jovem estudante fazendo aula online

Ainda não se sabe a dimensão das transformações que o contexto de uma pandemia incentiva em diversas áreas, mas o maior entrelaçamento entre a tecnologia e a educação, impulsionado pelas recomendações de isolamento social durante o período, é um fato.

Com isso, a pandemia do novo coronavírus fomentou uma ressignificação do papel da tecnologia na educação, diz Jones Madruga, CTO (Chief Technology Officer, ou Diretor de Tecnologia) da Positivo Soluções Didáticas, parte do Grupo Arco Educação. “De um ator coadjuvante, [a tecnologia] passou a ser protagonista, fazendo com que mais investimentos sejam feitos na área e gerando novas soluções”, complementa.

No entanto, isso não ocorreu sem desafios, inclusive técnicos. Um deles, aponta Jones, é o da escalabilidade. “Com tanta gente começando a usar soluções online, muitas ferramentas não estavam preparadas”, explica, “até mesmo as gigantes de tecnologia como Google e Microsoft tiveram dificuldades no início da pandemia para dar conta da demanda. Essa adaptação certamente deixou marcas, principalmente nos viajantes de primeira viagem que se depararam com sistemas instáveis.”

Tecnologias

“De modo geral, muitas das ferramentas que eram usadas na educação eram releituras e adaptações de tecnologias pensadas para o mercado corporativo”, conta Jones. Por exemplo: livros físicos simplesmente convertidos em arquivos no formato PDF ou aulas virtuais sendo transmitidas em ferramentas de videoconferência.

Com o mercado de educação mais aquecido e necessitando de novas soluções, começamos a ver novas tecnologias criadas e pensadas a partir da realidade das instituições de ensino, diz. Assim, o uso e a disseminação dessas tecnologias aumentaram.

“Agora temos livros digitais interativos, soluções de sala de aula virtual melhores e, principalmente, mais integradas, a prova com o conteúdo daquela semana e a nota sendo lançada no boletim automaticamente.” Além de outros benefícios, isso ajuda a diminuir muito o tempo que o professor gasta com algumas atividades, conclui ele.

O que fica depois da pandemia?

“A pandemia mudou a vida de todos, desde os que usam as tecnologias até as pessoas que as criam. Isso, consequentemente, afetará o desenvolvimento de novas tecnologias”, destaca Jones. O que, na prática, isso significa? “Um olhar mais atento às necessidades dos usuários e uma empatia maior que trarão soluções mais robustas e fáceis de usar“, acrescenta.

O ensino híbrido e online já era uma tendência desde antes e vinha crescendo Brasil afora, diz. O que acontece é que a pandemia acelerou muito esse processo. “Em uma visão muito conservadora, saímos de um sentimento onde ‘soluções online para educação não funcionam’ para outro em que ‘é melhor online do que não oferecer educação alguma’.”

Nos próximos anos, segundo o CTO da Positivo Soluções Didáticas, essas soluções “se acomodarão”. O que ainda não se sabe é o quanto do tempo dos alunos e professores será permeado pelo uso delas.

“Como tudo em educação, ainda levará um tempo para termos essa definição. Não se pode errar quando se trata da educação das nossas crianças e por isso esse processo deve ser gradual. Para chegarmos aonde queremos, vamos precisar investir muito na formação dos professores.”

A questão da desigualdade educacional

A desigualdade educacional é um dos grandes problemas do país. Entre 2015 e 2019, ela aumentou em 57,5% dos municípios brasileiros, por exemplo (dados Todos Pela Educação)

Durante a pandemia, a tecnologia foi o meio pelo qual alunos conseguiram acompanhar aulas à distância. Nesse contexto, quem não tinha acesso à material ou internet, ficou de fora. Também há críticas levantadas sobre o quanto a educação à distância organizada “às pressas” tem sido eficiente. 

Sobre as consequências que o período da pandemia deixa na questão desigualdade educacional, Jones considera que ainda veremos o impacto real nos indicadores nos próximos anos. Sua opinião é de que, no curto prazo, haverá piora nesses resultados, “até que o novo normal seja estabelecido e o aprendizado do que funciona ou não seja solidificado”. “Mas acredito que poderemos ter, após esse período, uma rápida diminuição dessa desigualdade se soubermos usar a tecnologia a favor da educação.”

 

Para ele, isso será possível através de ferramentas que permitam avaliação em massa de alunos, com relatórios e planos personalizados que evidenciem os principais desafios e defasagens de cada um. “Essa individualização em massa será crucial para reduzir as desigualdades”, explica. 

“Aliadas à parte cognitiva, temos hoje soluções que também podem apoiar no desenvolvimento de habilidades socioemocionais“, acrescenta, assim, permitindo que se entenda o aluno de forma mais completa e, a partir disso, se proponham ações muito mais eficazes.

 

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