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Stephanie Mayorkis: Determinação de atleta para o sucesso no mundo dos negócios

mulher sorrindo

Entre 1989 e 1993, Stephanie Mayorkis foi tenista profissional. Chegou a ser a segunda melhor do Brasil e uma das duzentas melhores do mundo. Não é pouca coisa, nem pouca dedicação envolvida. Apaixonada pelo esporte desde a infância, tinha a rotina pesada de treinamentos e viagens típica de uma atleta profissional. Quando precisou decidir se seguia em frente na carreira ou dava uma guinada, decidiu experimentar o mundo dos negócios – mas até hoje tenta encaixar um jogo por semana na agenda.

“Ter tido esta experiência foi algo incrível, porque além de ir atrás do meu sonho pude viajar o mundo, conhecer pessoas de diferentes culturas e aprender a ter foco, determinação e disciplina”, conta. Levou tudo para Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, onde estudou Administração. Formou-se em três anos e meio, tomou gosto e seguiu para o MBA em São Paulo, na EAESP/FGV. Desde a graduação, mas também na pós, Stephanie é bolsista da Fundação Estudar.

“Escolhi o curso por ser uma opção que me daria uma visão generalista de todas as áreas que compõe o funcionamento de uma empresa e também conhecimentos sobre como administrar um negócio”, explica ela, que se tornou referência na área de produção cultural na T4F e trouxe ao Brasil espetáculos como O Rei Leão, O Fantasma da Ópera e Cirque du Soleil. Hoje comanda sua própria empresa, a E.G.G. Entretenimento.

Rumo aos palcos O primeiro trabalho fora das quadras foi na área de compras das Lojas Americanas. Dinâmica e focada nos resultados como ela, a empresa era um lugar sob medida para Stephanie aprender na prática.

Ao se mudar para São Paulo, onde veio fazer o MBA, tornou-se gerente de marketing do Playcenter. Descobriu ali seu gosto pelo entretenimento. O lugar unia os dois pontos positivos de sua experiência no varejo, aliados a um elemento extra e lúdico. “Eram produtos que mexiam com os sonhos das pessoas”, explica.

O Rei Leão - Empreendedorismo
[divulgação – JoaoCaldas]

De lá Stephanie rumou para a Time4Fun, líder no segmento de entretenimento. “A T4F foi minha grande escola”, resume ela, que passou por diversas áreas. Foi diretora da Ticketmaster, criou a área de exposições e projetos especiais e tornou-se diretora de Teatro/Musicais, Exposições, Performances e Novos Negócios, sua especialidade atual.

Habilidades-chave Ela conheceu de primeira mão o trabalho da Fundação Estudar (entidade que apoiou seus estudos e desenvolvimento), apresentada por outro tenista ávido, Jorge Paulo Lemann. Os valores em comum já eram vários, muitos deles compartilhados por um atleta, como meritocracia e sonhar grande.

São características que ela manteve ao longo dos anos, enquanto se tornava referência de produção cultural no Brasil, que envolve uma administração diária intensa com desenvolvimento de produtos e conteúdos, marketing, vendas de patrocínio e correções de rota.

Veja também: O que Jorge Paulo Lemann aprendeu nas quadras de tênis

O maior inimigo da área, segundo ela, é o ego e a vontade de aumentar projetos além do que seria sensato. “É necessário ter muito pé no chão e controle de custos com foco em resultados”, fala. “Ser bom gestor, formador de pessoas e manter estruturas enxutas também são competências essenciais.”

Outra qualidade que ela gosta de destacar é a persistência, especialmente para quem se interessa pelo mundo corporativo como ela. “Você precisa se provar muito antes de conseguir subir os degraus da carreira”, fala.

Espírito empreendedor Após quatorze anos, Stephanie decidiu deixar a T4F para empreender. Montou a E.G.G. Entretenimento em 2008, atrás de liberdade para construir a própria história. “Foi um processo de decisão difícil e doloroso, mas mudanças grandes sempre passam por grandes reflexões”, fala.

Tem dado certo. Além de ter firmado parceria com a empresa estrangeira IMM Sports and Entertainment em setembro de 2015, a E.G.G. trouxe ao Brasil a exposição Cérebro: o Mundo Dentro da Sua Cabeça e está produzindo a versão brasileira do musical My Fair Lady, que envolve mais de 150 pessoas e tem estreia marcada para agosto de 2016, em São Paulo.

Stephanie Mayorkis - Empreendedorismo
[divulgação]

A correria do dia a dia hoje envolve levar o filho para a escola, exercitar-se – uma vez esportista, sempre esportista – e daí colocar a mão na massa, seja em projetos em andamento, reuniões de venda de patrocínio ou viagens para negociar direitos de conteúdos futuros.

Tudo gira em torno de seu objetivo profissional, que é não só poder realizar grandes projetos de qualidade que garantam a sustentabilidade a longo prazo da empresa, mas também equilibrar vida pessoal e profissional, sem deixar de lado a família.

É uma ideia que transparece até nas palavras que Stephanie escolhe para descrever sua paixão pela área. “No entretenimento, você trabalha no desenvolvimento constante de novos projetos e conteúdos, cada um com suas peculiaridades”, diz. “É como se fossem filhos diferentes. Ver um projeto sendo criado, depois produzido e apresentado ao público é algo muito intenso e gratificante.”

Este artigo foi originalmente publicado em 26/4/2016 e atualizado em 5/8/2016

Na busca contínua pela superação, atletas podem te ensinar muitas lições sobre carreira

atleta fazendo salto sobre vara

Você já parou para pensar como a vida dos atletas e empreendedores têm semelhanças? Além de suar a camisa e lutar dia a dia para superar desafios, há vários outros aspectos da rotina dos esportistas podem e devem ser aplicadas no empreendedorismo. Vale conferir e incorporá-lo na gestão do seu negócio!

1. Objetivos e metas bem definidos

Ter em mente onde se deseja chegar ajuda atletas e empreendedores a traçar estratégias e estipular os caminhos para tornarem-se bem sucedidos, cada um a sua maneira. Por exemplo: enquanto um corredor precisa diminuir 3 segundos do seu tempo para superar os adversários, o empreendedor deve reduzir custos para aumentar sua lucratividade.

2. Disciplina e determinação

Força de vontade, concentração, garra, persistência e resiliência são características essenciais, tanto para quem quer vencer no esporte, como para quem é dono do seu próprio negócio.

3. Desistir, jamais

Atletas e empreendedores sabem que é preciso seguir em frente mesmo diante das dificuldades e obstáculos, mantendo foco em suas metas e perseguindo-as, custe o que custar. Aliás, mais do que ser perseverante, eles sabem da importância de reavaliar seus desempenhos e aprender com seus fracassos, para traçar novas estratégias.

Leia também: O que o tenista Guga Kuerten pode ensinar aos empreendedores

4. Gestão de tempo

Ambos estabelecem prioridades, dia a dia, mês a mês, ano a ano. Se o atleta administra suas horas de treino, e tem como meta superar seu desempenho na próxima competição, o empreendedor também precisa organizar suas prioridades de acordo com o tempo disponível, para pensar estrategicamente no negócio.

