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Daniel Izzo, da Vox Capital: ‘Cansei de tornar os ricos ainda mais ricos’

Daniel Izzo

Formado em Administração de empresas, Daniel Izzo, hoje com 38 anos, tinha uma carreira bem sucedida e promissora: gerente de produtos da Sundown, um dos principais produtos da gigante global Johnson & Johnson. Quando estava no cargo, as vendas de Sundown geravam dezenas de milhões de dólares de lucro por ano.

O que seria motivo de orgulho para muitos profissionais, a certa altura passou a ser um problema para o executivo.

“De repente, parou de fazer sentido para mim trabalhar simplesmente para maximizar lucro”, conta ele. O gerente via todos os rendimentos serem enviados para acionistas no exterior, e as discussões na empresa serem sempre sobre como aumentá-los.

Morando na cidade de São Paulo, Daniel entrou em crise ao perceber que contribuía para uma acumulação de riqueza que gera as desigualdades sociais tão gritantes e presentes no seu dia a dia. “Começou a me incomodar o fato de eu tornar gente muito rica ainda mais rica, sem nem ao menos tentar trabalhar para melhorar a vida das pessoas que estavam à minha volta” Decidido a mudar o sentido do seu trabalho, Daniel negociou, dentro da própria Johnson, uma missão na qual pudesse gerar benefícios para a base da pirâmide social. Em seguida, passou a atuar em comunidades no Rio de Janeiro desenvolvendo negócios para a população de baixa renda. Em paralelo, foi conversando com pessoas que trabalhavam com negócios sociais em São Paulo.

Nessa época, aproximou-se de Henrique Bussacos, co-fundador do Impact Hub no Brasil, uma comunidade global de empreendedores de impacto. Desse encontro surgiria o insight para criar a Vox Capital, a primeira empresa de investimentos de impacto no Brasil, da qual hoje é diretor-executivo.

Daniel Izzo
Daniel Izzo [VoxCapital] 

O ano era 2008. Daniel havia colocando dinheiro em uma startup de Henrique e, ao participar de uma reunião de investidores, ouviu um desabafo que o faria identificar uma lacuna a ser preenchida. O fundador do Impact Hub falava do desafio de gerar impacto social sem ser uma ONG, ou seja, visando lucro. Para isso ser possível, entendia que era importante ter uma equipe de alto nível em todas as áreas – financeira, de marketing e de operações – mas reconhecia que sua empresa não tinha dinheiro, nome, nem tamanho para atrair profissionais à altura da missão.

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Como conseguir o que quer “Eu pensava: puxa vida, o cara estudou na FGV, trabalhou no JP Morgan, vem de uma família bem conectada. Se ele tem esse desafio, todos os outros empreendedores de impacto terão problemas parecidos”, conta Daniel. A história ficou ecoando em sua cabeça, enquanto ele via cada vez mais empreendedores querendo fazer negócios de impacto, mas nenhuma fonte de financiamento ou apoio para estruturar essas empresas.

Foi assim que ele percebeu não só a oportunidade, mas a necessidade de se criar um fundo para fomentar negócios de impacto social no país. “Foi uma das ideias mais ingênuas que tive em toda a minha vida. Nunca tinha trabalhado com finanças, não tinha dinheiro, não conhecia nenhum investidor nem tinha noção de como um fundo de investimento funcionava”. É mais um daqueles casos em que você sabe exatamente onde quer chegar, mas ainda não conhece o caminho.

No dia seguinte, ao ligar para Henrique e contar sua ideia, Daniel soube de uma coincidência que mostraria que ele estava no rumo certo. Naquela mesma reunião de investidores, participara como ouvinte Kelly Michel, fundadora da Artemisia, organização sem fins lucrativos pioneira no fomento de negócios sociais no Brasil. E Kelly não apenas tinha a ideia de criar um fundo de impacto, como já tinha um investidor estrangeiro e buscava sócios para abraçar a iniciativa.

Henrique fez a ponte entre os dois. Kelly, através de uma rede comum, já tinha chegado a Antonio Moraes Neto, que estava querendo montar um fundo semelhante com a sua família, dona do grupo Votorantim. “Ao invés de cada um fazer a sua iniciativa sozinho, conversamos para fazer juntos”, conta Daniel. Assim, em janeiro de 2009 nascia a Vox Capital, fundada por Daniel, Kelly e Antonio, que se uniram por partilhar de um mesmo objetivo: criar um fundo de investimentos para estimular negócios de impacto social no Brasil.

Leia também: É possível conciliar impacto social com uma carreira de sucesso no mercado financeiro?

A Vox Capital começou a operar administrando 5 milhões de reais da americana Potencia Ventures. Hoje, a empresa tem sob sua gestão um fundo de 84 milhões de reais, cujo maior investidor é a Finep, agência de fomento do governo brasileiro, com 25% do capital. Com diferentes fontes de financiamento, a família Ermírio de Moraes acabou nem sendo acionada.

A Vox atua por meio de um fundo de investimentos em participações (FIP), usado para adquirir participações em empresas. O fundo tem dez anos de duração e não permite que os acionistas façam resgates ou novos aportes. Daniel detalha este funcionamento: “A gente vira sócio das empresas quando elas são bem pequenas, startups, e trabalha para ajudá-las a crescer. Procuramos sempre ser sócios minoritários, porque acreditamos que a equipe empreendedora que deve ser a dona do negócio”.

vox capital
Equipe Vox Capital [Vox Capital]

Segundo o diretor-executivo, o objetivo é vender a participação quando as empresas atingem determinado tamanho. “O dinheiro, então, volta para o fundo e do fundo vai para os acionistas.”

A Vox Capital é mantida por uma taxa de administração, um percentual sobre o montante capitado pago anualmente. Se o fundo é bem sucedido, passados os dez anos, a empresa de investimentos ganha uma taxa de sucesso.

Atualmente, o fundo tem participações em nove empresas. Duas delas já saíram aqui no Draft, ToLife e Avante, e as outras são Tamboro, Saútil, Plano CDE, Balcão de Empregos, Quitei, Kidu e W Pensar. Além disso, a Vox investe em outras oito, na forma de dívida, ou empréstimo, que pode vir a se tornar uma participação. As perspectivas são de prosseguir neste caminho: eles querem levantar mais fundos para poder investir em mais empresas de impacto social no país. “Queremos crescer dentro do que já estamos fazendo e acreditamos que há muito espaço para isso”, diz Daniel.

Leia também: As oportunidades para quem quer empreender com impacto social

Um modelo em que o dinheiro serve ao propósito social A Vox Capital investe em empresas voltadas para as populações de baixa renda que atuam principalmente nas áreas de saúde, educação, serviços financeiros e habitação. “Na nossa avaliação, são os negócios que têm o potencial de oferecer um impacto mais direto na vida de pessoas em situação de pobreza urbana, que é o tipo de pobreza hoje predominante no Brasil”, conta ele.

Para despertar o interesse da Vox, uma startup precisa atender a ao menos quatro atributos:

1. Ter uma equipe empreendedora que seja complementar e reúna condições de fazer a ideia acontecer

2. Ter um modelo de negócios que faça sentido, que possa ser lucrativo e ganhar escala

3. Ter um impacto social capaz de resolver um problema real da população de baixa renda

4. Ter “fit com a Vox”, ou seja, a Vox tem condições de preencher outras lacunas além da financeira

Daniel fala um pouco mais sobre o que a Vox oferece, além do dinheiro: “A gente vira um sócio bem ativo. Trabalhamos o tempo todo para impulsionar a empresa a crescer, ajudando a abrir portas comerciais, a estruturar a governança e a atrair bons profissionais para trabalhar lá. Basicamente, estamos do lado da equipe empreendedora para ajudar naquilo que for possível para a gente”.

Segundo o diretor-executivo, achar bons negócios é a parte mais trabalhosa da empreitada e acaba sendo mais uma arte do que uma ciência. “O processo de seleção não é fácil. Normalmente a gente olha cerca de cem empresas para acabar investindo em uma. Por isso, temos que estar com o radar sempre ligado”, conta ele.

