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As lições de empreendedorismo da H Stern

Loja H.Stern

“Não existe semigrávida”. Era assim que Hans Stern, fundador da joalheria H Stern, costumava despachar os argumentos de que as pedras brasileiras eram semipreciosas, menos dignas de crédito do que um rubi ou diamante. O judeu alemão, que desembarcou nas areias do Rio de Janeiro fugindo do nazismo na década de 1940, ficou fascinado pelas gemas coloridas que encontrou no país. E foi com elas que construiu sua empresa, que hoje tem 280 lojas espalhadas por 32 países.

Hans, que nunca gostou de dar entrevistas e sempre foi um empresário discreto, agora tem um livro contando sua história. A jornalista Consuelo Dieguez teve acesso a seus arquivos pessoais e entrevistou ex-funcionários que passaram pela H Stern em diferentes momentos para reconstruir sua trajetória. O que mais a fascinou durante a pesquisa foi descobrir que o jovem empreendedor teve sacadas de marketing inovadoras para sua época.

Quando Roberto Stern, seu filho e atual presidente da empresa, convidou Consuelo para escrever o livro, a ideia era fazer um material exclusivo para a família no momento em que a H Stern completaria 70 anos. A família, no entanto, concordou que a biografia se tornasse pública após interesse da editora Record em lançar a edição.

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Ao aceitar o convite de Roberto Stern, Consuelo Dieguez não imaginava o “tesouro” que encontraria em meio aos arquivos. “Comecei a abrir umas caixas em que ninguém mexia, comecei a ver as fotos… Mas aí encontrei também cartas que ele escrevia para os amigos. E um caderno de anotações, que não era um diário, mas em que contava detalhes de sua vida. Aí eu fiquei maluca”, conta a jornalista.

Braços abertos A família de Hans Stern decidiu fugir da Alemanha após o episódio que ficou conhecido como Noite dos Cristais, em 1938, quando casas e lojas de famílias judias foram atacadas. A oficina de Kurt, pai de Hans, ficou completamente destruída. A família se considerava bem integrada na sociedade alemã, mas percebeu que seria melhor partir naquele momento.

O Rio de Janeiro foi escolhido como destino porque um primo de Kurt já morava na cidade. O momento da chegada à Baía de Guanabara é registrado por Hans, então com 16 anos: “Ao longe, a estátua do Cristo de dezesseis metros, erguida no maior rochedo, cumprimenta de braços abertos os visitantes. E, ao aparecer o símbolo do Rio, o Pão de Açúcar, sabia que não demoraria muito e eu seria um homem livre, uma emoção que não pode ser compartilhada depois de tudo que sofri”.

Após se estabelecer, Hans trabalhou em um armazém, uma casa filatélica (de selos) e em uma empresa de exportação de cristais de rocha e pedras de cor. Em 1945, aos 22 anos, ele vendeu o acordeão que havia trazido da Alemanha e, com o dinheiro, deu início ao seu próprio negócio de comercialização de pedras. Para atrair a atenção do mercado local, Hans e sua equipe colocaram em prática várias ideias inovadoras para a época e para o país.

Garantia: Antes de vender joias, Hans vendia apenas as pedras. Sua primeira grande sacada foi oferecer um certificado mundial de garantia para elas, que permitia trocá-las na Europa ou nos Estados Unidos caso apresentassem algum problema. Isso dificilmente acontecia, mas os clientes viam aquele compromisso como um diferencial, estabelecendo a autenticidade das peças e direito à manutenção.

Controle de qualidade: Incomodados com a falta de uniformidade das peças produzidas pelos ourives, Hans e seu pai resolveram criar uma oficina própria na qual os funcionários seguiam normas de controle de qualidade. Alguns ourives alemães, mais acostumados a seguir instruções que os brasileiros, passaram a integrar a equipe. As joias eram revistas por um examinador e destruídas, se não estivessem dentro de acordo com as diretrizes da empresa. Isso ajudou a elevar o padrão de qualidade do produto final.

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Logo: Hans e seu pai queriam dar à jovem empresa um aspecto de seriedade. Por isso, na hora de criar o logo no início dos anos 1950, usaram letras barrocas. Ao mesmo tempo em que dava à joalheria o aspecto de tradição, a tipologia tinha um apelo junto ao público masculino, que era quem comprava joias.

O público certo: A primeira loja foi aberta em 1949, no saguão de chegada de passageiros no Porto do Rio de Janeiro. Naquele momento, a Europa estava destruída por conta da Segunda Guerra e a boa parte dos turistas americanos preferia viajar para a América do Sul. Hans, ciente de que os brasileiros continuavam admirando mais os rubis e diamantes do que as pedras nacionais, apostou no público estrangeiro. Mais tarde, na inaguração do aeroporto Santos Dumont, a H Stern foi uma das primeiras lojas a fincar sua bandeira no saguão.

‘Charming trip’: Nos anos 1950, a H Stern já havia aberto lojas em outras cidades da América do Sul, como Buenos Aires e Montevidéu. Na época, as famílias que tinham dinheiro para fazer turismo na região tinham por hábito viajar durante várias semanas, visitando diferentes países para fazer valer o preço da passagem. Nesse contexto, a equipe da H Stern criou um programa de retirada de brindes batizado de “charming trip”. Ao visitar lojas na América do Sul, os turistas ganhavam um pingente com o símbolo do lugar visitado. Ao chegarem ao Rio, recebiam, na sede da empresa, o último pingente da coleção juntamente com uma pulseira para pendurá-los.

Lojas: Hans acreditava na necessidade de mostrar a marca (“show the flag”) para aumentar sua visibilidade. Como não havia recursos para investir em grandes campanhas publicitárias, a estratégia da empresa era abrir lojas pelo mundo e em locais por onde passavam muitos turistas internacionais. O ponto de venda era a maneira de entrar em contato com o público. E Hans não perdia tempo. Certa vez, quando estava na Colômbia, quebrou a perna e precisou ficar mais tempo no país que o planejado inicialmente. Durante esse tempo, negociou a abertura de uma loja no hotel Hilton, onde ficou hospedado.

Tour guiado: Outra maneira de se apresentar para os clientes era através de visitas guiadas. A empresa passou a ter tour guiados para mostrar como era feita a lapidação das pedras e fabricação das joias. Havia uma comunicação com o porto do Rio de Janeiro e com os hotéis para que os funcionários da H Stern soubessem quando um grupo grande de turistas chegava à cidade. Alguns representantes iam ao encontro desses turistas e os levavam para conhecer a joalheria. Só no final é que eles chegavam à sala com vendedores. O tour chegou a ter mais de mil turistas em um único dia.