5. Trabalho em equipe

Mesmo os atletas que não atuam em times, como nadadores e maratonistas, precisam estar em sintonia com treinadores, equipe médica e preparador físico. O mesmo acontece com o empreendedor, que deve procurar criar um ambiente saudável e motivador tanto para fornecedores como para funcionários. Vestir a camisa é essencial para o sucesso do negócio.

6. Olhar atento ao concorrente

Os atletas informam-se constantemente sobre o desempenho de seus adversários e, baseando-se nestes resultados, treinam e lutam para superá-los.  O empreendedor também está sempre observando seus concorrentes para, diante de seus desempenhos, desenvolver estratégias para conquistar sua fatia no mercado.

7. Paixão pelo que faz

É fundamental sair da cama todos os dias com o desejo de fazer o melhor possível e superar-se dia a dia. Atletas e empreendedores perseguem continuamente seus sonhos e são extremamente comprometidos com sua missão.

Se você é um empreendedor comprometido com seus resultados, acredita no seu time e aposta em riscos calculados, provavelmente se destacará no mercado. Os obstáculos diários sempre podem ser ultrapassados com um bom planejamento e preparo técnico. Concorda?

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Este artigo foi originalmente publicado no portal DRAFT

Entrevistamos os brasileiros que criaram hino e bandeira para refugiados nas Olimpíadas

bandeira olimpica para refugiados do projeto the refugee nation

Mesmo de Nova York, Artur Lipori e Caroline Rebello estarão presentes durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro. Publicitários radicados na cidade, eles integram o grupo criativo responsável pelo projeto The Refugee Nation. Em pouco tempo, ganharam apoio da organização Anistia Internacional e, mais importante, dos atletas que competirão como refugiados no evento.

“Sempre nos interessamos pelo tema”, disse ele em entrevista ao portal Na Prática. “Quando vimos que haveria um time de refugiados competindo nos Jogos Olímpicos sem uma bandeira ou hino próprios, tivemos a ideia de fazer algo que os representasse verdadeiramente.”

Como profissionais da publicidade, também foram atraídos pelo potencial da mensagem. “Quanto maior o alcance e a relevância do assunto, mais interessante fica”, resumiu. A resposta imediata, que surge em posts e pedidos de bandeiras de diversos lugares do mundo, mostra que o trabalho ressoou.

Cenário É difícil encontrar alguém que não saiba do drama global enfrentado pelos refugiados, que morrem aos milhares em travessias perigosas e enfrentam preconceito, desespero e portas fechadas em muitas nações.

Em março de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu tomar uma posição em relação ao tema. Ao todo, 10 atletas – os nadadores Yusra Mardini e Rami Anis, os judocas Popole Misenga, Yolande Bukasa Mabika e os velocistas Yonas Kinde, Paulo Amotun Lokoro, James Chiengjiek, Anjelina Nadai Lohalith, Yiech Pur Biel e Rose Nathike Lokonyen – foram selecionados para competir numa seleção inteiramente composta por refugiados.

A equipe terá lugar de honra na cerimônia de abertura dos Jogos. Será penúltima delegação a surgir, sob a bandeira olímpica e à frente apenas dos anfitriões. Para a dupla brasileira, no entanto, o gesto não estava completo. 

Mesmo com pouco tempo – o projeto todo começou há três meses –, decidiram que os atletas e a causa mereciam mais. Criariam um hino e uma bandeira para a nação refugiada, ou refugee nation, composta por 65 milhões de pessoas. (Hoje, uma em cada 113 pessoas do mundo é refugiada.)

Leia também: Com a ONG Renovatio, jovem quer ajudar brasileiros em situação de vulnerabilidade social

A jornada em busca de parceiros foi intensa e exigiu muita pesquisa. A bandeira, feita pela artista síria Yara Said, levou um mês para ficar pronta. O hino, feito pelo compositor sírio Moutaz Arian, levou outras três semanas. A comunicação entre todos se deu basicamente pela internet.

O grupo descobriu Moutaz em um artigo sobre um músico que buscava abrigo na Turquia. Uma frase sua lhes chamou a atenção. “Não quero fazer música apenas para árabes e curdos, quero fazer música para o mundo inteiro”, disse. “Sabíamos que ele era a pessoa certa”, lembrou Artur.

O projeto The Refugee Nation
[divulgação]

A liberdade de criação foi total. Na melodia, que tem toda a pompa de um hino nacional, Moutaz, que fugiu para não integrar o Exército de Bashar al-Assad, transmite a dor da condição de refugiado e ao mesmo tempo a esperança que uma seleção nas Olimpíadas representa.

A bandeira é, à primeira vista, minimalista. A história por trás do laranja e preto, no entanto, é lancinante. “Yara teve o insight das cores como maneira de mostrar solidariedade aos refugiados que precisam vestir os coletes salva-vidas para cruzar o oceano em busca de um país mais seguro para viver”, explicou o publicitário. “Ela própria precisou usar um quando foi obrigada a abandonar a Síria e aquilo nos arrepiou.” Hoje, Yara vive na Holanda.

Persistência As dificuldades foram tantas que o grupo pensou até em desistir do projeto, que agora busca expandir o leque de parcerias – uma delas, com a Asteróide Filmes, de Curitiba, deu origem ao filme de apresentação – e ampliar seu alcance.

“Se tem uma lição que dá para tirar é a persistência. Se você acredita em uma ideia, mova montanhas para fazê-la acontecer”, disse. “Ninguém vai fazer isso por você e, no final, vale a pena.”

Atualmente, a Refugee Nation busca permissão para que os atletas carreguem a nova bandeira através de uma petição online e de contato direto com o COI. Se depender dos esportistas, está tudo encaminhado.

“Tivemos a felicidade de entregar a bandeira para dois deles e a reação diz tudo”, resumiu Artur. “Yolande Mabika ficou com os olhos cheios d’água e se sentiu honrada. Popole Misenga ficou abraçado à bandeira e disse que nunca vai se esquecer dessa homenagem criada por um ‘irmão refugiado’. E disse que vai levá-la aos Jogos.”

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Confira tudo que rolou no encontro de 25 anos da Fundação Estudar!

maria silvia fabio barbosa jorge paulo lemann nizan guanaes e ministro barroso em reuniao anual da fundacao estudar

Em 2016, a Fundação Estudar chegou aos seus 25 anos com a missão de “criar oportunidades para gente boa agir grande e transformar o Brasil”. É um ‘sonho grande’ ambicioso e em constante construção…

Até hoje, mais de 600 jovens receberam bolsas de estudo para universidades de ponta, mais de 15 mil jovens participaram dos programas presenciais (que hoje já são vários: Liderança Na Prática 32h e 16h, Carreira Na Prática, Autoconhecimento Na Prática e Conferência Na Prática) em todos estados brasileiros e mais de 10 milhões de usuários foram impactos pelos portais de conteúdo Estudar Fora e Na Prática.

Para comemorar esse resultado e o aniversário de 25 anos, a Fundação Estudar organizou um Encontro Anual com diversos convidados especiais, de Jorge Paulo Lemann ao Ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. A seguir, conheça um pouco mais da história da organização e veja o que rolou durante o evento:   

Despertar potenciais

A organização nasceu em 1991, quando os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira se reuniram para apoiar os estudos de jovens brasileiros particularmente promissores por meio de um programa de bolsas de estudo para as melhores universidades do Brasil e do exterior.  

