Com uma trajetória que inclui cargos em multinacionais e presidências interinas de empresas, Claudio Galeazzi se define como um reestruturador de empresas. Ele é, na verdade, um consultor de turnaround, e por meio de sua consultoria homônima exerce a delicada função de salvar empresas à beira da falência e ou recuperar aquelas que passam por uma crise e querem recuperar a liderança.     

Hoje com mais de 70 anos, ele já desempenhou esse papel em diversas empresas brasileiras. Ele próprio já teve uma empresa que faliu, e foi com o impacto da experiência que descobriu sua vocação profissional de reestruturador. Ainda assim, seu maior cartão de visitas é a reestruturação do Grupo Pão de Açúcar, ao lado de Abilio Diniz.

Implacável na hora de cortar custos, ele reconhece que sua chegada a uma nova empresa costuma causar desconforto nos funcionários, mas garante que consegue os resultados. “Por mais grave que seja a situação de uma empresa em crise, tem recuperação”, constata.

No HSM Expo, evento para executivos que acontece hoje em São Paulo, ele compartilhou algumas histórias que viveu como consultor (e que em breve também farão parte de um livro). Dessas histórias, apreende-se logo uma lição: a vaidade é a principal emboscada na trajetória de grandes lideranças.

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A armadilha do sucesso

Os empresários de muito sucesso são poucos. Trabalharam duro e construiram empresas enormes. Então, tendo vencido contra todas as probabilidades, é justo que se sintam imbatíveis mesmo em momentos difíceis. Pelo menos é o que pensa Galeazzi, mas que já alerta que essa é a grande armadilha do sucesso.

“[Grandes empresários] normalmente têm uma dificuldade muito grande de aceitar ideias diferentes das suas, e não gostam muito de mudar seus estilos de gestão”, ele conta.

Mudar, de fato, nunca é muito fácil, especialmente quando é alguém de fora apresentando as novas ideias. Porém é necessário.   

“Toda empresa que precisa de reestruturação, de turnaround, passa por um momento difícil. Mas você só consegue implementar uma mudança se existe vontade. Muitas vezes existe intenção, mas não existe a vontade”, conta o consultor.

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Os sinais da crise

Para ele, toda empresa exibe sintomas claros e evidentes que anunciam uma possível crise. Queda nas vendas, aumento nos estoques, diminuição de vendas, aumento no perfil de endividamento, aumento nos custos, nas despesas.. Mas esses são todos sintomas. O que está por trás disso?

Entre os principais fatores que levam uma empresa à crise, está o empresário míope, que vive do sucesso do passado. “Como ele teve resultados muito bem sucedidos, não aceita implementar transformações positivas, atualizar a realidade da empresa diante da nova economia”, explica Galeazzi. “Esse líder não toma consciência de que as coisas mudam e que seu sucesso do passado não vai continuar no futuro se a empresa não se atualizar”.

“Me surpreende muito que vários desses sintomas aparecem por meses seguidos sem que o líder tome ações. Deixa a coisa crescer até o ponto de ser difícil reverter o cenário”, conta. Quando a coisa já está feia, começam a surgir as justificativas: o dólar subiu, o governo fez (ou deixou de fazer)… “É o que mais ocorre, você vai justificando em vez de tomar medidas”.

Essa vacilação diante da mudança está relacionada tanto ao medo do desconhecido como ao líder vaidoso que para de escutar a equipe abaixo de si na hierarquia da empresa. “Eu aprendi que o segundo nível da empresa sabe o que precisa ser feito e como fazer, mas só não sabe dar início aquilo, muitas vezes porque tem uma pressão de cima para as coisas continuarem iguais e esses funcionários têm medo de se expor”, diz.

“No momento em que você acha que tem todas as respostas, a sua empresa vai entrar em crise”, prevê Galeazzi. É fato. “Você tem que constantemente se transformar”. Ele defende que, para sobreviver, as empresa precisam se reinventar não só no produto mas também na gestão. Casos bem sucedidos são a GE e a Apple. Já empresas que eram ícones no Brasil, como Mesbla, quebraram porque não se atualizaram. “O processo de transformação é uma obrigação, tem que estar dentro das prioridades do executivo, seja quem for”, conclui.

Conselhos para os jovens

 

1. Conheça suas fraquezas
“A primeira condição para você crescer é realizar que não sabe tudo”, diz Galeazzi. Saber suas fraquezas é essencial para buscar pessoas que as complementam. “Por mais que você acha que é bom, eu posso te assegurar que você nunca é tão bom quanto pensa. Reconhecer as suas limitações é importantíssimo para superá-las”.

2. Saiba escutar
“O silêncio é magico”, resume. “Tem várias reuniões de diretoria que eu entro e saio calado. Só escuto”. Ele conta que, em reuniões com seus executivos, muitas vezes já tem clara a solução de um problema em sua cabeça, mas em vez de começar a reunião passando a solução e distribuindo tarefas, decide apenas explicar o problema e escutar. “Na medida em que as pessoas da reunião tinham liberdade de se manifestar sem serem interrompidas, começavam a surgir ideias e soluções muito melhores do que aquela que eu imaginava no início”.

Para garantir que as informações estavam fluindo e todos estavam dispostos a escutar, ele usou em suas reuniões a tradicional técnica da bolinha de tênis para evitar interrupções só pode falar quem está segurando a bolinha, os outros apenas escutam. Mas acrescentou também uma segunda bolinha, vermelha: essa jogada em quem ousava desrespeitar a técnica e interromper.

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