Bill Gates

Para Michael Simmons, um autor e empreendedor social que também escreve para revistas como Forbes, Fortune, Time e Harvard Business Review, o lazer de pessoas bem sucedidas sempre foi um ponto de grande interesse.

O que grandes líderes ou top performers fazem no seu tempo livre? Foi essa questão que alimentou sua curiosidade conforme lia biografias, pesquisas e artigos sobre a vida de diversos indivíduos, de Oprah Winfrey a Leonardo da Vinci.

“Apesar de terem mais responsabilidade que outros, eles encontram tempo para deixar o trabalho urgente de lado, diminuírem o ritmo e investirem em atividades recompensadoras no longo prazo, que trazem mais conhecimento, criatividade e energia”, escreveu em um artigo no LinkedIn.

Warren Buffett, por exemplo, apesar de ser dono de empresas com centenas de milhares de funcionários, não é tão ocupado quanto você. Ele mesmo estima que passou 80% de sua carreira lendo e pensando.”

Na tradução abaixo, ele descreve 6 maneiras de utilizar seu tempo livre como grandes figuras, vivas e históricas, e ter uma vida mais equilibrada, interessante e cheia de conquistas:

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Como utilizar melhor seu tempo

Hack #1: Mantenha um diário. Isso pode mudar sua vida

Muitos top performers vão além de uma reflexão aberta e frequentemente combinam perguntas específicas com um diário físico.

Todas as manhãs, Benjamin Franklin se perguntava: “Que bem farei hoje?” E todas as noites: “Que bem fiz hoje?”

Steve Jobs se olhava no espelho diariamente e perguntava: “Se hoje fosse o último dia da minha vida, eu ia querer fazer o que estou indo fazer?”

Tanto o bilionário Jean Paul DeJoria quanto Arianna Huffington tiram alguns minutos por dia para contar suas bençãos. Oprah Winfrey faz o mesmo e começa seu dia com um diário de gratidão, anotando cinco coisas pelas quais é grata.

O empreendedor e investidor Reid Hoffman se pergunta sobre seu raciocínio antes de dormir: que coisas são fundamentais e poderiam ser obstáculos ou soluções? Que ferramentas ou ativos eu posso ter? Quais são as coisas mais fundamentais em que eu penso pensar? O que quero resolver de forma criativa?

Oprah Winfrey[Oprah Winfrey em Harvard / Foto: Divulgação]

Quando o lendário consultor de gestão Peter Drucker tomava uma decisão, ele anotava o que esperava que fosse acontecer. Vários meses depois, ele comparava seus resultados com as expectativas.

Você já notou que, após escrever sobre seus pensamentos, planos e experiências, se sente mais focado e a cabeça está mais clara?

Pesquisadores chamam isso de “escrever para aprender.” É algo que nos ajuda a organizar e trazer significado para nossas experiências e se torna uma ferramenta potente para o conhecimento e a descoberta.

Também aumenta nossa habilidade de pensar sobre tópicos complexos que têm dezenas de partes inter-relacionadas enquanto nosso cérebro, por si só, só pode administrar três em um dado momento.

Uma pesquisa sobre centenas de estudos que tratam de escrever para aprender mostrou que o ato também ajuda com o que é chamado de pensamento metacognitivo, que é nossa consciência de nossos próprios pensamentos

A metacognição é um elemento-chave da performance.

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Hack #2: Cochilos podem aumentar dramaticamente o aprendizado, a memória, a consciência, a criatividade e a produtividade

Utilizando resultados de mais de uma década de estudos, a pesquisadora do sono Sara Mednick, da University of California, San Diego, ousadamente afirmou: “Com cochilos de uma hora a uma hora e meia… Você se aproxima dos mesmos benefícios de consolidação de aprendizado que teria com uma noite de oito horas de sono.”

Pessoas que estudam de manhã têm uma performance 30% melhor em uma prova noturna se tiverem tirado um cochilo de uma hora, quando comparadas com quem não cochilou.

Albert Einstein quebrava seu dia ao retornar para casa, de seu escritório de Princeton às 13h30. Almoçava, tirava um cochilo e acordava com uma xícara de chá para começar a tarde.

Thomas Edison cochilava três horas por dia. Winston Churchill considerava seu cochilo vespertino algo não-negociável. John F. Kennedy almoçava na cama antes de puxar a cortina para dormir uma ou duas horas.

Outros que defendiam cochilos diários incluem Leonardo Da Vinci (até uma dúzia de cochilos de 10 minutos por dia), Napoleão Bonaparte (antes de batalhas), Ronald Reagan (toda tarde), Lyndon B. Johnson (30 por dia), John D. Rockefeller (todo dia após o almoço), Margaret Thatcher (uma hora por dia), Arnold Schwarzenegger (toda tarde), and Bill Clinton (15–60 minutos por dia).

