Fátima Gavioli

Atual secretária de educação, cultura e esporte do estado de Goiás, Fátima Gavioli encontrou na docência e educação seu propósito de vida. De origem humilde, ela trabalhou como empregada doméstica até se formar no curso superior de Letras e ser aprovada em concurso público como professora da rede pública estadual de Rondônia. Sua dedicação à função fez com que ela chegasse a ocupar o cargo de secretária da educação do estado e o ajudasse a conquistar um dos melhores Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do país. Conheça mais da carreira da docente!

A vocação na educação de Fátima Gavioli

Fátima afirma que sempre soube que queria trabalhar com educação. Ainda criança, sua brincadeira favorita era de escolinha, alternando entre professora e aluna. “Mas estudar foi uma realidade um pouco distante para mim. Minha família morava em um sítio e a escola para o aluno da zona rural na década de 80 era ainda muito distante, principalmente para quem nascia em comunidades muito pobres. Então, eu não tive direito à pré-escola, nem creche. Fui direito para a primeira série”, relata.

Mas dentro do ambiente escolar, a jovem era dedicada e já mostrava pré-disposição para a docência. “Sempre que terminava minhas atividades, perguntava se podia ajudar os outros. Mas tive que parar de estudar na antiga quarta série (hoje quinto ano) porque precisava ajudar na roça. Nessa época, minha família saiu do Paraná e fomos para Rondônia. Só retomei aos estudos aos 14 anos. Fiz a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) para completar o ensino fundamental, aos mesmo tempo que cursava o ensino médio profissionalizante de técnico em contabilidade”, compartilha.

Durante esse período, ela ainda conciliava os estudos com o trabalho como empregada doméstica. Apesar da rotina atribulada, Fátima nunca abriu mão de estudar. “Aos finais de semana, ainda fazia cursos pelo Sebrae, qualquer um que estivesse disponível. Quando eu terminei o ensino médio, abriu um curso de Letras na faculdade da minha cidade. Conversei com meus patrões e eles me liberaram para estudar. Me formei como professora de língua portuguesa. Logo depois, abriu concurso na área para o estado de Rondônia e eu passei em primeiro lugar”, celebra Fátima.

Trabalhando no serviço público

Recém aprovada no concurso, Fátima Gavioli foi alocada em um pequeno distrito de Rondônia, onde trabalhou por cinco anos. Ela desenvolveu algumas iniciativas para combater a evasão escolar, inclusive alfabetizando pais de crianças depois do horário regular de aulas. A proatividade da jovem professora chamou a atenção de um dos senadores do estado, que posteriormente a convidaria para entrar na vida pública.

“Um dia, ele visitou a cidade e veio me ver. Na época, não havia internet ou whatsapp, mas a fofoca já corria. Nos conhecemos e tiramos uma foto. Algum tempo depois, ele concorreu para governador. Quando ganhou, me indicou para ser coordenadora regional de Cacoal, cidade com pouco mais de 100 mil habitantes na época. Houve uma comoção muito grande porque eu não tinha tempo de carreira suficiente para ser promovida para esse cargo, mas mesmo assim eu assumi. Fiquei na posição durante todo o mandato do governador”, aponta.

Depois de quatro anos no governo, Fátima Gavioli retornou às salas de aula como professora de língua portuguesa. Ela exerceu a função por mais 8 anos antes de voltar a assumir outro cargo político. No meio tempo, a docente se formou como mestre em educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e começou a estudar direito pela Universidade Federal de Rondônia. “Quando o governador Confúcio Aires Moura foi eleito, ele me chamou para assumir novamente a coordenação regional. Depois da reeleição dele, ele pediu que eu assumisse a Secretaria de Educação do Estado”, detalha.

A secretária Fátima

Empossada como secretária, Fátima se mudou para a capital do estado e começou um doutorado em psicologia, focando nas funções executivas do cérebro. Durante seu período no cargo, a professora colaborou para que Rondônia tivesse um dos melhores IDEBs no país, conquista que ela credita a um trabalho em equipe. O índice é calculado com base no aprendizado dos alunos em português e matemática e na taxa de aprovação escolar.

“O IDEB não é construção de um único secretário e sim um trabalho contínuo. Todos precisam se envolver com a questão. Quando um se envolve menos, o resultado tende a cair, mas esse não foi o caso. Quando eu assumi, estávamos no 11º lugar. Depois, passamos para 6º. Tudo isso depende de planejamentos, metas e parceiras estratégicas para que a educação não caia. As melhorias ocorreram devido a chegada do terceiro setor. Instituições como o Instituto Ayrton Senna, a Fundação Lemann, Itaú Social e parceiras com prefeituras foram essenciais, além da ação tecnológica”, analisa.

Ao final do mandato, no encerramento de 2016, Fátima Gavioli retornou às salas de aula novamente até receber um convite do governador Ronaldo Caiado para assumir a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás, em 2019. “Quando eu vim, muita gente me disse que eu era doida porque Goiás tinha o melhor IDEB do país. Mas eu vi uma oportunidade de melhorar ainda mais a nota. Não é uma questão de ser o primeiro lugar, mas de continuar crescendo. Estamos trabalhando há um ano e meio. Não tem sido nada fácil mas a gente tem conseguido fazer grandes mudanças. Eu realmente não acredito em nada que não seja colocar a educação em primeiro lugar para que um país possa se desenvolver”, defende.

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Não importa qual seja sua área, das carreiras tradicionais até as novas profissões, Fátima Gavioli afirma que se o profissional não se dedicar, passará desapercebido. “Você tem que se envolver e se dispor a ser diferente, senão você é mais um na multidão. A principal condição é gostar e acreditar no que faz. Sair todos os dias com a sensação de que valeu a pena. Fazer a diferença lá naquele distrito foi o que fez o senador querer me conhecer. Então, tem um quesito de paixão e de querer fazer algo que não seja apenas mais do mesmo”, pondera.

Mas ainda que seja apaixonada pela área da educação, a secretária percebe que os profissionais da área sofrem com as condições de trabalho. “Somos uma categoria de massa, então o dinheiro que recebemos acaba sendo dividido entre muitas pessoas. Por isso, acabamos recebendo pouco, ainda que nosso trabalho seja tão importante e tenha um impacto enorme. Às vezes, até nós mesmos acabamos fazendo campanha contra a profissão. É o exemplo que arrasta, então precisamos ter cuidado para não fazer com que as pessoas não queiram se tornar professores. Eu sou muito feliz na carreira que escolhi”, analisa.

E dedicada ao seu propósito, Fátima está trabalhando para aprimorar a educação do país com enfoque em melhorar as estruturas físicas das escolas, reduzir a evasão, fortalecer a carreira de professor, ofertar mais formação continuada, fazer a descentralização dos recursos públicos para conselhos escolares, entre outros projetos.

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