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Como falar sobre saúde mental com seu chefe?

mulheres conversando no ambiente de trabalho

Debater saúde mental no ambiente de trabalho nunca foi tão necessário. Mesmo antes da pandemia, o Brasil já era considerado o país “mais ansioso” do mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A necessidade de quarentena só favoreceu o agravamento desse quadro e do surgimento de outras doenças mentais.

Segundo uma pesquisa do site de trabalho freelancer Workana, 43,7% dos trabalhadores sofreram com algum tipo de transtorno mental durante a pandemia, desde dificuldade de se concentrar, ansiedade, solidão, até depressão ou claustrofobia. Além disso, em 2020, houve um aumento de 98% nas buscas do Google sobre saúde mental.

Os ambientes de trabalho, ainda que estivessem atuando no modelo home office, precisaram o incluir o tema em suas discussões. Isso aumentou a necessidade de saber conversar com as lideranças sobre saúde mental, o que nem sempre é fácil. Para ajudar a lidar com essa questão, especialistas da EDP Brasil compartilham dicas de como trazer o tema aos gestores dentro da organização.

Quando falar sobre saúde mental?

Uma das grandes dificuldades que muitos profissionais encontram é entender quando é o momento para conversar com o superior sobre alguma questão de saúde mental pela qual esteja passando. Gestor Operacional de Saúde da EDP Brasil, Phelipe Monteiro Felicio pondera que um momento oportuno é quando o trabalhador esteja em condições de ter um raciocínio linear nesta conversa.

“Isso ajuda a quebrar o estigma relacionado à saúde mental. Além disso, esse é um tipo de conversa que exige um certo nível de preparo. É um diálogo que deve ser baseado na confiança e em um bom relacionamento com o chefe. Se não há esta confiança ou se o profissional estiver em um momento de crise, o gestor pode criar uma ‘barreira’ junto ao colaborador, o que consequentemente pode aumentar medos e angústias que ele tenha, como a preocupação em ser mandado embora”, esclarece.

Analista de cultura organizacional e bem-estar da EDP, Fernanda Fernandes complementa que é importante falar sobre saúde mental com o gestor no momento em que o profissional identificar que algo diferente está acontecendo e alterando a sua rotina. “Procure avaliar se você está passando por uma questão de saúde mental, como ansiedade e depressão, ou se está só um pouco desanimado com alguns acontecimentos na sua vida ou por ter tido uma semana difícil, por exemplo”, analisa. 

Caso seja identificado algum transtorno mental, Phelipe recomenda primeiramente buscar auxílio de profissionais de saúde e só depois conversar com o gestor. “O profissional tem total direito ao sigilo quando se trata de saúde mental. Por isso, ele pode optar por informar sobre alguma patologia apenas se ela estiver atrapalhando sua rotina diária e impactando seu trabalho”, indica.

 

Como abordar o assunto de forma eficaz

Quando o assunto é saúde mental, a conversa é sempre o melhor caminho para Fernanda. Iniciar um diálogo sobre isso pode não ser simples, mas ela compartilha algumas dicas. “Se for uma conversa online, sugerimos que as câmeras estejam ligadas pois a expressão facial é muito importante neste momento. Você pode comentar que tem lido artigos sobre o tema e tem se identificado, e por isso achou melhor compartilhar. Outra estratégia é contar algum fato real que tenha acontecido, como alterações constantes de humor ou noites mal dormidas”, exemplifica. 

A analista de cultura organizacional e bem-estar reforça que é importante não ter vergonha e não se julgar. “Certamente há muitas pessoas queridas para te ajudar, mas você precisa dar este primeiro passo. Pode acontecer que em uma primeira tentativa você não seja acolhido ou ouvido, mas as pessoas não fazem por mal. Às vezes, quem você procurou pode nunca ter tido contato com este tipo de situação, ou ainda ter se sentido inseguro para te dizer algo em um primeiro momento. Não desista e busque uma outra pessoa”, recomenda. 

Além disso, Phelipe sugere escolher um momento propício para a pessoa com quem se quer conversar, ser franco, trabalhar a escuta ativa, manter a calma e fazer pausas durante a conversa. Para os líderes, ele aponta que é importante escutar mais do que falar e ser acolhedor com os profissionais.

Saúde mental no trabalho: o tamanho do problema e como as organizações podem ajudar

Cuidando da saúde mental no ambiente de trabalho

Quando os profissionais enfrentam dificuldades relacionadas a transtornos mentais, é comum que eles se sintam mal por verem o rendimento cair ou ter uma performance diferente do que era esperado, além de todos os outros sentimentos aflorados pelo transtorno. Contudo, Fernanda ressalta que a necessidade de acolher esse momento e ser generoso consigo mesmo, ainda que a saúde mental esteja afetando a capacidade de trabalho. 

“Essa deve ser o primeiro passo. Em seguida, busque ajuda. Você pode conversar com um amigo próximo, algum familiar, o seu gestor, um médico ou um psicólogo. O importante é que você não viva este momento sozinho. Seja verdadeiro e exponha o que você realmente sente. Somente assim a ajuda será adequada e fará a diferença. Não se cobre por tempo e não se compare com ninguém. Seja carinhoso e verdadeiro com você”, sugere. 

Phelipe salienta que, como o trabalho ocupa grande parte da vida, suas circunstâncias podem afetar de maneira positiva ou negativa a vida como um todo. Ele reforça a necessidade de buscar ajuda de um profissional de saúde, mas aponta algumas ações que os profissionais podem adotar para contribuir para seu bem-estar dentro e fora do trabalho:

  • criar uma rotina, uma vez que ela pode ser um fator de proteção para a saúde mental;
  • tomar sol, já que ele tem propriedades que aliviam o sofrimento mental;
  • avaliar utilizar a espiritualidade como uma fonte de auxílio terapêutico;
  • pensar no próximo ou realizar ações voluntárias;
  • manter contato familiar e ter convívio social;
  • praticar atividades físicas e/ou meditação;
  • manter um hobby.

 

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Caso você precise de um apoio mais urgente, pode recorrer ao Centro de Valorização da Vida (CVV) ligando no 188. O Centro realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária todas as pessoas que querem conversar por telefone, e-mail, chat e mensagem.

 

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