Ulisses Cardinot

Foi aos 14 anos que Ulisses Cardinot abriu seu primeiro negócio: uma empresa de fogos de artificio. Desde muito jovem, ele apresentava um espírito empreendedor, que viria a se materializar em um sistema bilíngue educacional com previsão de faturamento de R$ 100 milhões para 2019: a International School. O empreendimento chegou a ser reconhecido como o Melhor Sistema de Ensino Bilíngue pelo prêmio TOP Educação, nos anos 2017 e 2018. Conheça a história do empreendedor por trás do projeto.

Os pais de Ulisses eram educadores e donos da escola Externato Campista, localizada no interior do Rio de Janeiro. Por incentivo paterno, ele foi estudar nos Estados Unidos com treze anos, para se tornar fluente em inglês. “Meu pai tinha a visão de que eu não aprenderia inglês no Brasil. Eu tinha feito alguns cursos já, mas ele achava importante ter uma experiência no exterior para dominar um segundo idioma. Foi uma vivência muito importante para que posteriormente eu criasse a International School”, relembra.

Ao retornar do exterior, o estudante montou uma empresa que fornecia fogos de artifícios para festas, que chegou a fechar um contrato de aproximadamente R$ 250 mil. “Foi um aprendizado muito legal porque era um sonho fazer uma empresa que pudesse trabalhar com eventos e usar os conhecimentos que eu tinha aprendido em atividades extracurriculares nos Estados Unidos. Mas meu pai me incentivou a focar nos estudos, com a expectativa que um dia eu assumisse o negócio da família”, conta.

Nascimento da International School

Três anos depois, Ulisses criou um curso de informática que comandou durante o ensino médio e enquanto cursava pedagogia na faculdade. “Posteriormente, meu foco ficou voltado em fazer o colégio da família crescer. Em 2007, abrimos uma segunda unidade implementando já a educação bilíngue com uma proposta diferenciada. Mas foi em 2009 que nasceu a International School, quando trouxemos o ensino bilíngue para as duas escolas, com o objetivo de mudar como o ensino de línguas era visto dentro do colégio”, aponta.

O pedagogo compartilha que apenas 5% dos brasileiros sabem falar inglês, dos quais somente 1% apresenta fluência, segundo dados do British Council. “Nós temos uma oferta muito grande de cursos, mas poucas pessoas de fato falam o idioma. Isso está muito ligado ao modelo que o Brasil adotou, voltado para aprender inglês fora da escola. Temos que mudar essa realidade, transformá-la com um programa em que o aluno tenha contato com o inglês no currículo regular escolar. Nossa “grande sacada” foi ensinar inglês usando as matérias da escola, de acordo com a faixa etária, mas sem substituir a metodologia da instituição”, revela.

Ulisses Cardinot desenvolveu um método baseado no sistema CLIL (Content Language Integrated Learning ou aprendizagem integrada de conteúdo e linguagem, em tradução livre), em que o idioma é aprendido junto com outras disciplinas. Inicialmente o projeto foi pensado apenas para ser aplicado na escola da família do educador mas, devido ao sucesso da iniciativa, ele resolveu expandir quando o diretor de um colégio carioca expressou interesse em implementar o sistema. Para isso, investiu na formação de professores, proposta pedagógica e na formulação de material didático próprio.

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A empresa ficou em fase de teste de 2009 a 2015, ano em que foi lançada oficialmente. “Foi muito difícil porque passamos três meses sem vender nada e precisávamos virar a chave do projeto. Não tínhamos mais condições de investir do próprio bolso. Tomei uma decisão um pouco arriscada que foi convidar gestores de redes de colégios para visitar as escolas que usavam a metodologia. Conseguimos fechar cerca de 40 escolas novas. Em 2015, atendíamos 600 alunos do ensino básico e fundamental e no ano seguinte esse número subiu para 7 mil”, recorda Ulisses Cardinot.

A partir desse ponto, a International School passou a se tornar referência em educação bilíngue. “E o nosso crescimento foi exponencial. Esse ano temos quase 90 mil alunos em 250 escolas espalhadas pelo país. O legal da nossa história é que em 2015 éramos uma startup com faturamento bem pequeno, que era de R$ 1 milhão e não custeava nem o time de desenvolvimento, e hoje temos faturamento em contrato de mais de R$ 100 milhões. E é um projeto que continua a crescer”, celebra.

Sobre a jornada como empreendedor, Ulisses aprendeu que é preciso não ter medo de errar. “Empreender é aprender. Ter uma visão empreendedora não é simplesmente montar uma empresa. Quando você empreende, você abre sua mente e consegue ter uma visão diferente de tudo aquilo que você faz. Todo profissional deveria tentar, desde criança. Meu pai é um grande exemplo de empreendedor e eu agradeço a ele por todo o apoio”.

Aprendendo inglês

A partir da experiência que teve no exterior, Ulisses Cardinot defende que não é preciso usar a metodologia comum de ficar traduzindo e aprendendo verbos para aprender inglês inicialmente. “Você vai fazer isso em algum momento? Sim, mas basicamente você precisa fazer uma imersão com o aluno. A aula sendo legal e lúdica, ele vai se sentir estimulado a se desenvolver e aprender mais. Depois disso, você traz a parte gramatical e linguística do processo”, pondera.

A metodologia CLIL facilita a aprendizagem e têm sido um sucesso, de acordo com o fundador da International School. “Hoje todos os players que falam de educação bilíngue usam o método. O segredo do sucesso foi entender a real necessidade das escolas e determinação foi essencial. Temos feito uma revolução nesse mercado e eu acredito que daqui a dez anos o lugar de aprender inglês vai ser na escola”, prevê.

Ele ainda afirma que o projeto se limita a língua inglesa por conta do foco da proposta. “O desafio é muito grande. Não é apenas vender e entregar o material, precisamos formar o time. Focamos em implementar a educação bilíngue no país todo. Queremos estar em todos os estados brasileiros. Você atender com a mesma qualidade todos esse pontos é desafiador. Mas o inglês abre portas, por isso é tão importante”, opina.

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Ulisses ainda pondera que ter um país que fala um segundo idioma forma cidadãos com mais acesso à informação e troca de conhecimentos. “O ganho é muito grande. Você exporta e importa o capital intelectual de uma forma maior. Eu só vejo benefícios para o Brasil, tanto na questão de turismo, como negócios e pesquisa. Um segundo idioma é fundamental até mesmo por uma questão cognitiva e cultural”.

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