Demissões, trabalhadores em regime home office e diminuição de salários são alguns dos efeitos da pandemia do coronavírus no mercado de trabalho global. O cenário forçou empresas a repensarem seus modelos de trabalho e muitos profissionais (principalmente os autônomos) se viram diante de um dilema: “como se reinventar na crise e sobreviver?”. O momento é desafiador, mas também pode ser de oportunidades, segundo o consultor de carreira Emerson Dias.

Um guia de como se reinventar na crise

Observando todas as mudanças criadas pelo COVID-19, Emerson aponta que é preciso analisar a situação por meio de quatro aspectos: financeiro, relacionamentos, desenvolvimento e saúde mental.

Financeiro: Do ponto de vista financeiro, os profissionais que querem se reinventar na crise vão ter que usar e abusar da criatividade. Mas Emerson ressalta que a necessidade por trazer coisas novas não é um efeito exclusivo da crise atual. “Isso já vinha de muito tempo, das mudanças que o futuro do trabalho vem demandando gradualmente. A crise talvez só antecipou e acelerou a urgência dessas transformações. Não tem como fugir disso, os profissionais vão ter que usar a criatividade. Isso vai demandar discussão, diálogo, políticas públicas e várias outras coisas”, analisa.

Emocional: Mais do que nunca, a inteligência emocional será uma habilidade indispensável, prevê o consultor. “Passar por tudo isso e se manter sereno vai ser uma grande aprendizagem. É um momento que se apresenta como um grande teste de emoções. É agora que vamos conseguir perceber de fato quem tem inteligência emocional, quem tem o equilíbrio necessário para lidar com as coisas, principalmente em um cenário de muitas incertezas como esse. Quem tiver essa inteligência vai ser quem vai conseguir se reinventar na crise”, afirma.

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Desenvolvimento: Emerson explica que trabalhar a inteligência emocional será tanto um teste como uma forma de aprendizagem, mas que ajudará no desenvolvimento da sociedade enquanto humanos. “Uma palavra que tem sido muito falada é a questão da solidariedade. Isso é um elemento importante do autodesenvolvimento porque a situação exige que as pessoas se preocupem com o próximo e tomem atitudes reais para impedir que a escassez impeça o crescimento e no bem-estar de um, que consequentemente impacta no de outro”, esclarece.

Relacionamentos: De forma complementar, a solidariedade impacta nos relacionamentos e traz opções sobre como se reinventar na crise. “É uma oportunidade de construir novos laços e reconstruir alguns que não estavam tão bons. Tudo isso gera uma grande rede de networking que pode trazer oportunidades de trabalho, talvez não imediatamente, mas em um futuro próximo”, presume.

E para quem está entrando no mercado de trabalho?

Apesar do momento trazer muitas incertezas e instabilidades, os jovens em início de carreira estão em vantagem. “Porque eles não tem nenhum dos vícios que nós, que estamos no mundo do trabalho há algum tempo, temos. Esses vícios muitas vezes nos limitam, no sentido de enxergar oportunidades e alternativas. Esse olhar inocente pode ajudar, inclusive na questão da criatividade e de não ter uma ideia muito bem delineada de como as coisas tem que ser”, explica Emerson.

O consultor analisa que essa é uma oportunidade para os jovens se tornem protagonistas e pensem alternativas com esse olhar, que não é viciado em como as coisas sempre funcionaram. “Temos uma boa oportunidade para quem não tem esse histórico de trabalho, não sabe como foi feito antes. Não existe mais o tem que ter, seja de um escritório, nome de cargo, tudo isso está sendo posto em cheque. Muitas pessoas constroem a carreira almejando cargos, por exemplo. Talvez isso hoje e no futuro vai ser o menos importante. Quando você não tem essas coisas ainda acaba sendo uma vantagem”.

E para quem já está inserido no mercado de trabalho, uma opção para se reinventar na crise é optar por uma transição de carreira. “É um grande desafio e uma decisão individual, você pode acabar tendo que fazer uma transição involuntária porque o que fazia antesnão vai mais existir. Pode acabar sendo inevitável. Você nunca vai ter todas as respostas para fazer uma transição de carreira, mas pode tentar se cercar do máximo de informações possíveis e ter uma certa frieza para não tomar a decisão errada. Mesmo em um momento normal, de não crise, você nunca tem todas as respostas. O que pode acontecer nessa crise é acelerar o que precisa ser feito porque o seu porto seguro não existirá mais”, pontua.

Quais são as habilidades necessárias para se reinventar na crise?

Emerson aponta que as competências necessárias não são novas no mercado de trabalho, mas que talvez antes os profissionais não dessem tanta importância a elas. “O grande diferencial mesmo acho que vai ser a inteligência emocional, a capacidade de ter flexibilidade e compreender as próprias emoções. Não entrar em pânico, mas também não negar a realidade. Lidar com essa complexidade do mundo desmoronando e você tendo que construir soluções. Para isso, é necessário muita inteligência emocional e talvez esse seja o grande legado que essa crise vai deixar”, presume.

Emerson afirma que as pessoas que conseguirem se reinventar na crise e sobrevivê-la vão perceber que só conseguiram porque foram capazes de dominar as próprias emoções. “Vai ter sucesso quem conseguir ter serenidade para tomar boas decisões. Isso se aplica a lideranças e a qualquer tipo de profissional. Os líderes que não tiverem uma boa dose de controle das próprias emoções vão falar besteira, tomar decisões erradas e leva as pessoas a cometer erros. Além da liderança, é muito importante que todos os profissionais tenham a chance de focar no desenvolvimento de sua inteligência emocional e se conhecer”, recomenda.

“Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada”

Com o trecho acima da canção A Natureza das Coisas, Emerson define o que se pode esperar daqui para frente. “O futuro é incerto. Existem duas variáveis que sempre aparecem quando se discute o futuro: complexidade e incerteza. Ninguém nunca conseguiu prever o que vai acontecer. O que a crise faz talvez seja aflorar nossas emoções e nos tirar essa noção de que sempre foi assim. O futuro nunca foi definido mas, nesses momentos que tiram nossa estabilidade do presente, a gente tende a fantasiar ainda mais sobre o futuro”, supõe.

Ele revela que existem duas correntes sobre o que deve acontecer após a crise: uma de que as coisas vão voltar ao normal e outras que o mundo nunca mais será o mesmo. “Eu discordo um pouco da última porque o que temos como história registrada mostra que o mundo sempre foi a mesma coisa. Algumas coisas mudam aqui ou ali, mas a essência é basicamente a mesma. Acho que, ao final da crise, nos resta enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Depois, tudo vai voltar ao normal. Não sei em que tempo, mas certamente volta”, assume.

Como não é possível controlar nenhum desse cenários, Emerson recomenda que os profissionais se mantenham serenos e conscientes dos acontecimentos para tomar melhores decisões. “Fazer qualquer coisa com a cabeça cheia, com muito estresse, medo ou coragem vai te levar ao erro. Você tem que respeitar o ambiente incerto e complexo, mas não se entregar a ele. O foco é se manter calmo, vigilante, não negar a realidade, mas também não se deixar abalar por tudo que você está vendo e escutando”, finaliza.

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