Logo os bolsistas foram estimulados a formar uma comunidade de apoio mútuo, um espaço privilegiado para networking, orientação, parceria e amizade, começando a formar a rede de impacto da organização.

Foi em 2010, no entanto, que a Estudar iniciou sua efervescente transição para a forma que a organização tem hoje. Foi uma fase de inquietação, reinvenção, experimentação – e de sonhos ainda mais ousados. Foi quando surgiram os primeiros programas presenciais e os portais de conteúdo, com o objetivo de escalar o impacto e levar para os quatro cantos do país os valores da organização.

O fato é que, desde a sua criação, a Fundação Estudar faz questão de expressar seus valores em tudo o que faz… Portanto, não havia jeito melhor de celebrar a marca dos 25 anos do que convidando algumas das vozes mais inspiradoras do país para apresentar ao público os oito pilares dessa cultura.

A seguir, conheça mais a fundo os valores da Fundação Estudar por meio dos debates que ocorreram durante o encontro anual da organização:

1. SONHO GRANDE, com Jorge Paulo Lemann
O que significa? Perseguir algo maior do que si, estabelecendo metas claras e ousadas a longo prazo. Trabalhar com paixão por seu propósito e desafiar-se a chegar cada vez mais longe.

Qual a relação entre fracasso e ‘sonho grande’? Durante conversa com o bolsista Renan Ferreirinha, o empresário Jorge Paulo Lemann fala aos jovens sobre motivação e hora de parar. “Aos 26 anos, eu estava falido”, admite hoje um dos homens mais ricos do mundo. Leia a matéria completa aqui

jorge paulo lemann fundacao estudar 25 anos reuniao anual

2. PAIXÃO E PROPÓSITO, com Nizan Guanaes e Marcelo Tas
O que significa?
Amar o que faz é um elemento fundamental para exercer um trabalho de alto impacto. 

“Para ir longe, faça também o que você não quer”, diz o empresário Nizan Guanaes, fundador da maior holding de publicidade do Brasil, o Grupo ABC. Leia a matéria completa aqui

nizan guanes marcelo tas fundacao estudar 25 anos reuniao anual

3. CONHECIMENTO APLICADO, com Maurício Antônio Lopes e Maurício Botelho
O que significa? Ter embasamento sólido para cada ação. Não perder tempo “reinventando a roda”, nem buscando conhecimento só pelo conhecimento, sem aplicá-lo. Usá-lo como ferramenta para a transformação.

Em conversa mediada pela jornalista Cris Correa, autora do livro ‘Sonho Grande’, o presidente da Embrapa e ex-presidente da Embraer discutem como implementar e fomentar inovações em empresas de grande porte, sem descuidar do cotidiano. Leia matéria completa aqui

conhecimento aplicado fundacao estudar 25 anos

4. PROTAGONISMO, com Artur Avila e João Moreira Salles
O que significa? Liderar pelo exemplo, propondo caminhos e assumindo a responsabilidade pelo seu destino (sem culpar terceiros). Conquistar e cumprir seus objetivos pelo próprio esforço.

Ganhador do maior prêmio já concedido a um cientista brasileiro, Artur Ávila participou do evento comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar onde comentou suas maiores lições sobre protagonismo e a necessidade de aproveitar as oportunidades para conseguir grandes conquistas. Leia a matéria completa aqui

artur avila joao moreira salles

5. EXECUÇÃO, com Maria Silvia Bastos e Leila Velez
O que significa? 
Botar a mão na massa, fazendo sempre o melhor possível e mantendo-se firme rumo aos seus objetivos. Não escolher tarefas, nem se abater diante de fracassos.

Leila Velez, confundadora do Instituto de Beleza Natural, e Maria Silvia Bastos, presidente do BNDES, falam sobre a importância do foco e da disciplina para projetos bem sucedidos. “Saia do Netflix e caia na vida”, aconselha Maria Silvia. Leia a matéria completa aqui.

maria silvia bastos leila velez

6. GENTE BOA, com Bernardo Hees e Bernardo Paiva
O que significa? A procura incessante pelas melhores pessoas, gente que se empolga com metas ambiciosas e tem brilho no olho.

Os CEOs Bernardo Hees, da Kraft Heinz, e Bernardo Paiva, da Ambev, debateram sobre o valor e a importância de ‘gente boa’ para o sucesso de uma empresa.

bernardo hees bernardo paiva

7. INTEGRIDADE, com Fabio Barbosa
O que significa? 
Agir com transparência e estabelecer relações de confiança. Focar no longo prazo e optar pelo caminho certo em vez do mais fácil, porque “pegar atalhos” não compensa.

Num país famoso pelo ‘jeitinho’, Fábio Barbosa, que já foi um dos maiores líderes do mercado financeiro brasileiro, aposta na integridade como palavra de ordem nos negócios. “Não estou aqui para assinar o cheque e passar a borracha na consciência”. Leia a matéria completa aqui.

fabio barbosa reuniao anual 

8. LEGADO, com Ministro Luis Roberto Barroso, do STF
O que significa?
Contribuir sempre para uma transformação positiva e de impacto no ambiente ao seu redor, construindo sempre algo que vai se perpetuar. Deixar sua marca no mundo.

Ministro do Supremo Tribunal Federal desde 2013, Luís Roberto Barroso participou da decisão de importantes marcos na jurisprudência brasileira, como a união homoafetiva, a defesa de pesquisas com células-tronco embrionários, a proibição do nepotismo no Judiciário, e também a batalha contínua pela liberdade de expressão. Leia a matéria completa aqui

ministro barroso

Os erros que o CEO da Ambev cometeu (e no que melhorou)

bernardo paiva e bernardo hees em evento da fundacao estudar

“Toda vez que não escolhi a pessoa certa para uma função, eu falhei”, disse o CEO da Ambev, Bernardo Paiva, ontem em painel na reunião anual da Fundação Estudar. Ao longo da sua carreira ele – que começou na Brahma em 1991 e foi trainee da empresa – procurou (e ainda procura) inspiração máxima para ter a certeza que está contratando a pessoa certa.

Outro ponto que disse ter percebido ser um erro profissional grave é a falta de cuidado em formar as pessoas. “Gente boa dá trabalho, questiona, pergunta, diz que está errado. Gente boa te ensina também. Tem que abrir a cabeça”, disse durante o evento que reuniu jovens bolsistas e parceiros da fundação, criada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Paiva contou que um dos pontos de melhoria que identificou na sua carreira foi a capacidade de escutar. “Quando se é jovem cheio de confiança, quer fazer e acontecer, você corre o risco de não ouvir”, disse. Escutar as pessoas é tão importante para um líder quanto montar times com profissionais até melhores do ele, segundo o CEO da Ambev.

