maria silvia e leila velez em evento da fundacao estudar

Duas grandes empresárias brasileiras se reuniram para discutir o que faz um projeto ir para a frente em uma palestra do encontro comemorativo dos 25 anos da Fundação Estudar. “Muita gente pensa em empreendedorismo assim: ‘Vou ser meu próprio chefe e fazer só o que eu quero’”, disse Leila Velez, uma das empreendedoras por trás do Instituto Beleza Natural. “Não é bem assim.”

O que falta nessa ideia, falou, é saber que é preciso enfrentar uma série de tarefas que podem parecer desagradáveis ou triviais mas são fundamentais para o sucesso. Maria Silvia Bastos, que fez carreira no setor público e hoje preside o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), resume a boa execução em poucas palavras: foco e disciplina.

Execução Um dos valores que pautam o jeito de agir da Fundação Estudar, ‘execução’ era exatamente a proposta do painel com as duas executivas, que foi mediado pela bolsista Larissa Maranhão. Envolve, principalmente, o trabalho duro e mão-na-massa rumo a um objetivo. Em última instância, é elemento imprescindível ao sucesso. Leia Velez sabe bem disso…

Há 21 anos, a história do Instituto Beleza natural começou em uma comunidade do Rio de Janeiro. Surgiu da inconformidade de Heloísa Assis (a Zica), uma ex-empregada doméstica, com a homogeneidade da indústria de beleza e a ausência de produtos voltados para a beleza negra. Ela desenvolveu um produto focado nesse público, para os cachos, e abriu com a sócia Leila Velez uma rede de salões. Nos anos de muito trabalho que se seguiram, a expertise da sócia Leila Velez foi essencial para mecanizar os processos do salão e permitir o crescimento da empresa. Ex-funcionária do McDonald’s, ela tinha começado a trabalhar na rede de fast food aos 14 anos e aos 16 já era gerente de uma unidade.

Hoje, o Beleza Natural emprega 3 mil colaboradores e atende mais de 100 mil clientes por mês. Mais do que tratar os fios, ele trata a autoestima de pessoas antes ignoradas pelos serviços estéticos.

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Leila Velez [Luis Felipe Moura]

“O aspecto mais importante do planejamento estratégico é dizer o que você não vai fazer: em que mercado ou segmento não vou entrar, que tipo de produto não vou fazer”, exemplificou Maria Silva, do BNDES. Adiar a experiência de empreender em busca de um plano impecável já não funciona. “Nunca vai ser um planejamento perfeito, até porque a hora que você termina-lo o ambiente já mudou”, disse Leila. “É preciso fazer os pilotos e colocar em prática para aprender.”

Uma vez encaminhado, o empreendedor precisa saber que não dá para fazer tudo sozinho e montar uma boa equipe. “Gente é a mola para tudo”, resumiu Leila, que fundou seu negócio em 1993 e hoje supervisiona mais de 40 operações. “Achar as pessoas certas num processo de expansão veloz é um super desafio. Se não for bem cuidado, a empresa cresce mal e se perde.”

Desafios Entre os muitos obstáculos que enfrenta um empresário no país, comentam elas, destacam-se o excesso de burocracia e o momento de crise econômica, que acaba assustando novos empreendedores. Manter-se otimista perante tantos problemas é muito importante, desde que em contato com a realidade. “Você precisa acreditar que o céu é o limite, mas tem que achar um equilíbrio e se conscientizar de que o pé no freio é importante”, falou Leila. 

Ter resiliência e capacidade de se adaptar depressa, portanto, são fundamentais hoje em dia. O resultado fala por si só. “Quando você acredita que o limite para o que você quer fazer é você mesmo, você é o dono do mundo”, disse. Maria Silva concorda: “O que me move é a impossibilidade de fazer”. Se é impossível, ela vai lá e faz, instigada a demonstrar o contrário. 

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Larissa Maranhão e Maria Silvia [Luis Felipe Moura]

Vai lá e faz Esperar por tempos melhores é outra noção de que as duas discordam. “Sinto muita falta de um senso de urgência no país: nós precisamos é fazer o dia de hoje”, diz Maria Silvia. Para ela, as causas da apatia – que impede a boa execução de projetos – vão de falta de foco no conhecimento aplicado por parte de universidades à falta de cidadania. 

É algo que ficou claro em sua experiência à frente Empresa Olímpica Municipal, que atuou na organização das Olimpíadas do Rio. Impressionou-se com a falta de profissionalismo em muitos setores e cansou-se das reclamações vazias dos colegas. “Se cada um se comportasse como um cidadão, tudo ia ser muito diferente.”

Maria Silva assume que é impaciente – “Se peço algo e em dois minutos não está feito, eu mesma vou lá e faço” –, mas aconselha aos jovens que tenham a paciência pelo menos para experimentar. Mãe de gêmeos adolescentes, ela sabe que as oportunidades hoje são tantas que podem criar uma espécie de paralisia.

“Você tem que experimentar. Meta a mão na massa, nem que seja para se empregar numa loja nas férias e ver se gosta de se relacionar com o público”, fala. “Saia de casa, da cama, do Netflix e caia na vida.”

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