mulher sorridente no escritório de trabalho

Encontrar a felicidade no trabalho é o sonho de muitos profissionais. Afinal, poder conciliar uma “obrigação” com algo que dê prazer e sentido em nossas vidas, para muitos, é um verdadeiro achado. Contudo, na hora de começar a planejar a carreira, é preciso ficar atento para notar se não estamos nos deixando levar pela empolgação.

Ou pelo momento atual, conforme aponta Jess Whittlestone, pesquisadora da Universidade de Cambridge. Ao 80.000 hours, ela escreve um artigo sobre como o nosso presente (junto com as emoções e experiências recentes) podem impactar e mesmo atrapalhar nas decisões de carreira. O Na Prática trouxe a tradução do artigo que pode ser conferido a seguir!

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Você realmente sabe qual trabalho vai te deixar feliz?

Por Jess Whittleston

Por que tantas pessoas estão insatisfeitas com seus empregos? Uma grande parcela do problema é que somos muito ruins em prever como as coisas nos farão felizes – ou mesmo por quanto tempo essa felicidade durará. Achamos, por exemplo, que ganhar na loteria nos deixará muito mais felizes no longo prazo, mesmo que provavelmente não seja uma certeza. Isso tem algumas ramificações sérias que influenciam escolha da carreira.

Anteriormente, concluí que há uma conexão muito mais próxima entre carreiras que nos fazem felizes e carreiras que fazem a diferença do que poderíamos imaginar. Um lado desse relacionamento, aliás, é que temos mais probabilidade de fazer a diferença em uma carreira que gostamos. Isso significa que, mesmo para o altruísta eficaz, é importante levar em consideração nossa própria felicidade (pelo menos até certo ponto) ao tomar decisões de carreira.

No entanto, o que isso não significa é que devemos simplesmente seguir cegamente a nossa intuição (ou nossas paixões) sobre o que nos faz felizes e, então, levar apenas isso em consideração em nossas decisões.

Tendência em superestimar os fatos

Temos a tendência de superestimar o impacto positivo de um evento “bom” (como ganhar na loteria) e o impacto negativo de algo “ruim” (como quebrar uma perna) que aconteceram. Um estudo mostrou que as vítimas de acidentes frequentemente se tornam mais felizes do que eles esperam ser cerca de um ano após o ocorrido.

Outro levantamento pediu a professores que previssem o impacto a longo prazo sobre as suas felicidades ao ter ou não estabilidade profissional. E vejam só! Em ambos os casos o impacto emocional (seja positivo ou negativo) foi superestimado.

Se não podemos nem prever que tipo de sanduíche vamos querer para o almoço na próxima semana. Então, prever que tipo de carreira teremos em cinco ou dez anos parece uma tarefa impossível.

Mas por que somos tão ruins em prever o que nos fará felizes? Quando tentamos prever nossa reação emocional a eventos futuros, tendemos a simular: nos imaginamos em uma situação futura acaba por provocar uma reação emocional no presente. Em seguida, usamos essa reação emocional como um preditivo de como iria reagir em determinada situação.

Então, quando imagino que estou me sentindo ansiosa para fazer um exame, o que realmente faço é me imaginar fazendo um exame, o que me deixa ansiosa. Inclusive, entendo essa ansiedade como um indicador do sentimento do que eu esperaria ter quando realmente fizesse o exame.

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A maneira como usamos a simulação para prever nossos estados emocionais futuros fornece um caminho para entender por quais razões algumas previsões costumam dar tão errado.

Nosso estado emocional hoje afeta nossas previsões futuras

Por isso, uma vez que prevemos nossas emoções futuras com base em uma reação emocional do presente a uma situação simulada, nossas emoções presentes podem afetar nossas previsões. A tendência de projetar nossas preferências atuais em um evento futuro é conhecida como viés de projeção.

Se você perguntar a uma pessoa que acabou de malhar na esteira (e, portanto, que esteja com sede) o que seria pior ao se perder em uma floresta: sede ou fome. É bastante provável que ele escolherá a primeira opção do que aqueles perguntados antes de usar a esteira (que não estavam com sede).

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Deste modo, parece que ao tentar imaginar como se sentiriam perdidos na mata, as pessoas com sede não conseguiram ignorar sua vontade atual para julgar suas reações futuras.