Leia também: ‘O sucesso não está na estratégia, está na execução’, diz Bernardo Hees, CEO da Kraft Heinz

O que é importante, de acordo com ele, é aprender com os erros. “Em algum momento a pessoa vai ter um resultado que não está bom. Em todo momento da minha vida tive fracassos. Entrei na Brahma para construir outro mundo dentro da empresa, não ganhei bônus no ano um e nem no ano dois”, contou.

Como estagiário da Brahma ele contou que fazia muitas coisas e que, obviamente, aconteciam alguns erros e se lembrou de uma passagem marcante sobre a importância da tolerância ao erro. “Lembro que o pessoal botou pressão por causa disso e um chefe meu falou: parem de bater nesse garoto porque só erra quem faz”, disse.

Tudo o que não deu certo na sua vida profissional, disse, foi experiência de vida e o ajudou a entender que ninguém, é perfeito e que é certo que todos vão errar em algum momento no trabalho. “Mas tem que acertar mais”, disse.

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Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

’Saia do Netflix e caia na vida’, diz presidente do BNDES

maria silvia e leila velez em evento da fundacao estudar

Duas grandes empresárias brasileiras se reuniram para discutir o que faz um projeto ir para a frente em uma palestra do encontro comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar. “Muita gente pensa em empreendedorismo assim: ‘Vou ser meu próprio chefe e fazer só o que eu quero’”, disse Leila Velez, uma das empreendedoras por trás do Instituto Beleza Natural. “Não é bem assim.”

O que falta nessa ideia, falou, é saber que é preciso enfrentar uma série de tarefas que podem parecer desagradáveis ou triviais mas são fundamentais para o sucesso. Maria Silvia Bastos, que fez carreira no setor público e hoje preside o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), resume a boa execução em poucas palavras: foco e disciplina.

Execução Um dos valores que pautam o jeito de agir da Fundação Estudar, ‘execução’ era exatamente a proposta do painel com as duas executivas, que foi mediado pela bolsista Larissa Maranhão. Envolve, principalmente, o trabalho duro e mão-na-massa rumo a um objetivo. Em última instância, é elemento imprescindível ao sucesso. Leia Velez sabe bem disso…

Há 21 anos, a história do Instituto Beleza natural começou em uma comunidade do Rio de Janeiro. Surgiu da inconformidade de Heloísa Assis (a Zica), uma ex-empregada doméstica, com a homogeneidade da indústria de beleza e a ausência de produtos voltados para a beleza negra. Ela desenvolveu um produto focado nesse público, para os cachos, e abriu com a sócia Leila Velez uma rede de salões. Nos anos de muito trabalho que se seguiram, a expertise da sócia Leila Velez foi essencial para mecanizar os processos do salão e permitir o crescimento da empresa. Ex-funcionária do McDonald’s, ela tinha começado a trabalhar na rede de fast food aos 14 anos e aos 16 já era gerente de uma unidade.

Hoje, o Beleza Natural emprega 3 mil colaboradores e atende mais de 100 mil clientes por mês. Mais do que tratar os fios, ele trata a autoestima de pessoas antes ignoradas pelos serviços estéticos.

leila velez fundacao estudar
Leila Velez [Luis Felipe Moura]

“O aspecto mais importante do planejamento estratégico é dizer o que você não vai fazer: em que mercado ou segmento não vou entrar, que tipo de produto não vou fazer”, exemplificou Maria Silva, do BNDES. Adiar a experiência de empreender em busca de um plano impecável já não funciona. “Nunca vai ser um planejamento perfeito, até porque a hora que você termina-lo o ambiente já mudou”, disse Leila. “É preciso fazer os pilotos e colocar em prática para aprender.”

Uma vez encaminhado, o empreendedor precisa saber que não dá para fazer tudo sozinho e montar uma boa equipe. “Gente é a mola para tudo”, resumiu Leila, que fundou seu negócio em 1993 e hoje supervisiona mais de 40 operações. “Achar as pessoas certas num processo de expansão veloz é um super desafio. Se não for bem cuidado, a empresa cresce mal e se perde.”

Desafios Entre os muitos obstáculos que enfrenta um empresário no país, comentam elas, destacam-se o excesso de burocracia e o momento de crise econômica, que acaba assustando novos empreendedores. Manter-se otimista perante tantos problemas é muito importante, desde que em contato com a realidade. “Você precisa acreditar que o céu é o limite, mas tem que achar um equilíbrio e se conscientizar de que o pé no freio é importante”, falou Leila. 

Ter resiliência e capacidade de se adaptar depressa, portanto, são fundamentais hoje em dia. O resultado fala por si só. “Quando você acredita que o limite para o que você quer fazer é você mesmo, você é o dono do mundo”, disse. Maria Silva concorda: “O que me move é a impossibilidade de fazer”. Se é impossível, ela vai lá e faz, instigada a demonstrar o contrário. 

maria silvia larissa maranhao fundacao estudar
Larissa Maranhão e Maria Silvia [Luis Felipe Moura]

Vai lá e faz Esperar por tempos melhores é outra noção de que as duas discordam. “Sinto muita falta de um senso de urgência no país: nós precisamos é fazer o dia de hoje”, diz Maria Silvia. Para ela, as causas da apatia – que impede a boa execução de projetos – vão de falta de foco no conhecimento aplicado por parte de universidades à falta de cidadania. 

É algo que ficou claro em sua experiência à frente Empresa Olímpica Municipal, que atuou na organização das Olimpíadas do Rio. Impressionou-se com a falta de profissionalismo em muitos setores e cansou-se das reclamações vazias dos colegas. “Se cada um se comportasse como um cidadão, tudo ia ser muito diferente.”

Maria Silva assume que é impaciente – “Se peço algo e em dois minutos não está feito, eu mesma vou lá e faço” –, mas aconselha aos jovens que tenham a paciência pelo menos para experimentar. Mãe de gêmeos adolescentes, ela sabe que as oportunidades hoje são tantas que podem criar uma espécie de paralisia.

“Você tem que experimentar. Meta a mão na massa, nem que seja para se empregar numa loja nas férias e ver se gosta de se relacionar com o público”, fala. “Saia de casa, da cama, do Netflix e caia na vida.”

As lições de carreira de Artur Avila, matemático brasileiro que ganhou a medalha Fields

artur avila conversa com joao moreira salles em evento anual da fundacao estudar

Artur Avila é descrito pelo seu amigo, o documentarista João Moreira Salles, como alguém que tem “apetite e paladar” para coisas extremamente difíceis. “Ele atua de maneira selvagem, entra em um campo, resolve o problema e parte para o próximo, em uma outra área”, diz João, buscando assim definir o trabalho do matemático.

Avila ganhou projeção nacional em 2014 ao ganhar a medalha Fields, considerado o “Nobel” da área e concedida a apenas 56 matemáticos desde sua criação, em 1936. Ele é até agora o único latinoamericano a receber a premiação, e este é considerado o maior prêmio já recebido por um cientista brasileiro.

Sua carreira, contudo, começou em 1992, quando disputou a sua primeira Olimpíada científica. Ganhou sua primeira medalha – de ouro. Dali, viriam uma série de medalhas estaduais e nacionais e a chance de conseguir uma vaga no prestigiado Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). Começaria o mestrado ao mesmo tempo em que cursava o 2º grau e, aos 18 anos, já estava no doutorado. Avila formou-se doutor, tendo em sua banca dois vencedores da medalha Fields.

