Jorge Aragão palestra durante conferência de carreira Ene Jurídica

advogado Paulo Cezar Aragão gosta de fazer analogias. Ao falar sobre talentos, ele pede para que o interlocutor imagine uma visita ao supermercado. Você tem à disposição pelo menos uma dezena de marcas de ervilhas. O que leva em consideração na hora de escolher uma ou outra? O que faz com que uma se destaque completamente em relação às outras na prateleira? Aplique o mesmo modelo na sua carreira. Você é o produto. E as prateleiras estão lotadas. “Esse é o grande desafio”, diz o advogado, um dos maiores do país.

Cofundador do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão, o advogado participou de algumas das mais complexas operações de fusão e aquisição na América Latina. O escritório tem no currículo a união de Brahma e Antarctica, a compra da Sadia pela Perdigão, a fusão entre Itaú e Unibanco e a privatização da Telebrás. Nesta segunda-feira (26/10), o advogado falou sobre sua trajetória na conferência Ene Jurídico, voltada a estudantes de direito e recém-formados.

Ele afirmou reconhecer a preocupação dos jovens em se diferenciar no meio de tantos profissionais. Para Aragão, a chave está em investir em conhecimento. “Nossa profissão envolve uma série de áreas. Para qual vocês vão é o tempo que vai decidir. Mas nenhum grande maestro é bom se não domina um instrumento específico”, diz.

Certa vez em um ponto de gasolina nos Estados Unidos, ele leu algo que ficou marcado: “o sucesso não é o destino, mas a viagem”. E cita o empresário Jorge Paulo Lemann como exemplo para a frase — aos 76 anos e já muito bem sucedido, ele não parou. “Descubra quem você é. Tentar descobrir aquilo em que somos bons e que nos faz felizes é absolutamente fundamental”, afirmou. “Escolha um trabalho que você ame e não terás mais de trabalhar.”

Sobre o dilema de qual área seguir para quem está em início de carreira, ele garante que as coisas não saem exatamente como o planejado.

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O advogado é filho de Cezar Garcia de Aragão, importante advogado de contencioso com quem trabalhou por dez anos. Pensou que seguiria a mesma área, mas sua carreira foi por outro caminho. Se você passa toda sua vida querendo ser ministro do STF, vai ser muito infeliz se não alcançar esse sonho, afirma. Ou seja, embora seja importante saber do que gosta, é essencial estar aberto para outras oportunidades. “As coisas não acontecem como planejamos. E seria bem monótono se acontecessem.”

Ainda assim, ela dá uma dica para quem quer buscar áreas pouco exploradas: se antigamente não era necessário fazer contas básicas para ser advogado, estudar também contabilidade e finanças atualmente é algo promissor. E diretamente ligado a direito societário. Ter conhecimentos acessórios que ajudam na relação com o cliente é fundamental.

Casamentos Nos nove primeiros meses de 2015, o número de fusões e aquisições acima de US$ 10 bilhões quase dobrou no mundo — foram 45, de acordo com relatório da Dealogic. “Existem alguns aspectos que vinculamos à crise econômica”, disse Aragão, em entrevista à NEGÓCIOS. “De um lado você tem algumas empresas em uma posição mais vulnerável, o que as tem levado a vender linhas de negócios ou vender subsidiárias para concentrar sua atividade no core business. Por outro, você tem visto também uma atividade não muito distinta de fusões e associações de empresas que buscam se unir como forma de atravessar esse momento mais difícil.”

Segundo ele, o maior desafio de uniões dessa magnitude está pouco ligado ao tamanho da empresa, mas à personalização da solução. “O difícil é que você não tem uma forma de bolo”, afirma.

A maioria das fusões não dão certo. Um relatório da KPMG revela que 83% das operações não são bem sucedidas. Para explicar, Aragão usa novamente uma analogia: o casamento. Diferenças que, em um primeiro momento, não parecem tão relevantes, acabam se mostrando problemáticas com o tempo. As expectativas podem não se realizar. “Não dão certo em muitos casos porque você tem empresas com culturas muito diferentes. Casos em que a reunião das duas empresas é feita muito mais pela empolgação do que pela reflexão. Ou seja, pela busca de uma escala que não necessariamente representa uma produção mais eficaz.”

 

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

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