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Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário, tem uma história que gosta de contar: um dia após oferecer um emprego a sua candidata favorita, recebeu uma ligação dela. “Ela contou que adorou a empresa e adoraria trabalhar lá, mas que não poderia porque acabara de descobrir que estava grávida”, falou. “E qual o problema? Perguntei se ela aceitaria ficar conectada e permitiria visitas ocasionais da equipe. Ela concordou – e eu disse que seria muito bem vinda.” Em um painel sobre igualdade de gênero na HSM Expo mediado pela jornalista Mariana Godoy, Grynbaum disse que a noção de afastamento era antiquada.

“O mundo mudou e está mais conectado, então você não fica mais afastado do trabalho. As pessoas querem ter o prazer desse momento e poder continuar inseridas. Não tem porque ter esse freio”, resumiu.

Há 105 milhões de mulheres no país, todas potenciais funcionárias e consumidoras. E a percepção de que uma gravidez pode atrapalhar a empresa e a carreira, por exemplo, ainda é muito presente socialmente. É uma de muitas razões que colocam o Brasil na 129a posição entre 144 países no quesito de igualdade de salários entre gêneros, segundo o Fórum Econômico Mundial. (Igualdade de salários quer dizer pagamento igual pelo mesmo trabalho.)

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Segundo Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, 59% dos brasileiros (e brasileiras) preferem ter um chefe homem e a defasagem entre salários chega a 74.5%. Lembrou também que muitas mulheres no país precisam enfrentar diversas barreiras em conjunto: além do preconceito de gênero, há de raça e territorial, quando moram em periferias.

“A saída para o machismo no Brasil será difícil enquanto não se tiver consciência de que ele está enraizado”, disse. “E mesmo se essa não for uma questão de valor, pode-se dizer que o machismo também atrapalha o lucro das empresas.” Afinal, a igualdade de gêneros traria mais dinheiro para a economia como um todo – e mais consumo.

Opiniões são importantes

Andrea Menezes, CEO do Standard Bank
[Openspace]

CEO do Standard Bank no Brasil, Andrea Menezes falou sobre a falta de representatividade de mulheres em cargos altos – algo bastante aparente inclusive na plateia do evento, que é voltado para executivos.

Ela é prova viva dessa lacuna. Apenas 2% dos CEOs brasileiros são mulheres e o número sobe pouco globalmente, para 4.5%. Ao longo de sua carreira, chegou a ser uma das únicas cinco mulheres no trading floor do banco JP Morgan, que tem centenas de pessoas.

“Em geral, os homens de liderança são criados para se sentirem empoderados e isso faz com que você se posicione e opine sempre, independente do lugar hierárquico”, disse. “Então para ter destaque você também precisa se posicionar e se expor, mesmo que não seja do agrado de todos.”

Representatividade

Alexandra Loras
[Openspace]

A questão da exposição também é importante para Alexandra Loras, ex-consulesa francesa que gostou tanto do país que acabou ficando, com a família, como consultora e palestrante sobre igualdade de gêneros e racial.

Para ela, o ativismo é uma questão pessoal. “Eu recebia mais de seis mil pessoas por ano na porta do Consulado, como parte do protocolo francês, e muitas vezes os convidados achavam que eu era a funcionária da casa”, conta. “E sou frequentemente revistada no aeroporto de Guarulhos, mesmo com um passaporte diplomático. Uma pessoa negra não é julgada da mesma forma [que uma pessoa branca].”

Do ponto de vista dos negócios, disse, ter mais diversidade de raça e gênero aumenta a receita por um motivo simples: permite que as empresas saibam como falar com seu verdadeiro público.

Aos executivos da sala, fez um pedido: sejam mentores de pelo menos dois jovens negros, não importa o gênero. Ao dar uma hora mensal de seu tempo para ajudá-los com o que puderem profissionalmente, seja dando dicas de currículo, estudos ou abrindo sua rede de contatos, é possível mostrar que eles podem ocupar outras posições sociais também.

“Cada um de nós pode se tornar ator dessa mudança”, concluiu ela. Grynbaum concordou: “Não é uma questão de falar, é uma questão de fazer.”

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