E o principal desafio da Vox Capital é justamente gerar casos de sucesso, mostrando que é possível juntar benefícios sociais em escala com bons retornos financeiros. Esse desafio é comum a todo o setor de investimentos de impacto no país. Daniel estima que hoje cerca de dez fundos, entre nacionais e internacionais, atuem na área no Brasil. “O dia em que tivermos muitos bons exemplos será mais fácil de atrair investidor, haverá mais gente querendo empreender e trabalhar nessas empresas. Entraremos num ciclo virtuoso, em todos os níveis”, vislumbra.

Leia também: Conheça a Artemísia, organização que investe alto em impacto social

E o que é preciso para haver mais negócios de sucesso? Daniel acredita que os investidores e gestores de fundos precisam se conscientizar de que negócios de transformação social exigem muito tempo, trabalho, erros e acertos antes de darem certo. “O desafio é desenvolver no Brasil uma cultura empreendedora com uma visão de negócios de longo prazo. É preciso ter consciência de que uma iniciativa não dá certo de um dia para o outro”.

Daniel lembra que, quando a Vox começou, o termo “investimento de impacto”, hoje em voga em mercados financeiros e escolas de negócio, sequer existia. Ao olhar para a sua trajetória desde então, ele não tem vergonha de dizer que sentiu na pele muitas dessas dificuldades, que fizeram o fundo demorar mais para decolar, mas considera um acerto o fato de ter escolhido o caminho mais difícil. Dizer “não” a investidores que não acreditavam na tese da Vox, a potenciais sócios que queriam mudar o propósito do fundo, foram acertos que construíram a Vox. “Foi mais difícil, demorou mais tempo, mas hoje, que estamos numa situação um pouco melhor, traz muito conforto e muita força a gente saber que não teve que fazer coisas nas quais não acreditávamos”, diz.

O co-fundador da Vox não tem saudades dos tempos de executivo de multinacional. Agora, seu desafio não é mais aumentar o montante de receitas enviado para fora do país. Identificar os negócios sociais que podem fazer diferença no Brasil, apoiá-los e vê-los crescer é uma missão ainda maior, que ele encara com positividade. “Aqui tem dinheiro, tem empreendedor, tem gente querendo ajudar e tem um monte de problema para resolver. Então, agora é arregaçar as mangas, ser sério e mergulhar no trabalho pelos próximos anos para conseguir o resultado que a gente sonha.”

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Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT

10 maneiras de gerar ideias para empreender

Mulher escrevendo com giz

Diferente do que muitos pensam, não existe fórmula mágica para gerar insights de novos negócios, mas, por mais que pareça óbvio, uma boa maneira de se ter uma boa ideia é não ter medo de sonhar grande e ter muitas ideias. Na verdade,um simples brainstorming pode fazer aflorar vários negócios potenciais.

Se você deseja inovar e pensar fora da caixa, essas técnicas podem te ajudar. Mas e se você não for uma pessoa criativa? Não se preocupe! Vamos mostrar aqui várias maneiras e dicas de como gerar novas ideias de negócios: Vamos lá?

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Anote todas ideias que você tiver. Não importa se você estiver no meio do almoço ou indo dormir, não deixe a ideia fugir da sua cabeça.

Discuta cada ideia com mais de uma pessoa se possível, quanto mais eclético o grupo melhor. Isso vai te ajudar a entender se a sua ideia será bem aceita ou não.

Não vale criticar nenhuma ideia, ideias loucas e absurdas são muito bem vindas!

Se você estiver em uma fase de bloqueio criativo, que tal melhorar ideias de outros ou conectar ideias para gerar novas?

Tente sempre pensar em problemas que você poderia resolver e não em soluções.

Com isso, resumimos 10 maneiras para te ajudar a gerar ideias de novos negócios.

1. Não pense em ideias de negócios!

Segundo Paul Graham, cofundador de uma das mais famosas aceleradoras de startups americana, as melhores ideias normalmente são aquelas chamadas de orgânicas. Ou seja, insights que crescem de forma natural da experiência das pessoas.

Então a melhor maneira é não PENSAR e sim OBSERVAR. Procure no seu trabalho, nas suas experiências e atividades, quais as necessidades e problemas que possuem. Uma boa pergunta é: Por que ninguém fez isso até hoje? Se alguém fizer isso eu compro na hora?

2. Resolva problemas, não invente eles.

Pegue uma folha em branco e escreva no topo dela “Eu odeio quando…” e escreva tudo que te incomoda. Muitos desses problemas podem virar produtos ou serviços, afinal, o seu descontentamento com algum produto e serviço, provavelmente, é uma dor compartilhada por muitas outras pessoas.

Foi de um exercício assim que eu me sócio chegamos à ideia da nossa empresa atual, o Melhor Plano. Outro exemplo de empresa que seguiu pelo mesmo caminho é a Geekie. Cansada do sistema de ensino conservador do Brasil, decidiu inovar e criar uma plataforma que cria um plano de estudos personalizado para seus usuários.

Se você tiver dificuldades como isso, olhe na seção de suporte ao cliente de sites e encontre o que estão reclamando. Reclame Aqui pode ser uma boa fonte. Vale também pensar noque poderia fazer que seria realmente extremo. Normalmente são essas ideias que causam mais impacto.

3. “Viva no futuro, então construa o que está faltando nele” – Paul Graham

Como será daqui a 1, 3 ou 5 anos? Quais problemas existirão? Pesquise sobre as tendências na sua industria,sociedadeou nas tecnologias que permitirão novas formas de negócios. Tecnologias como internet das coisas – IoT e realidade virtual são só alguns exemplos de tendências tecnológicas que prometem mudar várias indústrias.

4. Encontre um mercado ou industria e se aprofunde nela

Encontre alguém em uma industria que você tenha interesse e pergunte coisas fundamentais como: qual seu trabalho? quem faz isso ou aquilo? Qual a parte chata do seu trabalho? Quais são os 3 maiores desafios no seu trabalho ou em relação a um tema específico? Se você tivesse recursos infinitos e pudesse resolver qualquer problema em um piscar de olhos, qual seria? Como resolveria? Uma dica é não focar no que você pensa, apenas escute com atenção seu entrevistado.

Acredite: os resultados dessas conversas são surpreendentes, pois, diferente do que alguns pensam, a maioria dos empreendedores está disposto a contar sobre o seu negócio e as dificuldades que viveu ao criá-lo e tirá-lo do papel.  O Méliuz, por exemplo, mandou e-mails até para empresas estrangeiras e, pasmem, ele ganhou as passagens e uma visita por conta de um dos e-commerce mais bem conceituados da Inglaterra.

5. Bons artistas copiam; Grandes artistas roubam

Steve Jobs uma vez disse: “Não temos nenhuma vergonha em roubar grandes ideias”. Se pensadores originais como Picasso e Steve Jobs não tinham nenhum problema em copiar ideias alheias, por que você teria? Quando um novo produto surgir, escreva formas como poderia usar para uma nova ideia de negócio.

Muitas ideias são mal executadas, você é capaz de executar melhor? Vários negócios inovadores surgem no mundo, porque não tomar como inspiração para aplicar na sua região? Alguns sites que podem servir de inspiração: Springwise, Hacker News, Product Hunt, CrunchBase e TechCrunch.

Leia também: Quer empreender com impacto social? Confira essas oportunidades!

6. Áreas que estão precisando de projetos

Aqui vamos pela mesma ideia da lista de “Eu detesto quando…”, a diferença é que aqui é uma fase mais aprofundada e saindo dos achismos e apenas a sua visão. E como fazer isso? A Y Combinator, aceleradora mais famosa do mundo, publicou em 2015 uma lista com áreas onde eles gostariam de investir. Veja aqui as áreas.

Nessa mesma linha, o Google Trends pode te ajudar a descobrir mercados que estão crescendo e que carecem de soluções.

7. Uber para…….

Se for para pensar fora da caixa, não se limite apenas à sua área de atuação, podemos aprender com empresas de todos os setores e tamanhos. Então pare e pense: quais ideias poderíamos pegar de outras indústrias e aplicar na nossa? Olhe para indústrias ao seu redor e veja se as ideias antigas delas podem se tornar sua nova ideia.

Pegue a academia SmartFit como exemplo. Você pode não acreditar, mas a ideia de ter um botão em cada máquina para que os usuários conseguissem chamar os personal trainers veio da indústria de aviação. Você já parou para observar que, quando estamos em algum voo e queremos chamar a aeromoça basta apertar um botão? O que o empreendedor pensou aqui foi simples: se serve em aviões, por que não tentar em academias?

