Polly Oliveira empoderamento feminino

Foi por meio do empoderamento feminino e da habilidade de expressar dores comuns às mulheres pela escrita que Pollyanne Oliveira, ou Polly, como é mais conhecida, conseguiu encontrar seu propósito profissional e superar traumas do passado. Com poucos recursos financeiros, mulher e negra, ela precisou enfrentar muitas adversidades para realizar o sonho de publicar um livro. Mas mesmo depois de publicada, a escritora ainda encontra dificuldades para ter a voz ouvida. Conheça um pouco mais da sua história! 

Era uma vez Polly

Natural da capital maranhense São Luís, Pollyanne precisou começar a trabalhar desde os oito anos de idade. “Minha família é muito humilde, então havia essa necessidade que eu contribuísse, algo que é muito comum no Nordeste. Também ajudava em casa, fazia comida e cuidava da minha irmã mais nova. Sinto que perdi minha infância e adolescência por causa disso. Na minha cabeça, entrar um relacionamento poderia me tirar da casa da minha mãe, daquele cenário de extrema pobreza. Quando eu vi, tinha 16 anos, estava grávida, presa em uma relação abusiva e precisei largar meus estudos”, recorda.

Mesmo sem uma educação formal, a curiosidade e o espírito independente da jovem a levaram para a escrita de forma natural. “Fui autodidata em muitas coisas. Desde muita nova eu escrevi o que sentia e isso era algo que me motivava e dava forças. Amava a escrita, me comunicar e verbalizar. Limpando meu quarto, achei dezenas de cadernos que retratavam as coisas que eu vivi. Queria transformar tudo aquilo em livro. Me tornar escritora foi fácil porque eu me sentia poderosa e forte escrevendo. Foi um das ferramentas que me ajudou a me aproximar do empoderamento feminino”, aponta.

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Empoderamento feminino

Depois de quase dez anos presa na relação abusiva, Pollyane conseguiu mudar de trajetória e retomar sua vida. “Assim que eu sai daquele relacionamento, tive um desejo muito forte de compartilhar o que sentia. Sempre me amei muito enquanto escritora, gostava do que produzia porque eu colocava tudo de mim. Por serem coisas tão reais, fortes e que muitas mulheres vivenciam, eu via muito poder naquilo. Quando contamos uma história real, as pessoas se conectam. Percebi que minhas experiências poderiam ajudar outras mulheres e comecei a compartilhá-las pelas redes sociais porque entendi que aquele seria meu propósito”, explica.

Cuidando sozinha de duas crianças, frutos do relacionamento anterior, a jovem precisou trabalhar ainda mais do que antes. “Mesmo assim, voltei a estudar e continuei a escrever. Terminei o ensino médio e fiz um curso técnico. Comecei a perceber que eu precisava apostar em mim. Comparei a vida que eu levava antes, na qual investia tudo nos outros, e o que eu ganhei com isso. De certa forma, na minha experiência, apostar em outra pessoa dava errado. Mas, em mim, não daria porque eu não ia me frustrar. Sabia onde queria ir. Não importava se fosse com 30 ou 80 anos, a obrigação de realizar meus sonhos era minha, de mais ninguém. Acho que é dessa visão que começa meu empoderamento feminino”, revela.

Conquistando o sonho

Ativa nas redes sociais, a escritora escrevia sem parar focando em temáticas como amor próprio, feminismo e empoderamento feminino. “Escrevia algumas coisas, mostrava para amigos e recebia feedbacks. Fui vendo que aquilo era realmente o que eu queria e que eu nasci para viver disso. Foi o entendimento do meu propósito de vida, o que não é algo fácil de se encontrar. É uma jornada muito individual e não existe receita pronta. A vontade de se conhecer tem que prevalecer. Você precisa entender quem é e o que você merece porque tudo que você dizer sobre você se torna verdade. A busca pelo autoconhecimento e conhecer seu próprio valor são duas coisas fundamentais para encontrar seu propósito”, indica.  

