Trabalhar em startups é muito diferente de atuar em empresas estabelecidas. Além de não terem hierarquia delimitada e distinta, têm um ambiente que propicia inovações constantes e autonomia de ação. Por isso, precisam de profissionais que se adequem à estrutura não rígida – o que pode não ser tão fácil quanto parece, principalmente para quem é acostumado com ordem, suporte e delimitação clara de funções.
Compilando tudo que precisa ser considerado ao pensar em trabalhar em uma startup, Jeffrey Bussgang – professor em Harvard, empreendedor, autor e capitalista de risco – escreveu um artigo para a Harvard Business Review. Nele, Jeffrey explica como avaliar e entender se você se adequaria a uma, como encontrar a startup perfeita e como conseguir o emprego que você quer nela.
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Avaliando sua adequação
O autor aponta três capacidades – não tão comuns em empresas grandes – necessárias para trabalhar em startups. É importante avaliar se você possui elas ou veria facilidade em desenvolvê-las e colocá-las em prática.
#1 Administrar incertezas
“Startups representam experimentos gigantes”, diz Jeffrey. Internamente, várias hipóteses estão sendo testadas. Há muita criações, e as metas são, frequentemente, variáveis. Por isso, qualquer pessoa que trabalhe em uma precisa se sentir confortável em lidar com grandes doses de incerteza.
#2 Ultrapassar limites
A chave para o sucesso de uma empresa iniciante, segundo o autor, é “questionar ativamente”, em vez de “se acomodar passivamente”. Os funcionários de uma startup estão constantemente procurando resolver problemas e otimizando as soluções.
#3 Pensar como um dono
O senso de missão e propósito é maior nas startups do que em uma organização tradicional. Isso porque os esforços de cada funcionário estão clara e diretamente ligados ao sucesso do empreendimento. Então, quem quer trabalhar em startups deve se importar não apenas com seu trabalho, mas com todos os aspectos da empresa.
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Escolhendo a empresa
Jeffrey aconselha abordar a tarefa de escolher uma startup para trabalhar metodicamente, em quatro passos.
#1 Escolher um domínio
Seu primeiro objetivo é escolher uma área “pela qual você é apaixonado”, segundo o especialista. Três perguntas podem ajudar no processo de definir um campo para atuar:
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“Prefiro um negócio que tem foco nos consumidores ou nas empresas?
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“Que tipo de clientes gostaria de servir?”
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“Quais marcas mais admiro?
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“Quais são os meus sites, aplicativos ou assuntos favoritos para ler sobre?”
#2 Escolher um local de trabalho
“Nem todos podem mudar de lugar para o trabalho. Mas para aqueles que têm essa flexibilidade, recomendo pensar com muito cuidado sobre onde você gostaria de morar.”
Para Jeffrey, se você não está sediado em um grande centro empresarial, deve considerar se mudar para um. Não somente pela maior facilidade em encontrar vagas para trabalhar em startups, mas pensando a longo prazo. “Seus colegas de trabalho em uma empresa podem se tornar seus co-fundadores em outra”. Portanto, descubra em que lugar você deseja se estabelecer e construir relacionamentos.
#3 Escolher o estágio em que a startup está
De acordo com seu perfil profissional, escolha uma startup em um estágio em que suas habilidades serão mais necessárias e que você fique mais satisfeito em atuar. Reflita se você é um “tomador de riscos”, alguém interessado em desenvolver processos, ou se busca mais estabilidade e parta daí.
#4 Escolher a startup
Escolher a empresa para qual você quer trabalhar é o passo mais importante dos quatro e o mais difícil de acertar. A melhor forma de investigar por conta própria é perguntar para quem já está dentro do empreendimento.
Jeffrey sugere utilizar critérios simples empregados pelos capitalistas de risco. Discuta cada tópico com membros do time da startup e desenvolva seu próprio ponto de vista sobre ela.
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Equipe
Seus membros podem articular uma visão que inspira você e os outros ao seu redor? Eles têm uma integridade alta? Você trabalharia com eles novamente em sua próxima empresa?
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Mercado
Qual o tamanho do mercado em que a empresa está operando? Está passando por algum tipo de mudança? A startup tem vantagens sobre a concorrência?
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Modelo de negócios
A relação entre a receita líquida e os custos de cada cliente ou unidade de produto é atraente? Seu modelo de negócios inclui efeitos de rede, ou seja, o valor cresce conforme a rede de usuários? Se a empresa já tem clientes, eles são leais e dão potencial de crescimento?
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Vendendo seu peixe
Determinada as empresas em que você quer trabalhar, a próxima etapa é se posicionar de forma que elas o contratem. Para isso, Jeffrey aconselha fazer duas coisas.
#1 Arranjar um encontro
Para arranjar uma apresentação com um profissional-chave da startup, identifique eles e encontre maneiras de se conectar. Sites como Crunchbase e Mattermark listam informações valiosas sobre novas empresas, incluindo seus principais executivos. Pesquisas no LinkedIn e Quora também podem ajudá-lo a encontrar outros funcionários.
Em seguida, procure conexões mútuas ou amigos de amigos que possam colocar você em contato com essas pessoas. Fale com os contatos que você encontrou sobre uma apresentação com os responsáveis pelas áreas ou recrutamento.
“Eu recomendo que você mire alto. Liste 10 pessoas com as quais você mais gostaria de conversar. Então vá atrás deles – sem perseguir.”
Jeffrey argumenta que estas reuniões ajudam a estabelecer relacionamentos e criar conexões mais significativas.
#2 Articular sua contribuição
As startups são enxutas, por isso estão dispostas a aceitar apenas os profissionais que podem impulsionar seu sucesso e trazer um ponto de vista diferente sobre seus negócios. Por conta disso, o autor recomenda “fazer sua lição de casa”, antes de se encontrar com a gerência.
Procure ler tudo que pode na internet, converse com alguns amigos ou colegas que são clientes da empresa, experimente o produto ou serviço e analise seu modelo de negócios. Depois de estudar, desenvolva ideias de melhorias e apresente-as na sua reunião ou entrevista.
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O último conselho de Jeffrey é oferecer ajuda – seja apresentando contatos, dando conselhos sobre seu campo, ou disponibilizando seus conhecimentos técnicos. Assim, “você será percebido como alguém que já está agregando valor”, explica o autor.