A ciência moderna confirma que cochilar nos faz não só mais produtivos, mas também mais criativos.

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Hack #3: Apenas 15 minutos de caminhada por dia podem fazer maravilhas

Top performers também incluem exercícios em suas rotinas diárias. O mais comum é a caminhada.

Charles Darwin fazia duas caminhas por dia: ao meio-dia e às 16h. Após o almoço, Beethoven começava uma caminhada longa e vigorosa, portando lápis e papeis para anotar pensamentos musicais que pudessem lhe ocorrer.

Charles Dickens podia caminhar 19 quilômetros por dia e considerava escrever algo tão mentalmente agitado que certa vez escreveu: “Se eu não pudesse andar muito e longe, eu explodiria.”

O filósofo Friedrich Nietzsche concluiu: “Apenas ideias que surgem em caminhadas têm qualquer valor.”

Outros que tinham e têm a caminhada por hábito incluem Gandhi (uma caminhada longa todos os dias), Jack Dorsey (caminha 8km todas as manhãs), Steve Jobs (fazia uma caminhada longa para falar de assuntos sérios), Tory Burch (45 minutos por dia), Howard Schultz (caminha todas as manhãs), Aristóteles (dava aulas enquanto caminhava), neurologista e autor Oliver Sacks (caminhava depois do almoço) e Winston Churchill (caminhava todas as manhãs, depois de acordar).

Agora temos dados científicos que comprovam o que esses gênios intuíam: caminhadas longas refrescam a mente e o corpo e aumentam a criatividade.

Podem até extender sua longevidade. Em um estudo de 12 anos com adultos acima dos 65, uma caminhada diária de 15 minutos reduziu a mortalidade em 22%.

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Hack #4: A leitura é uma das atividades mais benéficas que existem

Aqui está uma verdade maravilhosa: não importa quais são nossas circunstâncias, todos temos acesso ao meio de aprendizado favorito de Bill Gates, a pessoa mais rica do mundo: livros.

Top performers de todas as áreas aproveitam esse jeito de alto impacto e baixo custo para aprender.

Winston Churchill passava várias horas por dia lendo biografias, livros de história, filosofia e economia.

A lista de presidentes americanos que também amavam livros é longa: George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e JFK eram leitores vorazes. Theodore Roosevelt lia um livro por dia quando estava ocupado e dois ou três por dia quando tinha a noite livre.

Outros leitores famosos incluem os bilionários Mark Cuban (três ou mais horas de leitura por dia), Arthur Blank (mais de duas horas por dia), David Rubenstein (6 livros por semana), Dan Gilbert (uma a duas horas por dia), Oprah Winfrey, Elon Musk (lia dois livros por dia quando era jovem), Mark Zuckerberg (um livro a cada duas semanas), Jeff Bezos e o CEO da Disney, Bob Iger (acorda todos os dias às 4h30 para ler).

Ler livros aprimora a memória, aumenta a empatia e elimina o estresse – e tudo pode nos ajudar a conquistar nossos objetivos.

Livros compactam, em um formato que exige apenas algumas horas de nosso tempo, o conhecimento mais impactante que o autor angariou ao longo da vida.

São o melhor retorno sobre investimento que há.

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Hack #5: Ter parceiros de conversa leva a descobertas surpreendentes

No livro Powers Of Two: Finding the Essence of Innovation in Creative Pairs, o autor e ensaísta Joshua Shenk defende que a criatividade é fundamentalmente social, não individual.

O livro revê pesquisas acadêmicas sobre inovação e destaca duplas criativas, de John Lennon de Paul McCartney a Marie e Pierre Curie e Steve Jobs e Steve Wozniak.

Durante longas caminhadas diárias, os psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky desenvolveram uma nova teoria de comportamento econômico que rendeu o prêmio Nobel a Kahneman.

J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis compartilhavam seus trabalhos entre si e reservavam as segundas-feiras para se encontrarem no pub.

Francis Crick e James Watson, que descobriram a estrutura do DNA, discutiam sem fim ideias entre si, tanto em seu escritório compartilhado quanto em almoços diários em Cambridge.

James Watson e Francis Crick[James Watson e Francis Crick em Cambridge]

Crick se lembra que, quando apresentava uma ideia que tinha falhas, “Watson me dizia, diretamente, que isso não fazia sentido. E vice-versa.”

Os artistas Andy Warhol e Pat Hackett passavam duas horas por dia relembrando suas atividades no dia anterior, em grande detalhe.

Muitas grandes figuras tinham o hábito de conversar em grupos grandes.

O “gabinete do tênis” de Theodore Roosevelt incluía amigos e diplomatas que diariamente discutiam os temas nacionais.

