carreira em Medicina

“Eu queria fazer alguma coisa que pudesse mudar o curso da história de milhares de pessoas”, conta Viviane Alencar, médica que se especializa em Oncologia. Ela não brinca quando fala no impacto que busca ter, já que uma em cada seis mortes no mundo está relacionada ao câncer, objetivo de estudo da área a que se dedica.

Mas, na realidade, sua primeira e principal motivação é o grande histórico familiar da doença. Sua mãe teve duas vezes e boa parte dos seus sete tios, também. “Isso sempre gerou uma angústia muito grande dentro de mim e uma inquietação. Eu queria fazer alguma coisa que gerasse impacto nessa área. Foi por isso que eu acabei entrando na Medicina”, explica ela, que também é membro da Rede de Líderes da Fundação Estudar.

Viviane Alencar / Acervo pessoal

 

Ainda que tenha passado por certa indecisão comum ao início da graduação – que ela fez na Universidade Federal do Ceará -, Viviane logo percebeu que a Oncologia, em específico, era realmente o caminho que queria seguir. Porque, embora tenha tido diversas oportunidades enriquecedoras durante a faculdade, como ser bolsista de um projeto da ONU e coordenadora de outro, federal, via que sua maior satisfação se dava quando participava de iniciativas ligadas ao câncer.

“Eu fazia visitas para crianças com câncer, campanhas de capacitação, mas onde eu realmente me encontrei foi na área da pesquisa“, relata. O interesse aflorou quando pôde trabalhar com um colega em um laboratório de farmacologia. “Tivemos a oportunidade de encabeçar um trabalho de pesquisa enquanto acadêmicos, o que não era costume – geralmente, eram os pós-graduandos e os acadêmicos da iniciação científica só auxiliavam no trabalho”, afirma. A experiência lhe abriu muitas portas, inclusive de apresentar o trabalho em um congresso em Paris e publicá-lo em revistas renomadas do meio.

“Foi aí que percebi que era onde eu queria gerar o impacto. A pesquisa, para mim, é uma grande paixão. Eu acho que é o principal na vida: você encontrar a sua paixão e usar isso para te mover e conseguir atingir seus objetivos.”

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Especialização em Oncologia

A Medicina tem um caminho que compreende seis anos de faculdade e, depois que de formado, o estudante tem algumas possibilidades. Uma delas é a de fazer uma especialização, a residência, que dura, em média, de dois a cinco anos. Em 2018, Viviane começou a sua especialização no A.C. Camargo Cancer Center.

“Achei que seria muito importante me aprofundar nessa minha área de interesse para que eu conseguisse atuar na pesquisa de uma forma mais ampla, conhecendo as necessidades da linha de frente, de quem está ali no dia a dia com o paciente”, explica ela.

Na nova etapa, descobriu outra paixão, que a aproxima ainda mais da possibilidade de causar impacto em grande escala: a imuno-oncologia. “Meu sonho é utilizar a tecnologia que está sendo desenvolvida agora para editar e silenciar genes que estão relacionados a predisposição ao câncer”, conta.

As adversidades da trajetória

Segundo a médica, o caminho da carreira em Medicina é árduo e longo. “É uma montanha russa de emoções, mas é a vista mais linda que você vai ver”, brinca ela. Isso inclui algumas dificuldades que vão além da bem conhecida carga horária intensa. Por exemplo, muitos fazem residência em outras cidades, o que acrescenta custos como de moradia, alimentação, etc.

Outro ponto, os estudantes têm muita coisa para aprender em um pequeno espaço de tempo. Muitas vezes, com uma rotina que inclui também a experiência prática. Como é o caso do internato, quando os alunos de Medicina fazem estágio durante os últimos anos de faculdade.

“Você tem um grande volume de pacientes então acaba focando seu estudo com base naquilo que está vendo, nos casos que você tem. E você tenta, a partir disso, fechar todos os ciclos de assuntos que precisa estudar”, explica Viviane. A especialização também prevê a divisão do tempo entre as duas atividades. Por isso, hoje, ela conta que ainda tenta conciliar o que vê nas aulas com a experiência na enfermaria, a fim de dar conta de todo o conteúdo.

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“A gente não está preparado para isso”

Logo no começo de sua residência em Oncologia, Viviane acompanhou uma paciente jovem, com filhos, que tratava um câncer. “Ela foi internada na perspectiva da gente tentar fazer alguma coisa em uma corrida contra o tempo”, lembra ela. Devido às complicações da doença, a paciente não sobreviveu. Viviane ficou especialmente tocada pela relação que acabou tendo com familiares da paciente.

Esse não foi a única ocasião em que a médica passou por algo parecido, mas ela reforça que a faculdade não prepara os alunos para esses momentos, que, dependendo da área, podem acontecer diariamente.

“Às vezes você está tentando fazer seu melhor e não sabe a importância que tem – cada palavra que você diz tem um impacto muito grande na vida das pessoas e cada gesto seu também. É um grande desafio saber lidar com isso.”

Dicas para quem quer seguir carreira em Medicina

Confira as dicas de Viviane para aproveitar ao máximo a formação e construir um bom início de carreira em Medicina.

1. Aproveite as oportunidades que o ambiente universitário, ou da faculdade, te dá. Vale a pena fazer atividades extras, como estágios, projetos de pesquisa, trabalhos sociais. Elas abrem portas e trazem crescimento pessoal e profissional. “Claro que vale a pena sempre lembrar do equilíbrio, para não assumir mais compromissos do que pode cumprir”, destaca Viviane.

2. Não se desespere com a quantidade de cadeiras que a faculdade de Medicina contempla. “Você não conseguirá aprender tudo de tudo naquele momento. Terá mais tempo para isso depois.” Mais para frente, com conteúdo mais palpável, essas matérias farão mais sentido e, finalmente, se consolidarão como aprendizados.

3. Ter mente aberta durante a faculdade ajudará a se descobrir lá dentro. “Eu sempre fui muito aberta a todas as possibilidades então consegui fazer muita coisa diferente e isso me ajudou a crescer.”

4. Embora o curso traga assuntos bastante específicos de determinadas áreas, é importante aprender bem a base de cada matéria. “É legal saber o raro, mas não seja uma ‘muralha cheia de buracos’.” Não adianta saber diagnosticar uma doença rara com nome difícil, mas ter dificuldades para tratar pneumonia, exemplifica ela.

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5. O internato, ou estágio do fim do curso, é o começo da experiência prática da futura atuação. Ainda assim, “você será a principal referência do paciente dentro do hospital e, muitas vezes, a vida dele dependerá de você”, por isso seja responsável desde o início.

6. Aproveite cada oportunidade, cada paciente, para aprender. A dedicação no estágio será valiosa quando você começar a fazer plantão e lembrar do que vivenciou no início.

7. Existem muitos caminhos possíveis de carreira em Medicina, como especialização (residência), pós-graduação (mestrado/doutorado), empreendedorismo, gestão. “Não tenha medo de tirar um tempo para encontrar sua paixão e segui-la e não tenha medo de sair do senso comum”, aconselha Viviane.

8. Para se guiar ao escolher uma área, tente pensar em alguns traços da sua personalidade. Por exemplo, se gosta do contato interpessoal ou não, que matérias mais se identifica, etc.

 

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