duas mulheres escrevem em parede de lousa branca com notas autoadesivas coladas

Pesquisa e ensino são dois fatores típicos da carreira acadêmica, mas a formação de intelectuais (desde a iniciação científica até a livre-docência) não se restringe à sala de aula ou às bibliotecas e laboratórios. As possibilidades são amplas, embora, como qualquer atividade profissional, tenha uma série de prós e contras. 

Para ampliar a noção do que faz um acadêmico e o que uma pessoa interessada em trilhar esse caminho deve ter em mente, selecionamos dez fatos sobre a carreira acadêmica. Confira!

#1 A formação acadêmica leva tempo 

Falar em tempo é sempre muito relativo, mas, em relação à carreira acadêmica, é fundamental considerar que você levará anos da sua vida para constituir uma formação. Entre graduação e pós-doutorado há um período que, em geral, é de no mínimo uma década. Aliás, há praticamente um consenso entre profissionais da área de que não há um momento em que a formação esteja “completa”. Isso porque, após a obtenção de um diploma ou título acadêmico, ainda há muito trabalho a ser feito, como pesquisa contínua.

Outro fator dentro do quesito “tempo” é a carga de ensino típica durante o período letivo, que é de 10 a 12 horas por semana, na teoria. Na prática, porém, a realidade é bem diferente: quem opta também pela docência (ou seja, quem não fica restrito à pesquisa) gasta muito mais horas que essas corrigindo provas e supervisionando os alunos. 

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Ainda com relação à docência, as oportunidades de trabalho geralmente demoram a aparecer porque comumente estão ligadas à formação em si, variando conforme o grau acadêmico. 

#2 Ter um bom histórico escolar é essencial

Um dos maiores indicadores de sucesso na academia, como em muitos outros campos, será seu histórico escolar. Ter mantido um bom desempenho antes mesmo da graduação certamente fará a diferença para muitas oportunidades – até mesmo para conseguir bolsa de estudos. 

Para quem deseja complementar a formação acadêmica fora do país, por exemplo, a questão é ainda mais importante, já que é preciso considerar pontuações em testes padronizados – uma exigência comum em universidades do exterior. 

#3 Curiosidade intelectual é característica fundamental para seguir na pesquisa

Há quem relacione o QI alto a uma vantagem significativa na realização de pesquisas científicas, principalmente para trabalhos mais complexos. Nesse sentido, inteligência poderia ser um forte indicador de sucesso nas investigações do campo acadêmico, além de boas habilidades de raciocínio verbal e quantitativo (dependendo da área de interesse). 

Porém, a ideia de um bom desempenho acadêmico só pode ser atingido por estudantes com inteligência acima da média não é verdadeira. É claro que, quando se pensa em pesquisa, os nomes de muitos “gênios” da Ciência certamente vêm à mente, mas há evidências de que níveis mais baixos de inteligência possam ser superados com um componente que – este, sim – não pode faltar a um pesquisador: a curiosidade intelectual. 

O esforço para ir a fundo em determinado assunto, somado à curiosidade incessante sobre o tema de interesse é um dos principais fatores que determinam o sucesso de uma pesquisa. É importante, também, trabalhar a criatividade para exercitar um olhar diferente até mesmo sobre um tema exaustivamente investigado. Quando se fala em originalidade – tão necessária principalmente em projetos como de doutorado –, nem sempre é sobre um tema inusitado sobre o qual ainda não há estudos, mas sim sobre uma contribuição nova para o campo sobre determinado assunto.

#4 Autonomia e trabalho solitário são um dilema 

A academia costuma oferecer uma grande liberdade para pesquisar o que você escolher. É claro que isso varia conforme o campo ou o departamento – e possivelmente haverá menos autonomia no início da carreira –, mas só o fato de se debruçar sobre um tema de que gosta e que você mesmo propôs já se traduz, no mínimo, em satisfação pessoal. 

No entanto, é preciso considerar que, muitas vezes, a pesquisa acadêmica é bastante solitária, especialmente em nível de PhD, quando a autonomia é ainda maior. Isso é especialmente verdadeiro nas Ciências Humanas, por exemplo – já que as pesquisas de laboratório são geralmente mais colaborativas. 

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Para pessoas autogerenciáveis e que preferem trabalhar de maneira isolada, todos esses fatores podem ser bem vantajosos. Já para quem gosta de trabalho em equipe e, ainda assim, quer enveredar pela academia, uma saída é manter contato com colegas do campo e mentores de pesquisa.

#5 Produção científica conta, mas não define um bom pesquisador

É difícil saber exatamente como está espalhada a distribuição das pesquisas científicas, mas há evidências que sugerem que grande parte dos artigos produzidos nunca foi sequer citada. Por trás da frequência de citações há uma série de fatores aleatórios, como a replicação das ideias por parte de alguém com mais prestígio na área (o que acaba influenciando para que mais pesquisadores citem determinado artigo).  

Portanto, aqui vem outro fato: não necessariamente os melhores cientistas são aqueles que escreveram mais artigos, foram mais citados ou publicaram vários livros. A pesquisa com maior probabilidade de ser publicada geralmente depende do que é popular na área no momento, ou de pesquisas que sugerem resultados novos e empolgantes. Entretanto, há uma inegável pressão pela produtividade – e os pesquisadores que não preveem estar entre os acadêmicos mais produtivos correm o risco de terem um impacto social menor de seus estudos.