8. Pergunte a você mesmo.

Qual tipo de negócio eu gostaria de tocar se não tivesse nenhuma chance de fracassar? O que nunca foi feito até hoje?

Empreender nem sempre é um mar calmo, por isso, é preciso que você faça o que ama e vê sentido. O Dr. Consulta, por exemplo, queria democratizar o acesso a um sistema de saúde barato e de qualidade, algo que parecia uma missão impossível, hoje é uma das referências em negócios sociais no Brasil.

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9. Mantenha-se atualizado na sua área de interesse! Frequentemente surgem novas ideias.

Manter-se atualizado é quase que uma regra no mundo dos negócios. Os conceitos mudam com o tempo e ficar antenado nas novas tendências pode impulsionar a sua empresa e até mesmo te ajudar a criar uma vantagem competitiva em relação a sua concorrência.

Participe de eventos sobre empreendedorismo, inovação, tecnologia. Leia livros, converse com outros empreendedores e compartilhe suas experiências. Não se limite ao seu setor, olhe outras empresas, outros países, será que algo que está bombando lá fora poderia ser aproveitado pela sua empresa?

10. Olhe no seu extrato bancário para onde seu dinheiro está indo.

A forma como você gasta o seu dinheiro pode dizer muito sobre você. Porque você comprou da empresa A e não com a B? Analisar porque você escolhe um produto ou serviço pode te dar insights de como fazer algo melhor ou mais barato. Muitas vezes achamos algo muito caro, será que não podemos criar um novo produto ou serviço mais barato ou com uma percepção de valor mais alta?

Se você já gasta dinheiro com esse produto ou serviço, isso pode sinalizar que existe um mercado para a sua ideia.

Agora você tem uma lista de ideias para escolher. Uma boa ideia pode não ser uma boa oportunidade de negócio, por mais criativa ou visionária que seja. Cabe ao empreendedor analisar se faz sentido ou não seguir em frente.

 

Felipe Byrro é cofundador da startup Melhor Plano

Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

 

Feed RSS: uma ferramenta simples (e subestimada) que pode tornar-se diferencial profissional

feed rss na pratica

Apesar de terem surgido no final dos anos 1990, muitas pessoas ainda não sabem o que são os tais “feed RSS” ou qual papel essa ferramenta cumpre. A verdade é que este é um recurso simples, e com uma função bastante específica (e útil!): garantir que você não perca nenhum texto novo de seus portais e sites de notícia favoritos.

Entre os feeds que podem ajudar na sua carreira, destacamos o Na Prática, sobre carreira e desenvolvimento profissional; EXAME.com, sobre negócios e noticiário hard news; Estudar Fora, sobre bolsas e passo a passo para estudar no exterior; e Endeavor, sobre empreendedorismo. 

A seguir, explicamos as vantagens de usar essa ferramenta e ainda trazemos um passo a passo de como criar um feed RSS.

Por que usar? Embora seja uma invenção antiga, seu papel nunca foi tão atual. Diante do excesso de informações disponíveis hoje em dia – resultado da popularização do uso da internet e da produção de conteúdo digital – é uma tarefa ingrata tentar acompanhar todos os canais relevantes (desde portais de notícias internacionais até um blog sobre culinária ou algum outro hobbie) sem deixar nada passar. O problema mora exatamente aí: aquela informação que você deixa de ler é, muitas vezes, a mais importante.

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Feed RSS Na Pratica
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Quando acompanhamos portais de maneira aleatória, não é raro acabar esquecendo de checar o noticiário internacional ou a editoria de economia. Se você trabalha, por exemplo, com comércio exterior, um delay de dois ou três dias diante de uma notícia importante pode te render sérios problemas. Resultado? Você pode tomar uma decisão de negócios mal embasada, ou passar vergonha quando te perguntarem sua opinião sobre, por exemplo, sobre o último movimento no desenrolar das eleições norteamericanas. O mesmo, claro, vale para qualquer profissão ou carreira… E, em último caso, mesmo um post perdido do seu blog gastronômico pode desencadear um jantar desastroso.  

Brincadeiras à parte, é aí que entra a grande sacada do RSS, que te permite ficar por dentro das novidades relacionadas a todos os assuntos que você tem interesse. Embora seja uma das ferramentas de produtividade menos citadas nas inúmeras e repetidas listas que circulam pela internet, ela resolve grandes desafios que enfrentamos diariamente em nossa carreira:

Necessidade de manter-se informado: Estar atualizado a cerca do acontece no mundo é um diferencial tanto para quem já está contratado como para aqueles buscando um emprego. Não é raro ouvir de recrutadores, durante uma entrevista, uma pergunta a cerca de acontecimentos recentes envolvendo cultura, política ou economia… Daí a importância de manter-se em dia com o feed RSS de jornais, portais de conteúdo e revistas.

Organização do fluxo de informações: Por meio dos leitores de Feed RSS, você consegue ver em um mesmo lugar as matérias e postagens de todos os portais que você quer (ou precisa) acompanhar. O diferencial dos melhores leitores, inclusive muitos gratuitos, é a possibilidade de reunir e acessar esses portais em pastas, como “Carreira”, “Economia”, “Variedades”…

Interface única e legível em celulares: A maior parte dos leitores RSS possuem aplicativo tanto para Android como para iOS, o que facilita a leitura pelo celular, tornando mais produtivos momentos perdidos do dia, como filas de banco, transporte público e intervalos.

Como funciona?
A seguir, veja um passo a passo de como assinar Feed RSS:

1. Cadastre-se em um leitor de Feed

Recomendamos o Feedly, que é gratuito e tem uma interface bastante agradável, mas existem outras opções disponíveis como o NewsBlur e o DiggReader.

Feed RSS Carreira 1

No Feedly, basta selecionar a opção de “começar gratuitamente” e logar com a sua conta Google ou de alguma rede social. E pronto, já está cadastrado!

Feed 2

2. Encontre o portal ‘Na Prática’

Você consegue nos encontrar por meio do campo de busca do Feedly. Se estiver usando outro leitor de RSS, basta acrescentar nosso endereço (https://www.napratica.org.br/feed/) a sua lista.

Feed 3

3. Acompanhe nossas notícias

Agora, na home page do Feedly você consegue acompanhar de uma vez as nossas postagens e as de outros portais que você deseja seguir. Aproveite as possibilidades de integração (Evernote, Google Docs) e compartilhamento (Facebook, Linkedin, Twitter, Trello, Gmail, etc…) para guardar e espalhar seus textos favoritos.

Feed 4

 

 

 

Inovação na educação: o que há em comum entre escolas, criatividade e musculatura?

desenho de mão com dominó

– Você é capaz de criar musculatura para sustentar a mudança que você quer?

Ouvi esta frase da educadora Lia Diskin, importante pensadora e realizadora de ações na área da educação para a paz. Essas palavras da Lia sempre me acompanham e provocam. Têm tudo a ver com os cinco projetos selecionados pelo Criativos da Escola no ano passado, que receberam nosso reconhecimento por desenvolverem ações de protagonismo juvenil e princípios como empatia e escuta.

Os projetos encontrados pelo Brasil que mais chamaram nossa atenção são persistentes em criar musculatura para sustentar as mudanças sonhadas. Mas o que comumente acontece em iniciativas sem musculatura? Têm vida efêmera, duram apenas o tamanho do pequeno fôlego que as geram. Ações como as que encontramos pelo Brasil e revelamos no final do ano passado, pelo contrário, vão se enraizando pouco a pouco e conquistando espaço pela insistência criativa.

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Ano passado, mapeamos mais de 400 projetos pelo Brasil inteiro e selecionamos ações de Rondônia, Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Distrito Federal. Ainda no final de 2015, realizamos uma celebração que reuniu todos os grupos em São Paulo. Mais recentemente, entramos em contato com educadores e alunos para saber como têm andado os projetos. Nosso espanto foi positivo. No projeto do Rio Grande do Norte, o “Gaiolas Literárias”, cerca de 50 novos alunos se voluntariaram para participar. A proposta da ação é espalhar gaiolas com livros pela cidade, para estimular a leitura e conscientizar as pessoas sobre a importância de libertar pássaros presos. Os alunos usaram o dinheiro da premiação do Criativos da Escola para comprar celulares para o grupo registrar suas ações. Estão recebendo cada vez mais doações de gaiolas e planejando a criação de uma turma de teatro para contar histórias sobre pássaros – e estimular mais e mais narrativas sobre liberdade no imaginário local.

