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No início dos anos 60, durante o auge do movimento a favor dos diretos civis e contra a segregação racial nos Estados Unidos, o psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg atuava como orientador educacional em instituições de ensino que eliminavam a segregação.
O papel de Rosenberg, durante essa conturbada transição, era ensinar mediações e técnicas de comunicação. Nesse contexto, ele elaborou o método da Comunicação Não-Violenta (CNV).
Em seu livro homônimo, Rosenberg define a Comunicação Não-Violenta como uma abordagem da comunicação, que compreende as habilidades de falar e ouvir, que leva os indivíduos a se entregarem de coração, possibilitando a conexão com si mesmos e com os outros, permitindo assim que a compaixão se desenvolva. Quanto à expressão Não-Violenta, o psicólogo faz uso da definição de Gandhi, se referindo a uma condição compassiva natural que aparece quando a violência é afastada do coração.
A técnica é baseada em competências de linguagem e comunicação que auxiliam na reformulação da forma como cada um se expressa e ouve os demais. O pesquisador propõe que, com a Comunicação Não-Violenta (CNV), as respostas a estímulos comunicacionais deixem de ser automáticas e repetitivas e passem a ser mais conscientes e baseadas em percepções do momento, por meio da observação de comportamentos e fatores que tem influência sobre cada um. Por meio da escuta ativa e profunda, o método faz com que as interações ocorram com mais respeito, atenção e empatia, como defende o psicólogo.
Para que a Comunicação Não-Violenta (chamada também de comunicação empática) ocorra, Rosenberg explica que é preciso os praticantes se concentrem em quatro componentes, que devem ser expressados de forma clara:
Em primeiro lugar, é necessário observar o que realmente está acontecendo em determinada situação. O psicólogo sugere questionar se a mensagem que está sendo recebida, seja por meio de fala ou de ações, tem algo a acrescentar de forma positiva. O segredo é fazer essa observação sem criar um juízo de valor, apenas compreender o que se gosta e o que não no que está acontecendo e no que o outro faz.
Depois, é preciso entender qual sentimento a situação desperta depois da observação. É importante nomear o que se sente, por exemplo, mágoa, medo, felicidade, raiva, entre outros. O psicólogo ainda afirma que é importante se permitir ser vulnerável para resolver conflitos e saber a diferença entre o que se sente e o que se pensa ou interpreta.
A partir da compreensão de qual sentimento foi despertado, é preciso reconhecer quais necessidades estão ligadas a ele. Rosenberg ressalta que quando alguém expressa suas necessidades, há uma possibilidade maior de que elas sejam atendidas e que a consciência desses três componentes vem de uma análise pessoal clara e honesta.
Por meio de uma solicitação específica, ligada a ações concretas, é possível deixar claro o que se quer da outra pessoa. O especialista recomenda usar uma linguagem positiva, em forma de afirmação, para fazer o pedido. Evite frases abstratas, vagas ou ambíguas.
Joana, quando você grita comigo no ambiente de trabalho (observação), eu me sinto diminuído e irritado (sentimento) porque preciso sentir que sou respeitado e que meus colegas querem me ajudar a me desenvolver (necessidades). Você poderia me chamar para conversar em particular quando se sentir irritada comigo? (pedido).
A Comunicação Não-Violenta também pode ser usada no desenvolvimento da autocompaixão. O psicólogo ressalta que esse processo deve ser utilizado para se expressar de forma honesta, mas também para receber com empatia a mensagem do outro. É possível perceber que a empatia foi recebida quando há um alívio de tensão ou quando o fluxo de palavras acaba. Para isso, é preciso se fazer presente e escutar atentamente.
O método pode ser aplicado em relacionamentos pessoais, familiares, organizacionais, educacionais, em negociações, disputas e conflitos de qualquer natureza. Rosenberg exemplifica que a Comunicação Não-Violenta pode estabelecer relações mais profundas, afetivas e eficazes, inclusive tendo sido utilizada em comunidades localizadas em regiões de conflitos e tensões graves, como Israel, Ruanda e Serra Leoa.
Checklist: Qual o seu nível de Inteligência Emocional?
Para Rosenberg, é na forma como as pessoas se comunicam entre si que se encontra a solução para resolver desentendimentos e discussões. Mas ele aponta que existem algumas maneiras de se comunicar que fazem com que as pessoas apresentem comportamentos violentas, o que definiu como “comunicação alienante da vida”. Exemplos disso são julgamentos moralizantes (que trazem sentimentos como culpa, depreciação, rotulação e crítica), comparações, negação de responsabilidade e transformação de desejos em exigências.
Além disso, quando se está na posição de ouvinte existem alguns comportamentos que impedem as pessoas de estarem presentes o suficiente para se conectarem com empatia. São eles os impulsos de educar, competir pelo sofrimento, educar, consolar, contar história, ser solidário ou encerrar o assunto.
Sim, ela é! E as Soft Skills vem ganhando cada vez mais relevância no mercado de trabalho, sendo pontos cruciais para o profissional “completo”.
A Inteligência Emocional e o Autoconhecimento são competências muito relevantes para melhorar a comunicação no ambiente de trabalho. Mas, como desenvolver essas habilidades?
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