Coleções e parcerias: Foi em uma loja da GAP em Nova York que Roberto Stern, filho de Hans e que ocupou o cargo de vice-presidente durante vários anos, começou a pensar na ideia de criar coleções para a joalheria. Na época, havia apenas os conjuntos de anéis, brincos e pulseiras, mas nenhum padrão que coordenasse várias peças. A primeira coleção foi colocada nas lojas em 1995. A proposta inovadora e o bom momento econômico do país contribuíram para o sucesso. Depois de alguns anos, Roberto passou a convidar personalidades como Oscar Niemeyer, Carlinhos Brown e Diane von Fürstenberg para assinar coleções.

Família não é (sempre) um problema: Hans Stern nunca quis dar uma aura familiar à empresa e tentou mantê-la dentro de uma gestão profissional, sem dar a impressão de que favorecia parentes. Roberto foi preparado para a sucessão gradativamente e assumiu a presidência. Outros dois filhos, Ricardo e Ronaldo, também fizeram parte da empresa na década de 1990. O primeiro ajudou a remodelar o processo industrial da empresa, baseado no sistema da Toyota. O segundo trouxe novas ideias para a área de informática. Bem intencionados e preparados para tocar as mudanças que propunham, levaram muito valor à H Stern apesar da resistência do pai. Foi, aliás, no momento em que todos os filhos se afastaram da empresa que a H Stern passou por mais dificuldades financeiras.

Mude ou morra: Uma empresa não completa 70 anos sem se renovar. Inicialmente, Hans mudou a maneira de fabricar joias no Brasil e se tornou uma referência internacional. Mais tarde, por volta dos anos 1970, a empresa precisou se adaptar ao fato de que a joalheria passava a atrair o público nacional e São Paulo se tornava uma praça importante. Já nos anos 1990, com Roberto na empresa, as mudanças tinham como ponto fundamental a unificação e simplificação de processos.

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Este texto foi originalmente publicado em Época Negócios

O Ciência sem Fronteiras acabou? Entenda a atual situação do programa

Pessoas fazendo selfie com dilma

Corre no senado brasileiro um projeto de lei para institucionalizar o Ciência sem Fronteiras, discutir propostas para identificar falhas em sua execução, além de promover alterações para as futuras edições. A proposta, criada a partir da comissão de Ciência e Tecnologia e com a participação de 15 senadores, visa assegurar que o programa passe a ser uma política permanente de Estado, não apenas de Governo.

Entre as principais iniciativas para garantir a continuidade do CsF estão a garantia dos recursos mínimos para mantê-lo, a concessão de novas bolsas, além da intensificação de parcerias no setor privado para o seu financiamento. Uma das referências para valorizar o programa é que diversos países desenvolvidos investem em bolsas de estudo no exterior, o que garante a internacionalização da pesquisa e o aprimoramento dos seus cientistas.

Um balanço do programa O trabalho da comissão  foi iniciado em 2015 e em agosto do mesmo ano aconteceu a primeira audiência pública, que reuniu os senadores, pesquisadores, professores e estudantes. Entre eles estava Guilherme Rosso, ex-bolsista do Ciências sem Fronteiras e um dos fundadores da Rede CsF, organização não governamental que visa a integração e troca de experiência entre participantes do programa e parceiros que queiram juntar esforços.

Segundo Guilherme, a audiência serviu para quebrar alguns estereótipos criados a respeito do programa, como o argumento de que ele não dá retorno para o Brasil, assim como para mostrar casos de sucesso de estudantes que aprimoraram suas pesquisas por conta da oportunidade de trocar experiências em outro país.

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Guilherme fez parte do primeiro edital do Ciência Sem Fronteiras e chegou aos Estados Unidos em 2012. Passados cinco anos da turma pioneira do programa, ele faz um balanço do que acredita que possa ser melhorado. “A principal crítica que faço – e que fez parte, inclusive, da minha pesquisa de mestrado – é a falta de avaliação do programa. Sei que o Ciência sem Fronteiras é bom para o Brasil e que vai dar retorno, mas falta uma avaliação de forma estruturada.”, comenta. Ele argumenta, por exemplo, que deveria ter sido feita uma pesquisa antes da ida do estudante para o exterior, a fim de possibilitar um comparativo histórico ao longo do tempo.

Guilherme também destaca a falta de planejamento na implementação das bolsas e na meta política que fez com que editais enviassem 7 mil bolsistas de uma vez. Com isso, foram suspensos critérios importantes na seleção dos estudantes, como desempenho acadêmico mínimo, participação em projeto de iniciação científica, dentre outros. Por fim, também falta um acompanhamento dos bolsistas depois do seu retorno ao Brasil: “Depois que a gente volta, ainda não há uma rede de pesquisa. Não existe uma avaliação para dizer quais os benefícios pós-ciências sem fronteiras”, explica. Ele ressalta que a crise econômica e política agravaram a situação do programa.

Apesar de reconhecer essa falhas, Guilherme reafirma a importância do programa para o país. Ele destaca o impacto que o programa teria em alguns indicadores importantes, como o fato de termos poucos pesquisadores no Brasil e de que o investimento em pesquisa e desenvolvimento é de cerca de 1,2% do PIB; em outros países, como Estados Unidos, China e Israel, essa taxa supera 2%.

“É necessário que o Brasil tenha inserção internacional, principalmente em ciência e tecnologia, e para isso é preciso estar entre as redes globais de pesquisa e desenvolvimento, o que o Ciência sem Fronteiras proporciona”, conta.

A polêmica das bolsas canceladas Nas últimas semanas, o programa Ciência sem Fronteiras tem sido alvo de atenção por conta de denúncias de estudantes de pós-graduação que estariam com suas bolsas atrasadas. A Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), que participa do Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) , afirmou em nota estar negociando com a instituição o restabelecimento da normalidade do programa.

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No ultimo dia 20, a Capes publicou  um regulamento com atualizações de normas para bolsas no exterior. Um dos pontos que gerou mais apreensão por parte dos bolsistas foi o Art. 86, que diz: “A concessão poderá ser suspensa ou cancelada a qualquer momento, em função da ausência de disponibilidade orçamentária e financeira da Capes, do desempenho do (a) bolsista ou ainda decorrente de qualquer situação considerada desabonadora, podendo ser exigida a devolução parcial ou total do investimento realizado em favor do (a) bolsista”.