Na Bahia, o projeto “Grupo de Apoio e Conselho (GAC)” ganhou fama na região de Simões Filho depois da premiação do Criativos. Aumentaram as matrículas na escola e os alunos que participaram do encontro em São Paulo voltaram para suas casas com mais autoconfiança – muitas falas dos alunos reforçam que o Criativos os estimulou a valorizarem suas capacidades. Continuam se encontrando duas vezes por semana para dialogar sobre os conflitos da escola e, quando há algum problema maior, até se encontram mais.

O projeto que encontramos no Ceará, chamado “Jovem Explorador“, está quase pronto para a inauguração. Escolas da região, tanto públicas quanto particulares, procuraram o grupo para conhecer melhor a proposta. Hoje em dia, estão desenvolvendo uma ação frequente inspirados em aprendizados instigados pela viagem de celebração no fim do ano, na qual convidam especialistas para conversar com os alunos e educadores sobre temas que desejam aprofundar. Ganharam um prêmio de US$ 15 mil que está ajudando bastante na construção da parte estrutural do museu e planejam abrir suas portas em maio com uma exposição sobre a história e a natureza da região.

Já o projeto de Rondônia, “Uma combinação que dá certo”, onde os alunos inventaram um sistema que capta a água desperdiçada por centrais de ar refrigerado, continua com a implantação de mais um sistema de captação em outra central de ar na escola. Depois do Criativos, alunos foram procurados até por uma empresa que ficou curiosa sobre a tecnologia desenvolvida. Por fim, os jovens do Distrito Federal também continuam com muito fôlego – o projeto “História Construída Por Blocos”, que essencialmente promove a inserção de jogos digitais como ferramenta pedagógica nas aulas, agora tem uma sala própria na escola. Os alunos estão se organizando para levar a iniciativa a outras instituições próximas.

Leia também: Caindo no Brasil, a jornada do jovem Caio Dib pela educação brasileira

Observar a trajetória desses projetos é olhar de perto a criação de musculatura para sustentar mudanças. E nos impressionamos com o fato de que os jovens e educadores dos projetos seguem com uma energia vigorosa. Uma das alunas, a Amanda, do Distrito Federal, chegou a dizer que, nos momentos em São Paulo, na celebração do Criativos, “o que o jovem falava tinha importância”, deixando clara a sede por ser percebida publicamente pela sua potência. E o que o jovem falava lá na celebração tinha importância sim, claro. Tinha, tem e vai continuar tendo. Porque, para criarmos musculatura capaz de sustentar as mudanças que almejamos, é imprescindível confiarmos uns nos outros, na possibilidade de exercermos protagonismos.

Eis nosso desejo: que todos esses jovens e educadores continuem com fôlego. “Você é capaz de criar musculatura para sustentar a mudança que você quer?”, perguntou Lia Diskin para mim há algum tempo. Os jovens e educadores do Criativos da Escola têm respondido essa pergunta com um maiúsculo SIM.

Se você também tem um projeto que está propondo soluções criativas para melhorar a realidade das escolas brasileiras, não deixe de se inscrever na edição 2016 do prêmio Criativos da Escola por aqui. Podem se inscrever alunos e educadores de escolas públicas e privadas de todo o país. 

 

7 comportamentos para você se tornar superprodutivo

post-its colados na parede

Produtividade não é simplesmente completar um monte de tarefas o mais rápido possível. Para o especialista em carreira Benjamin P. Hardy, colunista da revista Inc., você pode ticar vários itens na sua lista de afazeres e nunca chegar a lugar algum. “A maioria das pessoas está vivendo a vida dessa maneira”, escreveu em um artigo. “A nossa sociedade é obcecada pelo ‘fazer’ constante. Sobra pouco tempo para ‘ser’ e ‘viver’.”

Segundo ele, produtividade é se mover para a direção desejada de propósito e consistentemente. “A produtividade não é o que você faz, é quem você é — menos truques do dia a dia e mais seu estilo de vida.” Veja então os comportamentos que profissionais muito produtivos têm em comum:

1. Não se importam com o que as outras pessoas estão fazendo. “A maioria dos trabalhadores passa boa parte do seu tempo observando outras pessoas”, diz Hardy. “O objetivo é imitar e copiar ou comparar e competir. Isso evidencia uma total falta de identidade — uma imaturidade emocional e espiritual.” Por outro lado, os produtivos vêem isso como uma distração. Adivinha como empregam esse tempo? Executando.

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2. Não se importam com o que os outros pensam… Hardy destaca que muitos profissionais temem a opinião de terceiros — por causa disso, tentam ser perfeitos. Eles querem que as pessoas gostem deles. “Figuras extremamente produtivas fazem o seu trabalho para si mesmos e para as pessoas às quais o trabalho se destina. Qualquer um fora desse público-alvo não interessa. Inimigos e críticos são flores, não dardos.”

3. …Mas se importam muito com os outros. Parece até contraditório. Embora não liguem para o que as outras pessoas pensam, os produtivos preocupam-se imensamente com elas. Têm um amor pela humanidade. “Quando olham para o outro, eles vêem uma pessoa — não um objeto”, diz Hardy. “Os produtivos são incrivelmente compreensivos.”

4. Não precisam de permissão. Quantos profissionais você conhece (se é que não é um deles) que só sabe esperar? Acham que não está na hora certa, querem se sentir “seguros”. Os muito produtivos não são assim. “Já começaram no ano passado. Começaram há cinco anos, antes de saber o que estavam fazendo. Começaram antes de ter dinheiro, antes de ter todas as respostas. Começaram quando ninguém mais acreditava neles. A única permissão de que precisavam era da voz dentro deles, levando-os a seguir em frente.”

5. Aprendem fazendo. Cair com a cara no chão de novo e de novo: é assim que os produtivos aprendem. Em vez de reuniões e discussões, vão para a prática. “Enquanto a maioria está lendo, pensando e sonhando, os incrivelmente produtivos estão lá fora fazendo”, defende Hardy.

6. Sabem aproveitar o momento atual de sua carreira.Os produtivos conseguem encontrar alegria também na jornada. Não ficam o tempo todo à espera do próximo capítulo na vida. “Estão satisfeitos com sua situação atual. Eles estão vivos. Os não produtivos esperam pelo contentamento depois de se formarem na faculdade ou conseguirem aquela promoção, ou deixam para serem felizes após se aposentarem. No fim, a vida passou por eles e nunca realmente curtiram o momento.”

7. Revisam constantemente o que é mesmo necessário. É como fazer uma limpeza no armário. Quando a vida começa a ficar muito corrida, dão um passo para trás e removem o que não deveria estar ali. Em vez de adicionar mais à sua vida, dizem “não” a quase tudo.

Leia também: Os hábitos diários das pessoas altamente produtivas

 

Esse artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

O trabalho de operações na Somos Educação: ‘Não ter rotina é uma das coisas de que mais gosto’

Mulher sorrindo
thais trabalho operações somos educação

Para Tais Valeriano, cair em operações foi um golpe de sorte. Formada em engenharia de produção, buscou suas primeiras experiências profissionais um pouco às cegas. “Eu sabia que não queria ser consultora e que queria estar dentro de uma empresa, então restringi as opções mas não foquei”, lembra.

Hoje gerente de projetos na Somos Educação, gigante nacional que une editoras, sistemas de ensino e colégios, ela começou na Itambé, uma empresa de laticínios, atuando como ponte entre os setores de suprimentos e operações. “Foi sempre algo voltado para melhoria de processos, criação de indicadores e gestão, coisas amplas que também cabem dentro de operações”, explica.

Em seguida, conseguiu um emprego na área na Fiat. Além de envolver-se com projetos de melhoria contínua, Tais cuidou de abastecimento de linhas, almoxarifado e supply chain antes de tornar-se coordenadora de gestão de embalagens, que envolvia trabalho de logística reversa (a maior parte das embalagens, por exemplo, volta vazia e pode ser reutilizada).

