Em outubro deste ano, a empresa de psicologia online e saúde emocional corporativa Vittude, em parceria com a Opinion Box, realizou um estudo sobre a saúde mental dos trabalhadores brasileiros durante o período de pandemia. A pesquisa “Saúde Mental em Foco” contou com 2.007 trabalhadores a partir de 16 anos de idade, de todas as regiões do Brasil.
Participaram do estudo profissionais de diversos segmentos, como funcionários de multinacionais, de pequenos negócios e serviços públicos, do comércio e até profissionais da área da saúde que trabalham na linha de frente do combate ao Covid-19.
Dentre os temas investigados, mudanças na rotina dos trabalhadores, impactos da pandemia na saúde mental e as ações tomadas pelas organizações.
Trabalho e produtividade
Dos participantes, 32% relatam ainda estar de home office em tempo integral, enquanto 12% esteve em home office, mas voltou para o modelo de trabalho presencial.
A percepção dos profissionais sobre sua atuação variou: enquanto 26% sentem que sua produtividade é maior atualmente, 29% sentem que ela piorou neste período da pandemia.
Com as mudanças e o contexto de crise, a saúde mental passou a ser um ponto de atenção para os trabalhadores. Quase metade dos entrevistados afirmam que deixou de fazer atividades que lhe davam prazer, como as físicas ou de lazer. Para 33%, houve sobrecarregamento com o acúmulo de funções e 24% tiveram dificuldade de tocar a rotina da casa.
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Ainda em meio às incertezas que permearam 2020, alguns conseguiram tirar proveito do isolamento social. Um quarto dos entrevistados do estudo contam que passaram a se alimentar melhor desde o início do ano, e 23% sentiram que tinham mais tempo para cuidar de si. Outros 22% aproveitaram melhor o tempo com os filhos ou filhas e 18% se dedicaram a aprender uma nova atividade ou hobby.
Quanto à concentração e criatividade, também investigadas pela pesquisa “Saúde Mental em Foco”, 32% sentem que a concentração e o foco pioraram e 22% sentem que perderam a criatividade. Por outro lado, 25% viram o foco e a concentração melhorarem e 29% se sentiram mais criativos em 2020.
Impactos na saúde mental
O impacto da pandemia na saúde mental se mostra em alguns aspectos avaliados. Para 41% dos entrevistados, os últimos meses foram permeados por um “medo intenso de que alguém próximo ficasse doente ou morresse”. Dos participantes, 33% apresentaram insônia e a mesma quantidade de pessoas sofreu crises de ansiedade após o início da pandemia.
A fim de cuidar da saúde mental, 35% dos respondentes pararam de ver notícias ou quaisquer informações que pudessem lhes fazer mal. E o papel das redes sociais não foi relevado, já que 42% dos entrevistados contam acreditar que elas contribuem diretamente para quadros de ansiedade.
A relevância do tema cresceu durante o ano: 62% das pessoas disseram que passaram a entender mais a importância de cuidar de sua saúde mental.
O assunto saúde mental no ambiente de trabalho
Entre os profissionais entrevistados pela Vittude, 47% acreditam que suas empresas estão preocupadas ou muito preocupadas com a saúde mental dos trabalhadores e 25%, por sua vez, sentem que as organizações não estão preocupadas.
Outro dado revelado pelo estudo mostra que a distância entre o assunto saúde mental e o ambiente de trabalho para alguns. Ainda que 50% dos entrevistados contem se sentir à vontade para conversar com um psiquiatra ou psicólogo, se o profissional for indicado pela empresa, a porcentagem cai para 36%.
A porcentagem de funcionários que se sente à vontade para conversar com seus líderes sobre saúde mental é ainda menor: 33% se sentem confortáveis para conversar com seu líder direto e apenas 28% se sentem confortáveis em conversas com o RH da empresa.
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Dentre as principais ações tomadas pelas empresas para contribuir com a saúde mental dos colaboradores estão informativos sobre cuidados, iniciativa de 23% das empresas, acesso à equipe psicológica ou de saúde em 18% das empresas e encontros presenciais ou virtuais sobre o assunto em 17% delas.
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Porém, apenas 11% das empresas dos profissionais entrevistados oferecem terapia pelo plano de saúde e 46% delas não adotaram procedimentos relacionados à saúde mental de seus funcionários durante a pandemia.