Escolheu a França para fazer pós-doutorado e, aos 29 anos, tornou-se o mais jovem profissional a assumir a direção do centro de pesquisa, o Centre Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS). Atualmente, mora no Rio, e concilia o trabalho no centro francês com estudos no Impa.

Em conversa com João Moreira Salles, durante evento comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar realizado dia 1/8, o matemático comentou alguns dos momentos importantes em sua trajetória. Confira:

1. Não fez um plano linear de como chegar ao topo, mas soube identificar as oportunidades

“Percurso não é uma questão de um plano que foi feito. Aconteceram fatos em vários momentos, que eu tive a sorte de ser exposto, e acabaram me levando a progredir mais. Desde pequeno eu tinha interesse em matemática, mas também gostava de outros assuntos. Estudava todos eles por conta própria – sempre fui além do que o que era ensinado. Mas, aos 13 anos, fui exposto às Olimpíadas de Matemática. Achei divertido, o aspecto competitivo estimulava o estudo e fui em frente. Por sorte, as olimpíadas estão muito ligadas ao Impa, um instituto de histórico excelente, de qualidade, que era ali perto de casa. Eles me ofereceram uma possibilidade de ver se eu poderia desenvolver minhas atividades lá. Gostei, fiz mestrado, doutorado e acabei fazendo ali uma transação que poderia ou não ocorrer bem.”

2. Era quieto, fechado, mas soube ouvir os mentores que apareceram

“Ao buscar alguma descoberta original, você nunca sabe onde vai dar. Você pode ter escolhido algo que não tem solução possível e adentrar um beco sem saída. Mas aí no Impa tive contato com um enorme fluxo de pessoas de alto nível que passam por ali regularmente. E, um momento marcante foi quando conheci o matemático ucraniano Mikhail Lyubich. Tive contato com ele e eu disse que estava pensando em um teorema. Ele foi muito aberto e nós começamos a discutir o problema matemático. Foi algo muito surpreendente para mim, porque eu era muito quieto como aluno, não abria a boca nunca com medo de correr o risco de falar algo errado. E essa postura não é boa para conduzir uma pesquisa, porque em matemática, você só percebe que tem algo errado muito lá na frente. O Lyubich não tinha esse medo. A intuição dele nem sempre apontava o caminho certo mas aproximava de uma solução. O que me impressionou foi que ele não tinha medo de errar, dizer bobagens ou mesmo de ficar ali, pensando, à deriva. Foi a primeira vez que vi alguém fazendo pesquisa ao vivo, na minha frente. Esse estilo dele me influenciou muito. Converso com ele até hoje.”

Leia também: Quer tirar o seu projeto científico do papel? Conheça o Cientista Beta!

artur avila joao moreira salles fundacao estudar 25 anos
[Luis Felipe Moura]

3. Aprendeu que a matemática não é uma ciência individual

“A matemática envolve bastante gente por apenas uma questão: muita coisa depende do acaso e não dá pra planejar tudo. Você nunca sabe quais linhas são mais frutíferas. Muitas pessoas trabalham em várias coisas que não seriam considerados a principal vertente ou fazem investigações consideradas menos nobres e acabam encontrando descobertas inesperadas que acabam retornando para o ramo fundamental. Essas pessoas abrem caminhos, fazem contribuições, atraem novos campos, e então algum outro matemático vai começar a trabalhar a partir daquele ponto. E pensar que, quando era garoto nem sabia que matemática poderia ser uma carreira.”

4. Percebeu que nem sempre estudar em Harvard é o melhor para sua carreira

“O Impa é uma instituição de extrema qualidade. Mas é completamente diferente da instituição que estudei posteriormente, na França. Lá é uma atividade constante, um universo imenso, há uma série de grandes palestras diariamente. E, se você já chega lá de cara, pode se afogar naquele mundo de opções e até se intimidar. No Impa, eu sentia medo, claro, mas não estava em um ambiente que podia me esmagar. Tinha pouco conhecimento, mas fazia uma coisa de cada vez. Minha sorte foi não ter ido por exemplo para Harvard ou Princeton. Nos Estados Unidos, eles planificam tudo muito cedo, têm obsessão com rankings. E eu ignorava isso e fui aprendendo a matemática, sem esta preocupação. Na França, já cheguei mais adaptado para enfrentar aquele mundo. Cheguei mais confiante, trabalhando nas linhas que já havia começado, indo sem desespero e com consciência de que eu sabia, de fato, muito pouco.”

5. Para que serve a matemática?

“Existe um fluxo de ideias que acontecem e criam descobertas que vão ajudar alguém em algum determinado campo. Muitas vezes há algo que vem à tona e acaba sendo o que faltava para alguém resolver um problema concreto. Às vezes, a pessoa que usa uma máquina vê um problema matemático que vai acabar sendo a diversão de um matemático abstrato que nem liga para máquinas. A matemática permeia as descobertas em física e em outras áreas. Um médico que esteja lendo um estudo pode usar a matemática para ser capaz de interpretar corretamente, por exemplo, informações novas que chegam sobre um novo tratamento.”

6. Medalhas não resolvem problemas

“Eu deixo que a medalha Fields crie uma pressão sobre meu trabalho. Mantenho minha vontade em trabalhar em coisas que considero do meu interesse. Reconheço o papel do acaso no nosso trabalho e o que você tem que fazer é buscar se concentrar e decidir para onde ir. Como muitas coisas não dependem só de você, é preciso estar preparado para não perder as oportunidades.”

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

O papel da sorte no sucesso

Ainda no evento, Avila participou de um bate-papo com o Na Prática onde falou sobre sorte, sucesso e a importância da dedicação para alcançar seus objetivos.

1. Qual o papel da genialidade, do esforço e da sorte no sucesso?

“Você pode ter muita habilidade em matemática sem ter vontade de fazer certas descobertas”, começa Avila, explicando que encaminhar-se rumo ao que lhe interessa é importante para ter sucesso.

Isso porque cada pessoa tem suas características, estilo de trabalho, valores e interesses e explorá-los da maneira correta dá o impulso necessário para seguir na direção certa.

Claro, nem tudo depende apenas do indivíduo. Às vezes as coisas não caminham como imaginado – no caso da matemática, pode não ter encontrado a resposta que buscou para um resultado complexo –, mas isso não deve desencorajar ninguém de estar sempre atento às oportunidades e tentar de novo, esforçando-se e aplicando-se ainda mais intensamente.

“Quando você estiver numa situação em que pode fazer uma contribuição importante com suas capacidades, deve aproveitar essa oportunidade. Não basta ter a sorte se você não estava preparado para fazer bom uso.”

2. Como você decidiu ser pesquisador e qual sua visão dessa carreira no Brasil?

Seguir carreira acadêmica no Brasil não é uma escolha óbvia: são famosas as dificuldades financeiras, de incentivo e de crescimento, especialmente em tempos de crise econômica, que envolvem essa escolha.