Desde julho de 2015, lida com os milhões de livros educacionais distribuídos pela Somos Educação Brasil afora. A rotina muda de acordo com os projetos em curso, que costumam durar um semestre e têm picos em época de volta às aulas, por exemplo.

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Milhões e milhões Entre suas responsabilidades atuais estão a unificação dos seis centros de distribuição – cada um com pelo menos seis milhões de volumes em período de baixa – e a revisão da malha logística, que envolve cerca de cinquenta pontos espalhados pelo país. “Não ter rotina é uma das coisas de que mais gosto, porque assim tenho desafios novos e posso crescer e desenvolver competências diferentes.”

Para poder manter a organização, ela cria um cotidiano para cada projeto, que envolve reuniões semanais com todas as partes envolvidas – “é preciso que todos estejam na mesma página” – e, a partir delas, resolver os imprevistos.

Os mais comuns costumam envolver burocracia e prazos não cumpridos por órgãos públicos. Quando isso acontece, Taís volta ao cronograma com novas datas e cria um plano B que também se adeque às outras áreas da empresa incluídas no processo, como tecnologia de informação, recursos humanos e logística.

“Há interação entre as áreas o tempo todo”, diz. “E esse relacionamento é muito importante em uma função de operações, porque não consigo fazer nada sem elas.” Para ela, é uma chance de aprimorar a capacidade de comunicação, e os dividendos são diários.

Outros pontos importantes para quem se interessa pelo setor, segundo ela, são as capacidades de analisar cenários (são muitos e é preciso optar por um), custos (facilidade com finanças ajuda, assim como uma veia crítica) e flexibilidade (o plano A sempre vai mudar).

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Meio termo Mão boa para negociação também é fundamental, já que é preciso encontrar termos bons tanto interna quanto externamente. É um desafio constante. “A negociação envolve fazer com que outras áreas percebam que, se elas perderem um pouco, o projeto todo vai ganhar”, explica. “Às vezes vamos prejudicar um pouco o lado comercial ou aumentar um custo em facilities, mas é preciso olhar para o bem comum e para o objetivo único da empresa.”

Como a produção editorial é terceirizada e a Somos Educação se encarrega de distribuí-la, Tais precisou aprender a lidar com parceiros. Em suas experiências anteriores, os produtos eram feitos dentro da casa, fossem eles iogurtes ou carros.

“É mais complicado a partir do momento que não temos tanta autonomia sobre o processo produtivo e não podemos otimizá-lo, então fazemos visitas e sugestões”, explica. “Aí entra novamente a negociação e o relacionamento com fornecedores, que precisam acatar as sugestões.”

No fim, a ideia de operações como uma área engessada que Tais tinha antes de começar a trabalhar acabou se revelando o oposto. Além de prezar pela melhoria contínua, que pressupõe mudanças, deixa seus funcionários visíveis dentro da empresa e lhes dá chance de crescer profissional e pessoalmente.

“Poder errar e testar nos propicia um desenvolvimento maior”, conclui.

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A carreira da vez: como é o trabalho de um cientista de dados?

Gráfico 3D

Chamada de a mais sexy deste século pela Harvard Business Review, a profissão cientista de dados segue tão quente quanto rara no Brasil. Quente porque a demanda continua em expansão mesmo com o mercado de trabalho brasileiro em retração. “Crise? Que crise” dirá, provavelmente, um cientista de dados qualificado.

Raro porque não é tão fácil assim encontrar profissionais que atendam à tríade exigida pela profissão: conhecimentos de programação, estatística/matemática e visão de negócios.

“É uma carreira nova no Brasil, e estamos percebendo um aumento exponencial na demanda por profissionais. Em contrapartida, ainda não temos muitas pessoas sendo formadas nessa área”, diz Henrique Gamba, diretor geral da Yoctoo, recrutamento especializado em TI.

Segundo ele, a crise não fez cair os salários para estes profissionais: a partir de 9 mil reais para quem tem entre 3 e 4 anos de experiência e até 22 mil para um especialista na área. “É que a geração, captação e armazenamento de dados, em volume cada vez maior (big data), é a chave para o direcionamento e estratégia de qualquer negócio”, diz Gamba.

As empresas que mais contratam cientistas de dados são as fornecedoras de soluções de tecnologia (de big bata) e aquelas que trabalham intensivamente com dados como instituições financeiras, institutos de pesquisa, internet, e-commerce, bureaus de crédito, etc.

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As diferentes fases “O coração da atividade de um cientista de dados é analisar uma massa de informações para fazer inferências”, diz Lucas de Paula da Neoway, empresa que oferece soluções de inteligência de negócios.

O dado é a matéria bruta do cientista. Mas seu primeiro desafio é pensar na pergunta certa a ser feita para chegar na resposta que o negócio precisa responder.

A partir desta questão é que começa o trabalho de captar e preparar os dados. Com o terreno preparado, é hora de aplicar fórmulas matemáticas. Para isto, modelos estatísticos são elaborados e hipóteses criadas e testadas.

“Ele usa a matéria prima (dados) para tirar insights, gerar estas hipóteses que serão postas à prova com trabalho estatístico e matemático”, diz Lucas. A validação científica destas inferências é o que trará, de fato, a resposta de valor para os negócios. O próximo passo é apresentar as conclusões para clientes externos e internos. “Saber comunicar é igualmente importante. Muitas vezes é preciso convencer o cliente de que o modelo é exato”, diz ele.

A análise dos dados e suas conclusões é como combinar as notas tocando piano e produzir uma música, compara Lucas. Mas para tocar este piano, é preciso antes carregá-lo e deixá-lo pronto para ser usado, o que, na linguagem da ciência de dados, significa preparar as informações coletadas.

“A diferença entre um estatístico e um cientista de dados é que o primeiro precisa dos dados já prontos para trabalhar e o segundo tem a versatilidade de fazer esta preparação, tem as chamadas hacking skills (habilidades de hackeamento), que o estatístico não tem.

Combinação de habilidades Justamente por ser extremamente difícil combinar todas estas habilidades, o mais comum é formar equipes com profissionais que se complementam.

“Fazemos um mix e montamos equipes. Um profissional de computação fica encarregado de fazer a preparação, trabalha em conjunto com quem faça análise matemática e embutimos também conhecimento de negócios”, diz Monica Tyszler, diretora de soluções e serviços do SAS América Latina.

A falta de alguma das habilidades compromete todo o sucesso no trabalho. “Se há expertise em computação e matemática, mas nenhuma em negócios, não será possível descobrir qual é o problema que a empresa precisa resolver”, diz De Paula.

Mais expertise na área computação e de negócios e nenhuma em matemática e estatística vai resultar em prejuízos no rigor da análise. E por fim, a ausência de conhecimento em computação impede a extração de um volume significativo de dados que é o que, em última instância, tem a capacidade de trazer valor em termos de negócios.

Na Neoway, De Paula forma duplas de trabalho para garantir que todas as habilidades estejam à mesa. “Por exemplo, temos aqui um físico e um especialista em econometria que atuam juntos”, diz.

As formações mais frequentes Nos Estados Unidos, algumas universidades já possuem programas de formação conceituados. Mas por se tratar de atividade nova, grande parte dos profissionais que atuam hoje na área veio de outras formações acadêmicas.

Estatística, engenharia, matemática, física são bastante frequentes nos currículos dos profissionais, segundo o diretor geral da Yoctoo. “Importante notar que formações como mestrado e doutorado são quase sempre mandatórias”, diz Gamba. Segundo ele, carreiras que facilitam a migração para a área são inteligência de negócios, estatística ou tecnologia, de modo geral.

Na opinião da diretora do SAS, a formação em engenharia de produção atrelada à engenharia de computação dá uma boa base para quem quer seguir carreira na área de ciência de dados. “Tem aula de programação, matemática estatística, pesquisa e há o conhecimento de negócios aplicado à engenharia de produção”, explica.

Saber programar e ter conhecimentos de sistemas gerenciadores de bancos de dados é essencial. Grande parte das linguagens usadas neste ramo são open source, ou seja, código aberto. Na Neoway, as equipes trabalham com as linguagens Python, R, Spark, Scala, Go e os gerenciadores de bancos de dados MongoDB, SQL, Elasticsearch, Neo4j, Cassandra e o sistema de mensagens Apache Kafka.

