Severance: série mais assistida no Brasil discute face obscura do trabalho

Imagine o seguinte cenário: você sai para trabalhar pela manhã, chega à empresa, sobe pelo elevador e, de repente, se esquece de toda a sua vida pessoal. De uma hora para outra, sua memória é dividida. Agora, você só tem memórias profissionais até o fim do expediente.

Embora aparentemente impossível, essa realidade é a que embasa a premissa da primeira temporada de Severance, série da Apple TV que recentemente se tornou a série mais assistida pelos brasileiros.

O drama, dirigido por Ben Stiller e com elenco recheado de comediantes, acompanha Mark (Adam Scott) e seus liderados no setor de refinamento de macro-dados da gigante corporação Lumon.

Embora nenhum dos personagens saiba muito bem o sentido de seus trabalhos, eles mantém a rotina comum até que o melhor amigo de Mark é aposentado e substítuido por Helly, a nova refinadora que passa a questionar o propósito da empresa.

Ao mesmo tempo, o Mark do mundo real, que não conhece os colegas de empresa, conhece o amigo aposentado e começa uma jornada para descobrir a verdade sobre o trabalho misterioso no qual atua.

Com o sucesso, Severance já está renovada para mais uma temporada, que ainda não tem data para estrear.

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Conflitos corporativos conduzem narrativa

Alguns conflitos relacionados ao trabalho real são abordados pela série a partir da premissa aparentemente fora dos padrões de realidade. Alguns deles são:

#1. Saúde mental e burnout

Quando personagens de Severance tentam retroceder o procedimento de ruptura da memória, eles são acometidos pela “doença da ruptura”. Em uma clara referência ao Burnout, um dos personagens começa a ter sua vivência fora da empresa comprometida por visões do escritório, como se ele revivesse forçadamente os dias de trabalho.

Saúde mental no ambiente de trabalho: o papel das empresas no bem-estar dos colaboradores

#2. Propósito e motivação

Como nenhum dos trabalhadores têm motivações para além dos muros da empresas (eles mal sabem quem são nem tem memórias da infância, por exemplo), motivá-los é uma missão ingrata. Sobre isso, o roteiro da série faz uma crítica ao gerenciamento de recursos humanos nas empresas ao elencar prêmios sem valor por resultados obtidos.

Em algum sentido, é como se o enredo ironizasse a tentativa das empresas de motivar os trabalhadores pela missão interna. Em geral, os personagem não entendem seus resultados, seus objetivos nem a missão da empresa.

#3. Equilíbrio entre vida e trabalho

As discussões no entorno do equílibrio entre vida pessoa e trabalho, sem dúvidas, estão no centro do debate em Severance. Muitos dos profissionais da Lumon, no entanto, acabam realizando o procedimento de divisão porque não querem lidar com traumas e conflitos da vida pessoal – como ocorre muitas vezes no mundo real.

A utópica possibilidade de balancear vida e trabalho saudavelmente é vista como impossível pela narrativa.

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