Após este lançamento, que deixou dúvida quanto ao futuro das bolsas, foi lançada uma nota oficial, no dia 01/07,  afirmando que o Regulamento “não traz nenhum prejuízo aos beneficiários com bolsas vigentes” e que todos os atuais bolsistas “têm garantia de terminar seus estudos, desde que possuam mérito e estejam cumprindo com as obrigações previstas, conforme termo de compromisso assinado no ato da aceitação da bolsa”.

Ainda em nota, a Capes afirma que este ano, 715 bolsistas submeteram pedidos de renovação de bolsa. Deste número, 22 (3%) não conseguiram renovação da bolsa pelos consultores, mas entraram com um pedido de reconsideração. Até o momento, 6 já obtiveram a renovação aprovada.

Assim, o novo regulamento teria como função apenas unificar e sistematizar normas. Ainda assim, o futuro do programa Ciência sem Fronteiras continua a ser instável, tanto para quem é bolsista quanto para os alunos que pretendiam se candidatar no futuro.

O Ciência sem Fronteiras em números O Ciência sem Fronteiras foi lançado em 2011 e atualmente mantém  11.810 bolsistas no exterior. O programa é financiado pela Capes, CNPq e empresas parceiras. Sua proposta é promover a expansão e internacionalização da ciência, tecnologia, inovação, assim como a competitividade brasileira a partir do intercâmbio. Além de oferecer bolsas para alunos brasileiros, o projeto também visa atrair pesquisadores estrangeiros e estabelecer parcerias que contribuam para o desenvolvimento de algumas áreas no país.

Até este ano, foram concedidas 101.446 bolsas, sendo que 92.862 destas foram implementadas nas modalidades graduação sanduíche, mestrado, doutorado sanduíche, doutorado pleno, pós doutorado e apoio a pesquisadores estrangeiros visitantes. Os principais destinos dos estudantes foram os Estados Unidos e o Reino Unido, sendo a Engenharia e as demais áreas tecnológicas as que mais tiveram bolsistas (45,1 mil).

 

Este artigo foi originalmente publicado em Estudar Fora, o portal de estudos no exterior da Fundação Estudar

 

Como nasceu o Encontro de Jovens Transformadores, que aposta no potencial de mudança da nova geração

Menina escrevendo em post-it

Em 2012, um grupo de “laboratoristas” – participantes do Laboratório, o programa de formação de lideranças do Na Prática – não queria que a experiência terminasse. Mas também queriam ampliar seu alcance. “Nós discutíamos que era tudo tão intenso e interessante e, ao mesmo tempo, tão regional”, lembra Anderson Pereira. “Então por que não criar uma experiência assim em que pessoas de todo o Brasil pudessem intercambiar experiências?”

Na época, ele havia acabado de voltar de uma viagem ao Vale do Silício. “A coisa mais importante que aprendi lá é que, independente do que eu fosse fazer, precisava estar cercado de pessoas essencialmente melhores que eu”, lembra. “No Laboratório, conheci pessoas fantásticas que são minhas amigas até hoje e informaram minha visão de mundo.”

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Um dos pilares do programa – que envolve juntar gente boa, engajada e que sonha grande – está na base do que seu projeto pretende levar para o maior número de jovens possível. Essa foi a semente do Encontro de Jovens Transformadores (EJT). Organizado voluntariamente por uma equipe de 25 pessoas, incluindo Anderson, que atua como coordenador geral, o evento é um encontro anual e que chagará a quarta edição nos dias 24 e 25 de setembro, em São Paulo.

História O EJT surgiu como a missão de conectar, inspirar e mobilizar jovens na construção de um país melhor. Funciona da seguinte maneira: os interessados se inscrevem pelo site e passam por um processo de seleção. Centenas são escolhidos e se reúnem durante um fim de semana repleto de atividades, como palestras, debates e seminários. Lá, discutem os principais desafios do Brasil e suas possíveis soluções.

Para selecionar seus participantes, a equipe desenvolveu uma técnica batizada de coeficiente transformador. “Mensuramos qual é o potencial de impacto daquele jovem na sociedade e escolhemos os que mais conseguem transformá-la”, explica. “É algo que independe da idade e de área de trabalho. Selecionamos quem têm poder e capacidade para transformar seus ambientes.”

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As conversas do encontro presencial são segmentadas por áreas, como empreendedorismo, educação ou sustentabilidade, e muitas contam com a participação de lideranças nacionais já estabelecidas. “A questão é pensar: como eu consigo me engajar para resolver esses problemas?”, resume Anderson.

A popularidade da ideia (e a quantidade de coisas a ser discutida) acabou transbordando para o resto do ano. Hoje, há várias pequenas versões do EJT, como o Papo Transformador, que traz entrevistas com membros da rede via YouTube, e o Esquenta, que oferece uma série de palestras Brasil afora.

Encontro de Jovens Transformadores
[divulgação]

O impacto, diz Anderson, é cada vez maior. Em três anos, o número de participantes quadruplicou e, em 2015, cerca de 600 jovens de dezenove estados brasileiros marcaram presença. A rede de contatos, por sua vez, conta com mais de cinco mil pessoas.

Após o evento presencial, essa mesma rede é ativada continuamente – e Anderson garante que as relações criadas são fortes e naturais. “Jovens que já estão engajados com projetos de transformação social podem encontrar alguém de Minas Gerais ou do Tocantins com projetos similares e assim eles conseguem se ajudar mutualmente”, diz. “Nossa plataforma consegue ajudá-los a chegar um pouco mais longe.”

As inscrições para a próxima edição do Encontro de Jovens Transformadores estão abertas e podem ser feitas online.

Plataforma facilita busca, produção e publicação de artigos científicos

Folhas de papel grampeadas

É só falar a expressão artigo científico que muita gente tem até calafrios. As pesquisas e produções acadêmicas tiram o sono de muitos estudantes, seja de graduação, mestrado ou até doutorado. Com o objetivo de facilitar tanto a busca como o desenvolvimento e a publicação de teses, dissertações, monografias e TCCs (Trabalho de Conclusão de Curso, exigido ao final da graduação), nasceu a “Publica-me: Sistema integrado de gestão e produção científica”. Criada pela pesquisadora Giovana Goretti Almeida, juntamente com o apoio do filho, o publicitário Bruno Almeida, e do marido, o administrador Jorge Almeida, a plataforma, lançada no final de março, contém funcionalidades que facilitam tanto a produção quanto a disseminação de pesquisas científicas.

