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47% das empresas não investiram na saúde mental dos funcionários na pandemia, diz estudo

Em outubro deste ano, a empresa de psicologia online e saúde emocional corporativa Vittude, em parceria com a Opinion Box, realizou um estudo sobre a saúde mental dos trabalhadores brasileiros durante o período de pandemia. A pesquisa “Saúde Mental em Foco” contou com 2.007 trabalhadores a partir de 16 anos de idade, de todas as regiões do Brasil.

Participaram do estudo profissionais de diversos segmentos, como funcionários de multinacionais, de pequenos negócios e serviços públicos, do comércio e até profissionais da área da saúde que trabalham na linha de frente do combate ao Covid-19.

Dentre os temas investigados, mudanças na rotina dos trabalhadores, impactos da pandemia na saúde mental e as ações tomadas pelas organizações.

Trabalho e produtividade

Dos participantes, 32% relatam ainda estar de home office em tempo integral, enquanto 12% esteve em home office, mas voltou para o modelo de trabalho presencial.

A percepção dos profissionais sobre sua atuação variou: enquanto 26% sentem que sua produtividade é maior atualmente, 29% sentem que ela piorou neste período da pandemia.

Com as mudanças e o contexto de crise, a saúde mental passou a ser um ponto de atenção para os trabalhadores. Quase metade dos entrevistados afirmam que deixou de fazer atividades que lhe davam prazer, como as físicas ou de lazer. Para 33%, houve sobrecarregamento com o acúmulo de funções e 24% tiveram dificuldade de tocar a rotina da casa.

Leia também: 10 dicas para uma comunicação eficiente trabalhando em home office

Ainda em meio às incertezas que permearam 2020, alguns conseguiram tirar proveito do isolamento social. Um quarto dos entrevistados do estudo contam que passaram a se alimentar melhor desde o início do ano, e 23% sentiram que tinham mais tempo para cuidar de si. Outros 22% aproveitaram melhor o tempo com os filhos ou filhas e 18% se dedicaram a aprender uma nova atividade ou hobby.

Quanto à concentração e criatividade, também investigadas pela pesquisa “Saúde Mental em Foco”, 32% sentem que a concentração e o foco pioraram e 22% sentem que perderam a criatividade. Por outro lado, 25% viram o foco e a concentração melhorarem e 29% se sentiram mais criativos em 2020.

Impactos na saúde mental

O impacto da pandemia na saúde mental se mostra em alguns aspectos avaliados. Para 41% dos entrevistados, os últimos meses foram permeados por um “medo intenso de que alguém próximo ficasse doente ou morresse”. Dos participantes, 33% apresentaram insônia e a mesma quantidade de pessoas sofreu crises de ansiedade após o início da pandemia.

A fim de cuidar da saúde mental, 35% dos respondentes pararam de ver notícias ou quaisquer informações que pudessem lhes fazer mal. E o papel das redes sociais não foi relevado, já que 42% dos entrevistados contam acreditar que elas contribuem diretamente para quadros de ansiedade.

A relevância do tema cresceu durante o ano: 62% das pessoas disseram que passaram a entender mais a importância de cuidar de sua saúde mental.

O assunto saúde mental no ambiente de trabalho

Entre os profissionais entrevistados pela Vittude, 47% acreditam que suas empresas estão preocupadas ou muito preocupadas com a saúde mental dos trabalhadores e 25%, por sua vez, sentem que as organizações não estão preocupadas.

Outro dado revelado pelo estudo mostra que a distância entre o assunto saúde mental e o ambiente de trabalho para alguns. Ainda que 50% dos entrevistados contem se sentir à vontade para conversar com um psiquiatra ou psicólogo, se o profissional for indicado pela empresa, a porcentagem cai para 36%.

A porcentagem de funcionários que se sente à vontade para conversar com seus líderes sobre saúde mental é ainda menor: 33% se sentem confortáveis para conversar com seu líder direto e apenas 28% se sentem confortáveis em conversas com o RH da empresa.

Leia também: O que esta psicóloga ensinaria para todos sobre saúde mental e carreira

Dentre as principais ações tomadas pelas empresas para contribuir com a saúde mental dos colaboradores estão informativos sobre cuidados, iniciativa de 23% das empresas, acesso à equipe psicológica ou de saúde em 18% das empresas e encontros presenciais ou virtuais sobre o assunto em 17% delas.

Porém, apenas 11% das empresas dos profissionais entrevistados oferecem terapia pelo plano de saúde e 46% delas não adotaram procedimentos relacionados à saúde mental de seus funcionários durante a pandemia.

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