A tomada de grandes decisões de carreira muitas vezes pode exigir que prevejamos o quanto desfrutaremos de um emprego daqui a vários anos. Além disso, parece provável que até lá alguns de nossos gostos e sentimentos mudem.

A maneira como usamos simulações para prever a felicidade futura sugere que achamos difícil explicar as mudanças em nossos estados emocionais atuais ao prever como nos sentiremos no futuro.

Contamos com o passado para prever o futuro

Na simulação de eventos futuros, uma parte considerável é desempenhada por nossas memórias de eventos passados ​​semelhantes. Por exemplo, na maioria das vezes o nosso julgamento de como será uma consulta médica é baseado na nossa memória de consultas anteriores. No entanto, nossas memórias muitas vezes não são representativas dos próprios eventos passados ​​e, portanto, nem dos futuros.

Eventos incomuns e recentes tendem a ser mais memoráveis, o que significa que desempenham um papel maior na formação de nosso julgamento sobre o futuro. Quando solicitadas a se lembrar de uma ocasião em que perderam um trem ou ônibus, as pessoas tendem a se lembrar das experiências mais negativas. Isso as faz superestimar o quão doloroso será sua próxima experiência de perder um transporte.

Da mesma forma, podemos superestimar o quanto desfrutaremos (ou não gostaremos) de certo componente de um trabalho, se a nossa simulação dele for distorcida pelas memórias mais extremas do passado. Essa superestimação distorce a realidade, compreende?

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As simulações consideram apenas os recursos essenciais

Segundo a Construal Level Theory (CLT), tendemos a conceituar eventos futuros de maneira muito mais abstrata do que os imediatos. Um ponto semelhante é que nossas simulações são essencialistas – elas são compostas apenas das características mais importantes.

De certa forma, isso faz sentido: a simulação de eventos futuros geralmente é difícil de fazer e não podemos nos concentrar em cada detalhe minuciosamente. Então, apenas incluímos os mais importantes. O problema é que nossa percepção de quais são as características mais importantes é falível – deixando nossas simulações suscetíveis ao viés de focalismo.

Baseando nossas previsões emocionais no que consideramos as características mais importantes de um evento futuro, podemos perder algumas características não essenciais que fariam, de qualquer maneira, uma grande diferença em nossas respostas emocionais.

Uma explicação para o motivo de professores efetivos acabarem menos felizes do que o previsto pode ser que eles se concentraram excessivamente em certas características positivas de sua gestão. Como, por exemplo, o senso de realização e reconhecimento, porém negligenciaram outros aspectos: aumento da jornada de trabalho e reuniões departamentais enfadonhas.

Ao decidir qual carreira seguir, portanto, é provável que concentremos nossa atenção em fatores que vêm à mente com facilidade – como salário e horário de trabalho. Isso pode nos levar a ignorar outros fatores que são realmente cruciais para prever a felicidade, como a carga mental.

Esquecemos que as emoções mudam com o tempo

Um último ponto é que, ao prever como um evento futuro nos fará se sentir, tendemos a nos concentrar em suas características iniciais, porém sem negligenciar as posteriores. Isso pode ajudar a explicar a razão de ganhadores da loteria e vítimas de acidentes superestimarem o impacto do evento.

Eles eles imaginaram como se sentiriam imediatamente após ganhar ou sofrer o acidente e presumiram que esse sentimento duraria. No entanto, as emoções diminuem de intensidade com o tempo e tendemos a subestimar isso e a velocidade com tudo o que aconteceu.

Esse é o viés de durabilidade: uma tendência de superestimar o impacto emocional de um evento pela sua duração. A suscetibilidade ao viés da durabilidade significa, por exemplo, que podemos esperar que um trabalho com recompensas imediatas (como um bônus inicial elevado) nos torne muito mais felizes do que realmente fará a longo prazo.

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Conclusão

Portanto, embora precisemos levar em consideração a nossa própria felicidade ao tomar decisões de carreira, simplesmente usar nossas intuições para prever o que nos faz felizes não é a maneira mais eficaz de fazê-lo.

Somos excessivamente influenciados por nossas preferências atuais, confiamos muito em memórias seletivas, perdemos características potencialmente importantes e subestimamos a extensão em que nossas emoções enfraquecem com o tempo.

Levar em consideração o que pensamos que nos deixará felizes é inútil se essas previsões não forem precisas – especialmente se estivermos comparando isso com outros fatores importantes.

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