Benjamin Franklin criou uma “sociedade de aprimoramento mútuo” que chamou de Junto e que se unia às sextas-feiras para seus integrantes aprenderem uns com os outros.

O The Vagabonds era um grupo de quatro amigos famosos — Henry Ford, Thomas Edison, Harvey Firestone e John Burroughs — que viajava junto durante o verão para acampar, escalar e “sentar ao redor de uma fogueira para discutir as várias empreitadas científicas e de negócios e debater os temas do dia.”

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Hack #6: Sucesso é um resultado direto do número de experimentos que você faz

Não importa quanto tempo você passe lendo e discutindo, ainda vai precisar de tempo para cometer seus erros.

Se isso não é encorajador, lembre-se de Thomas Edison. Ele precisou fazer mais de 50 mil experimentos que deram errado para criar a pilha alcalina e mais de 9 mil para aperfeiçoar a lâmpada.

No fim da vida, no entanto, tinha mais de 1100 patentes nos EUA.

E experimentos não acontecem só no “mundo real”. Nossos cérebros têm uma habilidade incrível para simular a realidade e explorar as possibilidades de maneira mais rápida e barata.

Einstein usava experimentos mentais (como se imaginar perseguindo um raio de luz pelo espaço) para construir teorias científicas sem paralelos. Você pode utilizar sua imaginação para enfrentar questões um pouco menores.

Os diários de Thomas Edison, Leonardo da Vinci e outros intelectuais não estão apenas cheios de palavras, mas de desenhos e mapas mentais.

[Anotações de Leonardo da Vinci / Foto: Official British Library Prints]

A comédia standup está bem longe de uma invenção, mas a experimentação também é fundamental para as artes.

O comediante Chris Rock, por exemplo, se prepara para apresentações gigantes, como no Madison Square Garden, ao organizar e testar seu material em clubes menores ao longo de meses, conforme recebe feedback do público (que ri ou não ri).

Outros usam experimentos para se forçarem a criar novos hábitos ou se desfazer daqueles que não são saudáveis.

A icônica produtora e escritora Shonda Rhimes decidiu lidar com o fato de que era workaholic e introvertida dizendo “sim” para tudo que a assustava em um projeto que chamou de “Ano do Sim”.

Jia Jang confrontou o medo universal da rejeição com seu projeto 100 Days of Rejection, que ele catalogou no YouTube.

A recém-formada Megan Gebhart passou o primeiro ano de sua carreira encontrando uma pessoa por semana para um café. Ela compilou as lições que aprendeu no livro 52 Cups of Coffee.

A cineasta Sheena Matheiken usou o mesmo vestido preto por um ano como exercício de sustentabilidade.

Como disse Ralph Waldo Emerson: “A vida é um experimento. E quanto mais experimentos você fizer, melhor.”

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Vá em frente: utilize sua hora

Num mundo em que todos estão acelerando e lotando suas agendas para avançar, o trabalhador intelectual moderno deveria fazer o oposto: diminuir a velocidade, trabalhar menos e pensar no longo prazo.

Num mundo em que o trabalho frenético é o foco, top performers deveriam focar, deliberadamente, no aprendizado e no descanso.

Num mundo em que a inteligência artificial está automatizando mais e mais nossos trabalhos, deveríamos liberar nossa criatividade.

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E criatividade não acontece ao trabalharmos mais, mas ao trabalharmos menos.

É fácil se convencer de que “Ah, Warren Buffett consegue porque, bem, ele é Warren Buffett.” 

Mas não se esqueça que Warren Buffett teve esse ritual de aprendizado ao longo de toda sua carreira, muito antes de ser o homem que conhecemos hoje.

Ele poderia facilmente ter caído na armadilha de “estar ocupado”, mas, ao invés disso, tomou três decisões cruciais:

  • Eliminou trabalho sem dó para conseguir ficar acima da lista sem fim de deadlines, reuniões e outras pequenas coisas urgentes
  • Passou quase todo seu tempo com coisas que criaram mais valor no longo prazo
  • Trabalha alavancando suas próprias fortalezas e paixões

Isso pode não ser acontecer para você da noite para o dia, mas para realmente alavancar seu tempo, você precisa acreditar que uma vida em que você trabalha menos mas conquista mais é possível e benéfica.

Que um estilo de vida em que você foca, sem dó, em suas fortalezas e paixões é factível e necessário.

Para começar, siga a regra das 5 horas

Separe uma hora por dia para investir em seu tempo: cochile, caminhe, leia, converse.

Você pode duvidar de si mesmo, se sentir culpado ou se preocupar em “estar perdendo tempo”…. Mas não está! Deixe sua lista de tarefas de lado por apenas uma hora e invista em seu futuro. 

Essa abordagem funcionou para algumas das mentes mais brilhantes do mundo. Pode funcionar para você também.

Artigo originalmente publicado no LinkedIn.

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