Para apaixonados pelos estudos, no entanto, muitas vezes é um caminho natural. “Eu queria aprender mais e fui dando conta de como funcionava essa carreira”, fala Avila, que aprendeu os meandros de pesquisa, mestrado e doutorado – exigências em muitas universidades – ao longo dos anos.

Ele reconhece que há obstáculos no país, mas aposta numa expansão da área e garante que há espaço para quem quer crescer ali dentro – possivelmente maior que em outros países onde atividades científicas estão mais desenvolvidas e os mercados, saturados. “A atividade científica vai crescer por um grande tempo”, opina. “Pessoas de qualidade vão encontrar seu espaço de maneira natural.”

Ministro Barroso: ‘Seja correto, mesmo se ninguém estiver olhando’

ministro barroso fala em evento da fundacao estudar 25 anos

Nos últimos quarenta anos, o Brasil só melhorou. É a opinião do advogado Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal há três anos. O otimismo, no entanto, tem raízes realistas. Último palestrante do encontro comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar, ele integra a linha de frente das decisões do que pode ser considerado certo e errado na sociedade brasileira.

Convidado para falar sobre a importância do Legado, em conversa mediada pelo também advogado Marcelo Barbosa, definiu o significado da palavra parafraseando Nelson Mandela. “É a diferença que fizemos na vida dos outros que vai determinar a importância da nossa vida”, disse o líder sul-africano em um discurso de 2002.

Durante os programas de carreira do Na Prática, legado costuma definido como a criação de um impacto duradouro e que vai se perpetuar – ou, de maneira mais coloquial, a lacuna que seria deixada no mundo caso você jamais tivesse existido e feito o que fez. 

Para o ministro, legado também envolve fazer o que é certo, não importam as opiniões alheias.

Ilustrou seu ponto ao se lembrar de seus primeiros votos no STF, em 2014, relacionados ao julgamento do chamado mensalão. Acreditava que o crime de formação de quadrilha ou bando já estava prescrito, e absolveu os acusados dessa acusação específica. “O que minha família e eu lemos e ouvimos de barbaridade, vocês não podem imaginar”, disse. “Foi um batismo de fogo.”

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[Luis Felipe Moura]

Durante a turbulência, o ministro empregou os três conselhos que ofereceu aos bolsistas presentes. São ideias úteis para qualquer um que queira se tornar um cidadão melhor e, portanto, criar um bom legado como consequência.

1. Descubra por quem e pelo que bate seu coração
“O que faço bem e no que posso fazer a diferença?”, questionou.

2. Faça bem feito
“Ser o melhor que se pode ser nos leva mais longe do que querer ser melhor que os outros.”

3. Seja correto, mesmo se ninguém estiver olhando
“Seja bom”, disse. “É uma espécie de pacto com o universo, e a verdade é que a vida é muito fácil. Ela dá de volta o que recebe.”

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Um legado de igualdade Considerado um dos profissionais mais liberais da corte, Barroso se formou na Universidade Estadual do Rio de Janeiro e na Yale Law School e aproveitou o evento para reforçar seu apoio a causas como descriminalização do aborto (ainda em aberto) e à união estável homoafetiva, que se tornou lei em 2011.

Foi ele, inclusive, que esteve à frente do processo que levou a discussão ao STF. Na época, Barroso representou o governo do estado do Rio de Janeiro, um dos únicos dispostos a apoiar a bandeira. “O reconhecimento foi uma parte bonita tanto do Supremo quanto do serviço público do Brasil”, disse.

Entre outros pontos altos de sua carreira estão a defesa de pesquisas com células-tronco embrionários, da proibição do nepotismo no Judiciário e da interrupção da gestação de fetos anencefálicos, assim como a batalha contínua pela liberdade de expressão.

Quando lembra seus votos para dar a dimensão do que hoje pode ser considerado como seu legado – o legado de sua carreira e de sua atuação como ministro, de forma mais específica –, Barroso também deixa claro que, por vocação, o Supremo Tribunal Federal é uma instituição que continuará a fazer legado.

Parte de uma das mais vitais instituições democráticas do país, ele vislumbra outras questões que ganharão importância crescente no futuro, como saneamento básico, reforma previdenciária, desigualdade social e valorização da Amazônia. “O mais importante é ter uma sociedade que acolha todos”, resumiu, para logo depois fazer a provocação de que hoje o país não seria uma economia capitalista, e sim um “socialismo para ricos”. 

Entre dias bons e ruins no setor público – ele se lembra, por exemplo, de precisar dizer não a propostas ilegais no passado e de ter sofrido com a burocracia –, declarou que é exatamente a possibilidade de impactar a sociedade e deixar um legado duradouro é o que lhe faz persistir nesse setor. “A mudança não começa pelo outro, começa pela gente.”

Questão de incentivo No centro de escândalos como Mensalão e Lava Jato estão imensos esquemas de corrupção. O crime faz parte do cotidiano brasileiro há anos, mas Barroso vê uma mudança comportamental em curso.

“A sociedade passou a ter uma nova percepção desse fenômeno”, disse ele, que também defendeu a diminuição do número de partidos e a reforma política. “Há uma mudança de paradigma, há intolerância e indignação. É o fim da aceitação do inaceitável.”

Para ele, a sociedade precisa de novos incentivos para mudar de rumo. “As decisões das pessoas são baseadas em incentivos e riscos, e parte da causa da corrupção no Brasil é a absoluta falta de risco de que aconteça qualquer coisa com quem se porta incorretamente”, resume. “Criamos um estímulo à delinquência, sobretudo dos mais riscos, porque não havia nenhum risco real de punição. E acho que estamos conseguindo derrotar isso.”

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Fábio Barbosa: ‘Não estou aqui para assinar o cheque e passar a borracha na consciência’

fabio barbosa durante evento de 25 anos da fundacao estudar

Por 25 anos, Fábio Barbosa ocupou cargos de destaque em instituições financeiras do Brasil – ele foi CEO dos bancos ABN, Real e Santander, e da Febraban –, e ao longo de toda essa trajetória, ficou conhecido por manter uma linha firme em relação à ética. Hoje sócio-conselheiro do Gávea Investimentos e membro do conselho da Fundação das Nações Unidas, tem a experiência para dizer que, de fato, é possível viver como se prega. Recentemente, o executivo também foi anunciado como vice-presidente da Fundação Itaú Social, que apoia projetos educacionais.

“Não basta fazer o que é legal”, resumiu. “É preciso fazer o que é ético e correto.” O painel sobre integridade, mediado pelo bolsista André Mendes, fez parte do encontro comemorativo de 25 anos da Fundação Estudar. Ao longo de sua fala, Barbosa relembrou encruzilhadas éticas e morais que enfrentou para provar que o sucesso vem também (e principalmente) para quem age de maneira correta, sem atalhos. 