O SAS é uma das empresas que investem na qualificação de profissionais. “Começamos com um curso de formação de cientista de dados nos Estados Unidos e a ideia foi trazer para o Brasil”, diz Mônica. Técnicas de gerenciamento de big data, de análises avançadas, de visualização de dados, machine learning e técnicas de comunicação que também são essenciais para os cientistas de dados, a Academia para Ciência de Dados do SAS é uma opção para quem quer certificação nesta área.

 

Este artigo foi originalmente publicado em EXAME.com

A lição de um grande mestre de xadrez para resolver problemas

Rei de Xadrez

Maurice Ashley é um grande mestre do xadrez. Ele foi o primeiro americano negro a conseguir esse título e foi incluído neste ano no Hall da Fama do xadrez dos Estados Unidos. Ashley não só é um excelente jogador como faz questão de promover o jogo, especialmente entre crianças e jovens.

No vídeo abaixo, gravado recentemente para o site Mashable, ele afirmou que o xadrez “pode mudar vidas”. “Eu vejo isso nos alunos que eu ensino. Já treinei crianças no Harlem, no Brooklyn, em circunstâncias difíceis… E assisti a essas crianças sentirem os efeitos de jogar xadrez: mais facilidade em resolver problemas, pensamento crítico, mais concentração e foco”.

Em um artigo para a Inc., o empreendedor Justin Bariso explica uma valiosa lição de Ashley e como ela pode ser aplicada na vida.

Olhar para trás para ver à frente
O xadrez é uma metáfora da vida e dos negócios no sentido de que há um número enorme de caminhos para seguir. Só nas primeira quatro jogadas de xadrez, há 318 bilhões de combinações possíveis. Segundo Ashley, é um mito que um grande mestre pode enxergar até 20 movimentos à frente. Em uma palestra no TED em 2012, Ashley fala de algumas técnicas que podem ajudar a “ver o futuro”. Sua estratégia preferida é a análise retrógrada, que supõe que para ver à frente vale a pena olhar para trás.

No xadrez, depois das primeiras quarto ou cinco jogadas, a posição das peças começa a ficar mais simples e elas começam a desaparecer. Em algum momento, restarão poucas opções. Para avaliar seus movimentos, os jogadores podem pensar nos movimentos anteriores que precisam fazer para chegar a uma situação desejada. Olhar dessa maneira pode não só resolver problemas, mas evitar que eles apareçam.

A análise retrógrada é usada em áreas como Direito, ciência e mercado financeiro. Mas como usar isso no seu trabalho?

1. Planeje seu projeto do fim para o começo
Muitas pessoas planejam um projeto a partir do primeiro passo. Mas isso pode levar a desperdiçar mais tempo do que o necessário para as ações iniciais. O resultado? Você pode se ver obrigado a acelerar os passos seguintes, geralmente mais importantes. Tente pensar ao contrário, considerando quais serão os últimos passos. Pode te ajudar a colocar tempo, energia e dinheiro na medida certa para cada fase e conseguir um resultado melhor.

2. Simplifique
Aprendemos que mais é melhor. Mas, nos negócios, isso nem sempre é verdade. Ter muitas escolhas pode nos paralisar. Reduza as possibilidades. É possível vender milhares de produtos, mas quais interessam seus clientes?

3. Direcione suas ações para que você esteja em vantagem
Toda organização e indivíduo têm pontos fortes e fracos. Ao identificá-los, você coloca as circunstâncias a seu favor. Por exemplo, se você é bom para fazer apresentações e costuma contagiar o ambiente, mostre isso para o mundo para que as oportunidades de exercer seus pontos fortes apareçam. Da mesma maneira, evite situações em que suas fraquezas possam ser exploradas.

4. Tornando o impossível possível
A análise retrógrada é como qualquer habilidade. Você não fica especialista da noite para o dia. Então, pratique. No fim, você pode acabar vendo o futuro com mais clareza.

Gostou? No vídeo a seguir você pode assistir a palestra completa de Maurice Ashley no TED:

 

Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

Por que Barack Obama quer trabalhar no Vale do Silício?

Barack Obama falando no telefone

Em pouco tempo, a família Obama vai fazer as malas e deixar a residência oficial da presidência americana. Como bom comediante que é, Barack Obama tem aproveitado as chances para falar da situação. “Talvez você tenha escutado que alguém pulou a cerca da Casa Branca semana passada, mas preciso dar crédito ao Serviço Secreto – eles encontraram a Michelle, a trouxeram de volta e agora ela está em casa”, brincou recentemente. “Faltam poucos meses, querida.”

A transição da presidência para a vida civil é um dos aspectos mais fascinantes para cidadãos americanos, e o futuro de Obama, um advogado apaixonado por tecnologia e inovação, tem suscitado um interesse especial no Vale do Silício, na Califórnia (um dos maiores polos tecnológicos do mundo com uma cultura altamente empreendedora, sobre a qual o portal Na Prática já escreveu anteriormente). 

Tudo graças à entrevista da revista Bloomberg Businessweek, em que o presidente falou brevemente sobre seus possíveis planos: “As conversas que tenho com pessoas do Vale do Silício e de venture capital [capital de risco] unem meus interesses por ciências e empresas de maneira muito satisfatória.”

Ele aproveitou para elencar suas qualificações. “Acho que as habilidades que começaram minhas campanhas presidenciais – e que construíram os tipos de equipe que construímos e as ideias de marketing – seriam as mesmas que eu gostaria de continuar usando no setor privado.”

Não é a primeira vez que ele se empolga. Em um discurso no White House Demo Day, evento na Casa Branca que reuniu 32 startups, fez elogios à indústria. “Ideias podem vir de qualquer um e mover o mundo”, disse. “E mantenham em mente que, em 18 meses, vou precisar de um emprego.”

Cotidiano Após a entrevista, os venture capitalists, mais conhecidos como VCs, imediatamente se animaram. Afinal, quem não quer alguém pragmático, dono de uma enorme rede de contatos e muita experiência com análise rápida de informações em seu time de investimentos?

A rotina de um VC consiste em ouvir pitches de empreendedores – que costumam visitar diversos escritórios em suas rodadas de investimentos –, avaliar seu potencial e, caso haja interesse, precificá-lo no papel. Trata-se da “evaluation”, ou avaliação, do valor da empresa.

Leia também: A cultura do Vale do Silício explicada por quem vive lá

Com base nela, um valor é ofertado e, se tudo der certo, contratos são assinados. Os investidores passam então a acompanhar o desenvolvimento da empresa, sugerindo (ou exigindo) mudanças e melhorias de acordo com os termos estipulados.

Quando a startup é disputada, a batalha pelo melhor investimento pode resultar em valores incrivelmente altos. O primeiro episódio da série “Silicon Valley” é um ótimo exemplo.

Na luta pela mesma tecnologia, dois investidores rivais vão escalando suas ofertas. Em poucos minutos, um deles oferece US$ 10 milhões para adquirir a empresa. O outro, um VC, oferece US$ 200 mil por 5%. O empreendedor, surpreso, não sabe o que fazer e foge.

Apesar de parecer surreal, o seriado é considerado o melhor sobre o Vale do Silício até hoje, inclusive por quem trabalha lá. Os próprios roteiristas, no entanto, já disseram que o mundo real às vezes ultrapassa a ficção quando se trata dos malabarismos do capital de risco – e que se tudo fosse parar na televisão, espectadores não iriam nem achar factível.

Bilhões e bilhões No jargão do Vale, um unicórnio é uma empresa de capital fechado avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão. Houve um momento em que uma companhia do tipo era vista como mítica – daí o nome.

De acordo com a CB Insights, que pesquisa fundos de capital de risco e mantém uma lista atualizada, este clube hoje tem 169 membros. Em conjunto, eles valem US$ 609 bilhões.

Por ali estão algumas figuras conhecidas, como Uber (US$ 62,5 bilhões), AirBnb (US$ 25,5 bilhões), Snapchat (US$ 16 bilhões) e Buzzfeed (US$ 1,5 bilhão). Os números são tão altos que quem vale mais de US$ 10 bilhões ganhou até um novo nome, “decacorn”, um unicórnio de dez chifres.

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A festança do Vale do Silício, no entanto, parece estar encolhendo. No primeiro semestre de 2016, por exemplo, VCs investiram um total de US$ 9,3 bilhões. No semestre anterior, foram US$ 17,6 bilhões.