A ideia de criar a ferramenta surgiu em 2013, quando Giovana começou a fazer um mestrado no Rio Grande do Sul. “Eu comecei meu mestrado na Universidade de Santa Cruz do Sul (RS) e percebi que a gente vem da graduação sem a mínima experiência no sentido de fazer um artigo científico”. Entretanto, a produção científica é obrigatória para quem decide seguir a vida acadêmica: os mestrandos devem publicar artigos em revistas científicas específicas de suas áreas.

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A publicitária contou, em entrevista ao Porvir, que quando foi apresentada à pesquisa de artigos em revistas científicas, o susto foi grande. “Eu fiquei apavorada, porque simplesmente não conseguia entender por que as informações que a gente precisava não estavam perto e nem eram de fácil acesso”. Essa busca, segundo Giovana, não é algo simples e rápido, podendo tomar grande tempo do pesquisador. “Eu levei uma hora e quarenta para achar uma única revista na qual eu poderia submeter meu artigo. Se a gente multiplicar esse tempo por 10 revistas, seriam dias procurando para descobrir publicações que, muitas vezes, nem poderiam receber meu artigo por só aceitarem doutores, e eu estava no mestrado”.

A Publica-me foi concebida para resolver a dificuldade de encontrar revistas acadêmicas, para driblar a necessidade do uso de sites de busca nesta tarefa. Essa primeira funcionalidade deu novas ideias à família, que buscou a ajuda de pesquisadores em exercício para conhecer suas necessidades.

Busca Rápica A primeira ferramenta da Publica-me é a ‘Busca Rápida’ por revistas científicas. A plataforma traz informações detalhadas sobre a publicação como a periodicidade e a classificação de acordo com a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Gestão de Artigos Já a segunda ferramenta é a ‘Gestão de Artigos’. Segundo a publicitária, alguns colegas usavam tabelas no Excel ou os famosos “Post it”, os bloquinhos auto adesivos, para lembrar para quais revistas já tinham enviado seus artigos. “Em uma das nossas conversas com pesquisadores, surgiu a necessidade de criar uma ferramenta que lembrasse para quais publicações ele já enviou seu artigo”. A Gestão de Artigos permite que o usuário da plataforma regule um lembrete automático por email, lembrando o pesquisador que o artigo foi enviado para aquela revista. “Isso ajuda a lembrar de dar uma olhadinha na publicação, porque muitas vezes, as revistas publicam os artigos mas não entram em contato com a gente”.

Produção de Artigos A parte ‘Produção de Artigos’ serve para auxiliar aqueles que têm mais dificuldade na produção científica. O método foi desenvolvido pela própria Giovana, que consegue produzir artigos muito mais rápido dessa forma. O truque é que o pesquisador visualize as ideias em uma única tela, sem tem que ficar descendo a barra de rolagem no editor de textos. “A ferramenta auxilia a escrita e o ordenamento de ideias, colocando todos os tópicos do artigo na mesma página, para que o pesquisador consiga estabelecer relações entre o tema, objetivo, justificativa e outros pontos da publicação científica”. Essa seção tem um botão “Exportar” que manda a estrutura para um editor de textos (como o Word), já no formato exigido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

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Produção de Pesquisa Semelhante a essa é a ferramenta ‘Produção de Pesquisa’. Com as mesmas funcionalidades, o diferencial é que, nesse caso, há mais campos a serem preenchidos de acordo com a estrutura de uma pesquisa, que pode ser uma monografia, dissertação, tese ou pesquisa em geral. O objetivo das duas seções é facilitar a vida de quem lida com pesquisas e precisa organizar as ideias para produzir um artigo.

Banco de Artigos As duas últimas ferramentas são de cunho colaborativo e buscam incentivar o compartilhamento do conhecimento. No ‘Banco de Artigos’, o pesquisador pode inserir suas pesquisas publicadas. Basta inserir o PDF do artigo e preencher os campos solicitados. Assim, o material fica disponível para todos que usam a Publica-me. O autor consegue acompanhar o número de acessos que a sua publicação teve e quantas vezes ela foi salva. Segundo Giovana, as pessoas que utilizam a plataforma podem comprovar a veracidade das informações do artigo de acordo com o link onde a produção científica já foi publicada. “Para colocar um artigo na plataforma, é preciso informar se ele já foi publicado ou não. Se sim, o pesquisador deve obrigatoriamente colocar o link do veículo onde o artigo saiu. Quem está na plataforma tem total livre arbítrio pra decidir se vai ou não usar aquela informação”.

Biblioteca Virtual Por fim, a biblioteca é semelhante ao Banco de Artigos, mas se aplica à revistas e e-books. Os periódicos podem usar a ferramenta para divulgar o seu trabalho, assim como os pesquisadores que publicam livros digitais.

Aqui você pode ver como as ferramentas funcionam, na prática.

O software, além de ter um design simples com atalhos intuitivos, pode ser usado tanto por pesquisadores iniciantes, que estão entrando no mundo da publicação científica agora, ou pelos mais experientes, que já conhecem as normas da ABNT de trás para frente. “A plataforma pode ser usada por todo mundo que lida com pesquisa, desde graduandos até pós-doutores”.

Os interessados podem fazer um teste na plataforma durante sete dias, de forma gratuita. Aqueles que se interessarem em utilizar os recursos da Publica-me têm três opções de planos: o anual, que cobra R$ 33,75 por mês; o semestral, com investimento de mensal de R$ 37,50, e o trimestral, de R$ 45 por mês. Todos as opções podem ser parceladas em até 12 vezes no cartão e dão acesso a todas as ferramentas do site.

 

Este artigo foi originalmente publicado em Porvir

Entrevistamos Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade

dois homens conversando

Gabriel Benarrós mudou-se de Manaus para Palo Alto, na Califórnia, sem saber ao certo o que esperar. Pouco antes, estava desencantado com o curso de medicina na Universidade Federal do Amazonas e fora encorajado pelo padrinho a buscar opções nos Estados Unidos. Comprou uma revista especializada, deu uma lida e aplicou para as vinte melhores instituições americanas listadas. Foi aceito em dezessete e escolheu o primeiro lugar, a Stanford University, onde foi estudar como bolsista da Fundação Estudar.

“Eu não sabia absolutamente nada!”, ri. “Quando meu irmão mais novo foi para Yale no ano seguinte, descobri as diferenças absurdas entre as universidades e quase caí pra trás”, diz, citando outra instituição de ensino de ponta no país. 