#6 Acadêmicos também são bem-vindos fora da academia

Um acadêmico terá de dominar rotas possíveis (dentro de um objetivo pré-determinado) para resolver problemas importantes, mas essa capacidade não se restringe à pesquisa. Bons pesquisadores podem atuar no setor privado, desenvolvendo pesquisas de alto impacto dependendo da área de formação. 

Um biomédico, por exemplo, pode trabalhar para uma empresa farmacêutica e utilizar as boas habilidades na investigação científica para desenvolver fármacos. Já um cientista da computação pode atuar em desenvolvimento tecnológico para conglomerados como Google ou Amazon. Como cientista social, uma opção para além da academia é se envolver com uma think tank ou com órgãos governamentais.

Os acadêmicos também podem influenciar a opinião pública, aconselhar formuladores de políticas ou gerenciar equipes de outros pesquisadores para ajudá-los a serem mais produtivos. Muitas vezes, as pessoas encarregadas de tomar decisões importantes precisam recorrer a especialistas externos que tenham esse conhecimento especializado, que podem ajudá-los a tomar as melhores decisões possíveis.

#7 A flexibilidade pode ser um desafio para acadêmicos

Em um ambiente no qual a formação e a titulação são fundamentais, não é de se surpreeender que a competitividade seja das mais altas. E, num cenário altamente competitivo, é comum ter que se mudar para uma universidade diferente em cada estágio, ou até mesmo morar em um lugar distante do local de origem para abraçar uma oportunidade de trabalho como docente, por exemplo. 

Por outro lado, uma vez que o acadêmico consegue se estabelecer como um especialista em uma disciplina específica, pode se tornar mais difícil mudar de área mais tarde. Ou seja: é preciso dosar a habilidade de ser flexível (no sentido de se adaptar às mudanças necessárias) com a habilidade de se especializar em um nicho específico. 

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#8 Uma regra básica para ter regularidade na pesquisa é gostar do tema

Muitas pessoas parecem “cair” em áreas de pesquisa por motivos circunstanciais: herdaram um tópico de doutorado de seu orientador e, em seguida, procuraram cargos de pesquisa em áreas afins. Não há problema nisso se, de fato, você tiver total alinhamento com o tema que seu professor está desenvolvendo. Porém, a situação começa a se complicar quando os pesquisadores concentram esforços em determinados estudos baseados muito mais na conveniência do que no interesse pessoal por aquela pesquisa. 

Por mais “na moda” que um tema esteja dentro do campo de interesse, sempre é válido retomar a observação inicial: uma pesquisa leva tempo – e você não vai querer passar meses e até anos da sua vida investigando algo de que não gosta, certo? Pode parecer óbvio, mas muitas pessoas não param para pensar nisso e, a longo prazo, as chances de se frustrar são grandes, visto que um dos pontos mais instigantes de se fazer pesquisa é justamente poder se engajar em algo que desperta profunda curiosidade. Os pesquisadores de maior sucesso com certeza são completamente motivados por aquilo que investigam. 

#9 Intelectuais “mudam o mundo”, mesmo que não sejam célebres

Já que falamos em pesquisadores de sucesso, cabe reforçar que um único acadêmico de destaque pode dar uma contribuição significativa para a solução de problemas globais importantes. Não faltam exemplos históricos, como Alan Turing, eleito “o cientista do século 20” pela BBC. O matemático e criptógrafo inglês Alan Turing desenvolveu máquinas de decifrar códigos que levaram à vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, desenvolveu os fundamentos da computação moderna. 

Mas não é preciso fazer um resgate ao século passado ou a outros momentos da História para encontrar grandes nomes da Inovação e da pesquisa científica. Aliás, isso é ainda mais verdadeiro com a pandemia de Covid-19, já que estamos acompanhando praticamente em tempo recorde uma série de descobertas sobre a doença em si e o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus. Um dos fatos sobre a área acadêmica é que a pesquisa, se não “mudar o mundo” – em uma perspectiva mais global como dos grandes gênios da humanidade – muda, no mínimo, alguma perspectiva dentro do campo de estudo.

#10 O reconhecimento geralmente vem a longo prazo

A validação e o prestígio conquistado por uma ideia descoberta e adicionada ao estoque de conhecimento disponível nos conecta com o primeiro fato importante sobre a carreira acadêmica: leva tempo. É comum que uma análise científica que está sendo feita hoje só seja reconhecida no escopo de descobertas futuras sobre um mesmo tema. 

Isso nos leva a considerar, também, que a maioria dos pesquisadores não fica “rica” mesmo que suas descobertas seja altamente valiosas, já que os benefícios não são imediatos. Alan Turing não ganhou dinheiro com a descoberta do computador, embora hoje seja uma indústria valiosíssima. Entretanto, não significa que não haja incentivos no presente – e as variadas possibilidades de bolsa de estudos Brasil afora estão aí para provar que não faltam estímulos para quem quer se desenvolver na carreira acadêmica.

 

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