André Hamra, brasileiro que é aluno excelente da Universidade da Pensilvânia

Quando se fala em excelência acadêmica, uma série de itens vem no pacote. Além das boas notas em avaliações, a participação em sala pode somar pontos, assim como o envolvimento em atividades extracurriculares. Em uma universidade da Ivy League, a barra sobe ainda mais. Ou seja, fica mais difícil ser reconhecido como um aluno excelente quando essa é uma característica tão constante entre os colegas.

Com um desempenho acadêmico excelente no Ensino Médio, o paulista André Hamra não fazia ideia do nível de exigência que encontraria em sua graduação na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. “Eu nunca tinha ‘batido cabeça’ com alguém que tivesse estudado fora do Brasil, muito menos na Ivy League”, conta ele, nascido em Catanduva, no interior de São Paulo. “Quando fui aceito, não fazia a menor ideia se estaria entre os piores ou melhores da turma. A única meta que eu estabeleci foi que seria o primeiro em questão de esforço. O resultado, porém, era uma incógnita”.

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André sabia, entretanto, que estaria no melhor curso do mundo em sua área de interesse, focado em negócios. “Nem todas as universidades americanas permitem que os estudantes de graduação frequentem suas business schools“, explica o brasileiro, prestes a iniciar o último ano do curso. “Na Wharton, eu faço um ‘MBA de quatro anos’, já que tenho as mesmas aulas que os alunos de MBA, inclusive com os mesmos professores”.

A atitude do brasileiro mudou quando recebeu as primeiras notas na UPenn, que revelaram bons resultados. “Depois de as notas do segundo semestre terem sido tão boas quanto as do primeiro, vi que não era sorte e que eu poderia brigar para estar no topo”. A partir daí, definiu as metas que serviriam para todo o curso: um número de concentrations (majors especializadas da Wharton) e um GPA (média de notas, cujo valor máximo é 4.0) próximo do desempenho máximo, que entre para a história da UPenn. “Essas duas metas vêm me motivando, já que estou fazendo algo aparentemente inédito por aqui”.

GPA quase perfeito: como ser o aluno excelente em Wharton

Com formatura prevista para 2019, André prepara-se para alcançar o tal feito inédito com seu GPA. Para ter uma ideia, o resultado até agora é de 3.93, diante dos 4.0 possíveis. Além disso, o brasileiro determinou que exploraria um número considerável de áreas em suas concentrações do curso de Economia: Finanças, Gestão, Contabilidade, Impacto Social e Responsabilidade. Não bastassem esses campos, declarou um minor em Filosofia.

“Um amigo meu teve performance de 94% em uma aula de finanças, mas ele recebeu A-. A cota de As fora apanhada por colegas que tinham se saído ainda melhor do que ele.”

Alcançar tais números exige esforço, ainda mais comparado a uma concorrência tão acirrada. “Você está junto de gente muito nova e talentosa, e a universidade é seu trabalho em tempo integral, então é natural que a exigência não seja baixa”, destaca o paulista. “Como em todo lugar, alguns se esforçam mais do que outros e a diferenciação existe. Assim, você tem certa liberdade em escolher que tipo de aluno deseja ser e que tipo de graduação quer levar”.

A forma como os estudantes são avaliados em Wharton, entretanto, deixa o processo mais difícil – afinal, são aulas “curvadas”. Isso quer dizer que, ainda que uma sala inteira vá bem em um teste, as notas “A” só são atribuídas a uma parcela limitada dos estudantes. “Um amigo meu teve performance de 94% em uma aula de finanças, no semestre passado”, exemplifica André. “Mas ele recebeu A-, já que a cota de As fora apanhada por colegas que tinham se saído ainda melhor do que ele”.

Formas de chegar lá

André resume dois pontos que permitem que ele se destaque enquanto estudante: foco e trabalho duro. Isso sem falar do planejamento necessário para dar conta de tudo, e que faz parte da rotina do brasileiro.

“Antes do primeiro dia de aula de cada semestre, pego uma folha em branco, viro na horizontal e divido em partes iguais para cada aula”, conta o jovem. Com acesso ao syllabus – uma descrição dos textos e atividades programados para cada disciplina – ele lista os afazeres em cada parte da folha, bem como seus prazos respectivos e seu peso na nota final.