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O amazonense não era expert nas universidades americanas, mas tinha um currículo sob medida para elas, com atividades educacionais pioneiras, ótimas notas e medalhas de olimpíadas científicas no currículo. Até hoje, no entanto, considera ter ido parar na Califórnia um golpe de sorte.

Isso porque foi ali, no coração do Vale do Silício, que nasceu a Ingresse, uma plataforma de compra e venda de ingressos online que deve movimentar mais de R$ 150 milhões em transações até o fim de 2016.

“Ter estudado em Stanford ajudou em tudo, porque você tem contato com uma atmosfera ultraempreendedora”, conta. “Nas primeiras semanas, conheci o Mike Krieger, que criou o Instagram. No ano seguinte, conheci Evan Spiegel, do Snapchat. Fui vendo as coisas decolarem e quis participar desse meio em que as pessoas criam produtos.”

Início

“Meu objetivo sempre foi ligado a entender como as pessoas funcionavam para conseguir construir coisas que melhorassem o mundo”, explica ele, que estudou economia comportamental.

Para tanto, pensou, era preciso conhecer seus incentivos. Estudar economia pura foi decepcionante, então Gabriel criou sua própria grade curricular, que misturava os conhecimentos intuitivos da psicologia à racionalidade econômica.

Formou-se em 2011, pouco depois de começar a Ingresse. Seu retorno ao Brasil foi às pressas. A empresa já estava crescendo, tinha angariado investimentos e precisava dele. Deixou o mestrado inconcluso e mudou-se para São Paulo.

Gabriel Benarrós - Ingresse - Empreendedorismo - 2
[Foto: Rodrigo Castelo Branco]

“Eu estava sempre olhando para comportamento e tecnologia é apenas um veículo para influenciá-lo”, explica. “A visão da Ingresse sempre foi melhorar a experiência das pessoas que buscam entretenimento: ajudar a encontrar um show, uma festa, ter um dia melhor.”

Desafios

A atitude no Vale do Silício, segundo Gabriel, é quase arrogante, mas inspiradora. “É pensar: ‘Sei que isso já existe, mas vou fazer melhor’”, diz. “Há uma orientação muito forte para construir, não ficar só na confabulação.”

De volta ao Brasil, a conduta foi útil na hora de encarar uma realidade empreendedora diferente da americana. Além da burocracia brasileira e da infraestrutura deficitária, que afeta áreas como comunicação e internet, Gabriel encontrou dificuldades em fechar uma equipe especializada, que estivesse disposta a correr riscos com um negócio novo e colocar a mão na massa.

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Para colocar o projeto de pé, era um aspecto fundamental. “No final do dia, o que diferencia o trabalho da equipe técnica é a motivação e a paixão pelo projeto, esse é o diferencial real das empresas”, explica. “E os melhores técnicos são atraídos pelo produto e seu impacto, por isso o recrutamento é tão importante.”

Outro aspecto de gestão ele também aprendeu na prática: dizer ‘não’. “Este é um dos principais desafios. Os bons gerentes de produtos são focados, chatos e inflexíveis pois vislumbram ganhos de base a longo prazo.”

Investidores, pelo menos, viram valor depressa na proposta. O país é o segundo maior do mundo em número de eventos e tem pólos do tipo, como Florianópolis, Balneário Camboriú, Rio de Janeiro e Campos do Jordão, além de ter uma cultura que celebra festivais e uma população fortemente conectada às redes sociais.

Vender a ideia de uma plataforma com tecnologia atual e que privilegiasse a experiência do usuário foi, portanto, a parte fácil. “Para quem entende do mercado, a visão da empresa é clara e contagiante, então os fundos de investimento se aproximam naturalmente”, diz Gabriel.

Entre festas, eventos universitários, shows e peças, a Ingresse opera hoje mais de 600 eventos por mês e tem uma equipe de 40 pessoas, em clima de startup californiana: pouca gente, muito trabalho e muito impacto.

A chave, para o fundador, é focar na geração de valor. “Hoje tem muita gente querendo virar palestrante, apresentador, ‘guru’, mentor, outros focados em ganhar dinheiro e passar por cima das pessoas ou apertar o fornecedor”, fala. “Se todo mundo focasse em gerar valor, ou seja, fazer 2 + 2 = 10, todos estaríamos em um lugar melhor.”

FGV promove Feira de Recrutamento virtual aberta a jovens de todo Brasil

homem com placa de procurando emprego

A Fundação Getulio Vargas (FGV) realiza, entre os dias 6 e 22 de julho, a sua primeira feira de recrutamento online, com oportunidades de estágio, trainee e vagas efetivas. Batizada de FGV Talentos 2016, a iniciativa é direcionada a estudantes de ensino superior e a jovens profissionais de todo o Brasil, e tem a expectativa de atingir milhares de candidatos. Na plataforma digital, após um cadastro, é possível encontrar oportunidades de estágios e vagas efetivas, visitar estandes de empresas, cadastrar currículos, além de acessar conteúdos sobre carreira e até mesmo fazer entrevistas pelo computado.

Entre as empresas, estão GE, Itaú, White Martins,  EBM investimentos, Coca-Cola, BR Malls, Ipiranga, L’Oréal, Vero Talentos, Enel, além dos escritórios de advocacia BMA, Machado Meyer, Pinheiro Neto e Veirano, e das organizações Instituto Capacitare, Comitê Internacional da Cruz Vermelha e CIEERio (Centro de Integração Empresa Escola).

Leia também: Jovens trainees de sete empresas contam como se destacar nos processos seletivos

Sobre a Feira de Recrutamento FGV Talentos

“Nosso objetivo é divulgar oportunidades de estágio, programas de trainee e vagas de trabalho numa plataforma digital onde as empresas têm estandes e poderão selecionar virtualmente os candidatos a partir da análise dos currículos e de entrevistas online. Trata-se de uma proposta sustentável e com forte impacto social na orientação e inserção de jovens no mercado de trabalho”, informam Beralda Lima, Coordenadora de Estágio e Desenvolvimento de Carreiras da FGV no Rio de Janeiro e Márcia Barroso, Supervisora de Estágio da FGV Direito Rio.

fundacao estudar fgv talentos

 

O Na Prática e a Fundação Estudar também estão presentes na feira com estande virtual onde é possível acessar conteúdo sobre liderança e desenvolvimento profissional, bem como dicas em vídeo para potencializar os jovens em início de carreira. Não deixe de ‘circular’ virtualmente pela feira, clicando aqui.

