Jorge Paulo Lemann

Na última segunda-feira (10), a Fundação Estudar – organização da qual o Na Prática é uma das iniciativas -, promoveu seu Encontro Anual para a rede de bolsistas e apoiadores. Virtual, o evento contou com a participação de Jorge Paulo Lemann, um dos fundadores do fundo 3G Capital, integrado por grupos como AB InBev, Kraft Heinz e Lojas Americanas.

Na ocasião, o empresário conversou com Henrique Dubugras, Líder Estudar e um dos fundadores da Brex, fintech bilionária no Vale do Silício,  sobre seu sucesso, futuro dos negócios e perfil de empreendedores. Confira alguns dos insights do papo.

“Um sapo grande em um poço pequeno”

O que diferencia um sucesso nacional de um sucesso global?

Essa foi a pergunta do jovem empreendedor para Lemann. A resposta? “Internacionalizar”, em diversos sentidos. “Nós todos [fundadores do 3G Capital] tínhamos passado um tempo fora. Tínhamos visão do mundo”, conta.
“Com a Cervejaria [Ambev] não tínhamos mais lugar pra crescer no Brasil. Fomos obrigados a ir para fora, mas sempre tivemos em mente a ideia de que era necessário ir para fora para ser uma entidade grande e não apenas um sapo grande em um poço pequeno”, lembra. “A grande oportunidade foi fazer negócio com os belgas.”
“Muita gente estranhou: trocamos uma posição de controle total nosso por uma posição de controle de 50%.”
Outro dos fatores de destaque das empresas do grupo, para ele, é dar ênfase para “a questão de gente”. “Criamos uma cultura interna importante de gente e usamos o nosso sistema de dar sociedade para as pessoas. Acho que isso funcionou bem. Dar oportunidades para jovens e dar oportunidade de participarem dos ganhos também.”

A bola da vez

Lemann aponta como uma das principais mudanças a valorização da inovação, até pelos clientes. “Vamos ter que nos adaptar para entender muito mais do consumidor do que entendíamos”, diz.
“Uma coisa ruim do Vale é que as pessoas mudam muito de empresa. A coisa boa disso é que tem muito intercâmbio de ação. Como tem muito essa troca de conhecimento, acaba gerando muita inovação”, destaca Dubugras. “Acho que vai acontecer isso no Brasil com o trabalho remoto.”
Segundo o fundador do 3G, “[no Vale], inovar virou quase um sistema”. “[Eles] estão preparados para testar muito mais do que nós estávamos. Temos que ficar mais customer centric [centrados no consumidor], mais tecnológicos, e montar um sistema de inovação e produtos novos muito melhor do que temos atualmente.”

Outras mudanças no mercado

“No momento, está acontecendo no Brasil o que aconteceu lá fora também: as empresas de tecnologia vão ser as maiores da bolsa brasileira.”

“Já tem o exemplo do Mercado Livre, que já é a maior empresa da América Latina em termos de valuation.”

A nova onda, no entanto, implica em uma nova era em que o lucro vem só muito tempo depois. “‘Ah, esses mês estamos vendendo mais!’ Mas cadê o lucro? Passamos 10 anos procurando o lucro da Amazon. Não tinha lucro, olha onde ela chegou. Isso mudou o mundo de investimento”, explica Lemann. “Entendemos que temos que nos adaptar.”
Outra mudança forte se deu no campo da filantropia. Tempos atrás, as empresas do grupo focavam em temas especificamente ligados ao negócio. Agora, diversifica. Cervejaria Ambev, por exemplo, passou a produzir álcool em gel para ajudar na crise do covid-19 e, mais recentemente, se juntou ao Instituto Votorantim, à Fundação Brava, Behring Family Foundation, Americanas, Itaú Unibanco (Todos pela Saúde) e Stone na construção de uma fábrica de vacina para o novo coronavírus no Brasil.
Hoje, a variedade repercutem bem com o consumidor e com os talentos que as organizações buscam. “O jovem quer trabalhar em uma empresa que está fazendo o bem.”

O perfil do bom empreendedor (quase) se mantém

Muita coisa vem mudando aceleradamente, mas, de acordo com Lemann, o perfil de quem empreende com sucesso tem muitas das mesmas qualidades.
“O cara bom tem um sonho muito grande, executa bem, é adaptável. Está interessado em contratar gente boa. Em geral, o bom empreendedor tem uma ideia simples e é focado naquela ideia. Ele tem vantagens competitivas para executar. Parecido com antigamente, só que hoje em dia ele tem que ser muito mais técnico, tem que entender muito mais de tecnologia.”
“Ainda acreditamos muito no empreendedor, em quem ele é e no que vai fazer. A equipe que ele tem, o tamanho do sonho grande dele, esse tipo de coisa”, conta, “agora, se a pessoa não tem conhecimento técnico, não está preparado para as novas tecnologias, na realidade ela está bem desatualizada. As pessoas tem que estar muito mais preparadas, em termos tecnológicos, do que o que estavam antes”, finaliza.

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