Tratando-se de uma indústria com uma associação simbólica muito grande a condutas antiéticas (impulsionada também pela crise financeira mundial de 2008), é importante reforçar o posicionamento do executivo. Sobre a época em que era banqueiro, contou, por exemplo, do pedido de financiamento que recebeu de uma madeireira paraense quando a atividade ainda não era regulada, mas já tinha aspectos predatórios. Negou o pedido. Pouco depois, surgiu outra madeireira, que obedecia as poucas certificações da época. Aquela, Barbosa aceitou. “Não estou aqui para assinar o cheque e passar a borracha na consciência”, explicou.

fabio barbosa fundacao estudar
[Luis Felipe Moura]

Barbosa ganhou fama ao trazer para o setor financeiro a preocupação com conceitos como sustentabilidade e transparência. Ele foi o responsável pela criação do primeiro Código de Ética do Banco Real, e, como presidente da Febraban, também sugeriu a criação de um código de conduta. Entre outros aspectos, o código estabelecia que a obrigação dos bancos é avisar o consumidor do melhor crédito que se aplica a ele, e não o mais lucrativo para a instituição. Tudo isso caminhou junto de excelentes resultados financeiros. A frente do Santander, por exemplo, realizou o maior IPO da história do país.

Assista ao Bate-Papo do Na Prática com Fábio Barbosa

O consumidor das redes Atualmente, “passar a borracha” também já não é tão fácil como antigamente. Com o avanço da tecnologia de comunicação e das redes sociais, disse, as empresas enfrentam novos desafios e escrutínios. “Não existe mais on e off, você está on o tempo inteiro e eu acho isso maravilhoso”, disse. “Não se trata mais da imagem que a empresa quer transmitir, mas da experiência que ela gera para o cliente.”

Outro ponto importante na mudança é uma geração de consumidores mais consciente, social e ambientalmente. “Nossa geração deixou filhos melhores para o Brasil”, disse. “E vocês devem trazer isso para as empresas em que trabalham, para sua condição de cidadãos e ir à luta. Mexer na sociedade é difíficil, mas na vida de vocês não.”

Brasil Discussões sobre a situação atual do país, que vive uma crise política e socioeconômicas, foram um ponto em comum em todas as palestras do evento. Para Barbosa, o Brasil de hoje não é por acaso. “O país é a somatória de nossas atitudes e também de nossas omissões.” 

As transgressões – e, não raro, pequenos crimes – que permeiam o dia a dia dos brasileiros devem ser eliminadas se a nação quiser mudar. E isso vale também para o ambiente de trabalho e para a composição de equipes. Os valores de alguém, disse Barbosa, devem contar sempre.

“Se há pessoas que têm boa performance, mas em cima de atalhos ou transações que não são republicanas, elimine-o!”, falou. “Nada mata tanto um empresa quanto essa ideia de ‘ah, ele é um bom profissional então deixa para lá’.”

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Para ir longe, faça o que você não quer, diz Nizan Guanaes

nizan guanaes e marcelo tas em evento de 25 anos da fundacao estudar

“A única forma de conservar a sua saúde é comer o que você não quer, beber o que você não aprecia e fazer o que preferia não fazer”. A frase do escritor norte-americano Mark Twain (1835-1910) foi o ponto de partida do debate do publicitário Nizan Guanaes com o apresentador a jornalista Marcelo Tas, no evento de comemoração dos 25 anos da Fundação Estudar, que aconteceu ontem (1/8), em São Paulo.

Fundador do Grupo ABC, holding que controla 18 agências de publicidade como África, Loducca e DM9, Guanaes diz que disciplina e capacidade de fazer o que não se quer é o segredo para ter sucesso na vida e na carreira.

O publicitário precisou aplicar esse princípio para salvar a própria vida. “Eu tinha quase 200 quilos e precisei fazer uma revolução para poder estar aqui com vocês hoje”, conta ele, que perdeu 54 quilos após uma cirurgia de redução de estômago em 2008. “O mais importante é ter disciplina”.

Para atingir resultados, não é preciso renunciar somente aos prazeres imediatos: também é preciso se afastar das certezas. “Eu gosto de usar o ponto de interrogação”, disse Guanaes. “Não devemos nunca abdicar dessa coisa que é estudar, aprender coisas novas, fazer perguntas para ir se transformando ao longo da vida”.

nizan guanaes marcelo tas fundacao estudar 25 anos
[Luiz Felipe Moura]

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Na conversa com joven da rede da Fundação Estudar, Marcelo Tas também destacou a capacidade de “desaprender” certos conceitos e desafiar as suas próprias convicções. Hoje, com 30 anos de carreira na TV, ele tenta se livrar da ideia que as TVs são emissoras.

“Televisão hoje não deve apenas emitir conteúdo, ela também deve ser receptora e curadora de conteúdo, porque o modelo de negócios mudou”, disse ele. “Nós precisamos compreender que os jovens não veem mais TV, basta ver a quantidade de youtubers que têm mais audiência do que vários canais”.

Para Guanaes, é preciso aceitar que as mudanças são inevitáveis. “Conto nos dedos os setores que não estão em transformação”, disse Guanaes. “Se você está estudando alguma disciplina, cuidado para não estar aprendendo sobre o passado, porque mudança é a palavra destes tempos”.

Por experiência própria, ele diz que desconstruir antigas ideias só é possível por meio da humildade. “No passado, fui muito prepotente e pretensioso, mas hoje vejo que, para fazer coisas grandes, você precisa dos outros”, disse. “Agora eu sento com a molecada, escuto e ‘faço estágio’ com eles”, completou o publicitário.

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‘O futuro se faz a cada dia’, diz ex-presidente da Embraer sobre inovação

Presidentes da Embrapa e Embraer em evento de 25 anos da fundacao estudar

Representantes de dois importantes setores da economia brasileira, Maurício Antônio Lopes e Maurício Botelho (presidente da Embrapa e ex-presidente de conselho da Embraer, respectivamente) concordam depressa com uma coisa: inovação e adaptação devem andar lado a lado, complementando-se.

“É complicado ir só numa direção ou noutra”, disse Lopes durante Encontro de 25 anos da Fundação Estudar, em São Paulo. Além do nome, os dois têm em comum a liderança de organizações que tornaram-se referência de inovação em seus setores, investindo em pesquisa no setor agrícola e tecnologia de ponta na aviação. “Não dá pra fazer mudanças radicais o tempo todo, mas não podemos perder de vista a mudança de paradigmas”, alerta Lopes. 

Durante o evento, os dois empresários participaram de um painel mediado pela jornalista Cris Correa sobre Conhecimento Aplicado, um dos valores da Fundação Estudar, e explicaram como o investimento em inovação pode tornar-se uma poderosa ferramenta de transformação.

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Equilíbrio A chave para criar esse balanço entre inovação e adaptação, no caso deles, é observar a temperatura do mercado – e manter um calendário de longo prazo muito bem planejado, em que pesquisa e tecnologia podem ser desenvolvidas para transformar o cenário. 

Hoje terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a Embraer, há anos uma empresa privada de capital aberto, estima todos retornos possíveis antes de tomar suas decisões, dando atenção especial aos acionistas. Botelho esteve envolvido de perto na definição desse perfil para a empresa. Engenheiro mecânico formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, ele assumiu o comando da Embraer pouco depois da sua privatização, sem nunca ter trabalhado antes nessa indústria. Mesmo assim, foi ele quem conduziu o processo que consolidou a Embraer, entre 1995 e 2007, como uma das maiores indústrias aeronáuticas do mundo e um símbolo de modernidade e eficiência.

