Criatividade

É comum pensarmos em criatividade como um atributo distante, relegado aos grandes gênios da humanidade, a artistas excepcionais e pessoas muito “fora da curva”.

O que talvez nem todo mundo saiba é que a criatividade é uma característica que pode ser estimulada e exercitada em qualquer situação que exija solução de problemas, por exemplo.

Estar comprometido em ser mais criativo traz ganhos no âmbito pessoal (como aumento do bem-estar e diminuição do estresse) e profissional (como boas chances de crescimento na carreira).

Neste artigo, você vai ler:

  • A definição de criatividade
  • Como a criatividade de se forma
  • 10 Benefícios de ser mais criativo
  • A criatividade no ambiente de trabalho
  • Dicas de livros, filmes e documentário sobre o tema

Saiba mais a seguir!

Qual é a definição de criatividade

A palavra “criatividade” vem do latim “creare”, que significa criar. Curiosamente, a origem etimológica do termo é a mesma de que se deriva a palavra “criança”. Não por acaso, a infância é sabidamente um momento em que a curiosidade está aguçada e, portanto, criar se torna algo natural.

As concepções mais antigas do termo podem encontradas na filosofia, especialmente na relação entre os filósofos helênicos com as divindades. Isso porque, para eles, havia na criatividade um caráter sobrenatural, como uma inspiração dos deuses. Para Platão, por exemplo, criar era como um dom, uma força superior transcendental.

Já no dicionário, segundo definições do Oxford Languages (do Google) e do Houaiss, a criatividade é entendida como “inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar” seja qual for o campo (artístico, científico etc).

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Teorias para a criatividade

Como vimos, não são poucas as definições teóricas para a criatividade, mas as mais populares estão na obra de George F. Kneller, autor de A arte e a ciência da criatividade, segundo o qual há cinco explicações possíveis para o conceito:

  • Inspiração divina;
  • Forma de loucura
  • Qualidade de pessoas raras e diferentes
  • Força vital e força cósmica

Na obra, ele escreve a seguinte frase:

“Tão flexível e caprichoso fenômeno é a criatividade, que mal podemos defini-la”.

Kneller entende o conceito como a expressão de uma novidade e, ao mesmo tempo, uma realização pessoal para quem cria. Diz, ainda, que o pensamento das pessoas consideradas criativas é inovador, aventureiro e estimulado pela divergência, assim como pelo risco e pelo que desconhecem.

O autor também destaca que há – a partir de pesquisas de diferentes matrizes sobre o tema – quatro fases da criatividade, que são:

  • preparação
  • incubação
  • iluminação
  • verificação

Ainda segundo Kneller, alguns traços dos “criadores” seriam inteligência, flexibilidade, persistência e autoconfiança.

Já o psicólogo americano Ellis Paul Torrance define a criatividade como:

“um processo natural nos seres humanos, através do qual uma pessoa se conscientiza de um problema, de uma dificuldade ou mesmo de uma lacuna nas informações, para o qual ainda não aprendeu a solução; procura, então, as soluções possíveis em suas experiências prévias ou nas experiências dos outros; formula hipóteses sobre todas as soluções possíveis, avalia e testa estas soluções, as modifica, as reexamina e comunica os resultados.”

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Como se forma a criatividade?

A formação da criatividade é um tópico complexo e ainda objeto de estudo na área da psicologia e neurociência cognitiva. Embora não haja uma resposta definitiva, os cientistas têm proposto algumas teorias e fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da criatividade. Aqui estão alguns pontos de vista científicos:

#1. Conhecimento e experiência

Ter um amplo conhecimento em um determinado domínio e experiência prática nele pode fornecer uma base sólida para a criatividade. Quanto mais informações e habilidades uma pessoa possui em uma área específica, maior é a probabilidade de ela fazer conexões originais e inovadoras.

#2. Flexibilidade cognitiva

A criatividade está associada à capacidade de pensar de forma flexível, abandonar padrões convencionais e considerar diferentes perspectivas e abordagens. Pessoas criativas tendem a ter uma mente aberta, serem curiosas e dispostas a questionar o status quo.

#3. Associação de ideias

A habilidade de fazer associações incomuns entre conceitos aparentemente desconectados é um aspecto importante da criatividade. A capacidade de conectar ideias de diferentes áreas e combinar elementos aparentemente contrastantes pode gerar soluções inovadoras.

#4. Ambiente e contexto

O ambiente em que uma pessoa está inserida também pode influenciar sua criatividade. Ambientes que incentivam a exploração, a experimentação, o pensamento crítico e a colaboração tendem a promover a criatividade. A interação com outras pessoas, a exposição a diferentes perspectivas e o acesso a recursos estimulantes podem ser fatores que favorecem o desenvolvimento da criatividade.

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10 BENEFÍCIOS DE SER MAIS CRIATIVO (E COMO SE TORNAR)

Como já dissemos, é possível desenvolver componentes de criatividade e estimulá-los diariamente, o que gera inúmeros benefícios. 

