Liderança

3 lições sobre legado da CEO da PepsiCo, Indra Nooyi

Após 12 anos como CEO da PepsiCo, a indiana Indra Nooyi deixará o cargo em outubro deste ano. Mesmo com sua saída – ela ainda permanece na presidência até 2019 – a companhia vivenciará os efeitos das suas ações e estratégias por muito tempo porque, como líder, tomou medidas pensando na longevidade e sustentabilidade do grupo.

Sua trajetória na Pepsi durou 24 anos, já que ela entrou para a empresa em 1994 como gerente de estratégia corporativa. Só em 2006 foi nomeada CEO da empresa, que hoje inclui marcas como Pepsi-Cola, Toddy, Cheetos, Elma Chips, H2OH! e Doritos. Saindo da posição, ela diminui ainda mais o ranking de mulheres no comando de empresas – nos Estados Unidos, por exemplo, com sua saída, serão 24 líderes femininas. 

As ideias inovadoras e o sucesso geral de Indra Nooyi no comando de um dos maiores produtores de alimentos e bebidas do mundo lhe valeram uma série de prêmios. Entre 2007 e 2014, a Forbes listou-a como uma das 100 Mulheres Mais Poderosas do Mundo. A revista Fortune, por sua vez, a nomeou a número um no ranking de Mulheres Mais Poderosas nos Negócios de 2006 a 2010. E, em 2008, a mídia especializada em rankings US News & World Report nomeou-a como parte da lista dos Melhores Líderes da América.

Leia também: 3 atitudes indispensáveis para os CEOs no futuro

Durante sua trajetória, a indiana chegou muito mais longe do que o que era esperado quando assumiu o posto de CEO, o que ela creditava à sua determinação e perfeccionismo. “Devemos continuar empurrando os limites para obter uma execução perfeita. O objetivo final é sermos impecáveis”, disse ela à Fortune em 2015.

Responsável por resultados satisfatórios e forte crescimento da PepsiCo – a Forbes, por exemplo, afirma que ela “atingiu crescimento financeiro e disseminou o propósito do grupo” -, Nooyi se retira do cargo deixando algumas lições sobre legado. Confira!

1. Dê cada passo pensando (também) no futuro

Assim que entrou, Nooyi teve uma influência imediata na estratégia da empresa. Em seus primeiros anos, como gerente de estratégia corporativa planejou e supervisionou reestruturações que foram peça-chave para o crescimento da Pepsi.

Por exemplo: em 1997, a PepsiCO vendeu seus restaurantes KFC, Taco Bell e Pizza Hut por uma quantia que ajudou na quitação de metade do valor de uma dívida bilionária. O que também permitiu que a companhia acelerasse sua estratégia de recomprar ações, dando-lhe flexibilidade financeira para investir no desenvolvimento de novos negócios.

Já em 1998, a PepsiCo comprou a Tropicana, um acordo significativo que colocou a empresa de bebidas em concorrência direta com a Coca-Cola (dona da Minute Maid) no mercado de bebidas não gaseificadas.

O efeito dos dois movimentos foi importante na época, mas seus desdobramentos ecoaram por muitos anos. Primeiro, com a vantagem econômica da venda dos restaurantes, a PepsiCo cresceu mais rapidamente. E, com a aquisição da Tropicana, se inseriu mais facilmente no mercado mais saudável, anos depois.

Desde o início, a executiva tem ações que reverberam (não por acaso) no futuro, o que mostra sua visão de longevidade e sustentabilidade do negócio presente mesmo quando não era CEO.

2. Mostre o raciocínio por trás das suas ações

Logo que assumiu o cargo de CEO da PepsiCo Nooyi se deparou com um mercado que estava em plena transformação. A crescente preocupação dos consumidores com a saúde fazia com que cada vez mais as empresas alimentícias investissem em produtos com baixa caloria e menos gordura, por exemplo.

Foi nessa época que ela decidiu redirecionar os gastos corporativos para alternativas mais saudáveis, uma das suas iniciativas mais controversas – inclusive para os funcionários da companhia.

“Acho que quando olhamos para as tendências de consumo e olhamos para onde víamos que os mercados estavam crescendo, sabíamos que tínhamos que reequipar nosso portfólio. Isso não era nem uma questão. Sabíamos que, se não o fizéssemos, nosso futuro estava em risco”, disse a Stephen Dubner, do podcast Freakonomics.

Leia também: Como a cultura sustenta a estratégia de um negócio (ou não)

“Eu sabia que essa jornada seria longa, árdua e cheia de armadilhas, porque não se trata apenas de mudar o portfólio. Tivemos que alinhar as inovações, o marketing, a execução e os orçamentos de toda a empresa para ir aonde o mercado estava indo e, em seguida, tivemos que mudar a cultura”, continua ela, que completa dizendo que a cultura foi a parte mais difícil da transformação.

“Quando as pessoas dizem que a cultura acaba com a estratégia, eu vivi em primeira mão, porque vi quantas pessoas disseram: ‘Por que deveríamos mudar nossa empresa que foi tão bem-sucedida para um futuro desconhecido?’ Eu tive que usar nossos próprios funcionários para dizer: ‘Seus próprios hábitos de comer e beber estão mudando. Se seus hábitos estão mudando, como evidenciado por A, B, C e D’- o que eu estava observando no trabalho – ‘por que você acredita que os hábitos do resto dos consumidores não estão mudando também?’”

3. Passe a bola (com cuidado)

A decisão de deixar o cargo após mais de 10 anos foi da própria CEO, que considerou o momento oportuno para sair. “Tive anos incríveis no comando da Pepsi, mas chega um momento em que você para e pensa: ‘Olha, é uma decisão responsável conduzir uma transição ordenada e ter outra pessoa assumindo a liderança da companhia’”, disse em entrevista recente.

“Ser uma CEO requer pernas fortes e eu sinto como se tivesse usado as minhas duas em uma corrida de revezamento, então quero uma outra pessoa, com pernas fortes e olhos atentos, para assumir o comando da companhia”, complementou a executiva.

Ela continuará como CEO até outubro e na presidência da PepsiCo até 2019. Sua decisão de sair de um cargo de liderança – no qual obteve bastante poder – mostra o quanto ela se preocupa com uma transição tranquila, que não afete a estratégia do grupo – da qual ela é, ainda em grande parte, responsável. 

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