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Programa de Embaixadores Choice, da Artemisia, está com as inscrições abertas até 15/7

Jovens apontando a palma da mão

Há cinco anos, a Artemisia vem investindo na capacitação de uma nova geração de jovens com atitude empreendedora e inovadora, e que tem vontade de mudar a forma de fazer negócios no Brasil. Trata-se do Programa de Embaixadores Choice, que têm por objetivo formar uma rede nacional de jovens universitários no Brasil capazes de disseminar o tema do empreendedorismo de impacto e dos negócios sociais. Para participar, é preciso se inscrever por aqui até dia 15/7.

Criado em 2011, o Choice já formou 755 lideranças universitárias de 23 Estados brasileiros, e contabiliza mais de 80 mil pessoas atingidas. Segundo Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, os selecionados vão passar por um ‘mergulho’ no mundo dos negócios sociais, com uma experiência de liderança que inclui mentoria, desafios teóricos, práticos e workshops.

“A missão desse estudante será compartilhar o conhecimento sobre negócios de impacto social na universidade. A experiência integra esse jovem na maior rede de lideranças engajadas no tema no Brasil”, detalha Maure, acrescentando que os selecionados passarão por três dias de formação exclusiva com a equipe da Artemisia. Na imagem acima, inclusive, membros do Choice encontram-se com Muhammad Yunus, Nobel da Paz e criador do termo ‘negócio social’. É possível saber mais sobre o movimento neste outro texto do Na Prática

embaixadores choice
Dinâmica com membros do Choice [Artemisia]

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“No Choice, vi que é possível trabalhar com o que amo e sobreviver disso”, conta o jovem engenheiro Fernando Granato, que fez parte dos Embaixadores. A vivência do programa permitiu que ele desenvolvesse competências fundamentais para a sua carreira como empreendedor e também acreditasse no poder dos negócios sociais (leia seu depoimento completo aqui). Para Matheus Cardoso, que também foi Embaixador, participar do programa representou uma mudança total de vida e de conceitos, em especial sobre o que queria fazer e como queria fazer. “Descobri que realmente desejava empreender um negócio que mudasse vidas”, conta. Foi depois de ter participado do Choice que o universitário decidiu empreender seu próprio negócio social, o Moradigna, com foco em reformas de baixa complexidade e regularização fundiária na periferia de São Paulo.

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O dia a dia de uma engenheira no Exército brasileiro

Tenente Carolina Reis

Carolina Reis sempre gostou de visitar obras. Quando era pequena, ia acompanhada pelo pai, engenheiro militar que adorava lhe ensinar matemática. Hoje tenente moderna – que, no linguajar militar, quer dizer recente – na Diretoria de Obras de Cooperação do Exército e também engenheira, segue a tradição.

A opção pela carreira veio cedo. Na oitava série, incentivada pela família, Carolina prestou concurso para o Colégio Militar do Rio de Janeiro. Passou em quarto lugar e decidiu ali, em meio às formaturas cerimoniais, que queria ser militar também. “O companheirismo do Exército é diferente. O oficial tira algo da própria farda para colocar na sua, por exemplo”, diz.

Estudiosa, também gostava do currículo aprofundado. Decidiu estende-lo ao estudar no Instituto Militar de Engenharia (IME), onde entrou em 2008. A instituição, que fica na capital carioca, é a mesma que formou seu pai, que possui seu nome gravado no salão nobre do lugar. “O IME permite que uma mulher tenha uma carreira militar completa, até alcançar o posto de general”, resume ela, que é a primeira mulher engenheira a chegar na Diretoria de Obras de Cooperação.

carolina reis mulher no exercito 3
[acervopessoal]

Representadas A história é resultado de uma série de conquistas recentes na luta pela igualdade de gêneros. As brasileiras do Exército, que somam mais de 22 mil, representam cerca de 6% da força total. É um número baixo, mas crescente desde 2012, quando a então presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei permitindo que vagas em áreas combatentes fossem abertas também para elas.

A primeira mulher a integrar o Exército só foi oficialmente reconhecida pela organização mais de um século depois. Maria Quitéria de Jesus Medeiros, ou soldado Medeiros, pertencia ao Batalhão de Voluntários do Imperador e lutou pela Independência do Brasil em 1822.

Famosa entre os pares, foi condecorada por Dom Pedro I como Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro depois da guerra – e aproveitou para pedir que ele escrevesse uma carta para seu pai, a quem havia desobedecido ao se alistar. Em 1996, ela ganhou o título de Patrono do Quadro Complementar de Oficiais e hoje tem seu retrato em todos os quarteis do país.

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As primeiras integrantes oficiais mesmo vieram em 1943, na Segunda Guerra Mundial. Eram enfermeiras e voluntárias. Meio século depois, em 1992, a Escola de Administração do Exército, na Bahia, teve sua primeira turma feminina matriculada – até então, as poucas mulheres presentes atuavam em cargos majoritariamente administrativos e de saúde.

Ainda nos anos 1990, seguiram-se outras opções de serviço na área de saúde, como médicas e dentistas, e na área técnica, que inclui profissionais diversas como advogadas, psicólogas, professoras e jornalistas. A Aeronáutica, que tem a maior parte das militares ativas e 36 aviadoras, abriu suas portas em 1995, assim como a Marinha. O próprio IME passou a admitir mulheres (e, consequentemente, engenheiras militares) apenas em 1997.

Finalmente, no início de 2016, a Força Terrestre divulgou seu primeiro edital para ingressantes do sexo feminino na área bélica – leia-se: combatentes. As primeiras quarenta oficiais vão passar pela tradicional Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), entre outros espaços, e devem concluir seus estudos em 2021.

Como a carreira militar é longeva e baseada em tempo de serviço, se alguma delas for se tornar a primeira comandante brasileira, só ganhará o título em idos de 2060.

Tenente Carolina Reis - estágio curricular Porto Alegre
[acervopessoal]

Igualdade Carolina diz que o fato de ser pioneira – e precoce, já que a carreira militar começa com o título de tenente – não lhe afetou na prática. “Sempre ouvi que, intelectualmente, homens e mulheres são iguais. Ponto. Parágrafo. E no serviço público você tem a vantagem de prestar concurso. Após chegar no posto, ninguém pode te tirar.” Inclusive, quando chegou à Diretoria de Obras de Cooperação (DOC), não sabia que era a primeira mulher a ocupar um posto no órgão.  