Especialistas dizem que é um reflexo de anos de excessos de escritórios de venture capitals e de pouco crescimento por parte das startups, que agora correm contra o tempo para ajustar suas finanças antes de falirem.

Como captar investimentos em novas rodadas está muito difícil, o dinheiro em caixa, chamado de “runway”, precisa render muito mais em termos de desenvolvimento. E para impressionar investidores, as startups precisam começar a apresentar crescimento sustentável – algo pouco crucial há alguns anos, quando reinava a fartura.

Em uma carta aberta, o investidor Bill Gurley diz que o próprio crescimento do número de unicórnios é culpado pela ressaca. Ao fim e ao cabo, escreveu, é simplesmente dinheiro demais no sistema.

“O capital excessivo levou a taxas recordes de gastos; à maior parte das empresas operar bem longe da rentabilidade; à competição excessivamente intensa por acesso ao capital; à liquidez atrasada ou não-existente para funcionários e investidores”, disse. “A coisa mais saudável que pode acontecer é um crescimento dramático do custo real do capital e um retorno ao apreço pela boa execução de negócios.”

No longo prazo, especialistas apostam no resultado positivo. O Vale do Silício seguirá inovando e sobreviverão as empresas de maior qualidade, com melhores modelos de negócios e, quem sabe, algumas que conquistaram a atenção de um ex-presidente dos Estados Unidos.

Por dentro do processo que aprovou o Uber em São Paulo

Pessoa segurando celular com aplicativo do uber

Em setembro de 2015, a Câmara Municipal de São Paulo passou três horas aprovando o projeto de lei 349/2014. O intuito do texto era proibir o transporte de pessoas por carros particulares cadastrados em aplicativos. Na prática, proibia o Uber.

Quando chegou à mesa do prefeito Fernando Haddad, ele pediu a opinião da SP Negócios: vetar ou não vetar? “Toda a discussão começou ali”, lembra João Avelino, em entrevista exclusiva concedida ao portal Na Prática. Ficou decidido que uma sanção não fazia sentido e que a gestão criaria suas próprias regras para o setor, ao invés de proibi-lo.

Formado em economia pela FEA-USP e bolsista da Fundação Estudar, João tinha vindo da consultoria McKinsey e atuava há alguns meses como assessor de diretoria da SP Negócios, uma empresa de economia mista ligada à Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico.

Leia também: “Precisamos discutir seriamente a produtividade dentro do governo” 

Acabou se tornando um dos responsáveis pelo plano de regulamentação do Uber, que libera serviços de transporte individual via apps na cidade – um modelo pioneiro no mundo.

Implementado por decreto municipal em maio de 2016, o plano foi descrito pelo Banco Mundial como inovador. “É um esforço valoroso que busca equilibrar os objetivos de promover a inovação da rede de transporte e de serviços de carona com os interesses da cidade e seus residentes”, escreveu a organização.

Demanda Não foi um caminho fácil, nem rápido. Ao todo, a equipe de quatro pessoas passou oito meses no projeto. “Um arcabouço regulatório no setor era de fato necessário e o próprio Uber já pedia essa estabilidade e segurança jurídica”, lembra João.

Joao Avelino Fundacao Estudar
João Avelino, bolsista da Fundação Estudar

Apesar da aceitação por parte de usuários, a empresa enfrenta multas, apreensão de veículos, processos, boicotes e agressões a motoristas em diversas cidades do país, incluindo São Paulo. Não é uma exceção brasileira, já que o Uber também atua numa espécie de limbo jurídico em outros lugares, mas era preocupante.

Como regulamentar as “caronas remuneradas” da mesma maneira que um táxi não parecia apropriado, o jeito foi pensar diferente. “Então mudamos a lógica e passou a ser caso de regulação do viário urbano, que passa pelo uso da rua, pelo trânsito, pela mobilidade urbana”, diz João.

Para começar o processo, a equipe fez diversas reuniões com o prefeito e seus secretários para definir outras possibilidades. Depois, foram a campo conversar com uma série de atores, como sindicatos, universidades e órgãos como o Fórum Econômico Mundial e o próprio Banco Mundial.

Em dezembro, com o plano praticamente pronto, organizou-se uma consulta pública, que teve o maior número de contribuições da história da cidade. Algumas das seis mil sugestões foram incorporadas ao texto final.

“Sabíamos que seria um debate muito duro e só iríamos ganhar se tivéssemos um parecer favorável da sociedade, não só técnico”, diz. “E para dar certo, precisávamos conversar com todo mundo.”

Política Com o documento concluído, foi hora de enfrentar outro assunto espinhoso: aprovar por decreto da prefeitura ou levar o plano à Câmara Municipal? A diferença é a estabilidade jurídica: um decreto pode ser revogado por outra gestão, enquanto uma lei não. Ao mesmo tempo, o prefeito poderia aprovar o texto na íntegra, enquanto membros da Câmara exigiriam mudanças.

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Lidar com as restrições políticas de uma política pública foi o segundo grande desafio do projeto – e período de muito pensamento estratégico. João se lembra das muitas reuniões com vereadores e bancadas, além de momentos tensos em dias de audiências públicas. “Éramos cercados por milhares de taxistas, escoltados pela polícia”, conta. “Mas também aprendi muito sobre como funciona o processo de leis.”

Sob a pressão de um ano eleitoral, os vereadores não queriam aprovar o texto. A mesma pressão fez com que pelo menos se comprometessem a não derrubar o decreto de Haddad. Assim, o papel finalmente ganhou sua assinatura oficial.


Fora do papel Ao todo, foram reguladas três atividades de compartilhamento de carros: o transporte individual remunerado de passageiros, a carona solidária e o compartilhamento de carros sem condutor. É aqui, principalmente, que os meses de pesquisa da SP Negócios aparecem para o público.

O Uber, assim como qualquer outro rival futuro, se encaixa na primeira categoria. Para atuar de maneira regular em São Paulo, a empresa precisa se tornar uma Operadora de Tecnologia de Transporte Credenciada (OTTC) e, depois, comprar créditos em quilômetros para operar.

O preço inicial será de 10 centavos por quilômetro percorrido, em média. O valor pode variar de acordo com critérios como horários de utilização (mais barato fora da hora do rush, por exemplo), área de atuação (para atuar onde há déficit de transporte) e gênero (para incentivar a contratação de motoristas mulheres).

Outra exigência é que os apps forneçam à prefeitura alguns dados sobre as corridas, como origem e destino, mapa do trajeto, tempo de duração e espera e avaliação do condutor, que servirão para alimentar pesquisas sobre mobilidade urbana. São pontos que refletem bandeiras políticas importantes para a prefeitura, explica João.

Hoje com 26 anos, ele enfrentou certa desconfiança no começo das negociações – a juventude é uma característica frequente na equipe da SP Negócios. “Tivemos sorte de ter patronos fortes, como o atual secretário de finanças e o próprio prefeito, e muitas vezes íamos já legitimados por esses atores”, conta. Em algumas horas de conversa, garante, o receio inicial já era desfeito.

A parte mais legal, diz João, foi ver o trabalho sair do papel e tornar-se realidade. Os meses que passou descobrindo os meandros do sistema político, com suas trocas, debates e ajustes, também foram impactantes. “Aprendi a respeitar ainda mais o processo da área pública”, finaliza.

4 dicas de carreira de Flavio Rocha, CEO da Riachuelo

Flávio Rocha presidente da Riachuelo

Filho de um dos fundadores do grupo Guararapes-Riachuelo, Flávio Rocha começou a trabalhar na fábrica de tecidos da família com 14 anos. Hoje, é presidente da rede Riachuelo e responsável por diversas transformações que alavancaram a empresa nos últimos anos.

Sob sua gestão, a rede alcançou a marca de 260 unidades, 561,4 mil metros quadrados de área de vendas e valor de mercado de 5,1 bilhões de reais. “Nosso modelo de negócios é o que Harvard batizou de ‘fast fashion’. Ele se baseia menos no planejamento e mais na velocidade de resposta. Nós temos uma coisa que ninguém consegue fazer no Brasil: temos 10 dias de ‘lead time’ entre nossas fábricas e nossas lojas”, explica.