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[Luis Felipe Moura]

Num setor tremendamente competitivo e que trabalha com produtos de médio e longo prazo – do começo ao fim, a encomenda de um avião leva cerca de dois anos –, no entanto, manter-se sempre do mesmo jeito não é uma opção. “O futuro se faz a cada dia, não tem jeito”, disse Botelho. “Um projeto pode até levar seis anos para de fato obter receita, mas temos que entregar resultado até lá. As coisas não estão isoladas e não adianta inovar e esquecer que se tem uma empresa com responsabilidades.”

Diferentes medidas É onde entra o que Lopes chama de lógica de portfólio. “São alvos de curto, médio e longo prazo. Assim trabalhamos para entregar resultados de maneira sistemática e continuada, tendo o longo prazo como grande desafio.” 

E é no futuro que cabem as grandes inovações de porte, que não surgem de surpresa. “Para uma instituição como a nossa, o futuro é um dos principais insumos e precisamos captar seus sinais”, continua. Além de atuar numa indústria que representa um quarto da economia nacional e emprega 37% dos cidadãos, a Embrapa enxerga também uma revolução agrícola no horizonte: a edição de genomas, capaz de mudar a conformação e modular características de plantas e animais de forma extremamente precisa.

À frente de um case mundial de empresa estatal de primeira linha, Lopes não pretende deixar a bola passar. Além disso, quer atrair e reter novos talentos, que costumam buscar áreas inovadoras.

“A agricultura moderna é uma exceção nesse momento de crise no Brasil”, falou, citando a chegada de novos investimentos e corporações estrangeiras no país. “Estamos entrando rapidamente na lógica digital e isso é um fator muito importante na atração de jovens profissionais, que tem um visão diferenciada do mundo rural.”

A fuga de cérebros e o “roubo” de talentos é uma preocupação constante para qualquer empresa competitiva, que precisa criar condições atraentes – e inovar – para mantê-los.

“É um desafio permanente”, disse Botelho, lembrando que a Embraer sofreu diversos ataques do exterior. “Não é só dinheiro. É preciso oferecer motivação, integração e visão, conectada à realização pessoal de se estar de fato desenvolvendo e entregando coisas de valor para a sociedade.”

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Jorge Paulo Lemann: ‘Aos 26 anos, eu estava falido’

jorge paulo lemann em evento de 25 anos da fundacao estudar

Houve uma época em que até a mãe de Jorge Paulo Lemann esteve preocupada com seu futuro. Antes da fundação do Banco Garantia, em 1971, e após a venda dessa sua primeira empreitada financeira, quando tinha 26 anos, o empresário passou muito tempo “pulando de galho em galho e tentando sobreviver”. Pensar que o atual empresário mais rico do país estava falido após o começo e fim do seu sonho grande no Banco Garantia faz refletir sobre uma questão às vezes desagradável, porém necessária: o que fazer quando o sonho grande não dá certo?

Quando conseguiu se estabelecer financeiramente, Jorge Paulo enfim deixou a mãe – uma de suas grandes inspirações – um pouco mais tranquila. Em retrospecto, no entanto, lembra que seus ‘sonhos grandes’ mudaram bastante com o passar do tempo, e nem sempre suas realizações aconteceram como queria. A reflexão foi feita em conversa com o bolsista Renan Ferreinha, e fez parte do evento comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar, que acontece hoje (1/8) e pode ser acompanhado ao vivo por aqui.  

Os sonhos grandes Ainda quando era jovem, seu primeiro sonho grande foi no mundo do esporte. O conceito, de certa cunhado e difundido mais tarde pelo empresário, diz respeito a um ambicioso capaz de mover as pessoas. Na época, era ser um grande campeão de tênis. “Mas nunca fui o melhor tenista”, admite o empresário. Anos mais tarde, quando o lendário banco Garantia (por anos reconhecido como o melhor banco de investimentos do Brasil) precisou ser vendido para uma instituição maior, isso também não era parte do plano inicial. A ideia era que fosse uma instituição de longa durabilidade, que sobrevivesse pelos próximos 50 anos”, falou.

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[Luis Felipe Moura]

Além dessas, outras realizações também não aconteceram como ele queria. Ou seja, os sonhos grandes nem sempre se concretizaram por completo – e isso não é o fim do mundo. Por outro lado, é possível analisar essas experiências sob outra perspectiva. No tênis, Jorge Paulo mais tarde conquistou dois mundiais de veteranos, aos 40 e aos 50 anos. No Garantia, tem a clareza do forte legado que o banco deixou em todo o modo de fazer negócios no país. 

Assista ao Bate-Papo do Na Prática com Jorge Paulo Lemann

Como o homem do sonho grande não sabe viver sem um, internalizou a experiência passou a buscar os outros da lista. “Um sonho grande que não aconteceu não deixa de ser um grande aprendizado, e eu pude corrigir meu rumo”, resumiu. 

Eventualmente e de maneira natural, conta, seus sonhos foram se tornaram menos individuais. Hoje, estão principalmente envolvidos com um futuro melhor e menos desigual para o país. “Ser o melhor ainda me interessa, mas meu maior sonho é melhorar a Fundação Estudar, a Fundação Lemann e a educação no Brasil”, contou. Atualmente, participar da construção de um país com as mesmas oportunidades para todos é um dos principais planos do empreendedor. 

Para Fundação Estudar, sua ambição maior é ver um bolsista conquistar a presidência rodeado por outros bolsistas, todos prontos para ajudar. Quando questionado sobre os problemas do país, Lemann foi categórico: ” Ética, pragmatismo e meritocracia fazem falta no Brasil”.

O poder da execução Para ele, o mundo pertence aos grandes sonhadores que executam, e cita como exemplo dessa categoria seus colegas empresários Elon Musk e Eike Batista. Lemann conta que se encontrou com ambos recentemente, em ocasiões diferentes, e ficou impressionado com a vontade em comum de criar algo novo. São (grandes) sonhadores, mas isso só não basta. É preciso executar.  

Na Califórnia, exemplificou, seu almoço com Musk acabou quando o fundador da Tesla precisou voltar para a fábrica. “Ele é uma maluco de ideias grandes e, às duas da tarde, disse que precisava ter certeza que iria preencher as cotas de produção do dia – e que, se não funcionasse, iria dormir lá.” É claro, portanto, que não adianta só vislumbrar um futuro brilhante. “E sou o primeiro a reconhecer que só sonhar não diz nada”, riu. Também reconhece que é mais sonhador que executor, e por isso mesmo se uniu a sócios de perfil complementar ao seu: seus parceiros de longa data, Marcel Telles e Beto Sicupira. “Tem que executar bem. Tenho me apoiado muito em pessoas que são melhores executoras do que eu.” 

Sobre a sua trajetória como executivo, também reconheceu erros e afirmou que gostaria de ter percebido mais cedo o quão importante é o cliente. Nesse sentido, a visão de longo prazo é essencial para, tanto para o sucesso de uma empresa como para a concretização de um sonho grande. “Se não pensar mais a longo prazo, para onde isso vai e como vai afetar as pessoas que trabalham com você, você não chegará tão longe. Gostaria de ter aprendido a ter uma melhor visão de longo prazo antes”.

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