A boa recepção dos colegas, baseada também nas condições de igualdade e mérito reforçadas pela própria estrutura do Exército, fortalece sua ideia de que não tolher as ambições femininas é fundamental. “Qualquer posto pode ser alcançado por qualquer mulher que achar que pode”, diz. “A grande responsabilidade das mulheres é fazer jus ao posto quando chegar nele.”

Ela destaca que os mesmos valores do Exército que a atraíram desde a escola – contribuir para o desenvolvimento do Brasil, crescimento meritocrático e vontade de fazer grande – também a fizeram se identificar com a Fundação Estudar, da qual é bolsista.

Da rotina de universitária militar, que envolve tirar serviço armado e treinamento físico, ela também tirou lições que mantém. “Lá, você precisa se superar e descobre que é muito mais capaz do que imaginava. Não ando por aí escalando paredes, mas sei que posso”, diz. “Foi muito mais que apenas uma excelente formação em engenharia.”

Pelo Brasil Hoje em Brasília, ela ajuda a controlar as obras (cerca de 20) dos batalhões de Engenharia de Construção (são 11). Participa do controle de gestão e acompanha planejamentos e controles financeiros destes empreendimentos – que diferem das empresas tradicionais, por exemplo, no fato de que não se cobra mão de obra e não se lucra.

carolina reis mulher no exercito 2
[acervopessoal]

Carolina se formou-se em engenharia de fortificação e construção em 2012. Para quem nunca ouviu o termo, ela explica: “É basicamente engenharia civil, que ganhou esse nome quando começou a ser ensinada também aos não-militares”. O IME possui um dos melhores (e mais concorridos) cursos do país na área e lá, além do currículo básico, os engenheiros estudam também temas específicos do universo militar, como paióis e explosivos.

Durante a graduação, Carolina também participou da empresa junior e desenvolveu projetos de pesquisa. Para ela, a própria natureza de sua engenharia é coletiva, já que envolve liderar equipes expressivas em obras de grande escala, e ensinou muito sobre trabalho em time e relacionamento com pessoas – habilidades que ela aplica diariamente no trabalho em campo.

Já diplomada, mudou-se para Santa Catarina, onde fica o 10º Batalhão de Engenharia de Construção. Lá, trabalhou na rodovia Caminhos da Neve, obra que, quando concluída, ajudaria no escoamento da produção de maçãs local, a maior do país. “Cerca de trinta por cento das maçãs eram perdidas pelo chacoalhar dos caminhões e só aquela obra evitaria a perda de alimentos, de produção de trabalho”, diz. O sentimento de que está construindo algo duradouro para o país está por trás de sua motivação. “Gosto muito de saber que o que estou executando se reflete diretamente para a nação.”

Tenente Carolina Reis - Visita às obras do Nordeste
[acervopessoal]

A vida de transferências pelo território nacional a levou também à Amazônia, local de enormes obstáculos (e aprendizados) logísticos. “A Amazônia é um lugar que todo brasileiro deveria conhecer”, diz. Em muitos rincões brasileiros, especialmente no Norte, onde ficam quatro dos 11 batalhões, a presença do Exército é muito mais forte. “É importante saber dessa realidade do Brasil.”

Atenção constante O dia a dia de uma engenheira militar é diferente da colega civil em uma área crucial: militares estão constantemente em treinamento. “Por que quem é combatente faz simulações de guerra e quem é engenheiro precisa estar sempre adestrado?”, pergunta ela. “Porque se algum dia enfrentarmos uma guerra e uma ponte for destruída, por exemplo, precisamos ser capazes de reconstruí-la. As obras são importantes para nos mantermos atualizados.”

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Pode parecer uma possibilidade distante (felizmente), mas é real no quartel e envolve conhecer a fundo as particularidade do país. Quais são as dificuldades e facilidades envolvidas na construção de uma rodovia em época de chuvas no Norte, por exemplo? Ou como lidar com as baixas temperaturas no Sul, capazes de fazer uma máquina congelar? Carolina precisa saber.

Como uma situação pode surgir a qualquer momento, a tenente, que quer ascender na carreira, está sempre a postos. “Isso influencia todos os aspectos das nossas vidas ao exigir uma postura coerente e capacidade de dar exemplo para exercer a liderança de fato”, diz. “Se alguém me ligar, preciso colocar a farda e ir trabalhar.”

Último dia: inscreva-se para eventos gratuitos sobre pós no exterior

Pessoas assistindo palestra

Acontece nesta semana a rodada de palestras promovida pela Fundação Estudar, em parceria com a Fundação Lemann, sobre pós-graduação no exterior. As sessões informativas acontecem nas cidades de São Paulo, Recife e Fortaleza e as inscrições podem ser feitas gratuitamente até o dia 12 de julho, ao meio dia.

As sessões contarão com a presença de ex-alunos e representantes das universidades Columbia, Yale e UCLA, que falarão sobre os programas das instituições, processos de candidatura e possibilidades de financiamento. Representantes de ambas as fundações também falarão sobre as bolsas oferecidas para estudantes e como tornar sua candidatura mais competitiva. Toda a programação será realizada em português.

Para quem está em São Paulo, haverá três encontros nos dias 12 e 13 de julho. No primeiro dia, a partir das 19h, a Yale University falará sobre as possibilidades de pós-graduação na instituição, passando por oportunidades de MBA, LLM e Visiting Research. Já às 20h30 do mesmo dia, será apresentado o Yale World Fellows, um programa com duração de quatro meses voltado a profissionais que já tenham carreira desenvolvida em qualquer área e que tenham o propósito causar uma transformação positiva no mundo. Por fim, às 12h30 do dia 13, a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) abordará seus programas de pós-graduação, com destaque para as áreas de políticas públicas, educação, saúde pública e negócios.

Recife oferece, também no dia 12 de julho, às 18h30, uma palestra sobre pós-graduação em Columbia nas mais diversas áreas de atuação. No dia seguinte, às 12h, é a vez de Fortaleza receber os representantes da universidade, que desta vez falarão sobre pós-graduação em educação.