A seguir, veja quatro dicas que ele compartilhou com exclusividade com os leitores do Na Prática, e que fazem parte do minicurso por email Conselho de CEO – Aprenda sobre a carreira em gestão empresarial com grandes líderes.

Dica 1: Tenha um propósito

Você só será bem-sucedido se fizer o que te emociona, o que te move. Para Flavio Rocha, a compensação material – embora importante – deve vir em segundo plano nas suas escolhas profissionais, e acaba se tornando uma consequência no futuro.

Dica 2: Não menospreze a graduação

Um arrependimento dele é ter largado o curso de graduação na FGV (Fundação Getúlio Vargas) um ano antes de se formar. Esqueça os drop outs célebres, como Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg…. A graduação é importante. Flavio compensou depois essa lacuna com cursos de extensão.

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Dica 3: Tenha uma visão integrada

Não enxergue o negócio como uma série de fatias ou de partes independentes. Tenha uma visão holística, de fluxo, que vai da produção até a venda, e faça com que os departamentos trabalhem em sinergia. Como em um jogo de xadrez, não adianta ter peças eficientes para conseguir o melhor resultado. A eficiência vem da interação das peças entre si.

Dica 4: Não existe sucesso sem equilíbrio

O modelo de trabalho workaholic, muitas vezes elogiado, não traz realização plena nem felicidade – tampouco sucesso. Para ser bem-sucedido, é preciso ter equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Assista à entrevista completa com Flavio Rocha

Como formar um grupo capaz de mudar o status quo (e, com isso, o mundo)

Seth Godin

Mesmo em 2009, o empreendedor e escritor Seth Godin já previa quão poderosas se tornariam as redes sociais e a capacidade da internet de juntar desconhecidos em torno de uma causa em comum.

Ele chamou esses grupos de tribos, resgatando o conceito milenar de conexão de ideias e crenças, opiniões e conhecimentos.

São a partir das tribos, disse ele em sua TED Talk, que surgem lideranças e movimentos que serão capazes de mudar o mundo no século 21.

“Todos nós estamos à procura de algo que valha a pena mudar e juntar tribos que juntem outras tribos para espalhar a ideia”, resume.

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Sua palestra é uma homenagem ao poder da colaboração e das parcerias para mudar a realidade. E ele garante: não é tão difícil quanto parece.

As tribos que lideramos

O que nós fazemos para ganhar a vida? O que as pessoas aqui na platéia fazem exatamente todos os dias? Eu quero dizer que, o que fazemos, é tentar mudar tudo.

Que tentamos encontrar um pedaço do status quo, algo que nos perturbe, algo que precise ser melhorado. Algo que está pedindo para ser mudado e nós mudamos. Nós tentamos fazer uma mudança importante, grande e permanente.

Mas nós não pensamos sobre isto desta maneira. E não gastamos muito tempo falando como seria esse processo.

Penso sobre a ideia de que criar uma ideia, ou espalhar uma ideia, tem muita coisa por trás.

Não sei se vocês já estiveram num casamento judeu, mas o que eles fazem é pegar uma lâmpada e esmagá-la. Há um monte de razões e histórias sobre isso. Mas uma razão é a ruptura, entre antes e depois. Isso é um momento único.

Eu quero dizer que nós estamos passando e vivendo esse exato momento de mudança na maneira como as idéias são criadas, divulgadas e implementadas.

Nós começamos com a idéia da fábrica, onde você poderia mudar o mundo inteiro se tivesse uma fábrica eficiente que fabricasse a mudança.

Então mudamos para a idéia da TV: se você tivesse um grande veículo de mídia, se pudesse ter espaço suficiente na TV, se pudesse comprar anúncios suficientes, você poderia ganhar o jogo.

E agora estamos neste novo modelo de liderança, onde o caminho para a mudança não é usando dinheiro ou poder para pressionar o sistema, mas liderando.

Chamo isso de ideia das tribos. É um conceito muito simples – basta voltarmos 50 mil anos no tempo.

É sobre liderar e conectar pessoas e idéias. Isso é algo que as pessoas sempre quiseram.

Montes de pessoas costumam ter as suas tribos espirituais ou religiosas, a tribo do trabalho ou a tribo da comunidade.

Agora, graças à internet, à explosão da mídia de massa e graças a um monte de outras coisas que estão borbulhando em nossa sociedade, as tribos estão em todo canto.

Supostamente, a internet ia nos homogeneizar depois de estarmos todos conectados. Em vez disso, resultou em pequenos grupos com interesses comuns.

A questão é que você pode encontrar dançarinos de folclore ucraniano e conectar-se com eles, só porque quer estar conectado. Aquele pessoal pode se encontrar, se conectar e ir junto a algum lugar.

É evidente que são as tribos, e não o dinheiro ou as fábricas que podem mudar o mundo, mudar a política e alinhar um grande número de pessoas no mesmo sentido.

Não é porque você os força a fazerem algo contra a sua vontade, mas porque eles querem se conectar.

As possibilidades de um movimento

Acho que todos nós estamos à procura de algo que valha a pena mudar e juntar tribos que juntem outras tribos que espalham a ideia. E isso se torna muito maior do que nós mesmos – vira um movimento.

Quando o Al Gore decidiu mudar o mundo, não o fez com as próprias mãos nem comprando um monte de publicidade. Fez isso criando um movimento, inspirando milhares de pessoas pelo país e que podiam fazer sua apresentação por ele, porque ele não poderia estar em cem, 200 ou 500 cidades ao mesmo tempo.

Você não precisa de toda gente. Você só precisa de, não sei, talvez mil pessoas que se importam o suficiente e te levarão para a próxima fase, depois a próxima e a próximo. E

Isso significa que a ideia, produto ou movimento que você cria não é para todo mundo. Não é algo para as massas. Não é disso que se trata.

Na verdade, isso tem a ver com encontrar os que acreditam de verdade. É fácil olhar para o que eu disse até agora e dizer: “Espere um minuto, eu não tenho o que é necessário para ser este tipo de líder”.

Os Beatles não inventaram os adolescentes Eles simplesmente decidiram liderá-los. A maioria dos movimentos, a maioria das nossas lideranças é uma questão de encontrar um grupo que está desconectado, mas que já tem um objetivo em comum.

Não se trata de persuadir pessoas a quererem algo que elas ainda não têm.

Quando Diane Hatz trabalhou no The Meatrix, seu vídeo que se espalhou pela internet falando sobre a maneira que animais são tratados nas fazendas não inventou a ideia do vegetarianismo. Mas ajudou as pessoas se organizarem e tornar isso um movimento.

O que todas estas pessoas têm em comum é serem hereges. Estes hereges olham para o status quo e dizem: isso não vai durar. Não posso aceitar. Quero fazer a diferença e levar as coisas para a frente.

De vez em quando, alguém se levanta e diz: “Eu não”. Alguém se levanta e diz: “Isto é importante. Vamos nos organizar a volta disso”. E nem todos vão embarcar.

Mas você não precisa de todos, só precisa de algumas pessoas.

3 perguntas essenciais para o trabalho colaborativo

Há três perguntas que eu gostaria de fazer.

A primeira é: quem exatamente vocês estão incomodando? Se não estão incomodando ninguém, não estão mudando o status quo.

A segunda é: com quem vocês estão se conectando? Para muitas pessoas, esse é o motivo pelo qual estão nisso.

A terceira é: quem vocês estão liderando? É focando em para quem vocês estão construindo que vem a mudança.

Você não precisa de permissão das pessoas para liderá-las. Nós estamos à espera para que você nos mostre que caminho seguir.

Aqui está o que os líderes têm em comum: desafiam o que está sendo feito, eles constroem uma cultura, eles têm curiosidade, eles estão fazendo perguntas, eles conectam pessoas às outras.

Sabe o que as pessoas querem mais do que qualquer coisa? Querem que sintam falta quando não aparecerem. Querem que sintam falta quando forem embora. E os líderes das tribos podem fazer isso.

É fascinante porque todos os líderes de tribos têm carisma e você não precisa de carisma para se tornar um líder – ser um líder te dá carisma.

Para completar, líderes se dedicam à causa, à tribo, às pessoas que estão lá.

Eu gostaria de pedir que façam algo por mim.

O que quero que façam leva apenas 24 horas: criar um movimento. Algo que tenha importância. Comece. Faça. Nós precisamos disso.

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