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Todos nós, em algum momento da vida (ou em vários), tivemos a necessidade de classificar a nossa personalidade. Contudo, embora seja comum que as pessoas pensem que essa característica seja imutável, segundo especialistas na área, ela não apenas pode mudar conforme as vivências de cada um, como também é possível conscientemente moldá-la.

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No livro “Personality Isn’t Permanent” (obra ainda sem tradução no Brasil), o psicólogo Benjamin Hardy reforça essa tese. O dogma da classificação de personalidade é que muitas pessoas acabam se equivocando ao descobrirem as suas e acreditam que esse é o seu autêntico eu – definitivamente.

Para Hardy, essa crença é parte do problema, visto que a nossa “identidade” – ou modo como escolhemos nos definir como pessoa – é o que realmente importa. Personalidade, que ele vê como “nível superficial”, é um comportamento que decorre da vivência da nossa identidade.

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Portanto, é comum para um indivíduo poderoso e carismático ter traços resultantes que incluam confiança e um senso de humor aguçado. O ponto principal, porém, é perceber que tanto a identidade quanto a personalidade são passíveis de mudanças.

“Se você disser que é introvertido, isso é um rótulo. E como a identidade da maioria das pessoas tem uma mentalidade fixa, sua imaginação e vontade de mudar são bastante atrofiadas. Não é que não possamos mudar, é que não acreditamos que podemos”, explica Hardy.

A personalidade não é uma característica permanente

A personalidade é composta por um conjunto de traços psicológicos que definem, em parte ou completamente, o universo de sentimentos e cognições de cada pessoa. É por meio dela que comportamentos e hábitos normais são configurados e transmitidos aos outros ou para si próprio.

Ainda, a ideia de que a personalidade não é permanente tem sido cada vez mais aceita no campo da psicologia, derrubando a antiga suposição de que ela era estática. E indo mais além, ela também pode ser afetada por fatores externos.

Para se ter um exemplo prático, basta observar que na última década o movimento wellness ampliou o interesse pelo aprimoramento pessoal. De maneira geral, isso tem feito muita gente repensar sobre o seu bem-estar físico (comer bem e fazer atividades físicas) e em melhorar o estado mental por meio de meditação ou mesmo terapia.

Embora o objetivo não tenha sido explicitamente transformar a própria personalidade, é bastante provável que se uma pessoa está bem descansada e se exercitando regularmente, ela tende ser mais otimista.

Mas ela não se torna imutável a partir dos 30 anos?

Embora essa teoria seja de William James, psicólogo do século 19 e o primeiro a oferecer um curso de psicologia nos Estados Unidos, ela tem se mostrado defasada. Contudo, Hardy pontua que há razões que levam muitas pessoas a ainda acreditarem nisso.

Segundo ele, frequentemente as pessoas estabelecem uma trajetória aos 30 anos: seja na carreira ou na vida pessoal. Além disso, nessa faixa etária as pessoas fazem coisas “pela primeira vez” com uma frequência menor, se comparado com os mais jovens.

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“Considerando que, se você está experimentando coisas novas, sua personalidade vai continuar mudando, pois você está fora de sua zona de conforto. As pessoas param de fazer isso à medida que envelhecem – não porque não podem, mas porque se colocaram no caminho certo”, afirma Hardy.

Para especialistas, que compartilham da mesma opinião do autor, as mudanças normativas de personalidade podem acontecer de acordo com as mais variadas experiências vividas. Ambientes de trocas constantes, seja no trabalho ou mesmo grupos de amigos, aliás, também têm impactos significativos.

Mudando a personalidade de maneira consciente

Segundo Wiebke Bleidorn, professora de psicologia da Universidade da Califórnia, para quem desejar mudar aspectos da própria personalidade, é importante se perguntar: qual é a minha de agora? Qual seria a ideal? E o que devo fazer para minimizar a distância?

Ela ainda aconselha que os interessados recorreram à psicoterapia, já que as sessões também visam promover o autoconhecimento. “Muitas pessoas querem mudar seus padrões de pensamentos, sentimentos e comportamento – e essa é a nossa definição de personalidade”, revela Wiebke.

Enquanto isso, Hardy aconselha que, ao saber onde deseja chegar (ou o que mudar), e realizar a “prática deliberada” – termo da psicologia que se refere a um processo repetitivo e autoconsciente, que exige empenho do indivíduo. “Tente sempre ir um pouco além do seu nível de habilidade atual, se possível, peça feedbacks e até treinamentos”, pontua.

Se o objetivo é ser extrovertido, por exemplo, o primeiro passo pode ser começar a frequentar ambientes que demandem socialização, como em confraternizações, e tentar puxar conversa com as pessoas. O começo pode ser difícil para os tímidos de plantão, mas a repetição desse comportamento pode levar à assimilação. “Personalidade é uma habilidade que pode ser aprendida, assim como aprender a andar”, diz Hardy.

Estamos no caminho da auto-otimização da personalidade?

Existe um limite para o quanto é possível mudar a personalidade? Embora Hardy admita que algumas transformações serão mais difíceis, como tornar-se sociável se o indivíduo for extremamente tímido, ele não vê nenhum limite se houver disposição para fazer o trabalho de transformação.

No entanto, quando suposto que isso seria uma auto-otimização (conceito que, atualmente, é mais associado aos aspectos físicos), a maioria dos especialistas sugerem que é uma afirmação muito forte. Afinal, dado o nível de comprometimento e o número de horas necessárias para alterar potencialmente as próprias características – não basta apenas ter vontade, mas força e iniciativa para mudar.

Apesar disso, tem havido certo aumento no interesse pelo assunto por parte das pessoas. Wiebke acrescenta que trabalhar a inteligência emocional já está se tornando mais popular em ambientes corporativos. “Você tem um personal trainer para a academia, por que não um para sua personalidade?”

Com informações do The Guardian.

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