As pesquisadoras Janaina Schneider e Tatiana de Cássia Nakano, da PUC de Campinas, fizeram um levantamento sobre a associação dos termos “creativity” e “well-being” em pesquisas na psicologia.  Segundo as autoras, há na literatura da área um predomínio de estudos segundo os quais a estimulação da criatividade favorece o aumento do bem-estar, o que vem a ser uma estratégia para promover saúde mental. 

Outra pesquisa, de 2018, mostra que divagar (ou “sonhar acordado”) pode deixar as pessoas mais felizes e criativas. Em termos práticos, a criatividade pode ser exercida a partir da combinação de ideias aparentemente sem relação, como sugere o psicólogo Robert Keith Sawyer. No livro Zig Zag: The Surprising Path to Greater Creativity, ele indica alguns passos para ser mais criativo, como passar a fazer mais perguntas e liberar a mente para imaginar outros mundos possíveis. Outras dicas muito difundidas para se tornar mais criativo são, por exemplo, perder o medo de errar e, em paralelo, buscar novas fontes de inspiração além daquelas já conhecidas.

A seguir, veja alguns benefícios de ser mais criativo:

# Ser mais tolerante

Quando há um compromisso em exercitar o lado criativo, a pessoa se coloca em uma posição de aprendiz, abrindo-se a novas possibilidades e formas de entendimento diferentes daquelas pré-concebidas. Isso a torna mais tolerante com o que é divergente – portanto, com o outro –, mas também com os próprios erros.

# Ter raciocínio rápido

Como a criatividade está muito associada à resolução de problemas, a rapidez de raciocínio vem a ser outra vantagem para quem busca ser mais criativo. Não necessariamente esse raciocínio será lógico, bem encadeado (como o pensamento de quem tem mais facilidade com as Ciências Exatas, por exemplo), mas certamente é um exercício ligado à busca por soluções de forma imediata. Isso tende a ser muito valorizado no ambiente de trabalho, como veremos mais adiante.

# Ter versatilidade

Na medida em que pessoas mais criativas transmitem autoconfiança e se expressam com mais facilidade, a criatividade as torna mais versáteis. Aliás, um dos significados de ser versátil é mover-se facilmente. Em outras palavras, expressar-se criativamente, com versatilidade, também leva à flexibilidade, que é importante para contornar problemas e não ser tão rígido diante das situações que se impõem.

# Conhecer o poder de realização

Diante de todos os pontos abordados anteriormente, não é exagero pensar que a criatividade leva a uma superação pessoal, já que ser criativo está ligado a se desafiar o tempo todo. Por isso, ter novas ideias – que sejam propositivas e capazes de promover mudanças – também tem uma associação com o poder de realização. Por meio do autoconhecimento (que é, também, um benefício do exercício criativo), a pessoa aprende até onde é capaz de chegar.

CRIATIVIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO

Ter profissionais mais criativos nos times tem se tornado uma vantagem competitiva para as empresas, e não estamos falando somente daquelas ligadas ao Marketing ou à Publicidade, nas quais há um departamento específico para a Criação. Quem consegue ser proativo para encontrar soluções para os problemas do dia a dia na profissão costuma ser mais valorizado em sua área. Segundo o coach e consultor de carreira Emerson Weslei Dias, a criatividade é uma competência que nos move a criar alternativas e, no campo profissional, isso pode representar “um diferencial que nos conduz ao sucesso.”

Todo esse diferencial está, também, relacionado com o aumento da produtividade, já que, como vimos, algumas características de pessoas produtivas também são encontradas nas criativas: mais facilidade para se expressar, versatilidade, raciocínio ágil etc. 

Paralelamente, equipes mais criativas têm mais facilidade para o intraempreendedorismo, um conceito que está diretamente ligado à criatividade para desenvolver novos produtos e inovar dentro da própria organização da qual faz parte. Alguns exemplos notáveis de intraempreendedorismo em grandes corporações são o Gmail – que surgiu como uma ferramenta de troca de mensagens entre os próprios funcionários do Google – e o post-it, da 3M (uma das empresas mais inovadoras do mundo), inicialmente pensado como um adesivo para ser usado na indústria aeroespacial.

DICAS DE LIVROS SOBRE CRIATIVIDADE

O caminho do artista

Esta obra de Juliana Cameron veio dos ensinamentos da autora para artistas que sofriam de bloqueio criativo. O livro é o material que ela reuniu nesse sentido, e traz dicas práticas sobre criatividade em modo amplo, não somente voltadas para as artes. Como resgatar o fluxo das ideias quando há uma pressão para entregar determinado conteúdo e, em paralelo, existem as travas que impedem de colorir a tela em branco? É disso que trata o livro de Cameron.

Roube como um artista – 10 dicas sobre criatividade

O livro do designer Austin Kleon figurou na lista dos mais vendidos de 2012 da Amazon e integrou a lista de best-sellers jornal The New York Times. De maneira bem-humorada, o autor relaciona a criatividade à autenticidade, dispensando o caráter de “genialidade” que muitos ainda associam ao conceito de criar. Aqui estamos diante de uma obra inusitada, que tem muita aderência com a era digital, afinal, trata dela mesma (e, de quebra, viralizou na internet).

