar um novo processo, uma nova área e uma nova estrutura para lidar com isso. Se as áreas que já existem conversarem bem, elas darão conta do recado. “Sempre que as pessoas cooperam, menos recursos são utilizados”, ele resume. 

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Nesse novo ambiente de trabalho, vai se dar melhor quem sabe trabalhar de forma colaborativa. A seguir, ele dá as três regras da cooperação: 

1. Entenda o que os outros fazem: Para perceber como o esforço coletivo pode ajudar a construir um resultado melhor, é importante conhecer as pessoas do time, saber o que as pessoas que trabalham com você fazem bem e como elas poderiam te ajudar — ou como você poderia ajudá-las. “Qual é o trabalho deles de verdade? Precisamos ir além das caixas, das descrições de cargo, além da superfície, para entender o verdadeiro conteúdo”, ele alerta.

2. Tenha menos hierarquia: Cada membro de uma equipe precisa estar interessado em cooperar e fazer com que os outros cooperem. “Como fazer com que as pessoas sejam integradoras? Removendo camadas hierárquicas. Quando existem camadas demais, as pessoas ficam longe demais da ação, e acabam precisando de indicadores de desempenho, matrizes, precisam desses mediadores ruins para visualizar a realidade. Eles não entendem a realidade e criam essas complicações de matrizes e medidores”, diz o pesquisador. 

3. Tenha menos regras: Ao mesmo tempo, as pessoas também precisam ter autonomia para poder colaborar. “Quanto mais crescemos, mais precisamos de integradores. Portanto, menos regras devemos ter, dando maior poder de decisão aos gestores. Só que fazemos o contrário: quanto mais crescemos, mais regras criamos”, critica Yves. “É necessário garantir que as pessoas tenham liberdade o suficiente para sair do isolamento e correr o risco de cooperar, caso contrário os funcionários recuam e se descomprometem”, explica.

Salvador recebe competições de empreendedorismo

jovens rindo em frente ao livro

Atenção, soteropolitanos: Salvador receberá dois eventos gratuitos de empreededorismo até o final do ano. Ambos realizados em parceria com a Rede+, são etapas nacionais de competições que envolvem jovens empreendedores do mundo todo — a Unreasonable Lab, para negócios de impacto social, e a Challenge Cup, para startups e empresas nascentes. Nos dois casos, as inscrições vão até o dia 13 de novembro. Saiba mais:

Unreasonable Lab: Com etapas regionais espalhadas pelo mundo todo, o Unreasonable Lab é uma competição mundial que busca identificar e apoiar as melhores startups de impacto social. É organizada pelo Unreasonable Institute, organização que já ajudou empreendedores a obter mais de 90 milhoões de dólares em investimentos. Na estapa brasileira, serão cinco dias seguidos de evento (6 a 10 de dezembro) com a participação de mentores e especialistas e a missão de acelerar seu negócio e ajudar você a se preparar para obter esses investimentos. Saiba mais e inscreva-se aqui

Challenge Cup Salvador: A competição internacional Challenge Cup quer descobrir e premiar os empreendimentos mais promissores do país, que serão responsáveis por resolver os maiores problemas da atualidade. Os três vencedores da etapa brasileira, que acontecerá em Salvador no dia 11 de dezembro, vão gratuitamente para a Cidade do México (México) para as finais da etapa regional, concorrendo pela participação na etapa global que acontecerão em Washington D.C. (EUA). Na final da etapa global, vinte finalistas vão ter a chance de compartilhar suas ideias numa plataforma global, competindo nacionalmente por uma cobiçada rede de conexões e mais de 1 milhão de dólares em investimentos. Saiba mais e inscreva-se aqui.

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