Inscreva-se:

Sessão Informativa com Yale em São Paulo
Tema: Pós-Graduação em Yale (MBA, LLM e Visiting Research)
Data: 12/07
Horário: 19h00
Local: PLUG Calixto (Rua Lisboa, 890 – Pinheiros)
Inscrições: gratuitas, neste link

Sessão Informativa sobre o programa Yale World Fellows em São Paulo
Tema: Programa de 4 meses voltado a lideranças transformadoras
Data: 12/07
Horário: Horário: 20h30
Local: PLUG Calixto (Rua Lisboa, 890 – Pinheiros)
Inscrições: gratuitas, neste link

Sessão Informativa com UCLA em São Paulo
Tema: Pós-graduação na UCLA
Data: 13/07
Horário: 12h30
Local: Instituto Singularidades (R. Dep. Lacerda Franco, 88 – Pinheiros)
Inscrições: gratuitas, neste link

Sessão Informativa com Columbia em Recife
Tema: Pós-Graduação em Columbia
Data: 12/07
Horário: 18h30
Local: Aba Global Education – Bairro Boa Viagem (Rua Ten. João Cícero, 311)
Inscrições: gratuitas, neste link

Sessão Informativa com Columbia em Fortaleza
Tema: Pós-Graduação em Educação
Data: 13/07
Horário: 12h
Local: UFC (Auditório José Albano, Avenida da Universidade, 2683 – Bairro Benfica)
Inscrições: gratuitas, neste link

4 dicas de carreira de Luiza Trajano, presidente de conselho no Magazine Luiza

Luiza Trajano sorrindo

Luiza Trajano é até a mulher no topo do mercado varejista brasileiro. Depois de exercer por mais de sete anos o cargo de CEO do Magazine Luiza, ela passou o bastão para seu filho e hoje ocupa a presidência do conselho do grupo. 

Sua carreira em gestão empresarial começou na área de vendas, aos 12 anos, quando abriu mão das férias escolares para trabalhar. Depois dessa experiência, começou uma longa trajetória dentro da rede de lojas fundada por sua tia – também Luiza, que dá nome ao grupo. Desde 1991, quando se tornou superintendente, começou uma ascensão para cargos mais estratégicos que culminou na presidência, época em que foi considerada pela Forbes uma das três mulheres mais poderosas do Brasil. Ainda assim, faz questão de manter o olho na operação e não se distanciar do dia a dia da empresa.

A seguir, veja quatro dicas que ela compartilhou com exclusividade com os leitores do Na Prática e que fazem parte do minicurso por email Conselho de CEO – Aprenda sobre a carreira em gestão empresarial com grandes líderes.

Leia também: ‘A vida é muito curta para trabalhar em uma empresa chata’, diz Carlos Brito, da Ab Inbev

Dica 1: A estratégia nasce na ponta

No programa de trainee do Magazine Luiza, os participantes passam três meses nas lojas. Entender a ponta do negócio – onde acontece o contato com os clientes – é essencial para todos os profissionais, e deve servir de base para a estratégia do negócio.

Dica 2: Saiba renunciar

Para Luiza Trajano, uma das atitudes que moldam um líder é a vontade de participar, de fazer, sem medo de errar. Buscar ir além do que você sabe. Em vez de “ver a banda passar”, faça parte da banda. Isso exige tempo e energia, e em muitos momentos vai significar abrir mão de horas de sono ou lazer. É importante saber quando fazer essa escolha, e buscar sempre o equilíbrio.

Dica 3: Não seja centralizador

Para não acumular tarefas e conseguir fazer as coisas acontecerem, é necessário saber delegar e confiar na execução das outras pessoas. Para Luiza Trajano, esse é o segredo para fazer o dia render e arrumar tempo para as suas tarefas dentro e fora do trabalho.

Dica 4: Tire lições dos fracassos

Por mais clichê que possa parecer, é importante insistir na ideia de que é possível evoluir por meio das falhas. Para isso, você deve buscar o aprendizado por trás de cada situação que deu errado, e criar uma estratégia para não repetir esse erro. Nas palavras de Luiza Trajano, trata-se de “abrir espaço para novos erros”.

Assista à entrevista completa com Luiza Trajano

Endeavor seleciona novos líderes para rede global de empreendedorismo

Pessoas preparando grito de guerra

Muito se fala sobre a necessidade de fortalecer um ecossistema para empreendedores no Brasil. Para esse objetivo, uma das principais estratégias (e necessidades do país) é construir uma rede sólida e ativa de empreendedores, capazes de se apoiar e fortalecer mutuamente.

Essa é a missão da Rede Global de Empreendedorismo, programa criado pela Endeavor e que está selecionando líderes locais até o dia 11/7, por aqui.

Criada em 2007 pela Endeavor e presente em mais de 140 países, a RGE que engajar lideranças governamentais, civis e acadêmicas comprometidas com a causa de destravar o ambiente de negócios e empreendedorismo em todas as cidades do Brasil. Os selecionados serão responsáveis pela criação de comitês locais e estratégias de mobilização que auxiliem tomadores de decisão nas principais cidades do país nos próximos anos.

Leia também: Entenda o poder das ‘redes’ para melhorar sua vida e impulsionar sua carreira

 

Os empregos em alta em 2025 (e as habilidades necessárias para consegui-los)

Avião e prédios visto de baixo

Em um mundo em que cinco milhões de empregos serão perdidos até 2020 em razão do avanço da tecnologia e que dois terços dos americanos já acreditam que em 50 anos os robôs farão a maior parte das tarefas, até mesmo os empregos considerados apostas seguras estão ameaçados. E isso atinge fábricas e até as carreiras exercidas em escritórios, como administrativas e do direito.

A revista Fast Company reuniu recomendações de especialistas e dados do governo dos EUA para áreas do conhecimento que merecem maior atenção caso você queira estar empregado em 2025:

Tecnologia e pensamento computacional
Como todo mundo produz cada vez mais dados, será necessário saber lidar com tudo isso.
Empregos em alta: desenvolvedor de software, analistas, analistas de marketing.

Cuidados de Saúde
À medida que as pessoas vivem mais, a ciência médica também precisa avançar.
Empregos em alta: terapeutas, médicos, especialistas em ergonomia e cuidadores para assistência doméstica.

Leia também: E se sua profissão não existisse amanhã?

Inteligência social e conhecimento de mídia
Conhecimentos de habilidades socioemocionais e sobre o funcionamento das variadas plataformas de mídia.
Empregos em alta: especialistas em marketing, além de representantes de vendas.

Aprendizagem de longo prazo
Como tudo avança mais rápido, é necessário mudar a estratégia e continuar aprendendo durante toda a vida.
Empregos em alta: professores e tutores.

Adaptabilidade e aptidão para negócios
Entender como funcionam as empresas será um ponto essencial no mundo em que o empreendedorismo ganhará força.
Empregos em alta: analistas, contadores e auditores.

Baixe o Ebook: 14 Histórias sobre Mudança de Carreira

 

Este artigo foi originalmente publicado em Porvir

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