Focada no empoderamento feminino, Polly publicou de forma independente seu primeiro livro A Escolha: Quando Tudo Acabar, em 2017. Ela se relembra que apenas oito pessoas ficaram durante o lançamento. Confiante no seu propósito, ela não desistiu e pediu demissão de seu emprego para trabalhar em sua segunda obra Mulheres Gozam, lançada em 2018 e vendida na página pessoal da autora. Novamente, o desempenho não foi o esperado. A escritora compartilha que até chegou a distribuir gratuitamente alguns livros, na tentativa de, pelo menos, impactar positivamente algumas mulheres.

“Fiquei frustrada com a experiência. Achava que iria vender 2 mil livros em uma semana e me tornar autora de best-seller. Fiquei triste e me perguntei o que tinha feito de errado. No final das contas, tudo vira conhecimento, não tem como dizer que isso é ruim. Nada me desmotivou. Quando me vejo fazendo o que eu faço, sei que nasci para isso. Quando você tem propósito, você pode ser queimada mas não abre mão. As coisas poderiam ser melhores, mas os resultados não me fazem querer desistir. Continuo trabalhando e sei que eventualmente as coisas vão dar certo”, aponta.

Parte disso, se deve a um ensinamento da mãe de Polly. “Ela sempre me disse que o caminho para sucesso é árduo. Cresci ouvindo que conseguir as coisas fácil era sinônimo de fracasso, que se estava difícil era porque ia dar certo. Acreditei tanto que a cada não que recebia, pensava que estava mais perto. Isso acabou me motivando mas as pessoas não precisam acreditar que vai ser tão difícil. De certa maneira, minha mãe me protegia para não sonhar demais. Consegui ressignificar para vai dar certo a qualquer custo”, brinca. 

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Machismo, racismo, feminismo e outros “-ismos”

Debatendo empoderamento feminino nas redes sociais, Pollyanne recebe muitos comentários negativos de homens. Esse fato aumentou ainda mais depois do lançamento de seus segundo livro, que trata sobre a sexualidade feminina  “Cada vez que um homem se levanta para dizer que estou errada, eu fico feliz. Estou contra o sistema que educa eles, que faz com que eles se sintam superiores. Se eu não incomodasse nenhum homem, eu entenderia que estou no caminho errado. O incômodo é termômetro do machismo e o propósito é incomodar o status quo”, revela.

E, por ela ser uma mulher negra, o incômodo aumenta ainda mais. “Uma vez me disseram que se eu fosse dentro do padrão, ia ser a mulher que todos queriam ouvir. Mas acredito que teria sofrido mais se tivesse a pele retinta, mais escura. Ser uma mulher negra, nordestina e fora do padrão com certeza dificulta as coisas sim por causa de tudo que a sociedade impõe sobre nós. Mas temos que lutar pela liberdade, assim conseguimos libertar mais pessoas”, pondera.

Olhando para a jovem que costumava ser, presa nas imposições sociais, a escritora afirma que é incrível notar a diferença. “Aceitava viver um relacionamento no qual não era valorizada, empregos que me ofereciam pouco, via oportunidades passarem e serem aproveitadas por pessoas que não mereciam. Mas mulheres livres se impõem frente essas situações. Eu quero estar calada e meu silêncio falar o quanto eu valho. Esse é o ápice do empoderamento feminino e da autovalorização. Vivemos em uma sociedade que o homem calado está vencendo. Quando as mulheres chegarem ao mesmo nível será perfeito”, opina. 

E para ajudar nesse processo, Polly indica a busca pelo o autoconhecimento. “Não é me olhar no espelho e dizer que estou me conhecendo. É algo muito profundo, muito enraizado. Às vezes, a gente só acha que se conhece e por isso acaba se sujeitando a empregos e relações que nos fazem mal. A sociedade nos oprime de toda forma e é só quando eu me conheço e entendo que eu tenho a oferecer, que reconheço meu valor, sem aceitar nada menos”, finaliza.

 

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