Grande magia

Neste livro de Elizabeth Gilbert, a mesma autora do best-seller Comer, Rezar, Amar, um questionamento aparentemente simples norteia a narrativa: o que é viver criativamente? Segundo ela, trata-se de uma vida motivada mais pela curiosidade do que pelo medo. De maneira empática, a escritora fala do processo criativo como algo mágico, que requer persistência e confiança em seu próprio curso natural. Ela explora, portanto, a magia que há na própria inspiração, a partir de algumas lições que servem a todos.

Isto não é um livro – Keri Smith

“O que é um livro?” é a pergunta que norteia a narrativa da autora que, naturalmente, também leva os leitores a se questionarem, por meio de situações inusitadas. A obra é encarada como um canal por meio do qual quem lê pode exibir suas próprias criações. Algumas pistas são que um livro pode ser uma mensagem secreta, um equipamento de gravação ou um instrumento musical, a depender da forma como lidamos com ele.

DICAS DE FILMES SOBRE CRIATIVIDADE

O menino que descobriu o vento

Neste thriller que conta uma história real, a vertente criativa em questão é a capacidade de encontrar soluções para problemas complexos do dia a dia. O longa percorre a jornada do engenheiro autodidata William Kamkwamba, que, aos 14 anos, construiu um moinho de vento na vila em que morava com a família. Tal construção beneficiou toda uma comunidade que vivia em um contexto de privação de comida e falta d’água no Malauí, país do sudoeste do continente africano. 

Walt antes do Mickey

A história de Walt Disney não inspira somente designers, ilustradores e quem trabalha com animação de modo geral. Isso porque, a partir da trajetória do criador do personagem Mickey Mouse, o caráter empreendedor do empresário é evidenciado. Não por acaso, a trajetória dele virou estudo de caso para pesquisas acadêmicas sobre empreendedorismo e, claro, também se transformou em um case para quem quer empreender. Algumas das características de Walt Disney – como disposição para o risco, persistência em seus objetivos e a capacidade de enxergar o que ninguém via em uma época com poucos recursos – são encontradas em pessoas criativas.

A rede social

Os bastidores da criação da rede social Facebook a partir das ideias de Mark Zuckerberg – ainda enquanto estudante universitário em Harvard – são retratados no longa vencedor de um Oscar e um Globo de Ouro. O drama dirigido pelo aclamado cineasta David Fincher explora a genialidade daquele que viria a se tornar mais jovem bilionário da história, mas também mostra as complicações legais e os problemas pessoais que Zuckerberg teve para dar origem à marca. Aqui, a criatividade se mostra na forma de uma ideia nova e bem aplicada, mais também em termos de resiliência.

DOCUMENTÁRIOS QUE ABORDAM CRIATIVIDADE

Como o cérebro cria

O documentário da Netflix apresentado pelo neurocientista David Eagleman explora a busca por profissionais talentosos em diversas áreas de atuação, a fim de descortinar o processo criativo. Alguns dos personagens (reais) da produção são Tim Robbins – ator, diretor, roteirista e músico –, Grimes – cantora, compositora e artista visual – e Nathan Myhrvold, ex-diretor de tecnologia da Microsoft. A ideia de entrevistar escritores, arquitetos, cozinheiros, professores etc é mostrar que há várias formas de ser criativo, seja qual for o segmento em que a criatividade precise aflorar.

Oscar Niemeyer – A vida é um Sopro

A vida do arquiteto brasileiro considerado uma das figuras-chave da arquitetura moderna é contada a partir de suas principais obras. No filme dirigido por Fabiano Maciel, vemos a relação entre os projetos concebidos por Niemeyer e as transformações pelas quais o próprio país passou. Além da riqueza de imagens, o documentário se destaca por depoimentos potentes, como dos escritores José Saramago e Eduardo Galeano.

Chef’s Table

A primeira série documental da Netflix coloca a culinária em um patamar artístico, com grande potencial criativo. A produção mostra as cozinhas de seis dos chefs mais renomados do mundo. Cada episódio acompanha um deles e retrata sua história e o caráter criativo dos pratos. Alguns dos cozinheiros são Massimo Bottura (do restaurante italiano Osteria Francescana), Dan Barber (do estadunidense Blue Hill) e Magnus Nilsson (do Fäviken, na Suécia). 

Conheça a trajetória de profissionais bem-sucedidos

Como já destacamos, tolerância, raciocínio rápido e versatilidade são algumas das características das pessoas criativas. Por sua vez, os profissionais que conseguem colocar criatividade no dia a dia geralmente têm uma trajetória de sucesso. O atributo é essencial, por exemplo, para trabalhar em carreiras do ramo da tecnologia. A Wikitech oferece a possibilidade de navegar, de forma gratuita, pela jornada de experts do setor. Acesse aqui a plataforma de vídeos!

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