Em Originais, o novo livro de Adam Grant, autor de bestsellers como Plano B e Dar e Receber e professor da famosa Wharton Business School, destrincha o que está por trás da originalidade de grandes nomes da política, do esporte, do empreendedorismo, entre outros ramos.
Na obra, Grant defende que a originalidade por ser incentivada e ensina técnicas de expressão e influência e como lidar com o medo e a insegurança que tão frequentemente precedem ideias que mudam o status quo.
Em um ensaio publicado no LinkedIn, ele refletiu sobre as entrevistas que fez com empreendedores que estão transformando a realidade e porque, no fim, tentar e fracassar é melhor do que não tentar nada. Leia a tradução do NaPrática.org abaixo:
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Como grandes empreendedores se sentiram no começo?
Se você fizer as contas, empreender é insano. A probabilidade de sucesso é minúsculo. Fracasso é quase garantido. Para dar esse pulo, você precisa ser destemido.
Pelo menos era o que eu imaginava.
Passei os últimos três anos trabalhando em um livro, Originais – Como os Inconformistas Mudam o Mundo, sobre as pessoas que impulsionam novas ideias para incentivar criatividade e mudança no mundo.
Ao longo do caminho, cacei alguns dos empreendedores mais originais de nossos tempos e sentei com ícones da tecnologia que vão de Larry Page a Elon Musk, Jack Dorsey a Mark Cuban. Quando perguntei sobre seus primeiros dias, eles me surpreenderam.
Todos sentiram o mesmo do fracasso que todos nós sentimos. Eles só responderam de maneira diferente.
Quando a maioria de nós sente medo do fracasso, nos distanciamos das ideias mais ousadas. Ao invés de sermos originais, vamos pelo lado mais seguro, vendendo produtos convencionais e serviços familiares. Mas grandes empreendedores têm uma resposta diferente para esse medo.
Sim eles, têm medo de falhar, mas têm ainda mais medo de não tentar.
Dois tipos de fracasso
Na vida e no trabalho, há dois tipos de fracasso: ações e falta de ações. Você pode falhar ao começar uma empresa que nunca vai falir ou ao não começar uma empresa. Ao ser abandonado no altar ou nunca pedir alguém em casamento.
A maioria das pessoas prevê que são as ações que vão causar os maiores arrependimentos. Encolhemos-nos ao pensar na angústia de declarar falência ou sermos rejeitados pelo amor de nossas vidas. Mas estamos muito errados.
Quando as pessoas refletem sobre seus maiores arrependimentos, elas gostariam de poder refazer o que não fizeram, não o que fizeram. “No longo prazo, pessoas de todas as idades e de todos os lugares parecem se arrepender muito mais de não ter feito as coisas do que se arrependem das coisas que fizeram”, disseram os psicólogos Tom Gilovich e Vicky Medvec.
No vídeo abaixo, Larry Page fala (em inglês) sobre o começo do Google e as incertezas que surgiram:
“É por isso que os arrependimentos mais frequentes incluem não ir para a faculdade, não aproveitar oportunidades de negócios lucrativas e não passar tempo suficiente com a família e os amigos.”
No fim, o que faz com que nós arrependamos não é o fracasso, mas não tentar. Saber disso é o que impulsiona as pessoas a serem originais. Leonardo Da Vinci escreveu repetidamente em seu caderno: “Diga-me se qualquer coisa já foi feita.”
Ele podia ter medo de falhar, mas ele tinha ainda mais medo de fracassar ao não conquistar nada significativo. Isso o incentivou a continuar pintando, inventando e projetando e no fim se tornar o maior renascentista.
Da Vinci não respondeu meu pedido de entrevista. Mas os empreendedores com quem me encontrei consistentemente me disseram que não tinham medo de falhar, mas de falhar e não serem importantes. E isso significa que precisaram fazer um esforço e arriscar para trazer novas ideias ao mundo.
Rumo ao sucesso
Pessoas originais aprendem a ver o fracasso não só como sinal de que suas ideias estão amaldiçoadas, mas como um passo necessário rumo ao sucesso. Aprendemos mais com o fracasso do que com o sucesso: por exemplo, provas mostram que os ônibus espaciais tem uma maior probabilidade de chegarem à órbita depois de lançamentos que não deram certo.
Um fracasso é sinal de uma lacuna de conhecimento ou de uma estratégia ruim e nos motiva a voltar à lousa e acertar.
Sem fracassos, a complacência pode aparecer. Na NASA, o desastre do Challenger aconteceu depois de 24 voos bem sucedidos, o que levou a uma confiança alta demais. “Na cabeça deles, não tinham como errar”, refletiu o físico Richard Feynman.
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Com ideias originais, o fracasso é inevitável porque é impossível prever como novas tecnologias vão evoluir e gostos vão mudar.
Mark Cuban não investiu no Uber. No começo do Google, Larry Page e Sergey Brin tentaram vender sua ferramenta de busca por menos de US$ 2 milhões, mas os compradores em potencial não aceitaram.
Editoras rejeitaram Harry Potter porque era longo demais para um livro infantil. Executivos rejeitaram Seinfeld porque tinha tramas incompletas e personagens desagradáveis. Visite o banheiro de Jerry Seinfeld e você verá um memorando na parede que chama o piloto de Seinfeld de “fraco” e diz: “Nenhum segmento do público estava ansioso para assistir a série de novo.”
Abaixo, Adam Grant fala sobre originalidade em sua TED Talk:
Ao longo da história, os grandes originais foram aqueles que mais falharam porque foram aqueles que mais tentaram.
A maioria das 1093 patentes de Thomas Edison não foram para lugar nenhum. Picasso precisou produzir mais de 20 mil obras de arte para fazer algumas obras-primas.
Vemos a mesma tendência em empreendedores.
Antes do Uber, a primeira startup de Travis Kalanick declarou falência. Oprah Winfrey foi demitida de seu primeiro emprego como repórter. Steve Jobs fracassou com o Apple Lisa e foi demitido da própria empresa antes de um retorno triunfal – e mesmo depois que o iPod teve sucesso, ele apostou mal no transportador individual Segway.
E com todo o sucesso de Richard Branson em companhias aéreas, trens, música e telefonia, ele ainda presidiu fracassos de refrigerantes, carros e vestidos de noiva Virgin.
Então aprenda com esse grupo de fracassos da elite. Se você não tiver sucesso de primeira, saiba que está mirando suficientemente alto.
Artigo originalmente publicado no LinkedIn
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