Ainda na universidade, jovens transformam a venda informal de doces em negócio

Quando Gabriela Santos era criança, em Minas Gerais, sua mãe decidiu criar um doce mais saudável para ela. De tão gostoso, o pão de mel resultante virou business e é vendido até hoje pela matriarca. A experiência animou a menina em relação ao poder do empreendedorismo. “Minha mãe nunca teve formação e aprendeu tudo na prática, e os ensinamentos que ela trouxe serão tão ou mais importantes que qualquer MBA”, diz a filha, hoje com 22 anos.

Anos mais tarde, já estudando Engenharia Química na UFRJ e sempre de olho em oportunidades para empreender, Gabriela teve uma ideia. Convidou o namorado Lucas de Sá, colega de curso na mesma universidade, e decidiram testar seus talentos na cozinha.

Em outubro de 2014, começaram a vender brownies e sanduíches naturais caseiros com a ideia de financiar um curso no exterior. Falharam – e ainda tinham a fatura do cartão para pagar, já que investiram do próprio bolso.

Foi quando a matriarca, que Lucas considera uma mentora, teve mais uma ideia acertada. “Ela ficava martelando que não se vendia alfajor em lugar nenhum”, lembra ele. “Então pegamos todo o carinho que colocávamos nos outros produtos, os ingredientes encalhados e começamos a fazer.” Venderam todos no mesmo dia e concluíram que era de fato um nicho, que poderia render o dinheiro necessário para estudar fora. Decidiram seguir por esse caminho.  

Carreira Na Prática

No fim de 2014, alguns meses após o início da empreitada, Lucas participou do Carreira Na Prática sobre empreendedorismo e tecnologia. “Fora desse meio as pessoas não falavam sobre empreender e lá parecia que eu estava em outro planeta, todo mundo tinha projetos e tocava coisas interessantes”, fala.

Entre palestras, happy hours e uma nova agenda de contatos, saiu com a ideia de virar o ano com um negócio de fato. Em janeiro de 2015, que ele chama de “ano da ralação”, fundaram oficialmente a Gravetto Alfajores. “Saí de lá com outra cabeça: não estava só juntando dinheiro, aquilo era um negócio.”

Lucas – que se apaixonou tanto por gestão que trocou de curso e agora estuda Administração na mesma universidade – ainda voltou para participar do Carreira Na Prática Gestão Empresarial e do Liderança Na Prática 32h, programa de formação de lideranças.

Um de seus lemas, que ele usa para ilustrar a importância dos programas (e das redes formadas lá!) em sua trajetória, é de autoria do palestrante motivacional Jim Rohn. “Ele dizia que você é a média das cinco pessoas com quem mais convive, e pra mim isso é a melhor sacada: se você não sabe como começar, conviva com pessoas que admira para encarar seu sonho como possível, porque o sucesso contagia.”

Já Gabriela apostou em outro programa do Na Prática, o Autoconhecimento Na Prática, que visa desenvolver autoconhecimento e autodesenvolvimento – outros pilares importantes para uma carreira que proporcione sucesso e realização. Gostou tanto que se tornou facilitadora da iniciativa. “É sensacional enxergar como você pode potencializar pessoas agindo com amor, vocação, metodologia correta e trabalho duro”, conta. Os dois veteranos também integram o Núcleo, a comunidade de alumni dos programas do Na Prática.

Cotidiano Além dos alfajores, a Gravetto já oferece outros doces como merengues com doce de leite e cookies com Nutella. Com produção diária de cerca de 200 itens, feitos pelos dois com a ajuda de uma funcionária, a empresa atingiu o breakeven financeiro em 2015 e conta com 30 pontos de venda, além de aceitar encomendas.

A rotina de empreendedores-estudantes, no entanto, é puxada. Lucas acorda praticamente de madrugada, trabalha na Gravetto pela manhã e segue para a faculdade. No meio tempo, faz compras e liga para fornecedores e clientes. Atualmente, o portfólio inclui marcas como Cantão, Vogue e Mary Zaide.

Ambos dizem que a parte mais difícil é lidar com pessoas. No caso deles, que acumulam um relacionamento e uma sociedade, é algo que exige ainda mais cuidado e paciência. “Eu e Lucas discordamos em muita coisa, o que é ótimo do ponto de vista da gestão do negócio para que o processo decisório gere reflexão”, diz Gabriela. Para ele, conciliar os dois aspectos é um aprendizado constante.

Mesmo enfrentando desafios constantemente, os dois estão animados – e sendo reconhecidos. Em março passado, ganharam o primeiro lugar no Momento Pitch, parte do curso de empreendedorismo Meu Futuro Negócio da FIRJAN. “Ganhar a competição mostra que estamos no caminho certo e é legal ouvir isso de pessoas que são referências na área”, fala Lucas. “Vimos que nosso esforço foi recompensando, independente da Gravetto durar mais um ano ou cem.”

Entre os prêmios está um curso de Design Thinking e Business na ESADE, em Barcelona. Quem vai é Gabriela, que fez o pitch. “Empreender me dá a liberdade de testar, quebrar a cara, refazer… E isso gera muito crescimento pessoal”, diz. “É a melhor sensação do mundo quando somos reconhecidos e elogiados por um projeto que criamos, e você é reconhecido por estar fazendo algo que ama, aí não tem sensação igual.”

Leia também: ‘Meu negócio acabou ensinando muito sobre quem eu realmente sou’, diz fundador do Brownie do Luiz

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