Dentro das organizações, a habilidade de se comunicar bem é uma competência muito demandada, independente da área de atuação. E a forma como um profissional se expressa pode trazer bons resultados a nível pessoal e para a organização. Dentre as diversas maneiras existentes de interagir com os outros, a comunicação assertiva traz uma abordagem mais empática e respeitosa para as relações de trabalho, sem perder a efetividade.
Quando se fala em comunicação assertiva, o professor de administração e psicologia organizacional da HSM University, Carlos Jonathan afirma que é importante primeiro entender o conceito de assertividade. “Essa noção começou com os estudos do psicólogo Arnold Lazarus e pode ser definida como a capacidade que as pessoas têm de falar e interagir entre si de maneira que considere e respeite a opinião de outras pessoas, ao mesmo tempo que defende as próprias necessidades e limites pessoais. Não tem como falar em comunicação assertiva sem considerar o respeito e a opinião de outras pessoas. Faz parte do pacote de soft skills que as empresas desejam que os colaboradores tenham”, avalia.
Consultor organizacional especializado em educação corporativa, Carlos Basso entende que comunicar-se de forma assertiva significa dizer de forma clara, direta, objetiva, transparente o que pensa e o que sente, sempre preservando o direito dos outros fazerem o mesmo. Em outras palavras, o conceito envolve fazer uso dos seus direitos e preservar o direito dos outros por meio da comunicação.
“Para entender melhor, podemos citar a pessoa que diz ao outro o que pensa e o que sente, no entanto, não tem disposição de abrir diálogo e ouvir o outro. Você não é obrigado a concordar com o outro, mas deve respeitar o direito do outro se manifestar. Essa é a base na qual se estrutura a comunicação assertiva. Mas é preciso estar atento porque não é possível manifestar a assertividade se você estiver inseguro, com medo e sem disposição de se expor”, pondera.
Ainda que seja muito relevante para as organizações, a comunicação assertiva não costuma ser ensinada na formação profissional básica do ensino superior.
O professor Carlos Jonathan esclarece que, para pesquisadores da área, a assertividade não é um comportamento natural do ser humano, por isso é preciso certa disciplina para trabalhar bem essa competência. E para detectar a necessidade de desenvolver essa habilidade, o docente traz alguns comportamentos que funcionam como um sinal vermelho:
Já no caso da agressividade, o perigo está em desconsiderar os sentimentos dos outros. “Nesse outro lado da moeda, estaremos usando de expressões fortes, tom de voz elevado, apontando o dedo quando falamos e não nos importando com os outros. Aqui, a consequência é as pessoas se afastarem de nós e acabarmos isolados”, avalia.
Não é apenas a comunicação verbal que impacta a assertividade da interação. Questões não verbais como a linguagem corporal também possuem um grande impacto nesse processo, ainda que muitas vezes as pessoas não possuam tanta consciência dos sinais que transmitem de forma não verbal. Jonathan também indica alguns elementos que devem ser levados em consideração:
O docente acrescenta que todos esses elementos são circunstanciais, ou seja, devem ser ajustados de acordo com a ocasião. Por exemplo, o tom de voz que se usa em uma palestra motivacional não deve ser o mesmo utilizado em um velório. Ou, em um ambiente de trabalho descontraído, uma postura muito rígida talvez não seja bem recebida. Saber escolher o tempo certo de transmitir a mensagem e torná-la atrativa para o público-alvo também é algo a ser pensado.
Jonathan também traz um contraponto de que, por questões culturais do Brasil, ser muito assertivo pode ser mal visto ou interpretado. “Somos pessoas de sangue quente, relacionais, que querem ser legais com os outros e acabam tendo dificuldade de dizer não. Isso dificulta o desenvolvimento da comunicação assertiva. E, por essa falta de contato com a assertividade, as pessoas podem estranhar quando você começar a adotar essa postura. Dentro das organizações, é preciso que ocorra um trabalho de conscientização sobre o tema. Só o desenvolvimento pessoal isolado não vai garantir a efetividade desse processo”, observa.
Basso afirma que para ter uma comunicação assertiva é preciso ser autoconfiante. “Portanto, é fundamental que você faça uma autoanálise de seus pontos fortes e suas fragilidades. Além disso, busque por feedbacks de pessoas neutras que têm interesse em lhe ajudar. Com essas informações, conclua o que precisa fazer para ampliar seu autoconhecimento e assim, expressar autoconfiança. Estude, pesquise, busque esclarecimento e, havendo dúvidas, faça perguntas. Em ocasiões mais pontuais, é preciso ter domínio do assunto a ser tratado, se preparar, conhecer seus limites de autonomia e se possível, conhecer o outro”, sugere.
Para ter sucesso, ele recomenda estudar, pesquisar, buscar esclarecimento e, havendo dúvidas, fazer perguntas. Para quem quer se aprofundar mais no assunto, o consultor ainda recomenda o livro Assertividade, de Terry Gillen.
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