Muitos sonham com uma carreira estável no serviço público. Já outros preferem apostar no empreendedorismo e construir o próprio negócio. Para quem está em dúvida em qual opção apostar, profissionais que fizeram a transição entre os setores compartilham os prós e contras de cada um. 

No início deste ano, Caio Leal trocou a posição de assessor de relações governamentais na ONG AIESEC pelo posto de assessor parlamentar do deputado distrital Leandro Grass. Anteriormente, ele fazia acompanhamento das pautas de interesse da instituição no Congresso. Hoje, é responsável por cuidar articulação política do parlamentar na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Sobre sua rotina, ele afirma que antes, no setor privado, tinha como se planejar melhor. “A transição foi tranquila mas pautas eram mais pontuais, então eu conseguia fazer uma agenda. Aqui não. Qualquer dia pode acontecer alguma coisa. Tudo é imediato. Mas a rotina de trabalho é mais regrada, eles levam muito a sério a hora de sair e de entrar. Na ONG eu não tinha horário de saída”, revela. 

O assessor pondera que, no setor público, é possível planejar melhor a vida pessoal. “Antes, eu dependia da agenda dos outros. Eu faço quase a mesma coisa, mas troquei de lado. Na prática, não trabalho mais. Tenho mais autonomia, estabilidade e uma remuneração melhor”, exemplifica.

Já Thais Strozzi Carvalho abriu mão de doze anos na Infraero para começar um escritório de advocacia, o Perman Advogados Associados. Mas a decisão não foi feita sem um planejamento cuidadoso. A jurista consultou um coach de carreira que a ajudou a estruturar um plano de desenvolvimento profissional. 

Sobre sua rotina de trabalho, Thais compartilha que o ritmo do setor privado é mais intenso e as questões de planejamento devem ser mais bem feitas e programadas, para que se tenha uma rentabilidade adequada. “Hoje eu trabalho mais, mas valeu a pena. É engraçado que tenho mais flexibilidade, de trabalhar em casa por exemplo. Mas existe a responsabilidade maior de entregar para o cliente o que foi acordado no prazo combinado”, ressalta.

A possibilidade de dar mais atenção à vida pessoal é um dos fatores que motivou a advogada a fazer a mudança. “Queria me dedicar mais à minha família, mas tenho o mesmo nível de responsabilidade. O salário é compatível para maior do que no setor público, que tem um crescimento limitado. No privado vou até onde quiser, depende só de mim. As coisas também são menos burocráticas”, opina. 

Paulo Henrique Azevedo também se viu limitado pelo serviço público. Formado em odontologia, ele atuava na Odontoclínica de Aeronáutica de Brasília, onde ficou por nove anos. Ele analisa que os servidores mais antigos são acomodados porque é muito fácil “ser engolido pelo sistema”.

“Eu tinha o hábito de fotografar o antes e depois do paciente, para avaliar a evolução, e enviava as fotos para ele depois. Até que levei uma bronca de um comandante. Ele falou que minha atitude poderia prejudicar àqueles que não enviavam fotos. Fiquei incomodado porque queria agregar, fazer mais que o feijão com arroz e fui repreendido”, relembra. 

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Em 2012, ele resolveu deixar a posição e empreender. Hoje, Paulo é sócio de um estúdio de fotografia e dá mentoria, cursos e palestras na área de gestão da saúde.“As pessoas sonham com concursos e às vezes vão só pelo cargo, iludido com o salário e a estabilidade. Chegando lá recebe uma série de frustrações porque no processo burocrático muita coisa não faz sentido e não tem um propósito de vida maior”, critica

Ailton Cunha trocou uma posição na start up Produtor Agro por um cargo de coordenador de gente e gestão na Liderança do Partido Novo. “Aqui a gente se inspira muito no privado, então senti menos a diferença. A falta de flexibilidade é uma das principais. As coisas são um pouco amarrados, tem teto e piso de salário e não podemos criar incentivos de crescimento”, exemplifica. 

O gestor também aponta que é um mito a noção de que servidor público não trabalha. “Trabalhamos muito, igual no privado. A questão é que a carga horária é mais formalizada com ponto e você tem um estímulo para não extrapolar as horas. Antes eu trabalhava mais, mas estava construindo algo para ser dono”, ressalta. 

Ele ainda opina que a parte de processos e metas de desenvolvimento de time é mais madura no privado, mas que no serviço público o trabalho coletivo tem um peso maior. “Quem vem para a gestão pública geralmente é muito ligado a uma causa. Eu vim pelo idealismo de tentar colocar o país no lugar. Já no privado, o incentivo é mais pessoal”.


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