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“Para elementos que não têm data de entrega, como nota de participação, deixo uma observação na parte inferior da folha”. Com o mapeamento feito, é a vez de passar as datas para o calendário do Google, que pode ser atualizado de acordo com mudanças no cronograma. “Com isso, tenho uma visão clara de tudo que preciso realizar e consigo planejar meu semestre todo”.

Já as tarefas mais imediatas ganham espaço em uma lousa no dormitório, em que são registrados também compromissos e atividades extracurriculares. “Toda vez que entro no meu quarto, sou lembrado de tudo que preciso fazer de imediato”.

“Aula dada, matéria estudada”

Esse é o eixo principal dos métodos de estudo que André menciona, e que o ajudaram na UPenn: aula dada, matéria estudada. “A retenção de conhecimento é muito grande quando se estuda uma aula que aconteceu no mesmo dia”, diz o jovem. Como material, usa desde os slides disponibilizados pelo professor até exercícios do livro-texto. Se a matéria não é finalizada no mesmo dia, ressalta André, precisa ser terminada no fim de semana.

A postura em sala, por sua vez, também importa. O estudante paulista faz questão de se sentar na primeira carteira e deixar o celular de lado, para focar na matéria e atividades desenvolvidas. “Se o professor permite, eu também gravo as aulas mais difíceis e escuto novamente no meu dormitório, caso precise reforçar algum conteúdo”.

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Os métodos de estudo e revisão, entretanto, são bastante pessoais. Há quem fixe melhor o conteúdo apresentado visualmente, enquanto outros preferem reescrever trechos importantes. No caso de André, a abordagem varia de acordo, também, com o tipo de exercício solicitado – por exemplo, atividades que exijam mais criatividade. “Eu costumo ler as instruções assim que ficam disponíveis, e aí passo os dias seguintes pensando nelas e fazendo um brainstorming de ideias”.

Graças à revisão constante, André Hamra explica que a preparação para exames fica mais tranquila. “Sempre tento começar essa revisão mais cedo, já que nosso corpo não gosta muito de aprender sob pressão”. No cronograma de Hamra, seis dias antes da prova, já é possível começar os resumos da disciplina. Dois dias antes, é a hora dos exercícios e simulados.

Além do planejamento bem alinhado, uma parte crucial é manter os bons hábitos – horas de sono em dia, alimentação equilibrada e pausas para exercícios físicos encaixadas na rotina.

Conselhos de um aluno excelente

Quem deseja obter resultados bem acima da média – seja na Ivy League ou no Brasil – pode aproveitar alguns conselhos sobre produtividade e foco de André.

#1 Descubra o que importa para você

Pode ser uma boa nota no histórico, conhecer estudantes de várias origens ou fazer disciplinas em várias áreas (mesmo sem se sair bem em todas elas). A partir daí, vale estabelecer metas ambiciosas, mas não impossíveis.

“Você vai correr atrás de algo que considera importante, e ser também encorajado por uma meta desafiadora”, explica o brasileiro. “Se a meta for algo que ninguém nunca conseguiu fazer, a motivação pode se tornar ainda maior”.

#2 Saiba quais são os impactos do que está aprendendo

Pergunte-se como as aulas de sociologia ou física impactam questões do mundo real. “Assim, você sente que existe algo maior no que faz, ligado ao mundo real”.

#3 Defina suas atividades de acordo com prioridades 

“Quando você tem uma festa para ir em um fim de semana, mas tem uma prova para estudar”, exemplifica ele. “O foco vai fazer com que se priorize a prova”.

#4 Faça o que tem de ser feito

O que significa, muitas vezes, fazer mais – ou melhor – do que os colegas.

#5 Respeite seus limites

“É preciso que nosso instrumento de trabalho, nosso corpo, esteja bem para podermos nos destacar”, pontua André. “Então, é importante cuidar da alimentação, exercícios e sono”.

 

Este conteúdo foi originalmente publicado no portal Estudar Fora.

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